segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Os melhores do mundo de 2012

A tão desejada bola de ouro da FIFA (Getty Images)

A FIFA entregará o prêmio “FIFA Ballon d’Or” de 2012, em cerimônia a ser realizada em Zurique no dia 7 de janeiro de 2013. Na disputa da entidade máxima do futebol, apenas três jogadores podem receber o prêmio. O argentino Messi, do Barcelona; o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid e o espanhol Iniesta, do Barcelona. Nesta competição, o nome de “La Pulga” parece ser barbada.

Não tenho direito à voto na disputa da FIFA, por isso, ousei e farei a lista dos meus dez melhores jogadores do mundo neste ano.

1º- Lionel Messi (Barcelona-ESP – Argentina):

Não dá para não considerar Messi o melhor do mundo. Neste ano, o camisa dez blaugrana balançou as redes dos adversários 91 vezes e bateu o recorde de gols em um período de 12 meses. O argentino também fez assistências, em La Liga 2012-13 já foram cinco. Mas a grande diferença para “La Pulga” em 2012 foi o rendimento pela seleção argentina, onde fez 12 gols em nove jogos. Ou seja, a história de que ele não funcionava na albiceleste ficou para trás com a chegada de Alejandro Sabella. O grande problema da temporada foi ter conquistado apenas um título durante os 12 meses, porém, os números mostram que a ausência de conquistas não foi por mau rendimento de Messi. A taça foi a da Copa Del Rey. De qualquer forma, parece improvável que haja um jogador no planeta capaz de desafiar o argentino Rosario pelo prêmio de melhor do mundo nos próximos anos.

2º- Cristiano Ronaldo (Real Madrid-ESP – Portugal):

Cristiano Ronaldo fez gol no Camp Nou neste ano e pediu para os culés ficarem em silêncio (Getty Images)

Assim como Messi, Ronaldo parece estar um nível acima dos outros jogadores do mundo, mas levantou duas taças no ano, a Liga Espanhola e Supercopa da Espanha. Enquanto o argentino fecha o ano com 91 gols, CR7 também teve números impressionantes e balançou as redes 63 vezes. A comparação com o dez blaugrana é inevitável e o português também chamou a atenção pela seleção neste ano. Na Euro 2012, Cristiano Ronaldo foi um dos melhores jogadores e foi decisivo para Portugal com três gols. A Seleção das Quinas foi eliminada na semifinal pela campeã Espanha em disputa de  pênaltis e o resultado não foi dos mais justos.  Depois do ótimo primeiro semestre, Ronaldo caiu um pouco de produção, mas, mesmo assim, já anotou 27 gols e cedeu seis assistências.

3º- Andrés Iniesta (Barcelona-ESP – Espanha):

Iniesta cercado por croatas na Euro 2012, a situação não foi incomum para o camisa seis da Fúria neste ano (Getty Images/AFP)

Particularmente gosto muito de Iniesta, acho difícil que haja alguém que não goste do futebol do camisa oito blaugrana. Com Fàbregas no Barcelona, o autor do gol do título mundial espanhol passou a jogar na ponta-esquerda, fazendo um revezamento de função no campo com o ex-jogador do Arsenal. Nesta posição, Iniesta manteve a classe e o estilo de jogo: ótima visão, controle de bola excepcional, facilidade para dar passes, dribles incríveis e uma noção de futebol rara em jogadores atuais. Por conta disso, o camisa seis da Roja foi eleito o melhor da Euro 2012 e o melhor da temporada 2011-12 na UEFA. Neste segundo semestre, a largada foi boa. Na Liga Espanhola 2012-13 é o líder de assistências com dez passes decisivos, o que também impulsiona a boa campanha do Barcelona no campeonato.

4º- Radamel Falcao García (Atlético de Madrid-ESP – Colômbia):

O melhor centroavante do mundo esta é a alcunha que define o que é o camisa nove dos rojiblancos. Falcao é daqueles que faz gols de todas as formas: bate com os dois pés, cabeceia bem, também chuta de fora da área, protege bem a bola e tem a capacidade de executar os dribles necessários para ter o espaço para finalizar. O centroavante foi importante para o Atléti conquistar a Liga Europa, o “Mister Liga Europa” marcou 12 gols na competição e foi decisivo na reta final. No início do segundo semestre, Falcao assombrou a Europa, com um hat-trick na Supercopa da Uefa frente ao Chelsea. Ao todo, só nos seis últimos meses de 2012, “El Tigre” balançou as redes 26 vezes e deu duas assistências. Além do ótimo desempenho em rojiblanco, o colombiano é destaque dos cafeteros que vêm na terceira colocação da Eliminatória Sul-Americana para a Copa do Mundo de 2014. Com a dificuldade de achar grandes centroavantes no mundo, Falcao é peça rara que merece ser cada vez mais valorizada.

5º- Robin van Persie (Arsenal-ING / Manchester United-ING – Holanda):

Centroavante goleador é espécie rara no futebol mundial, mas este é o segundo grande goleador da lista. Van Persie é dotado de mais habilidade que Falcao e tem mais facilidade para atuar fora da área, também criando oportunidades aos companheiros.  Mas foi o instinto artilheiro que trouxe o holandês ao quinto posto da lista. Em 2012, o Arsenal foi o primeiro a usufruir dos trabalhos do, à época, camisa dez gunner. Na Premier League 2011-12, ele terminou com a artilharia e impulsionou o clube do norte de Londres à Liga dos Campeões, com seus 30 gols. Neste segundo semestre, o Manchester United trouxe o atacante e já colhe os resultados desta compra. Atualmente, Van Persie é mais uma vez o líder da artilharia do Inglês, 14 gols já foram anotados pelo agora camisa 20. Portanto, a música “ele marca, quando ele quer”, que era cantada pelos torcedores do Arsenal, vale muito para o holandês.

6º- Zlatan Ibrahimovic (Milan-ITA / Paris Saint-Germain-FRA – Suécia):

Ibra "voou" pelo Milan no primeiro semestre e agora bate asas na França (AFP)

Mais um centroavante de classe mundial. Mas, ao contrário dos atacantes supracitados, Ibrahimovic é um jogador mais habilidoso e com facilidade para o drible, além de ter a capacidade de balançar as redes várias vezes. Por conta dos gols de Ibra, o Milan conseguiu fazer frente até as últimas rodadas à forte Juventus na briga pelo Scudetto. O senso artilheiro do sueco também empurrou os milanistas até onde puderam na Liga dos Campeões – as quartas de final. Ou seja, no primeiro semestre, o centroavante foi o dono dos rossoneri. Por isso, o PSG quis trazê-lo para ser o craque do futebol francês e, na Ligue 1, ele vem provando seu valor: é o artilheiro, com 18 gols e já cedeu quatro assistências. Pela seleção sueca, o principal jogador do país também se destacou e, neste ano, anotou 11 gols em 11 jogos. O bom rendimento por onde quer que passe credencia Ibra ao sexto posto da lista.

7º- Xavi Hernández (Barcelona-ESP – Espanha):

Outro craque da melhor seleção do mundo, Xavi é o homem do carimbo no meio-campo da Roja e do Barcelona, ou seja, as jogadas sempre passam pelos seus pés. Este é o camisa seis blaugrana, jogador de passes e chutes precisos. Assim como os companheiros de Barça, o grande pesar é o único título conquistado no ano por clubes, mas Xavinho compensa isto com o bicampeonato da Eurocopa, onde cedeu duas assistências. Atualmente, o catalão dita o ritmo do Barcelona, que faz campanha histórica em La Liga. Neste segundo semestre, o camisa seis já anotou seis vezes e deu sete assistências. Com 32 anos, Xavi vinha sofrendo com lesões nos últimos anos, o que ainda não o atrapalhou seriamente em 2012-13. Portanto, é provável que, em 2013, o meia-central esteja entre os melhores do mundo mais uma vez e siga sendo o homem dos passes precisos.

8º- Yaya Touré (Manchester City-ING – Costa do Marfim):

Yaya Touré recebeu no dia 20 de dezembro o troféu da Confederação Africana de Futebol (CAF)

Pelo segundo ano consecutivo, o mesmo atleta recebeu o prêmio de Melhor Jogador Africano, o que não acontecia desde 2005, quando Eto’o fechava o tricampeonato. Sim, Yaya Touré levantou o troféu mesmo disputando com um Drogba protagonista de um título de Liga dos Campeões. O camisa 42 é o grande meia-central do Manchester City. Alto, forte, mas com muita técnica e poder de decisão, o costa marfinense se concretizou como melhor jogador e mais constante do elenco campeão da Premier League 2011-12, competição na qual foi escolhido para a seleção da competição. Com seu país, Yaya Touré foi vice-campeão da Copa de Nações Africanas, fez um gol na disputa e esteve entre os 11 melhores do torneio. Com a constância de boas exibições pelos citzens, igualar o tricampeonato de Eto’o como melhor africano não é improvável. No início de 2013, ele poderá dar um passo importante para isso, com bons rendimentos na CAN 2013, que pode ser a última chance da geração de Drogba levantar um título pela seleção.

9º- Andrea Pirlo (Juventus-ITA – Itália):

Depois de deixar o Milan, onde tinha disputado apenas 19 partidas na temporada 2010-11, Pirlo se reinventou na Juventus. Em 2011-12, foi responsável pela engrenagem bianconeri. Com ótimos passes, visão de jogo apurada e facilidade extrema na bola parada, o camisa 21 também teve um ano muito bom. Além de ser campeão italiano com a Vecchia Signora em 2011-12, Pirlo largou bem com o clube neste segundo semestre. O regista é destaque nas boas campanhas na Serie A e na Liga dos Campeões e somando o desempenho nas duas competições ele tem quatro gols e seis assistências. Pela seleção, o camisa 21 também teve destaque e foi ao lado de Balotelli o principal nome da Squadra Azzurra no vice-campeonato da Eurocopa 2012. A idade parece não pesar e o italiano da Lombardia deve seguir entre os melhores do mundo nos próximos anos.

10º- Neymar Júnior (Santos-BRA – Brasil):

Neymar agradece aos torcedores, mas são os santistas que têm que agradecer por terem o craque (Terra)

“O Santos foi um com Neymar e outro sem ele” talvez tenha sido a frase mais falada no futebol brasileiro em 2012. Afinal, Ney jogou apenas 43 vezes pelo alvinegro praiano e, nessas partidas, particou de 51 gols – marcou 37 e deu 14 assistências. A importância do camisa 11 para o Peixe é apresentada pelos números. Mas, em 2012, o craque mostrou crescimento e – ainda – mais objetividade, sem perder os lances de absurdo talento. Com os problemas do Santos, a avalanche de títulos dos últimos anos foi interrompida e, neste ano, apenas taças menos importantes: o Campeonato Paulista e a Recopa Sulamericana. Na seleção principal, o camisa 11 também foi fundamental e a grande estrela da companhia com nove gols em 12 partidas. Na Olimpíada, Ney não foi dos melhores, mas marcou três vezes na campanha de prata. O incontável número de troféus individuais que o santista está conquistando no Brasil passa a sensação que Neymar está fazendo hora-extra no Brasil e que tem condições de jogar nos principais times do futebol europeu. Esta mudança pode ser fundamental para ele se concretizar entre os melhores do mundo.

Entre os que ficaram de fora da minha lista destaco alguns deles: Gianluigi Buffon (g, Juventus-ITA - Itália), Petr Cech (Chelsea-ING – República Tcheca), Iker Casillas (g, Real Madrid-ESP – Espanha), Vincent Kompany (z, Manchester City-ING – Bélgica), Thiago Silva (z, Paris Saint-Germain-FRA – Brasil), Ramires (v, Chelsea-ING – Brasil), Xabi Alonso (v, Real Madrid-ESP - Espanha), Juan Mata (m, Chelsea-ING - Espanha), David Silva (m, Manchester City-ING - Espanha), Marco Reus (m, Borussia Dortmund-ALE – Alemanha), Mario Götze (m, Borussia Dortmund-ALE - Alemanha), Sergio Agüero (a, Manchester City-ING – Argentina), Edinson Cavani (a, Napoli-ITA – Uruguai), Wayne Rooney (a, Manchester United-ING - Inglaterra) e Didier Drogba (a, Chelsea-ING – Costa do Marfim).

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sneijder abandonado


Valeu, Sneijder? A Inter parece disposta a abrir mão de seu grande jogador por dois milhões de euros anuais (Getty Images)


A Inter fecha o ano na quarta colocação da Serie A 2012-13, a nove pontos da líder Juventus. Com Stramaccioni, os nerazzurri deram sinais de recuperação, mas caíram de produção na reta final de 2012. O treinador romano, que havia comandado as categorias de base da Roma e da própria Inter, chegou ao time principal querendo impor seu estilo. O 4-3-2-1 e o 4-2-3-1, seus esquemas preferidos, foram testados, porém não funcionaram e “Strama” não teve dúvidas de abrir dessa convicção tática para escalar três zagueiros na Beneamata.

Porém, não é sobre o trabalho do jovem técnico (apenas 36 anos, Javier Zanetti é mais velho, por exemplo) que chama a atenção no ano interista. O tratamento dado ao grande astro, Wesley Sneijder é o que impressiona. O camisa dez não tem sido utilizado por conta de “problemas contratuais”. Hoje, o holandês ao lado de De Rossi (Roma) e Buffon (Juventus) têm os maiores salários da Serie A. Cada um deles recebe seis milhões de euros por ano. Por estar envolvido em muitas lesões, principalmente, nas duas últimas temporadas, a diretoria interista quer reduzir os vencimentos de seu grande nome. Obviamente, o camisa dez nerazzurro não demonstrou nenhum interesse em abrir mão de dois milhões de euros anuais e passar a ganhar quatro milhões por ano. O contrato em vigor está previsto para ser finalizado apenas em junho de 2015. Neste novo acordo, além da redução do salário, o holandês teria seu vínculo estendido com a Inter até 2017.

Por conta disso, a equipe está realizando uma espécie de chantagem: Sneijder não negocia a redução salarial, não joga. Sobre a situação, no início de dezembro, o holandês foi bem claro, “Como posso assinar um contrato pior do que o que está em vigor se nem sequer sou relacionado para os jogos? Não tem condição”. Posicionamento óbvio de Wes, o que não dá pra entender é a Inter. No início desta temporada, o clube fez opções que já esvaziaram a folha de pagamento, como as saídas de Júlio César, Maicon e Lúcio. Mas o trio brasileiro não dava sinais de que poderia ser útil ao novo perfil de time pretendido pela cúpula nerazzurra, justificativa que não deve ser utilizada no caso de Sneijder.

Com 28 anos, o holandês é um ótimo meia-atacante, é veloz, chuta bem com os dois pés e tem uma visão de jogo bastante apurada. No futebol italiano atual, não há um jogador com potencial de Sneijder. O holandês já foi um dos quatro melhores futebolistas do mundo em 2010, quando foi injustiçado, pois merecia ter saído com a bola de ouro da FIFA. Portanto, fica claro que Wes não é um jogador qualquer e abrir mão dele por dois milhões de euros por ano parece ser uma decisão que os dirigentes interistas poderão se arrepender em um futuro próximo, caso a saída de Sneijder de Milão se concretize.

Sair da badalada cidade italiana, não é o objetivo do camisa dez dos nerazzurri, a impressão que ele passa é que Milão já se tornou a sua casa fora da Holanda. Sneijder está adaptado ao país, é ídolo do clube e tem companheiros que são bons amigos. Um desses amigos, o capitão Javier Zanetti foi um dos responsáveis por convertê-lo ao catolicismo, em maio de 2010. Il Capitano esteve presente no batismo de Wes que foi realizado em uma capela na região de Appiano Gentile. Além disso, Milão é interessante para a mulher do holandês, a atriz Yolanthe Cabau. Viver na capital da moda não é nada mal para uma pessoa ligada ao cinema e à televisão. Recentemente, a esposa de Sneijder postou no Twitter que não gostaria de deixar a cidade e não é raro vê-la elogiando Milão. A atriz, modelo e apresentadora também deve ter gostado bastante da influência que os companheiros exerceram no marido ao converterem ele ao catolicismo, religião a qual ela já era adepta.

Uma das justificativas para deixar o camisa dez de fora dos 11 iniciais era de que ele não se encaixava nos esquemas preferidos por Stramaccioni. Porém, esta hipótese não é uma explicação válida. A Beneamata alinhou recentemente em um 4-3-1-2, sistema em que Sneijder teria tudo para exercer muito bem a função de trequartista, ou seja, ser o “1” do 4-3-1-2. Além disso, como bom jogador que é, o holandês poderia se encaixar nos sistemas de três zagueiros de Strama com um pouco de insistência e trabalho do treinador. Por exemplo, em um 3-4-1-2 Wes teria espaço tranquilamente, mais uma vez atuando atrás da dupla de ataque, com grande municiador do setor ofensivo. Nesta função, Sneijder jogaria próximo da área adversária, posição onde articularia as jogadas e também poderia encontrar espaço para se aproveitar da qualidade de seus chutes.

Stramaccioni chegou a falar emdeficiência técnica para justificar a ausência do camisa dez nas convocaçõespara as partidas. O que parece um absurdo, ainda mais se observarmos que a Inter carece de um organizador de jogadas nos últimos jogos, função que Wes teria tudo para exercer com muita qualidade. Durante todo o ano, Cassano e Guarín tem ocupado este espaço, mas é claro que com uma eventual volta do dez interista, ambos poderiam jogar de forma mais tranquila, sem ficarem sobrecarregados na armação. Pois, o italiano é um criador, mas atua mais à frente já o colombiano também pode colaborar na organização do time, porém, jogando mais recuado. Porém, Strama seguiu deixando Sneijder de fora dos convocados nos últimos jogos, mesmo quando o camisa dez nerazzurro já estava recuperado da lesão mais recente.

Por isso, a tese de que a saída se aproxima e de que não há interesse de utilizar Sneijder enquanto ele não reduzir o salário ganhou força nas últimas semanas. Inclusive, neste final, o camisa dez recebeu férias quando ainda faltavam dois jogos para a Inter realizar em 2012. O ex-jogador nerazzurro, Figo resumiu bem o momento: “Enxergo que é uma situação difícil para o clube e para o jogador, mas espero que ela seja resolvida da melhor forma possível”.

Com esta situação, uma saída do camisa dez nerazzurro não é improvável, mesmo ela podendo ser realizada aparentemente contra a sua vontade. Na verdade, a mudança de ares para Sneijder é especulada desde que ele chegou a Inter. No mercado pós-Copa do Mundo de 2010, os rivais de Manchester foram os times que mais se interessaram pelo craque holandês. À época, a saída não se concretizou. Para este ano, quando a troca de clube parece mais provável, o milionário PSG é um dos interessados. Mas, nos últimos dias, foi noticiado o interesse do Tottenham e do Schalke 04 na contratação do camisa dez interista. Vamos aguardar o que vai ocorrer quando a janela de transferências estiver aberta.

As estatísticas de Sneijder na Inter mostram que nesta e na última temporada as lesões, de fato, o afastaram dos jogos e com isso seus números caíram. Confiram os números abaixo:

2009-10 –
Jogos: 41 (Serie A: 26 / Coppa Italia: 4 / Liga dos Campeões: 11) Gols: 8 (Serie A: 4 / Coppa Italia: 1 / Liga dos Campeões: 3) Assistências: 12 (Serie A: 6 / Coppa Italia: 0 / Liga dos Campeões: 6) 
2010-11 – 
Jogos: 37 (Serie A: 25 / Coppa Italia: 2 / Liga dos Campeões: 9 / Supercoppa: 1 / Super Copa da Europa: 0 / Mundial de Clubes: 1) Gols: 7 (Serie A: 4 / Coppa Italia: 0 / Liga dos Campeões: 3 / Supercoppa: 0 / Super Copa da Europa: 0 / Mundial de Clubes: 0) Assistências: 7 (Serie A: 5 / Coppa Italia: 0 / Liga dos Campeões: 2 / Supercoppa: 0 / Super Copa da Europa: 0 / Mundial de Clubes: 0) 
2011-12 – 
Jogos: 29 (Serie A: 21 / Coppa Italia: 2 / Liga dos Campeões: 5 / Supercoppa: 1) Gols: 5 (Serie A: 4 / Coppa Italia: 0 / Liga dos Campeões: 0 / Supercoppa: 1) Assistências: 6 (Serie A: 5 / Coppa Italia: 0 / LC: 1 / Supercoppa: 0) 
2012-13 – 
Jogos: 8 (Serie A: 5 / Coppa Italia: 0 / Liga Europa: 3) Gols: 2 (Serie A: 1 / Coppa Italia: 0 / Liga Europa: 1) Assistências: 1 (Serie A: 1 / Coppa Italia: 0 / Liga Europa: 0)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Adeus, Mano Menezes


Mano Menezes: o treinador da Copa de 2014 no Brasil se foi em seu melhor momento (Vipcomm)

Não era o momento. Esta foi a frase mais ouvida quando foi anunciada a saída de Mano Menezes do comando da seleção brasileira no dia 23 de novembro, pouco tempo após o título do nada importante “Superclássico das Américas”. Por conta disso, farei uma análise do período, aproveitando os meus arquivos onde armazeno todas as convocações do Brasil de Mano e a descrição dos 66 gols marcados com o gaúcho de Passo do Sobrado no comando verde e amarelo.

Os problemas, os acertos, o esquema tático, os autores de todos os gols, os assistentes, o craque, o futuro e algumas curiosidades estatísticas da seleção serão descritas abaixo.

Convocações

A alegria foi das caras novas. Mano Menezes promoveu várias estreias na "amarelinha" (CBF)

Mano teve que começar um trabalho, praticamente, do zero. Pois na Copa do Mundo de 2010, o Brasil esteve entre as médias de idade mais altas e, por isso, poucos atletas puderam ser reaproveitados pelo treinador. Foram apenas 13 jogadores chamados nas 22 convocações de Mano Menezes que estiveram na Copa do Mundo com Dunga, são eles: Júlio César, Gomes Maicon, Daniel Alves, Thiago Silva, Luisão, Lúcio, Ramires, Elano, Kaká, Robinho, Nilmar e Luís Fabiano. Em negrito estão àqueles atletas que tiveram importância em algum momento da “Era Mano Menezes”.

Portanto, com pouco legado, o treinador gaúcho teve que promover 60 estreias – os Superclássicos da América também impulsionaram este número. Vejam quem estreou com Mano Menezes (60): Jefferson, Renan, Neto, Rafael, Gabriel, Renan Ribeiro, Rafael, Mariano, Danilo, Marcos Rocha, Lucas Marques, David Luiz, Réver, Breno, Henrique, Dedé, Rhodolfo, Emerson, Juan, Bruno Uvini, Leandro Castán, Durval, Leonardo Silva, Cortês, Fábio Santos, Jucilei, Fernandinho, Elias, Wesley, Ralf, Luiz Gustavo, Casemiro, Paulinho, Rômulo, Arouca, Fernando, Ederson, Paulo Henrique Ganso, Douglas Costa, Philippe Coutinho, Giuliano, Douglas, Jádson, Renato Augusto, Lucas, Cícero, Oscar, Renato Abreu, Elkeson, Dudu, Bruno César, William, Bernard, Fellype Gabriel, André, Neymar, Jonas, Leandro Damião, Kléber e Wellington Nem.

Muitos desses jogadores que começaram a carreira na seleção com Mano Menezes vão ser aproveitados pelo sucessor, Luiz Felipe Scolari. Portanto, o trabalho do gaúcho de Passo do Sobrado, de certa forma, refletirá na Copa de 2014.  Além disso, há pouco o que se destacar nas convocações. A insistência em alguns nomes como André Santos (ainda por cima, como titular) e Elias, que jogaram com Mano no Corinthians, incomodou, mas as listas divulgadas pelo ex-treinador da seleção não chegaram a ser consideradas absurdas.

Durante a “Era Mano Menezes”, escrevi um post sobre jogadores que nunca foram chamados pelo treinador de Passo do Sobrado, entre eles, citei o volante Fernando Reges (Porto-POR), o também volante Felipe Melo (Galatasaray-TUR), o meia-atacante Diego (Wolfsburg-ALE) e o outro meia-atacante Nenê (Paris Saint-Germain-FRA). Além deles, dois meias que chegaram a ser chamados por Mano Menezes, mas não receberam a quantidade de chances que mereciam, poderiam ter mais chances daqui pra fente: Hernanes, da Lazio-ITA e Willian, do Shakhtar Donetsk-UCR

Os números absolutos

32 jogos, 21 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. 66 gols marcados, 23 gols sofridos e 43 gols de saldo.

Os Jogos Grandes

Os números são muito bons, não dá pra negar, mas o problema é o desempenho contra os grandes do futebol mundial. Aqui vale uma explicação: para mim, os grandes são os oito campeões da Copa do Mundo mais a Holanda. Dentro deste grupo, o Brasil não enfrentou metade dos adversários possíveis, Espanha, Inglaterra, Itália e Uruguai. Aí que fica um das grandes críticas ao time de Mano Menezes. Foram nove partidas (cinco contra a Argentina, sendo quatro Superclássicos das Américas), duas vitórias (ambas no Superclássico), cinco derrotas (a outra derrota de Mano foi um 2 a 0, contra o México) e dois empates. Desempenho muito ruim.

Mas, há de se destacar que os embates contra os grandes foram realizados em momentos piores da seleção brasileira e, alguns deles, como o 1 a 0 da Argentina, o 1 a 0 da França e o 3 a 2 da Alemanha aconteceram bem no começo do trabalho do treinador. Período em que o Brasil não vivia bom momento, que ressalto que era vivido neste final de 2012. Ou seja, mais uma vez, destaco que a saída de Mano foi errada.
Jogos: Brasil 0x1 Argentina, França 1x0 Brasil, Alemanha 3x2 Brasil, Brasil 0x0 Holanda, Argentina 0x0 Brasil (Superclássico), Brasil 2x0 Argentina (Superclássico), Brasil 3x4 Argentina (três gols de Messi), Brasil 2x1 Argentina (Superclássico) e Argentina 2x1 Brasil (Superclássico).

O 4-2-3-1

Kaká: demorou a voltar a ser convocado, mas, na reta final do trabalho de Mano, o camisa dez da última Copa do Mundo foi importante aos verdes e amarelos (Rafael Ribeiro/CBF)

Samba de uma nota só. Taticamente foi isso. O 4-2-3-1 foi anunciado como esquema preferido de Mano para a seleção logo na primeira coletiva e, dificilmente, o técnico abriu mão da formação tática. Porém, a execução verde e amarela do esquema da moda ficou longe da perfeição, faltou muita coisa para funcionar. Mas não dá pra negar, que com Neymar como “falso nove”, o Brasil vinha crescendo dentro da proposta do gaúcho.

Mano chegou a colocar o time para jogar em outros esquemas, o 4-3-3, o 4-1-4-1 e até o famoso sistema preferido dos brasileiros, o 4-2-2-2. Mas, em resumo, o treinador gaúcho de Passo do Sobrado não abriu mão do esquema da moda. No início, a má participação dos volantes, atrapalhava muito na dinâmica do time, pois a volância é setor fundamental para o bom funcionamento do 4-2-3-1. Porém, nas últimas partidas, o problema parecia solucionado: Paulinho e Ramires combinavam bem e apareciam bem ofensivamente, porém, ainda não haviam sido testados defensivamente.

Outra solução encontrada para o 4-2-3-1 funcionar, foi o deslocamento de Neymar da ponta-esquerda para o centro de ataque. O camisa 11 verde e amarelo passou a exercer a função de “falso nove” e participar mais do jogo. Além disso, com o posicionamento de Ney no centro do ataque, a falta de um centroavante foi suprida.

Para fechar o sistema ofensivo, que chegou a ter problemas durante a “Era Mano Menezes”, os três meias que jogavam atrás de Neymar pareciam ter finalmente se encaixado bem. O técnico gaúcho não inventou. Colocou Hulk na ponta-direita, onde sempre funcionou bem no Porto; em alta no Internacional, Oscar virou o camisa dez pelo centro e, o último a ser “descoberto”, foi Kaká pela esquerda. O camisa 11 do Santos e da seleção foi fundamental para este bom funcionamento da engrenagem brasileira, muitas vezes criando espaço para a chegada dos três meias que atuavam em seu apoio.

A defesa não comprometeu e foi um dos pontos altos do trabalho de Mano Menezes. Com o treinador gaúcho não havia muita dúvida de que a linha defensiva da Copa de 2014, provavelmente seria composta por Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz (Dedé) e Marcelo. Os quatro foram escalados apenas duas vezes juntos e sofreram só dois gols. Porém, a participação cresce bastante quando observamos partidas em que três dos quatro prováveis titulares foram titulares juntos. Este contexto ocorreu em 13 jogos. Ou seja, a zaga de Mano estava, praticamente, pronta e ia bem.

A grande dúvida da retaguarda ficava – e fica –  por conta do goleiro, pois 13 jogadores foram convocados para a posição e sete deles foram utilizados: Júlio César (11 – todos da Copa América), Diego Alves (7), Jefferson (5), Victor (5), Rafael Cabral (3), Diego Cavalieri (1) e Gabriel (1). O camisa um nas últimas participações da seleção principal do Brasil foi Diego Alves e, mais uma vez, a decisão do treinador gaúcho parecia ser acertada.

Neymar

Dentro do 4-2-3-1 de Mano Menezes, um jogador esteve muito acima dos demais: Neymar. Em primeiro lugar, o camisa 11 santista atuou em todas as funções ofensivas, as três do meio-campo de ataque e também como homem de frente, opção que foi mais utilizada na reta final do trabalho do treinador gaúcho. Mas, o mais forte em favor de Ney são os números. Foram 26 partidas como titular com a camisa verde e amarela, 17 gols e 11 assistências, liderando a seleção nos dois quesitos. Portanto, em 26 partidas, Neymar participou de incríveis 28 gols.

Porém, como a seleção no geral, o maior craque da equipe também não atuou bem nos jogos principais. Neymar só não jogou na derrota por 1 a 0 para a França, quando Mano Menezes não convocou jogadores que atuavam no Brasil, pois esses estavam envolvidos no início da Taça Libertadores. Nos oito jogos grandes em que esteve presente, Neymar deu três assistências e fez três gols. Mais uma vez, o maior craque da “Era Mano Menzes” reflete o desempenho da seleção em geral. Sim, o Superclássico foi o palco preferido de Ney entre os jogos grandes: dois gols e uma assistência saíram neste confronto.

Como dito acima, Neymar estava começando a se adaptar na função de “falso nove”, onde parecia ser seu futuro na seleção com Mano Menezes. É necessário observar agora como Felipão pretende utilizar o camisa 11 nesta nova fase da seleção, porém, não há dúvida, Ney tem tudo para chegar em 2014 como principal jogar dos anfitriões da Copa do Mundo.

O sucessor

Uma grife chamada Felipão, com o respaldo de Carlos Alberto Parreira , os dois últimos campeões mundiais pelo Brasil. O comandante do título em 2002 será o treinador e tetracampeão ocupará o cargo de coordenador técnico. Além disso, são nomes simpáticos à dupla José Maria Marin (Presidente da CBF) e Marco Polo Del Nero (Vice-presidente da CBF, Presidente da Federação Paulista de Futebol e responsável pela articulação que fez Marin ser o comandante do futebol brasileiro), ao contrário de Mano Menezes que era bem próximo ao ex-diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez, que também sonha em um dia presidir a entidade máxima do futebol brasileiro. Portanto, a política substituiu uma escolha técnica.

A grande expectativa é que Felipão traga jogadores mais experientes, algo que Mano Menezes, de certa forma, não fez. Em termos táticos, Scolari utilizou por várias vezes no Palmeiras (seu último trabalho) o 4-2-3-1, que pode ser o sistema da seleção e que é a forma de jogar que muitos jogadores já estão acostumados a atuar. Porém, qualquer avaliação pode ir por terra logo nas primeiras convocações de Scolari.

No Brasil, entre os grandes clubes, há um treinador que é incontestável: Tite, do Corinthians. Campeão Brasileiro em 2011, da Libertadores e do Mundial em 2012. O técnico fez – e faz – o alvinegro ser competitivo em todas as partidas. Marcação avançada, velocidade, jogadas ensaiadas e todos participando do trabalho defensivo são as principais características do Timão.

Mas é necessário reparar que Tite foi o sucessor de Mano no Corinthians, ou seja, está lá desde o meio de 2010. O trabalho é extenso e, talvez por isso, tenha tanto sucesso. Além disso, as qualidades do time foram exaustivamente treinadas para darem certo, como dão desde a campanha campeã brasileira em 2011. Portanto, a aposta no técnico corintiano seria arriscada. Pois, na seleção, o trabalho não é diário e impor esta filosofia vencedora do time paulistano não seria fácil. Um segundo ponto é que a CBF precisa de resultado rápido, já que estamos próximos da Copa das Confederações da Copa do Mundo. Tite seria uma alternativa interessante para 2014, principalmente, se conseguir seguir com este nível de trabalho que realiza atualmente.

Muitos falaram de Muricy, mas o técnico vive fase muito ruim e o Santos depende absurdamente de Neymar. O melhor momento do técnico tetracampeão brasileiro ficou para trás e, quando estava bem, teve problemas com a liberação no Fluminense, o que impediu de assumir o comando dos “canarinhos”.

Um nome muito interessante seria Pep Guardiola, um dos melhores do mundo e que vive ano sabático, depois de ganhar tudo com o Barcelona. Em algumas ocasiões o catalão já afirmou que acha que seleção devem ser treinadas por técnicos nascidos no país. Além disso, o ex-campeão de tudo com o Barça não parece disposto a abandonar o ano de férias. Guardiola se encaixa na questão que levantei para falar de Tite: precisaria de tempo para impor a filosofia de jogo dele. Ou seja, outra alternativa válida para depois de 2014, quando não há muita dúvida de que Felipão será o comandante do Brasil na disputa pelo hexa.

Confira todos os 102 convocados por Mano Menezes:

Goleiros (13): Cássio, Diego Alves, Diego Cavalieri, Fábio, Gabriel, Gomes, Jefferson, Júlio César, Neto, Rafael, Renan, Renan Ribeiro e Victor;

Laterais-direitos (9): Daniel Alves, Danilo, Fábio, Maicon, Lucas Marques, Marcos Rocha, Mariano, Mário Fernandes e Rafael;

Zagueiros (16): Alex, Breno, Bruno Uvini, Dedé, Durval, Émerson, Henrique, Juan, Leandro Castán, Leonardo Silva, Luisão, Réver e Rhodolfo;

Laterais-esquerdos (8): André Santos, Adriano, Alex Sandro, Carlinhos, Cortês, Fábio Santos, Kléber e Marcelo;

Volantes (18): Anderson, Arouca, Casemiro, Elias, Fernandinho, Fernando, Henrique, Hernanes, Jean, Jucilei, Lucas Leiva, Luiz Gustavo, Paulinho, Ralf, Ramires, Rômulo, Sandro e Wesley;

Meias (24): Bernard, Bruno César, Carlos Eduardo, Cícero, Diego Souza, Douglas, Douglas Costa, Dudu, Éderson, Elano, Elkeson, Fellype Gabriel, Giuliano, Jadson, Kaká, Lucas, Oscar, Paulo Henrique Ganso, Renato Abreu, Renato Augusto, Ronaldinho, Thiago Neves e Willian;

Atacantes (14): André, Alexandre Pato, Borges, Diego Tardelli, Fred, Hulk, Jonas, Kléber, Leandro Damião, Luís Fabiano, Neymar, Nilmar, Robinho e Wellington Nem.

Artilharia:
1°- Neymar – 17
2°- Alexandre Pato – 8
3°- Hulk – 7
4°- Oscar – 4
5°- Fred, Lucas e Marcelo – 3
8°- Daniel Alves, Jonas, Kaká e Leandro Damião, Kaká e Paulinho – 2
14°- Hernanes, Jádson, Nilmar, Ramires, Robinho, Rômulo, Ronaldinho, Sandro e Thiago Silva – 1.

Assistências:
1°- Neymar – 11
2°- Oscar – 5
3°- André Santos, Marcelo e Paulo Henrique Ganso – 4
6°- Daniel Alves – 3
7°- Hulk – 2
8°- Carlos Eduardo, Danilo, Diego Souza, Elias, Fernandinho, Jean, Leandro Damião, Lucas, Maicon, Paulinho, Ramires e Robinho – 1

*Números e análises não contemplam os Jogos Olímpicos, pois, neste caso, o técnico foi Mano Menezes, mas não era a seleção principal.