sexta-feira, 21 de março de 2014

É tempo de Quaresma

 De azul e branco, Quaresma vai bem e, se mantiver o nível, jogará a Copa no Brasil (AP Photo)

Para os cristãos, a quaresma é o período de penitência, oração e conversão, e dura 40 dias. Porém, no futebol, o nome Quaresma é sinônimo de habilidade, jogadas de trivela e frustração. O veloz e extremamente habilidoso ponta-direita português surgiu no início dos anos 2000 no Sporting e chegou como grande promessa ao Barcelona, onde não repetiu o nível do futebol. Voltou à Portugal para vestir o azul e branco do Porto, novamente, brilhou e foi vendido, por quase, 20 M € à Inter, de José Mourinho. Mais uma vez, não conseguiu jogar bem longe de casa, teve ainda uma chance, através de um empréstimo, foi para o Chelsea, onde pouco entrou em campo. 

Após não dar certo em grandes centros, Quaresma foi para Turquia, onde jogou pelo Besiktas. Como no restante da carreira, foram dois anos de altos e baixos e a impressão de que o ponta-direita seria mais uma das eternas promessas do futebol mundial. A certeza veio com o próximo passo da trajetória futebolística, um mercado ainda menor, o Al Ahli Dubai. Muitos falaram que a carreira estava terminada, que Quaresma teria optado apenas por ganhar dinheiro e que tinha perdido o interesse de voltar a ter relevância no futebol.

Porém, após longo período de penitência, que durou muito mais de 40 dias, Quaresma teve mais uma chance no país natal. Atual tricampeão e em baixa na temporada 2013-14, o Porto trouxe o craque das trivelas como grande contratação de janeiro. As primeiras declarações davam o tom do que o novo camisa sete azul e branco esperava da volta: “Estou feliz por estar de volta a uma casa que conheço bem, onde sinto carinho e a confiança das pessoas. O mais importante é me sentir feliz e é nesta casa que me sinto feliz”. 

E, de fato, voltar ao Porto parece ter acabado com o período de penitência de Ricardo Quaresma. Desde o princípio, cercado de desconfiança, o camisa sete mostrou que se sente bem no Porto. Normalmente, jogando como ponta-direita – ora no 4-3-3, ora no 4-2-3-1 – o camisa sete tem mostrado o que de melhor fez na carreira: dribles imprevisíveis, bons passes, gols e, até, consegue colaborar bastante com o sistema defensivo portista. Os números refletem o bom recomeço no Dragão: 16 partidas (1232 minutos em campo), nove gols (inclusive, o golaço na última quinta, contra o Napoli, na Liga Europa) e duas assistências. 

Se na Liga de Sagres, a distância para o líder Benfica parece inalcançável (12 pontos), os bons desempenhos de Quaresma têm sido fundamentais para o Porto estar nas quartas de final da Liga Europa. Portanto, nas partidas contra o Sevilla, os azuis e brancos contarão muito com o seu camisa sete para alcançarem a semifinal. A largada animadora do ponta-direita e a falta de jogadores de qualidade na função dele na seleção portuguesa, fazem com que haja a possibilidade da presença de Quaresma no Mundial do Brasil. 

Uma convocação para a seleção das quinas não vem desde 2013, quando, no dia 2 de junho de 2013, atuou por cinco minutos, na derrota por 3 a 1 para Turquia. Além disso, em 2012, esteve entre os 23 convocados para a Euro 2012. Mesmo vestindo a camisa dez, Quaresma foi reserva em todas as partidas e não entrou em nenhuma delas. Mas agora, o contexto é outro, portanto, há a clara impressão de que, se mantiver o nível de atuação, o camisa sete poderá sim vir à Copa do Mundo. Ter mais um jogador de talento e em boa fase, poderá ajudar muito a Cristiano Ronaldo liderar Portugal à fases mais agudas do Mundial de 2014.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Obrigado, Rivaldo

A maior obra de arte de um gênio (Reuters)

Parou o Rivaldo. É aquele Rivaldo? É ele mesmo, aos 41 anos, ele resolveu parar, depois de rodar por times menores, se comparados aos que defendeu no restante da carreira. Eu sou fã do Rivaldo e acho que todos deveríamos ser. Mas não são todos que gostam deste gênio da bola, sem dúvidas, um dos melhores que vi jogar. Porém, Rivaldo nunca teve marketing, não é bom de entrevista e é bem reservado. Podemos dizer que, fora de campo, sempre se escondeu. 

Mas, dentro das quatro linhas, era justamente o oposto, aparecia muito. Em 2002, dividiu muito bem o protagonismo com o outro R, muito mais midiático que o dez verde e amarelo e, talvez por isso, Rivaldo não seja lembrado como melhor daquele Mundial - pra mim, foi. Antes do ápice na seleção, Rivaldo foi o melhor do planeta em 1999, quando jogava pelo Barcelona. 

Ainda vestindo blaugrana, em 2000-01, o Barça precisava de uma vitória no Campeonato para chegar a Liga dos Campeões. Em um Camp Nou lotado, o camisa 11 brilhou e fez os três na vitória sobre o Valencia, por 3 a 2. O gol da vitória veio nesta linda bicicleta da entrada da área, após passe de Frank de Boer - um dos mais lindos que vi na vida. 

Por essas e por outras que Rivaldo é um dos meus grandes ídolos no esporte, que também por culpa dele, aprendi a amar.