sábado, 27 de julho de 2013

Os troféus mais cobiçados

O Atlético Mineiro venceu, pela primeira, a Copa Libertadores da América na última quarta-feira e levantou a taça mais deseja do futebol sul-americano. A tradição pede que o escudo e o nome do time campeão fiquem marcados no troféu eternamente, através de pequenas placas de metal pregadas à base de madeira da taça. Um vídeo foi divulgado nesta semana, na página oficial da competição na internet, o www.pasionlibertadores.com e apresentou como o nome do Galo foi marcado no troféu: 


Como fica claro, a placa é pregada ao lado do campo. Se na América do Sul, é assim, na Europa, história não é muito diferente. A famosa taça das grandes orelhas dada ao campeão da Liga dos Campeões tem o nome de todos os vencedores gravados na parte de trás. A marcação dos nomes na taça de prata também é feita imediatamente após o minuto final da decisão, mas não à beira do campo e, sim, no túnel do vestiário.
O modelo que foi erguido pelos bávaros, em 2012-13, é o sexto desenvolvido pela Uefa (Harold Cunningham/Mirror)

A orelhuda original só é dada a um clube, de forma definitiva, caso ele vença a competição três vezes consecutivas ou em cinco ocasiões e, se repetir os feitos, leva outra versão oficial do troféu. Portanto, apenas Real Madrid, Ajax, Bayern de Munique, Milan e Liverpool têm os exemplares originais nas salas de troféus – como nove títulos ao todo, os merengues estão próximos da segunda taça. Os clubes que não atingem as especificações podem confeccionar uma réplica para mantê-la sob sua posse.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Contratar (bem) é preciso

Grande contratação blaugrana na temporada, Neymar encontrará um plantel com algumas falhas no Barcelona (David Ramos/Getty Images)

Já faz muito tempo que o elenco do Barcelona apresenta duas lacunas importantes: um atacante de área e um zagueiro classe A. O problema vem desde a saída de Ibrahimovic, antes do início da temporada 2010-11, e com o declínio físico cada vez mais claro de Puyol. Os investimentos errados começaram a refletir nos últimos anos, quando os blaugranas ficaram de fora de finais da Liga dos Campeões e deixaram de ter àquele domínio destacado em relação ao demais times do mundo.

O problema que vem de mais tempo e foi potencializado na última temporada é o da defesa. O capitão Puyol jogou pouquíssimo e o volante Mascherano foi um dos titulares da zaga, ao lado de Pique. A opção por um jogador improvisado já funcionou até em final de Liga dos Campeões, quando, em 2008-09, Yaya Touré alinhou ao lado do camisa três na defesa central blaugrana. A improvisação resultou em título, após a vitória por 2 a 0, frente ao Manchester United. Porém, o volante como zagueiro era uma opção e, não, alternativa quase exclusiva.

Hoje o elenco barcelonista conta com Pique, Puyol e Bartra que são, de fato, zagueiros. Como já dito, Mascherano foi adaptado para jogar na posição, mas não é um nativo função e não tem tanta experiência em exercê-la. Excetuando o camisa três, todos não se mostram os nomes ideias para ocupar a posição de escolha número um na zaga blaugrana. Bartra é um jovem que ainda não se mostra maduro para ser titular no Barcelona e foi muito mal nas semifinais da LC, contra o Bayern; Puyol, longe da sua melhor forma sofre com lesões repetidas e atuou apenas 17 vezes na temporada passada; e Mascherano, que também teve lesões recentes, não é verdadeiramente um defensor central.

A lacuna está óbvia, mas, desde a temporada 2009-10, o Barcelona não investe em um zagueiro. Naquele ano, Chygrynskiy veio do Shakhtar Donestk, por 25 milhões de euros. O ucraniano não vingou, mas foi o último investimento da diretoria blaugrana em um zagueiro – Mascherano foi comprado depois, mas veio para ser volante. O desempenho muito fraco de Chygrynskiy talvez tenha desencorajado a contratação de defensores centrais pelo Barça. Tendo em vista a óbvia necessidade de investir no setor, só este trauma pode justificar a inatividade de três temporadas, indo para a quarta.

Com valor semelhante ao o que foi investido em Chygrynskiy, o Barcelona teria várias opções no mercado. Segundo dados do site Transfermarkt, especializado em negócios de jogadores, o zagueiro com valor de mercado mais alto do mundo é Thiago Silva (40 M €, 28 anos). O brasileiro é sonho de Tito Vilanova, mas não deve deixar o PSG nesta janela de transferência. Porém, alternativas boas existem: Kompany (Manchester City, 35 M €, 27 anos), David Luiz (Chelsea, 29 M €, 26 anos), Chiellini (Juventus, 28,5 M €, 28 anos), Hummels (Borussia, 26 M €, 24 anos), Vertonghen (Tottenham, 22 M €, 26 anos), Nastasic (Manchester City, 21 M €, 20 anos), Subotic (Boussia, 20 M €, 24 anos), Mangala (Porto, 15 M €, 22 anos) e Vidic (Manchester United, 15 M €, 31 anos).

Portanto, bons zagueiros existem e, por ser um grande gargalo do elenco, valeria investir muitos milhões de euros na contratação de um parceiro mais confiável para Pique. Neste mercado de transferências ainda há tempo para realizar a compra, mas o Barça deve ter a consciência da necessidade deste investimento, pois o cobertor já está curto há algumas temporadas e os resultados não tão bons são consequência disso. 

Principal responsável por manter o Aston Villa na Premier League, Benteke seria nome interessante para o elenco blaugrana (Michael Regan/Getty Images)

Não há presença de um homem claramente de área no elenco desde a saída de Ibrahimovic em 2010-11. O Barcelona tem investido em atacantes, mas nenhum deles é um centroavante mesmo. O mais próximo disso foi Villa (40 M €, em 2010-11), que deixou o clube nesta janela de transferência, mas não se notabilizou pelo jogo dentro da área e, sim, pelas infiltrações em diagonal, partindo da ponta-esquerda. Os blaugranas ainda investiram em outro ponta, Alexis Sánchez (26 M €, em 2011-12). Neste ano, o Barça voltou a gastar com atacantes: Neymar (57 M €) e, o já emprestado ao Ajax, Bojan Krkic (13 M €) foi readquirido pelo clube, após duas temporadas na Itália.

Três dessas compras passaram dos 25 milhões de euros, mas nenhum deles foi um centroavante. O esquema tático de Guardiola e, agora, de Tito Vilanova não utiliza um camisa nove clássico e tem Messi ocupando este espaço. O argentino é o “falso nove” no 4-3-3 barcelonista e Neymar tem total condições de substituir “La Pulga” nesta função. Portanto, o que falta ao Barcelona é uma opção diferente, que possa alternar o ritmo do jogo. Um centroavante, que tenha condição de alinhar ao lado de Messi, seria uma opção muito interessante para enriquecer o elenco blaugrana.

A minha expectativa era de que o Barça investisse pesado para ter um camisa nove titular, porém, as alternativas que existiam são inegociáveis ou já foram vendidos nesta janela de transferências: Cavani e Falcao García acabaram de ser contratados pelos milionários franceses; Van Persie e Agüero são os grandes homens de área dos gigantes de Manchester, que não parecerem dispostos a negociá-los; Lewandoski seguirá no Dortmund neste ano e, ao final do contrato, parece já estar acertado com o Bayern; e Ibrahimovic, que não dá sinais de estar disposto a dividir o protagonismo parisiense com Cavani, não seria uma opção ao Barça, por tudo que envolveu a passagem dele pela Catalunha.

Os principais nomes da posição não têm grandes chances de vestirem a camisa blaugrana na próxima temporada. Porém existe outra opção disponível no mercado para a função. Luis Suárez, avaliado em 42 M €, já declarou algumas vezes que gostaria de jogar no Barcelona e não está tão disposto a ficar no Liverpool. Mesmo não sendo o exemplo de um centroavante clássico, o uruguaio ocupa bem a posição e, além disso, consegue jogar longe da área. Seria o nome ideal para fazer parte dos 11 iniciais de Tito Vilanova.

Mas, como o Barça não quer abrir mão de um falso nove para início das partidas, dois centroavantes que não têm o peso dos supracitados, mas seriam ótimas opções para o elenco estão em atrito com os respectivos clubes na Premier League. O belga Benteke (19 gols na EPL 2012-13) já declarou querer deixar o Aston Villa e seria uma alternativa bem interessante ao elenco blaugrana. Se o Barcelona oferecer os 29 milhões de euros requisitados pelo clube, leva o jogador. O outro nome é Papiss Cisse (8 gols na EPL 2012-13), do Newcastle, que, recentemente, deixou a pré-temporada do clube em Portugal, por estar se recusando a vestir a camisa dos magpies. O senegalês é muçulmano e não deseja fazer propaganda da nova patrocinadora, uma financeira. Portanto, a saída de Cisse do clube inglês não seria nenhum absurdo e é, cada vez mais, especulada.

O Barcelona não parece disposto a investir em nenhuma dessas duas posições. O mercado tem opções interessantes para reforçar os dois grandes problemas do elenco blaugrana, resta a diretoria estar atenta as oportunidades, que estão disponíveis neste período de transferências. Pois, se o Barça seguir com estas lacunas no plantel, o time sofrerá consequências durante a temporada, mesmo tendo jogadores espetaculares na maioria das posições.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A hora e a vez de Wilshere


Wilshere e Cazorla são as grandes esperanças do Arsenal para a próxima temporada. A combinação entre o inglês e o espanhol promete para 2013-14 (Arsenal.com)


O Arsenal está na Liga dos Campeões, como sempre desde que Arsene Wenger chegou; tem um elenco de regular para bom e um time titular forte. Porém já são oito anos sem um título e alguns setores da torcida acostumada às conquistas não confiam como já confiaram no comandante. Posto isto, mais uma vez, os gunners não parecem dispostos a realizarem grandes investimentos no mercado de transferências, o que tem relação com a filosofia adotada desde o princípio pelo técnico francês. Higuaín está muito próximo, mas, além dele, poucos nomes de impacto são especulados, talvez o único seja Fellaini. Muito pouco para quem quer quebrar o jejum de oito anos.

Por isso, neste ano, se Jack Wilshere tiver uma grande temporada isto deve ser preponderante para que o Arsenal retome a caminhada de títulos. O inglês chegou à base do clube norte-londrino em 2001 e evoluiu como meia-atacante – chegando a ser comparado à Dennis Bergkamp. Em 2008, aos 16 anos e 256 dias estreou no Campeonato Inglês, como jogador mais jovem do clube a atuar em uma partida do Campeonato Inglês. Porém, o inglês apareceu mesmo em 2010-11, após um empréstimo de um ano ao Bolton, quando pôde evoluir bastante.

A surpresa de todos é que Wilshere se tornou titular jogando ao lado de Song, como meia-central, no 4-2-3-1 de Arsene Wenger. Desta forma, o, à época camisa 19, se destacou combinando com Fàbregas para armação de jogadas, com passes precisos e visão de jogo apurada. Aliado à isso, o inglês apresentou o comportamento um pouco explosivo e colecionou cartões oito amarelos e um vermelho, porém, com mais tempo no time principal, evoluiu mentalmente. O bom desempenho deu à Wilshere o prêmio de jogador jovem do ano pela associação de futebolistas profissionais, que também lhe deu um lugar no time da temporada da Premier League.

Portanto, com a saída de Fàbregas para o Barcelona, 2011-12 seria o ano para o camisa 19 liderar o meio-campo dos gunners. Porém, uma lesão no tornozelo agravada posteriormente, tirou Wilshere da temporada inteira e, além de impedir que entrasse em campo pelo Arsenal, deixou ele fora da Olimpíada de Londres e da Euro 2012.

Na temporada passada, o meia-central vestindo a dez conseguiu jogar, mas os 14 meses parado pesaram e o rendimento esteve longe de ser o dos melhores dias – 34 jogos (oito vindo do banco), quatro gols e duas assistências. Porém, Wilshere teve as melhores atuações na metade final da temporada, quando os gunners cresceram de produção, o que dá esperança ao Arsenal.

Portanto, após aumentar o desempenho em 2013 e com tempo para fazer uma pré-temporada correta, o que não ocorreu nos últimos dois anos, Wilshere terá que mostrar a evolução que promete há muito tempo. Em entrevista concedida à David Hirsey, do espnfc.com, o jogador afirmou que está “100 por cento” e ressaltou os problemas causados pela falta da preparação adequada para o ano: “Eu não faço uma (pré-temporada) há dois anos e, uma vez que você não faz, você está sempre correndo atrás do prejuízo”.

O camisa dez terá um parceiro interessante como Cazorla para liderar a armação de jogadas, provavelmente, para Higuaín, Walcott e Podolski, o que não deve ser nada mal. O encaixe do jogo do inglês com Santi parece ser perfeito, pois o espanhol é mais incisivo e Wilshere é um grande passador. Sobre isso, o camisa dez dos gunners é cauteloso e, na mesma entrevista já citada, explicou: “nós ainda precisamos entender como cada um de nós joga. Eu jogarei atrás e Carzola estará na minha frente, como foi com Fàbregas, em nossa primeira temporada juntos. Mas eles são diferentes, o meu companheiro atual prefere receber a  bola mais à frente, enquanto Cesc voltava para buscar a redonda. Porém, nós estamos desenvolvendo um bom entendimento, que será ainda melhor nesta temporada”.

Alvos interessantes no setor ofensivo e um bom parceiro para criar pelo centro parece ser um ótimo cenário para Wilshere deixar de ser um bom jogador e virar o craque que prometeu no início da carreira. Os ingleses sempre consideraram o jovem como o inglês com maior potencial futebolístico desde o surgimento de Rooney. Este ano será crucial para o camisa dez dos gunners provar isso, garantir sua presença na Copa do Mundo de 2014 e, quem sabe, recolocar o Arsenal na rota dos títulos.

O contexto para a explosão parece ser perfeito para o jogador que definiu a trajetória futebolística ao EspnFC.com como “Excitante, frustrante e promissora”.

sábado, 6 de julho de 2013

A seleção da Copa das Confederações

A seleção que elegi para a Copa das Confederações tem jogadores apenas dos semifinalistas. O Brasil coloca seis jogadores entre os 11 e, talvez, até merecesse ter o técnico do selecionado. Porém, o comandante vem da Itália. Além do homem no banco, os italianos encaixaram mais dois na seleção. Da vice-campeã Espanha vem dois jogadores e o Uruguai cede um atleta para o time dos sonhos. O esquema tático é o 4-2-3-1, que, para variar, foi bastante utilizado na Copa das Confederações. Vamos aos 11:

Goleiro: Júlio César (Brasil)

 Desacreditado pós-Copa de 2010, Júlio César é o goleiro de confiança de Luiz Felipe Scolari (Ricardo Matsukawa/Terra)

O camisa 12 verde e amarelo foi um dos grandes vencedores da Copa das Confederações. Depois de sair taxado como um dos principais vilões da eliminação brasileira no Mundial de 2010, Júlio César retomou a confiança e parece ter reconquistado o torcedor brasileiro. O pênalti defendido contra o Uruguai, algumas defesas frente aos charrúas e a Espanha foram fundamentais para ele ser eleito pela FIFA o melhor goleiro do torneio. Durante a Copa das Confederações, o camisa 12 brasileiro foi o terceiro a realizar mais defesas e, por ter sido importante, ao campeão da disputa merecer estar na seleção da competição.

Lateral-direito: Christian Maggio (Itália)

O jogador acostumado a atuar com três zagueiros no Napoli não foi titular absoluto da Itália na disputa, pelas trocas de jogadores constantes promovidas pelo técnico Cesare Prandelli. Porém, quando a competição pegou de verdade, Maggio se destacou. Contra a Espanha, o esquema com três zagueiros teve o camisa dois na ala-direita fazendo dupla interessante com Candreva, o que impediu avanços de Jordi Alba, válvula de escape importante da furia até ali. O desempenho contra o Uruguai também foi positivo. O destaque é que Maggio teve como ponto alto da sua participação na Copa das Confederações a atuação defensiva, que não é tradicionalmente a característica mais forte do seu jogo. Por isso, o ala do Napoli deve ganhar espaço na Squadra Azzurra principalmente no esquema com três zagueiros, mas mostrou que pode ser alternativa em sistemas com quatro defensores.

Zagueiro: Sergio Ramos (Espanha)

O melhor defensor espanhol no torneio foi o madrilenho, que atuou em todas as partidas da Roja na Copa das Confederações. Em números, Sergio Ramos foi o segundo jogador com mais bolas recuperadas no torneio, foram 35 recuperações da posse da redonda. Contra a Itália, na semifinal, o zagueiro apareceu bastante na área adversária e quase marcou um gol. Esta característica de aparecer no ataque, principalmente, em cruzamentos não rendeu tentos nesta competição, mas sempre assustou os adversários. Além disso, o camisa 15 foi importante na saída de bola do time, com 289 passes completados, que não foram composto apenas por toques de lado.

Zagueiro: David Luiz (Brasil)

 David Luiz e o grande lance da competição, o gol que impediu na final contra a Espanha (Getty Images)

David Luiz teve um grande erro na Copa das Confederações: o pênalti absurdo que cometeu em Diego Lugano, na semifinal frente ao Uruguai. No mais, o cabeludo assustou quando queria ir de qualquer forma ao ataque, mas, no geral, a competição foi muito boa. A raça do jogador do Chelsea é conhecida por todos – chegou a jogar com o nariz quebrado – e a técnica também. As duas características apareceram bastante durante o torneio. Por isso, com vontade incrível, dificilmente perdeu disputas um contra um e foi importante nas saídas de bola brasileiras, inclusive com lançamentos longos. Defensivamente foi o segundo brasileiro que mais desarmou na Copa das Confederações 2013, atrás apenas de Luiz Gustavo, e também foi um dos quatro que mais recuperou bolas pelos “canarinhos” na disputa. David Luiz ainda teve ao seu favor a bela exibição na final para ganhar a vaga nos meus 11 do torneio.

Lateral-esquerdo: Marcelo (Brasil)

A temporada não foi tão boa, sofreu com lesões e, quando voltou, ficou no banco de Fábio Coentão. Na seleção havia dúvida se Marcelo seria o titular para a Copa das Confederações 2013. Porém, assim que assumiu o posto entre os 11 ainda nos amistosos preparatórios, não deixou a posição na lateral-esquerda. O resultado foi um ótimo campeonato, principalmente, na fase ofensiva do jogo. Marcelo cedeu uma assistência no torneio e teve boa parceria pelo lado esquerdo com Neymar: recebeu 33 passes do camisa dez e passou 77 vezes para ele durante a campanha. Defensivamente cometeu alguns erros, mas a participação no ataque e o bom desempenho na reta final do campeonato pesaram favoravelmente para o brasileiro estar na seleção do torneio e Alba não. O espanhol foi muito mal nos jogos decisivos.

Volante: Andrea Pirlo (Itália)

Não foi a melhor competição do meia-central azzurro, porém, a classe esteve presente enquanto uma lesão não atrapalhou a participação na Copa das Confederações 2013. Pirlo ocupou a função de regista: bastante recuado e dando qualidade à saída de bola italiana. O resultado disso foram 210 passes tentados, 169 completados, ou  seja, 80% de índice de acertos. O rendimento ofensivo ainda contou com um golaço de falta na primeira partida dos azzurri na Copa das Confederações. Mas, pelo posicionamento defensivo, o camisa 21 também conseguiu recuperar 12 bolas durante a competição. Portanto, mesmo sem ter mostrado o melhor que pode, Pirlo, por ter participado bem defensiva e ofensivamente, mereceu a vaga na seleção do torneio.

Volante: Paulinho (Brasil)

Paulinho como de costume apareceu muito bem no ataque (AFP/Nelson Almeida) 

Um volante quase meia, este foi Paulinho na disputa da Copa das Confederações 2013. Mas, como a primeira obrigação do jogador desta posição é a marcação, começo destacando o desempenho defensivo do brasileiro. Foram 14 bolas recuperadas e quatro desarmes nas quatro partidas que disputou. Outro fator importante do jogo de um volante é a saída de bola, mais um quesito em que o camisa 18 verde e amarelo teve boa participação, com 174 passes tentados, 140 completados e um índice de acerto de 80% - muitos deles direcionados ao ataque. Na difícil semifinal frente ao Uruguai, foi um lançamento de Paulinho que abriu espaço para o primeiro gol e foi dele o tento que classificou os “canarinhos” à final do torneio. O jogador completo, que foi vendido recentemente ao Tottenham, ainda marcou mais uma vez na Copa das Confederações 2013. O bom desempenho na competição foi coroado com uma ótima atuação na final, quando atuou mais defensivamente.

Meia-externo direito: Edinson Cavani (Uruguai)

Cavani não fez uma competição linear, mas cresceu junto com os companheiros na fase decisiva do torneio. No jogo que valeu a classificação, contra a Nigéria, o camisa 21 celeste perdeu chances improváveis, mas diminui a dívida com a torcida ao participar do contra-ataque que rendeu o gol da vitória uruguaia. Neste lance, o centroavante cedeu sua única assistência na Copa das Confederações 2013. O crescimento na fase final ficou claro através dos números: nos jogos frente à Brasil e Itália foram três gols, um de falta e, com a bola rolando, um de canhota e um de perna direita. Porém não foi o trabalho ofensivo que chamou a atenção, na fase defensiva do jogo, foram cinco desarmes, dez bolas recuperadas e muita disposição para a marcação.

Meia-atacante: Andrés Iniesta (Espanha)

Cabeça erguida e, de olho no ataque, este foi Iniesta, o homem que pensava o jogo na Espanha (Julio César Guimarães/UOL)

Iniesta não apareceu tanto nas estatísticas ofensivas, não é um goleador e, nesta Copa das Confederações, cedeu apenas uma assistência. Porém a importância dele para o jogo da Espanha é notada facilmente na observação de cada partida. A característica de passador de Iniesta ficou clara nesta disputa, ao todo, foram 390 passes tentados, 337 completados e um índice de 86% de acerto. Para quem atua no setor ofensivo e, normalmente arrisca toques mais difíceis, os números são muito bons. Além disso, os dribles e chutes de fora da área colaboraram bastante para jogos em que a Roja enfrentou defesas mais fechadas. Defensivamente, o camisa seis da furia colaborou com um desarme e 13 bolas recuperadas.

Meia-externo esquerdo: Neymar (Brasil)

O bola de ouro que participou da maior parte dos gols da seleção campeã do torneio. Neymar amadureceu na disputa com a camisa verde e amarela, vestindo a dez e atuando, principalmente, na ponta-esquerda. Em números, foram quatro gols, duas assistências, quatro desarmes e cinco bolas recuperadas. A preponderância de Ney no desempenho do Brasil ficou clara nos primeiros jogos, quando ainda não havia uma percepção cristalina de jogo de equipe na seleção. Naquele momento, com o talento natural, o agora jogador do Barcelona carregou o time. Com o crescimento de todo o grupo, Neymar se comportou ainda melhor. Mesmo sem conseguir uma grande exibição na semifinal contra o Uruguai, o camisa dez verde e amarelo participou, de forma decisiva, dos dois gols brasileiros. Na decisão, mais uma grande atuação e um golaço com a perna ruim, a canhota. Portanto, o craque brasileiro foi bem enquanto o time se arrumava, foi bem com o crescimento do grupo, foi bem na semifinal e também na final. Portanto, o craque de toda a competição.

Centroavante: Fred (Brasil)

 Os homens mais ofensivos do Brasil, Fred e Neymar se entenderam muito bem ao longo da competição (Ricardo Matsukawa/Terra)

O camisa nove brasileiro é mais um que faz parte da minha seleção e que não começou bem na Copa das Confederações. Nos primeiros dois jogos nenhum gol e pouca participação nas partidas – cedeu apenas uma assistência. Porém, a postura do centroavante mudou após o início ruim, contra a Itália, Fred marcou duas vezes e começou a busca pela artilharia. Fazendo gols típicos de centroavante, empurrando bolas dentro da área e se posicionando muito bem para marcar, faltou pouco para que o camisa nove conseguisse vencer a chuteira de ouro do torneio. Na semifinal frente ao Uruguai, mais uma vez balançou a rede por não desistir do lance antes dele ser finalizado. Contra Espanha, na decisão, dois dos três gols brasileiros foram marcados por Fred, que, pela primeira vez na carreira, marcou deitado. Ficou claro que gol é com ele e que, se tiver chance, vai balançar as redes sempre.

Técnico: Cesare Prandelli (Itália)

Este foi o nome que mais demorei a definir, pois Del Bosque e, principalmente, Felipão mereciam ser o técnico do torneio. Mas o que pesou em favor de Prandelli foi a adaptabilidade que mostrou durante os cinco jogos que a Itália disputou. No balanço da Copa das Confederações 2013 coloquei no texto que a Squadra Azzurra foi um carrossel tático e isso ocorreu mesmo por culpa do homem no banco de reservas. Sob o comando do ex-treinador da Fiorentina, os italianos não repetiram a escalação nenhuma vez no torneio e mudaram bastante de esquema para enfrentar os diferentes adversários. Esta adequação de atletas e forma de jogar às dificuldades, que a outra seleção poderia oferecer, foi um diferencial dos azzurri na competição. Por isso, após perderem por 4 a 0 para a Espanha em 2012 na final da Eurocopa, desta vez, fizeram jogo duro e foram melhores que os espanhóis. A consciência das limitações e qualidades do elenco que Prandelli possui parece ser a grande esperança da Itália para ter sucesso nos próximos anos no futebol.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Balanço da Copa das Confederações 2013


Fora de campo, as manifestações chamaram a atenção do Brasil e do mundo durante a Copa das Confederações. Dentro das quatro linhas, a competição mostrou um futebol de nível, craques como protagonistas, histórias curiosas e, principalmente, a esperança verde e amarela revigorada após o recital na final frente à Espanha

Amadurecendo, com carrossel tático

A Itália não repetiu os 11 iniciais em nenhum jogo da Copa das Confederações 2013 (Ap Photo/Antonio Calanni)

Após o título na Copa do Mundo de 2006, a Itália iniciou uma reformulação ainda com Marcello Lippi. Os primeiros movimentos de renovação foram tímidos, mas depois da eliminação, na primeira fase do Mundial da África do Sul, o sinal verde para uma mudança mais drástica foi aceso. Para isso, a aposta foi no jovem técnico Cesare Prandelli.

Na Eurocopa 2012, os italianos já mostraram uma recuperação, utilizando da mistura entre jogadores mais jovens (Balotelli, Chiellini e Marchisio) e mais experientes (Pirlo, Buffon). Com esta receita veio o vice-campeonato Europeu. Neste ano, no Brasil, a Squadra Azzurra apostou em estratégia semelhante e trouxe vários vice-campeões da Euro 2012 para a Copa das Confederações.

O que chamou a atenção na disputa da competição no Brasil mais uma vez foi a facilidade do grupo em se adaptar. O esquema tático inicial foi o 4-3-2-1, com variação para o 4-3-1-2. Com esta forma de jogar, as duas estrelas do time, Balotelli e Pirlo, tiveram liberdade para exercer todo o futebol que têm capacidade de apresentar. O centroavante jogava livre na frente, sem tantas obrigações de marcação. Enquanto o camisa 21 azzurro era o jogador mais recuado para dar qualidade à saída de bola italiana e tinha ao seu lado De Rossi e Montolivo, que davam a segurança à defesa da Squadra Azzurra.

Com esta forma de jogar, a Itália venceu o México com alguma facilidade e teve bastante dificuldade para bater o Japão por 4 a 3. No jogo contra os asiáticos, o 4-3-2-1 foi mantido, mas as peças foram trocadas. A Itália mostrava capacidade de se adaptar aos adversários e um elenco forte, com jogadores capazes de acompanhar as ideias de Cesare Prandelli. Frente ao Brasil, os azzurri mudaram taticamente mais uma vez e optaram pelo 4-2-3-1. Como todos sabem, os “canarinhos” fizeram uma de suas melhores atuações no torneio, porém a Itália fez jogo corajoso e teve chances de sair com um resultado melhor do que a derrota por 4 a 2.

Na fase final a história de sempre se repetiu e a Itália cresceu na reta decisiva do torneio. Primeiro, a semifinal contra a Espanha. A Squadra Azzurra optou por um esquema com três zagueiros, o 3-4-2-1. Com a dobradinha de Candreva e Maggio pela direita, Jordi Alba pouco conseguiu jogar. Do outro lado, sem a mesma eficácia, jogaram Giaccherini e Marchisio. As dobradinhas pelos extremos deram resultado e a Itália foi melhor que a roja durante todo o tempo normal da partida, depois, sofreu com o domínio espanhol na prorrogação. Com Pirlo sem a forma ideal e Balotelli machucado ficou o sentimento que faltou a maior presença dos protagonistas italianos para que o time tivesse mais sorte na semifinal perdida nos pênaltis.

Para conquistar o terceiro lugar, a Itália voltou a utilizar o esquema 4-3-2-1 e, com a grande participação nas bolas paradas de Diamanti, conseguiu a vitória nos pênaltis (com três defesas de Buffon) frente ao Uruguai, após o 2 a 2 no tempo normal. Na disputa contra a Celeste, os azzurri foram melhores o jogo todo, mas sofreram com a boa atuação de Cavani, que marcou os gols uruguaios.

O terceiro posto no torneio não foi o mais importante para a Itália. Com a grande variação tática apresentada e a boa adaptação dos jogadores às mudanças impostas por Cesare Prandelli. Além disso, Candreva repetiu o bom desempenho que teve com a Lazio na seleção e, agora, se torna mais uma opção bastante interessante para o meio-campo azzurro na Copa de 2014. A classificação italiana para o Mundial no Brasil está bem adiantada e, no grupo B das Eliminatórias Europeias, a Itália está invicta. 


A recuperação charrúa

 Cavani comemora gol contra a Itália, o centroavante cresceu com a Celeste na reta final da Copa das Confederações 2013 (AFP/Daniel Garcia)

O lado derrotado também tem o que comemorar. O Uruguai perdeu as disputadas de terceiro lugar nos Mundiais de 1954, 1970 e 2010 e, na Copa das Confederações, de 1997 e de agora. Porém, a Celeste deixa o Brasil fortalecida. A seleção vizinha veio recheada de dúvidas para a disputa. Com um elenco bastante semelhante ao que disputou a Copa do Mundo de 2010, com muito destaque, a idade chegou e muito daqueles jogadores já não vivem o mesmo momento de três anos atrás. Por conta disso, os charrúas não vinham bem nas Eliminatórias sul-americanas e só conseguiram alcançar o quinto posto na tabela agora. Hoje, disputariam a repescagem contra um país asiático.

Na Copa das Confederações, os uruguaios começaram devagar e viveram uma primeira fase de altos e baixos. Conseguiram a classificação muito em função dos trio de atacantes muito acima da média. Na fase final cresceram e, com eles, a defesa mostrou mais consistência. Contra o Brasil, Cavani se tornou protagonista e a Celeste fez jogo muito equilibrado. Com “El Matador” crescendo nos jogos decisivos (três gols, em duas partidas da fase final), os Charrúas também fizeram bom jogo e acabaram derrotados apenas nos pênaltis.

O crescimento faz o Uruguai acreditar na melhoria de desempenho na Eliminatória e, em uma anteriormente improvável, classificação direta ao Mundial de 2014. O trio formado por Forlán, Cavani e Suárez obriga os charrúas a sonharem com isso. Após a conquista do quarto lugar, o centroavante do Napoli deu uma declaração nesse tom: “Acho que podemos sair do Brasil de cabeça em pé. Tivemos azar contra o Brasil e contra a Itália, mas é claro que eles tiveram méritos também, digo que eles tiveram algo extra, que nós não soubemos ter. Fomos melhores em parte do jogo, mas ele acabou indo para os pênaltis. Essa experiência vai nos ajudar a buscar uma vaga nas Eliminatórias”.

Os protagonistas das grandes histórias

Festa dos taitianos ao final da passagem pelo Brasil, ficou o carisma da seleção mais fraca do torneio (Ag. Reuters)

A grande surpresa da competição foi a participação do Taiti. A seleção da Oceania veio ao Brasil com apenas um jogador profissional (Marama Vahirua), perdeu as três partidas que disputou, sofreu 24 gols e marcou apenas uma vez. O autor da proeza foi Jonathan Tehau, na derrota por 6 a 1 para a Nigéria.

Mas o que ficou da seleção da Oceania foi mesmo o carisma e o carinho que tiveram pela torcida brasileira. Ao final da participação na Copa das Confederações, ainda em campo após a derrota por 8 a 0 frente ao Uruguai, todos os taitianos portavam bandeiras brasileiras e apresentaram uma faixa com o agradecimento “Obrigado, Brasil”. Ao final do mesmo jogo, na coletiva de despedida, o técnico Edy Etaeta fez um gesto impensável no futebol atual, onde, cada vez mais, existem barreiras entre os protagonistas dos espetáculos e os jornalistas: cumprimentou cada um dos profissionais da mídia presentes na sala de imprensa.

Ao longo da estadia no Brasil os jogadores do Taiti entregaram a todos os tradicionais colares do país e esbanjaram simpatia. Mas, além disso, a grande história ocorreu no encontro com a melhor seleção do mundo, a Espanha. Após a derrota por 10 a 0, um dos membros da delegação, que seria o 24° jogador da seleção taitiana, Efraín Arañeda tinha um único objetivo: encontrar um antigo conhecido, Fernando Torres. 

O chileno naturalizado taitiano foi o guia do centroavante da Espanha durante a lua de mel do camisa nove em 2007. Após a partida o encontro ocorreu e mais da história, você pode ler a análise do caso na Trivela realizada pelo amigo Felipe Portes.

Por isso, para a infelicidade de muitos, os grandes personagens da Copa das Confederações não conseguiram se classificar para o Mundial no ano que vem.