sábado, 23 de junho de 2012

Fiel ao estilo


Espanha 1x0 França

Xabi Alonso tentou 108 passes e acertou 97 e foi o dono do jogo (Getty Images)

O título do texto de hoje também poderia ser: valeu a manutenção do estilo. Enquanto a Espanha não abriu mão de jogar à sua forma, com toques de bola e manutenção da redonda, procurando o melhor espaço para o passe decisivo; a França de Blanc foi covarde. O ex-defensor campeão do mundo em 1998 preferiu abrir mão do esquema ofensivo e de Nasri, para armar um 4-1-4-1 bastante defensivo. Com Réveilèrre na lateral-direita e o ex-lateral-direito titular, Debuchy, como meia-externo direito.

Abrir mão da forma de jogar, que fez Les Bleus alcançarem bons resultados após o fracasso na Copa do Mundo de 2010, logo de cara se mostrou um erro infantil do treinador. Desde o início os espanhóis impuseram o seu estilo de jogo, com um 4-3-3 sem centroavante fixo e com Fàbregas ocupando o centro da linha ofensiva. Mas, o grande destaque era Xabi Alonso, o homem que “marcava” a redonda em cada lance.

O camisa 14 fez de tudo e acertou tudo. Marcou, fez a saída de bola, tocou, lançou e, para coroar a exibição, dois gols. Terceira vez na história em que marcou um doblete pela furia. As outras duas, em amistosos: primeiro na vitória por 3 a 0 contra a Dinamarca, em Copenhagen, no dia 20 de agosto de 2008 e, em 14 de novembro de 2009, no Estádio Vicente Calderón, na vitória por 2 a 1 frente à Argentina.

O primeiro gol do meia-central basco veio em jogada de Iniesta. O camisa seis, que até àquela altura estava apagado, apareceu. Da intermediária ofensiva esquerda enfiou a bola para Jordi Alba, que recebeu atrás dos dois “laterais-direitos” da França. O jogador do Valencia ergueu a cabeça e colocou para Xabi Alonso cabecear livre no segundo pau. Não foi um cruzamento e sim um passe para a finalização pelo alto do companheiro.

Na segunda etapa, a França melhorou seu jogo, mas não foi capaz de assustar Casillas. Les Bleus chutaram apenas uma vez no gol defendido pelo goleiro da roja. Blanc tentou empurrar a sua equipe para a frente, com as entradas de Menez, Nasri e Giroud. Com o artilheiro da Ligue 1 em campo, os franceses passaram a atuar com dois centroavantes, mas nada mudou. A Espanha seguiu dominando sem ter grande profundidade e fazendo uma partida até certo ponto burocrática, porém, eficiente.

O 1 a 0 para a furia pelo jogo que executava estava de bom tamanho, mas havia alguém que merecia algo a mais em campo: Xabi Alonso, o craque da partida. Pedro cavou um pênalti e o camisa 14 bateu com perfeição. 2 a 0 e Espanha na semifinal para enfrentar Portugal, de Crisitano Ronaldo, o melhor jogador da Euro 2012 até aqui. Blanc abrir mão de jogar como a França deu certo com ele fez com que a Espanha, em partida pouco inspirada, eliminasse os franceses sem grandes dificuldades.

Para a semifinal, insisto que Vicente Del Bosque não pode abdicar de um centroavante e Llorente seria a melhor opção. Ter um homem dentro da área, para brigar com Pepe e Bruno Alves pode ser fundamental. Por outro lado, não ter um “nove” pode deixar os dois zagueiros portugueses sem função e confusos na partida. Mas iria de 4-2-3-1, com o jogador do Atlhetic Bilbao no centro do ataque. Pois além de brigar com a dupla lusa, o centroavante dá a profundidade que está faltando à Espanha em alguns jogos da Euro 2012. 

Zidane

Zidane flutuava com elegância pelos gramados europeus (Getty Images)

Hoje é o aniversário de Zinedine Yazid Zidane, 40 anos. Meia recheado de classe, o mais técnico que vi: ótimo finalizador, tocava curto e fazia lançamentos sem problemas, driblava fácil e tinha um domínio de bola impressionante. Porém, isso todos sabem e não é novidade para ninguém. Mas queria dividir com os amigos, uma leitura que fiz há algum tempo, “Zinedine Zidane”, de Patrick Fort e Jean Philippe.

Logo no começo do livro contam que, no início da carreira, o jovem, que já se destacava pela técnica e pela altura, não usava o tamanho a seu favor. Quando as bolas vinham altas, Zidane costumava se abaixar. Porém, ele foi alertado que não deveria fazer isso. O resultado todos sabem: no Stade de France, dois gols de cabeça na final da Copa do Mundo de 1998.

A outra é ainda mais legal. A história da contratação milionária de Zidane pelo Real Madrid em 2001 quase todos conhecem. À época, a maior transferência da história do futebol, por 75 milhões de euros, o francês deixou a Juventus para jogar no clube de Madrid. Florentino Pérez seguia seu plano galáctico, contratando o maior jogador do planeta no momento. Mas a obsessão do Presidente merengue por Zizou começou antes e tem uma explicação. Em uma premiação da Uefa, os dois estavam presentes. E o representante do Real Madrid passou um bilhete em um guardanapo para Zidane, “Zizou, você gostaria de jogar nos merengues?”. O craque francês demorou a responder, mas disse que “sim” e as tratativas com a Juventus começaram.

domingo, 17 de junho de 2012

Voltando a falar de Eurocopa

Parei de escrever todos os dias sobre a Eurocopa 2012, não estava dando tempo: pré-projeto de TCC, trabalho e a vida atrapalharam, mas hoje volto para falar de Portugal 2x1 Holanda. Jogão para fechar o grupo da morte da competição.

Portugal 2x1 Holanda

O superstar aparece e a favorita vai embora devendo



A cara de mau de Ronaldo, mas não apenas isso, o atacante teve a melhor atuação individual da Euro 2012 até aqui (Getty Images)

Não há dúvidas, antes do início da disputa da Euro 2012, a Holanda era considerada uma das três principais candidatas aos título da competição e Cristiano Ronaldo era o europeu que havia feito a melhor temporada, portanto tinha todos os olhos do mundo voltados para ele na Ucrânia e na Polônia. Porém, não podemos negar que até esta última rodada, ambos deviam muito.

Precisando de uma vitória por mais de um gol de diferença e uma vitória da Alemanha no outro jogo, Bert van Marwijk finalmente mudou os seus 11 iniciais. No mesmo 4-2-3-1, escalou De Jong e Van der Vaart como volantes e, mais à frente, Robben à direita, Van Persie no centro e Sneijder – estranhamente – à esquerda. Huntelaar foi o centroavante e Van der Vaart, tinha mais liberdade para do que seu companheiro de volância, muitas vezes configurando um 4-1-4-1. Paulo Bento armou a “seleção das quinas” no tradicional 4-3-3, com Ronaldo aberto pela esquerda e Nani no outro lado.

Com a necessidade de fazer o resultado, a Holanda dominou o jogo, com Van der Vaart e Robben muito ativos. Sneijder, claramente, fora de posição aparecia de vez em quando. Tirar o seu melhor jogador da área que rende melhor foi mais um erro do técnico vice-campeão mundial nesta Euro. O dez da oranje tem que ter muito a bola no pé, para render bem. Jogando aberto pela esquerda, a sua partição na partida é bem menor e o desempenho caí.

Depois do golaço marcado por Van der Vaart, Portugal começou a jogar e, com CR7, acertou a trave do gol defendido por Stekelenburg. Logo, os comandados de Paulo Bento assumiram o controle da partida, com João Moutinho dominando as ações no meio campo e Ronaldo fazendo ótima partida e infernizando a vida de Vlaar e Van der Wiel. A situação da oranje piorou, quando João Pereira descobriu o camisa sete português, nas costas da defesa, onde ele não perdoou.

A instabilidade emocional do elenco holandês, que já havia sido mostrada através de palavras durante a campanha na Euro, ficou clara em campo depois do empate português. O controle do jogo da “seleção das quinas” aumentou muito e a Holanda se perdeu. Para o segundo tempo, Bert van Marwijk apostou tudo e deixou o time exposto, pela obrigação de vencer e o esperado aconteceu: o contra-ataque português decidiu a partida.

Primeiro, Ronaldo fez tudo certo e cruzou rasteiro para Nani ser displicente e ter seu chute defendido por Stekelenburg. Depois, CR7 mesmo finalizou e 2 a 1, no placar, decretando a derrota portuguesa. Ronaldo ainda colocou mais uma na trave. A exibição camisa sete luso foi espetacular, a melhor da Euro 2012 até aqui. Além disso, na partida decisiva, ele não se escondeu: chutou 12 vezes ao gol rival e chegou ao número de 22 arremates no torneio, o maior número da competição (o levantamento é de Felipe Lobo, em um ótimo texto no site Trivela). Sim, o superstar está aí.

Já a Holanda, fez péssima Eurocopa 2012: de favorita à eliminada na primeira com três derrotas. As palavras de Sneijder mostram claramente esta desilusão: “Eu vim aqui para ganhar a taça. Então é lamentável que nossa equipe deixe a competição sem o título e sem pontos”. Uma reformulação parece improvável, mas o sumiço de Van Bommel da seleção deve ser o caminho natural pelas limitações físicas que a idade já o impõe. Para saber mais sobre o futuro da oranje, que errou muito na Euro 2012, olhos voltados para a colunade Felipe dos Santos Souza, também do Trivela.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eurocopa 2012 – Dia 4

Ucrânia 2x1 Suécia

O jogo do personagem

 De braços abertos, Sheva agradece ao carinho da torcida, que confia muito em seu futebol (Getty Images)

Shevchenko brigou para jogar a Euro 2012, tem problemas físicos e não joga todas as partidas pelo seu clube, o Dynamo de Kiev. Para o jogo de hoje, o camisa sete chegou a ser dúvida, mas jogou e não só participou dela, como decidiu o confronto. O atacante compôs a dupla ofensiva com Voronin, no 4-4-2 armado por Oleh Blokhin. Do outro lado, a Suécia também veio organizada no 4-4-2, com Ibrahimovic jogando ao lado de Rosenberg.

O primeiro tempo foi pouco movimentado, poucas chances. Ibra muito avançado não ajudava na criação de jogadas e, para piorar, os externos Toivonen e S. Larsson estavam muito apagados. Participando pouco ofensivamente, eles derrubavam o jogo sueco. Para os donos da casa, os externos funcionavam de forma diferente: Yarmolenko e Konoplyanka foram muito bem desde o início e isso fez a diferença durante os 90 minutos.

A segunda etapa mudou tudo logo no início. Com seis minutos, Ibrahimovic abriu o placar e o jogo mudou. A Ucrânia que já mostrava mais força passou a atacar ainda mais. E foram os externos que criaram as oportunidades para Shevchenko. Primeiro Yarmolenko jogou para a área, o camisa sete antecipou o zagueiro Mellberg e marcou. Depois, Konoplyanka cobrou o escanteio da esquerda e Sheva dessa vez chegou antes de Ibrahimovic e cabeceou para as redes.

Erik Hamrén tentou mudar o jogo, alterando as peças mais fracas ofensivamente do time: Larsson, Toivonen e Rosenberg. Mas as trocas mexeram pouco no desenvolvimento do ataque sueco. E nesta Suécia em que o ataque é o setor mais forte, quando ele funicona mal, a equipe no geral se prejudica. Nem a atuação boa de Ibra amenizou a situação.

Com os dois gols de Sheva, estava feita a história da primeira rodada da Euro 2012. O histórico camisa sete é mais um a aparecer como artilheiro nesta reta de largada da competição, com os dois gols de cabeça. Além disso, os tentos de Shevchenko garantiram uma vitória impensada para a Ucrânia e sair na frente no grupo D pode ser decisiva para uma eventual classificação dos donos da casa.

domingo, 10 de junho de 2012

Eurocopa 2012 – Dia 3

O terceiro dia de disputa nos gramados de Polônia e Ucrânia tiveram dois bons jogos do grupo C e a melhor de todas as partidas, o 1 a 1 entre Espanha e Itália. Além disso, Dzagoev já não está sozinho na liderança da tabela de artilheiros.

Espanha 1x1 Itália

O melhor dos seis jogos

 Foi difícil parar Iniesta, mas a Itália atrapalhou o jogo do camisa seis da roja (Getty Images)

Espanha e Itália se enfrentaram em Gdansk e, as últimas campeãs do mundo, protagonizaram o melhor entre todos os duelos da Euro 2012 até aqui. Enquanto Cesare Prandelli foi perfeito na forma de armar a squadra azzurra, em um 5-3-2 (um 3-5-2, com os alas recuando muito), com De Rossi como líbero, Del Bosque não acertou ao optar pelo 4-3-3, tendo Fàbregas como “falso nove”.

Durante toda a primeira etapa ficou clara que as escalações e as formações táticas fizeram diferença. A Espanha tinha a bola, como de costume, mas carecia de profundidade e infiltrações. O tiki-taka era irritante, passes de lado e ausência de finalizações: foram apenas cinco arremates corretos. Fàbregas como homem área não funcionou, faltava alguém para brigar na área. Por outro lado, a Itália impunha o seu jogo defensivo: De Rossi ia muito bem como líbero, Maggio subia pouco como ala-esquerdo e Giaccherini apoiava, mas era incansável para realizar a recomposição e marcar. No meio, Pirlo regia o time e Marchisio e Motta marcavam e atacavam.

Além de anular a Espanha, a squadra azzurra conseguiu as melhores oportunidades, que foram bem defendidas por Casillas. A Itália poderia ter feito mais coisas ofensivamente, mas Cassano e principalmente Balotelli não estavam bem na partida. Um número que refletiu a eficiência defensiva azzurra: dos 13 desarmes, os 13 foram bem sucedidos.

Para a segunda etapa, a Espanha se reorganizou no 4-2-3-1, ainda com Fàbregas mais à frente. O primeiro grande lance de perigo foi italiano, com Balotelli, que ganhou a bola de Sergio Ramos, e invadiu a área livre, mas, abusando da displicência, foi desarmado pelo jogador merengue antes de finalizar. Com o erro, o camisa nove italiano foi substituído por Di Natale, que foi convocado pela primeira por Prandelli para compor o elenco da Euro 2012. Em seu primeiro lance, o jogador da Udinese recebeu passe primoroso de Pirlo e marcou o 1 a 0.

A liderança durou, porque o camisa 21 do outro lado também fez ótima assistência. David Silva fez um toque com a parte externa do pé esquerdo e descobriu Fàbregas livre dentro da área. Como centroavante, o barcelonista marcou o empate, em falha de posicionamento de De Rossi, que havia sido perfeito na primeira etapa. A roja melhorou com a entrada de Fernando Torres. O centroavante do Chelsea foi muito mal e perdeu três chances claras, mas a presença de um homem de área ajudou o jogo espanhol. Xavi e Iniesta tiveram a quem passar e cresceram na partida. O camisa seis foi o grande nome da furia durante os 90 minutos, como era realmente a aposta antes da competição. Por outro lado, Silva – também cercado de muita expectativa – não foi muito bem e terá que melhorar para os próximos confrontos, assumindo uma função mais de protagonista.

Portanto, Del Bosque deve apostar no 4-2-3-1, com um “nove legitímo” desde o início para a próxima partida e, de preferência, sendo ele Llorente centralizado. No lado italiano, o empate foi muito comemorado. Ficou claro também que a Itália tem realmente uma defesa sólida. Porém, para as próximas partidas, a Nazionale deverá abrir mão dessa postura, para conseguir a sua classificação, vencendo Croácia e Irlanda.

Irlanda 1x3 Croácia

Croácia larga bem

 Modric: craque completo, fez de tudo na partida contra a Irlanda hoje (Getty Images)

A Irlanda passava uma impressão de sob o comando de Trapattoni teria uma consistência defensiva invejável na Euro 2012. Mas isto foi por terra logo na primeira partida frente à Croácia. As duas equipes se armaram no 4-4-2 em linha, porém, o meio-campo croata tinha muito mais técnica disponível, com Rakitc, Modric e Perisic. A diferença foi ressaltada pela pouca participação dos externos Duff e McGeady.

A melhor coisa da primeira etapa foi a marcação pressão exercida pela Croácia, que dificultava muita a saída de bola irlandesa. Além disso, a participação de Modric devia ser destacada. O dez croata fazia de tudo: desarmava, rodava a bola e chegava na frente para finalizar. Srna foi outro que se apresentou bem e dele partiu o cruzamento que sobrou para Mandzukic, que marcou de cabeça. O empate veio 16 minutos depois, com St Ledger, marcando de cabeça, em falha de Schildenfeld e Corluka.

Porém, a Croácia seguiu melhor e, no final do primeiro tempo, com participação de Modric, Jelavic ampliou. O 2 a 1 deu tranquilidade, mas o início da segunda etapa tranquilizou ainda mais a partida. Aos dois minutos, o dez croata participou de mais um gol. Ele passa a bola para esquerda, onde Strinic e Peresic se entendem e o jogador do Borussia Dortmund cruza na área. Mandzukic se comportou muito bem no lance, com alguns passos para trás, deixou a defesa perdida, ficou desmarcado e cabeceou no cantinho. Dois gols na primeira partida e empate na artilharia ao lado de Dzagoev.

O 3 a 1 conquistado muito cedo deixou a Croácia tranquila na partida. Com a responsabilidade de atacar, a Irlanda mostrou realmente a sua fragilidade ofensiva. Mesmo com as alterações, os irlandeses não mudaram a disposição tática, apenas adiantaram a linha média do 4-4-2. Porém, as linhas adiantadas não deram resultados, a Croácia manteve a estabilidade em campo.

A equipe de Trap mostrou que apesar dos erros defensivos hoje, a retaguarda é o setor mais forte e depender do ataque será difícil. Pois nem enfrentando uma Croácia acomodada com o resultado conquistado, a Irlanda conseguiu exercer grande pressão. Já os comandados de Slaven Bilic mostraram força e entre eles está um craque do meio-campo: Lukas Modric. Porém, a verdadeira mostra de força dos croatas deverá vir na próxima rodada frente à Itália, jogo crucial se quiserem a classificação.

sábado, 9 de junho de 2012

Eurocopa 2012 – Dia 2

O segundo dia de competições em Polônia e Ucrânia mostrou que o grupo B é realmente uma chave da morte.

Holanda 0x1 Dinamarca

Eficiência dinamarquesa derrota a favorita Holanda

 Sneijder: apesar da derrota holandesa, o camisa dez foi o melhor da partida, comandou as ações no meio-campo e deixou os companheiros diversas vezes na cara do gol (AFP)

O moderno Metalist Stadium, em Kharkiv, com um gramado composto de grama artificial e natural parecia um tapete. Com o piso molhado, o toque de bola holandês fluiu desde o início. Bert van Marwijk não abriu mão de jogar no 4-2-3-1, as novidades entre os seis da frente vice-campeões mundiais era a presença de Afellay como externo-esquerdo, no lugar outrora ocupado por Kuyt. Além disso, Huntelaar, que liderou a equipe em gols nas Eliminatórias, ficou no banco, pois Van Persie veio muito bem do Arsenal e manteve a forma nos amistosos antes da Euro.

A Dinamarca de Olsen jogou no tradicional 4-2-3-1, mas com o volante pela esquerda Zimling, muitas vezes adiantando a posição. O início da oranje foi muito bom. A execução do esquema era quase perfeita: troca de posição entre os meias, centroavante se mexendo muito, pressão na saída de bola adversária e arremates de fora da área. Só a participação dos volantes que não era a ideal, pois Van Bommel e De Jong conseguiam aparecer ofensivamente, porém, não conseguiam sucesso na função defensiva.

Mas o domínio holandês não trazia resultados. Van Persie falhava na hora de finalizar e Robben também errava no último lance. O camisa 11 finalizava quando devia tocar e optava pelo passe, quando o chute era claramente a melhor opção. Após o início ruim, a Dinamarca foi se acertando na partida. O lado esquerdo se mostrou forte, com a parceria entre o lateral S. Poulsen e o externo Krohn-Dehli. E gol aos 23 minutos saiu através da dupla. O camisa cinco fez o cruzamento, a bola explodiu na zaga e sobrou para o número nove entortar Heitinga e marcar o 1 a 0.

Com o placar desfavorável, a Holanda se apagou um pouco na partida e com bastante eficiência, os dinamarqueses passaram a dominar as ações. Porém, Rommedahl era inoperante pela direita e Eriksen ficava devendo um pouco na zona central. Ao camisa oito falta amadurecer o suficiente para conseguir segurar o a expectativa que a Dinamarca exerce sobre ele.

No segundo tempo, a oranje voltou mais forte, mesmo sem nenhuma mudança no início. Os comandados de Bert van Marwijk voltaram a controlar a partida e os ataques não pararam. Segundo o site da UEFA, foram 28 finalizações holandesas e apenas oito foram no alvo. Muito dos arremates da Holanda vão para conta de Sneijder, que dominou as ações do jogo: fez passes curtos, lançamentos e deixou companheiros na frente do goleiro várias vezes, mas as finalizações não foram corretas. Está claro que depois de temporada inconstante e atrapalhada por lesões na Inter, o camisa dez ditará o ritmo holandês na Euro 2012, mas precisará de apoio dos companheiros.

O técnico holandês demorou a mexer, mas colocou Van der Vaart no lugar de De Jong e Huntelaar no lugar de Afellay, recuando Van Persie para a criação de jogadas. Porém, as mudanças tardias, não surtiram o efeito desejado. O atacante do Schalke 04 não conseguiu ser mais eficiente que o titular e as chegadas de trás do camisa 23 não foram eficientes. Ou seja, a oranje seguiu dependendo praticamente só de seu número dez.

A impressionante disciplina tática dinamarquesa deu três pontos para a equipe no grupo da morte, mas, de qualquer forma, a impressão é que os dinamarqueses não terão força para alcançar a segunda fase da Eurocopa. Já a Holanda tem partida fundamental contra a Alemanha na próxima rodada, uma vitória da oranje tem tudo para embolar o grupo, que, desde o princípio, foi tão temido.

Alemanha 1x0 Portugal

Mario Gómez: o artilheiro que resolve

 Mario Gómez fez gol de artilheiro e garante a vitória da Alemanha na estreia (Getty Images)

Joachim Löw no 4-2-3-1 e Portugal no 4-3-3, os esquemas táticos foram os esperados para uma partida que prometia muito. Mas, não era nenhuma possível novidade tática que chamava a atenção para a partida. E sim, a presença de Cristiano Ronaldo, cotado para ser o superstar desta Eurocopa e o início da Alemanha na competição, em que chega como favorita ao lado de Espanha e Holanda.

Mas o jogo ficou devendo um pouco. Ronaldo apagado na marcação forte exercida por Boateng. Do outro lado, os armadores alemães foi pouco criativo, com Özil surpreendentemente bem marcado por Miguel Veloso, o vértice mais recuado do triângulo do meio-campo português. Com o baixo rendimento dos jogadores da linha de três meias e, com Reus e Götze no banco, ficou claro que Löw demorou a mudar a nationalelf. Para a sequência da competição, é óbvio que se os titulares não se cuidarem, a dupla reserva poderá assumir a vaga entre os 11 iniciais.

A partida muita equilibrada seguia sem grandes chances para os dois lados. Por Portgual, muito pelo fato de Nani exagerar no individualismo, Ronaldo seguir sendo anulado pela defesa alemã, Postiga – depois, Nélson Oliveira – serem centroavantes nulos e Raúl Meireles e João Moutinho não conseguirem ajudar na criação. Pela Alemanha, a participação tímida dos meias era fundamental para o mau desempenho.

O zero saiu do placar por conta de Mario Gómez. Khedira cruzou e o centroavante alemão apareceu entre os defensores para cabecear com perfeição à baliza portuguesa. Após o 1 a 0 da nationalelf, a “seleção das quinas” foi para o ataque, mas a defesa alemã muito bem postada se segurou, com Hummels sendo o grande nome da partida – jogando bem na seleção, o que tem sido pouco comum.

A partida recheada de equilíbrio teve a igualdade refletida pelo alto número de faltas, 33 ao todo. Largar na frente de Holanda e Portugal foi um grande passo para a Alemanha no difícil grupo B da Eurocopa 2012. Mas o que está claro é que a chave será disputada, portanto, Portugal está longe de ser tratada como carta fora do baralho.

Obs: análise mais focada na segunda etapa, quando pude acompanhar o jogo com mais atenção.