segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma Imperial lembrança

Adriano executou uma de suas melhores partidas, contra o Valencia na LC 2004-05 (Inter.it)

Passeando no Youtube e revendo alguns melhores momentos de partidas, que me lembrava de forma completa ou vagamente, encontrei uma das que me marcaram muito. Logo da Inter de Milão. À época, não tinha televisão por assinatura e, talvez, por conta disso o jogo tenha sido ainda mais marcante.

Primeiro a história para assistir a ele: fazia aula de inglês próximo à residência de meu tio e minha aula ia até quase a hora do pontapé inicial. Portanto, a professora acabou a aula, eu corri para o apartamento do meu tio padrinho, liguei a televisão e o jogo está pronto para começar, vamos a ele:

19 chutes da Inter, contra 15 do Valencia, sendo que 16 foram no alvo, ou seja, partida muito movimentada na Espanha e uma das melhores exibições que pude presenciar de Adriano, à época, muito próximo do ápice de sua carreira. Além disso, ao seu lado estava Vieri, um dos meus maiores ídolos no futebol e nos nerazzurri.

O primeiro tempo foi pouco movimentado, tanto que lembrava vagamente de seu desenvolvimento. Porém, a segunda etapa, se mostrou impressionante e intensa desde o início. Já com a vantagem no placar, Adriano, que estava tendo um ótimo desempenho, começou a decidir. Primeiro, pela ponta-direita cruzou – de três dedos – no segundo pau, contou com o desvio de um defensor para ceder a “assistência” para o gol de Vieri. Lembro-me do comentarista descrevendo “Bobo”, “um dos melhores jogadores grossos do futebol mundial”.

Com 2 a 0 no placar, aconteceu um dos lances mais lindos que já pude ver no futebol. Vieri enfiou na frente para o Imperador, que cortou Canizares para a direita, girou sobre a bola, passando a redonda por entre as pernas de Navarro e bateu quase sem ângulo para fora. Seria um gol mágico. Minha reação: “Ele merecia, não pode sair da partida sem um gol” - mas ele não saiu. Após o lance espetacular, os donos da casa pararam em Fontana e na trave algumas vezes, até Aimar arrematar muito bem de primeira e marcar o primeiro e único gol valencianista.

Mas a noite em Valencia era noite do Imperador. Ele fez a enfiada de bola para Van der Meyde, que matou o zagueiro e finalizou de destra: 3 a 1 e a comemoração tradicional do holandês, fingindo que estava caçando. Faltava o dele e Javier Zanetti, que veio do banco, tratou de fazer toda a jogada e rolar para Adriano marcar no meio da área. Pronto, a injustiça estava desfeita, o camisa dez havia balançado as redes. Ainda coube mais um gol, que foi marcado por Júlio “El Jardinero” Cruz, durante os acréscimos da partida. Um 1 a 5 bastante intenso na Espanha..

A emoção e a grande qualidade de Valencia e Inter ficou apenas no jogo de ida, porque na volta, houve um 0 a 0, que só ficou quente pela briga entre Adriano e Caneira.

A reflexão que fica é a seguinte: a lembrança de Adriano voando é cada vez mais distante. Obviamente, o Imperador teve momentos altos no Flamengo em 2009. Na verdade, foram vários, mas, jogar uma partida no nível da que fez frente ao Valencia, isso foi rareando na vida do, à época, dez nerazzurro. Ele está treinando no Flamengo e não duvido nada que ganhe mais uma chance de jogar em um grande clube, porém, este padrão de exibição relembrado no texto, deve ser exatamente isso: uma saudosa lembrança.

Desfrutem dos melhores momentos da partida postados pela TV da Inter, com narração do "imparcial" Roberto Scarpini:




Ficha técnica:

Valencia 1x5 Inter – Estádio Mestalla, Valência - 1ª Fase de Grupos da Liga dos Campeões 2004-05
Valencia: Canizares; Curro Torres, Navarro, Caneira, Carboni; Albelda, Baraja; Rufete,  Aimar, Angulo; Di Vaio.
Inter: Fontana; Burdisso, Cordoba, Materazzi, Favalli; Stankovic, Verón, Cambiasso, Emre; Adriano e Vieri.
Gols: 48’ Stankovic, 49’ Vieri, 74’ Aimar, 77’ Van der Meyde, 81’ Adriano e 92’ Cruz.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os esquecidos de Mano Menezes


Desde a primeira lista anunciada em 26 de Julho de 2010 para o amistoso em Nova Jersey no dia 10 de agosto contra a seleção norte-americana, Mano Menezes convocou 76 jogadores diferentes, mas algumas ausências têm de ser destacadas. Listei quatro jogadores, que considero que agregariam bastante ao plantel brasileiro, se fossem testados.

Vamos aos atletas:

Nenê, meia-atacante, 30 anos (Paris Saint-Germain-FRA)

Nenê grita por uma chance na seleção (AFP)

Nenê é um dos melhores jogadores da Ligue 1 (tem 54 gols na competição) e do milionário PSG há algum tempo, mas jamais foi convocado para a Seleção principal. A moral do camisa dez do time parisiense é tão grande que a sua naturalização já foi cogitada, porém, ele nunca quis abrir mão do sonho de vestir verde e amarelo

Na última temporada, Nenê foi o melhor jogador do PSG mais uma vez e terminou o Campeonato Francês como um dos artilheiros, com 21 gols. Além disso, o camisa dez foi um dos maiores assistentes da disputa, com 11 assistências.  O brasileiro é um jogador técnico, pois finaliza bem, tem bom passe, visão de jogo acima do comum e é um bom cobrador de bolas paradas. Nenê também sabe driblar, o que o torna um meia-atacante bem completo.

Uma vantagem para Mano Menezes caso convoque o jogador do PSG é que ele é acostumado a atuar no 4-2-3-1, esquema preferido do treinador verde e amarelo. Além disso, pelo estilo de jogo parisiense, com muita troca de posição entre os meias, Nenê pode atuar em qualquer um dos lados e também no centro da linha de três criadores de jogadas.

Diego, meia-atacante, 27 anos (Wolfsburg-ALE)

Diego já vestiu até a camisa dez verde e amarela (Getty Images)

Um legitimo meia-ofensivo. Veloz, ótimo tecnicamente, dotado bom passe e um finalizador de qualidade. Diego é uma das ausências que mais intrigam naquilo que chamo de “Era Mano Menezes”. A cria do Santos vem de duas temporadas que no mínimo são regulares – a de 2011-12 é, indiscutivelmente, ótima. No Wolfsburg há dois anos, apesar dos problemas em se adaptar aos métodos Felix Magath, o camisa 28 cedeu dez assistências e ainda marcou seis vezes.

Mas Diego chamou a atenção realmente vestindo o rojiblanco do Atlético de Madrid, onde esteve na última temporada por empréstimo. No clube da capital espanhola, o camisa 22 foi destaque e conquistou a Liga Europa, marcando um belo gol na final. No ano, foram os mesmos seis gols e as mesmas dez assistências, mas, com uma participação muito mais decisiva no balanço da equipe do que nos “Lobos”.

Além disso, o jogador que está há oito anos na Europa, atua na mesma faixa do campo – e ainda pode jogar pelos lados do campo – que Paulo Henrique Ganso, até outro dia, o camisa dez tido como ideal por Mano Menezes. No esquema do treinador de Passo do Sobrado, o 4-2-3-1, Diego encaixaria nas três funções de criação e, com a lesão do dez santista, poderia ser o meia-atacante pelo centro. A substituição de Ganso foi problema por muito tempo para o técnico da seleção brasileira e o camisa 22 do Atléti seria uma boa opção.

Felipe Melo, volante, 29 anos (Galatasary-TUR)

Felipe Melo paga pelo pisão dado em Robben, durante a Copa do Mundo de 2010, até hoje (AFP)

O volante foi responsabilizado pela derrota brasileira na Copa de 2010. Não há dúvida, Felipe Melo paga pelo lance da foto até hoje e, de certa forma, injustamente. Hoje, há espaço para o jogador, que começou como meia-atacante no Flamengo. A caminhada para o camisa cinco verde e amarelo na África do Sul foi longo. Primeiro, uma temporada regular pela Juventus, que acabou o emprestando para o Galatasaray. Na Turquia, o pitbull voltou ao protagonismo.

Vestindo a dez, Felipe Melo marcou 12 vezes na Superlig Turca e ajudou aos leões na conquista do título, que não vinha há três temporadas. Ninguém duvida da qualidade do volante. Além de marcar bem, ele chuta bem e tem ótima visão de jogo, qualidade adquirida na época em que jogava mais avançado. Porém a cabeça sempre se mostrou como um ponto fraco. A inconstância psicológica o atrapalhou na Juventus e na Copa de 2010.  Porém a boa notícia nesta questão também vem da Turquia: no campeonato, 13 cartões amarelos, bons números para um volante e somado a isso nenhuma expulsão.

A melhora do comportamento tem justificativa, o jogador admite os problemas, “meu problema não é técnico, qualidade eu tenho, meu problema é psicológico”. Por isso, hoje ele tem acompanhamento psicológico e melhorou. Este é outro argumento que fortalece a cobrança por uma nova chance para Felipe Melo.

Fernando Reges, volante, 24 anos (Porto-POR)

Fernando ergue a Liga Europa 2010-11 pelo Porto e não se esquece do Brasil. Pelos azuis e brancos já são nove títulos. (Getty Images)

Na ausência de grandes revelações brasileiras nos últimos anos na Europa, Fernando foi uma das maiores surpresas verde e amarela nas últimas duas temporadas. Campeão Sul-Americano Sub-20, em 2007, logo foi vendido para o Porto, mas foi se destacar mesmo em Portugal a partir de 2010-11. Forte e com uma boa estatura, atua muito bem como primeiro volante.

Fernando é o legítimo camisa cinco e é fundamental à engrenagem portista. No 4-3-3, o brasileiro é o primeiro protetor da defesa, já que os azuis e brancos atuam com jogadores mais ofensivos ao seu lado no meio-campo. Em 2010-11, eram Guarín e Moutinho, agora, Moutinho e Lucho González. O camisa 25 do Porto também executa bem o primeiro passe e ajuda muito na saída de bola.

Na Seleção, Fernando seria uma alternativa para Lucas Leiva e Sandro, que são os preferidos de Mano na função de primeiro volante e já se machucaram muito na trajetória do treinador gaúcho à frente do Brasil. Vestindo a camisa verde e amarela, talvez o goiano conseguisse trabalhar melhor uma de suas características: o chute potente de fora da área. No clube, há pouco espaço para os seus avanços e, por isso, os gols são raros – ele tem apenas um oficialmente pelo Porto.

Outros nomes:

Quando citei os meus injustiçados, me lembraram no twitter outros nomes, posto àqueles que concordo que mereciam uma chance aqui. Atur Moraes, goleiro, 31 anos (Benfica-POR) e Fábio, goleiro, 31 anos (Cruzeiro-BRA). Os dois são goleiros, tendo em vista a inconstância apresentada pelos convocados de Mano, eles poderiam ser testados sob a baliza verde e amarela.

domingo, 1 de julho de 2012

Afinal, a melhor Roja



Espanha bicampeã da Eurocopa 2012, com 19 remanescentes do título mundial de 2010 (Getty Images)

A final reuniu a Espanha, favorita desde o início, e a Itália, uma das maiores surpresas do torneio. Deu a furia, que honrou o apelido e atropelou a Squadra Azzurra na final, com um 4 a 0 convincente. Foi a melhor roja de todo o torneio, “gastando” a bola, mas tendo profundidade e verticalidade, mesmo adotando – mais uma vez – a alternativa do “falso nove” Fàbregas.

A Itália não repetiu a estratégia do jogo de estreia na competição, contra a mesma Espanha e, desta vez, veio no 4-3-1-2 – formação que mais utilizou na competição. Porém, desde o início, a roja, que muitas vezes tinha sido pragmática e até chata no torneio, mostrou que na decisão seria diferente. Os espanhóis guardaram o melhor para a final. Foram 15 minutos empurrando a Itália para o próprio campo. A pressão deu resultado e, em uma enfiada genial de Iniesta, Fàbregas recebeu nas costas de Chiellini e curzou para trás, onde Silva apareceu para marcar.

Depois do gol, a Nazionale cresceu e passou a dominar as ações, com Cassano bem. Porém, a Itália não chegou a assustar o goleiro Casillas, completamente seguro nas bolas, que foram no gol que defendia. O nome da semifinal, Mario Balotelli estava apagado e o craque italiano na competição, Andrea Pirlo também não vivia grande jornada. Com isso, no final do primeiro, a Espanha deu mais um golpe na Squadra Azzurra: Jordi Alba começou a jogada atrás do meio-campo, tocou para Xavi e disparou para a área. O resultado foi um passe perfeito de xavinho nas costas de Barzagli e o 2 a 0 no placar.

Com a situação bastante adversa, os italianos voltaram de forma diferente: postura mais ofensiva e com Di Natale na vaga do esgotado Cassano, que fez bela Euro 2012. O atacante da Udinese teve duas boas chances para marcar, mas não conseguiu. Ou seja, a situação seguia a mesma. Quando tinha a bola, a Espanha criava também e chegou a assustar Buffon. Fàbregas, Silva, Xabi Alonso, Busquets e, principalmente, a dupla Xavi e Iniesta davam o tom no meio-campo. Prandelli tentou a sua última cartada cedo e sacou o apagado Montolivo e colocou Thiago Motta, tinha Giovinco e Diamanti no banco se quisesse arriscar mais.

O treinador italiano que faz ótimo trabalho frente à Nazionale desde o meio de 2010 teve azar. O seu escolhido se contundiu três minutos depois de entrar em campo e a Itália ficou com dez em campo, decretando o final da partida. A Espanha teve ainda mais espaço e, com isso, além do toque de bola insistente, os contra-ataques passaram a ser cada vez mais comuns e eficientes. Torres entrou e logo marcou, após mais uma bela assistência de Xavi, que até esta partida, fazia uma Eurcopa bastante discreta e executou um recital na final.

Mata e Fernando Torres, campeões europeus pelo Chelsea e pela Espanha (Getty Images)

Com o 3 a 0 e o terceiro gol de Torres na Euro 2012, mesmo sem jogar todas as partidas, ele se tornava um dos artilheiros do torneio. Mas faltava um outro gol ou uma assistência (critério de desempate) para ser o dono da chuteira de ouro da competição e o passe decisivo veio para um companheiro também campeão europeu pelo Chelsea. Mata, que havia acabado de entrar, recebeu de “El Niño” e, em seu primeiro toque na bola na Eurocopa, empurrou para as redes: 4 a 0, em Kiev.

A goleada sobre a boa Itália na decisão mostra, que mesmo sem querer, a Espanha executou sua melhor partida na final. Veio sem Puyol e se virou, sofrendo apenas um gol na campanha campeã; não teve o maior artilheiro da sua história, Villa e também conseguiu produzir ofensivamente; não viu Xavi fazer grande campeonato, mas a ausência do grande futebol do número oito da roja, não fez falta e, com isso, a Espanha mostra a força de um grupo e, principalmente, do futebol no país. Pela primeira vez na história, uma seleção consegue ganhar a copa continental duas vezes seguidas, tendo vencido a Copa do Mundo entre os títulos. Os espanhóis hoje têm o melhor futebol do mundo e, além disso, têm uma base muito forte, por conta disso, no futuro, devemos ver a furia brilhando ainda mais.

A derrota italiana não pode fazer com que o bom trabalho de Prandelli seja esquecido. A Itália volta ao protagonismo com ele. O caminho até 2014 será duro, mas a Squadra Azzurra deve chegar forte ao Brasil e terá um grande personagem, Mario Balotelli, um dos que mais sentiu o golpe da derrota.