terça-feira, 29 de abril de 2014

Recital dos melhores

 Cristiano Ronaldo é a grande estrela, mas este Real Madrid é forte, pois tem um grupo muito qualificado, contra o Bayern, mostrou isso (AFP/Getty Images)

Primeiro, se convencionou chamar o Barcelona de melhor time do mundo, porém, após a tríplice coroa na temporada passada, o Bayern de Munique passou a ostentar a alcunha. Mas, em 2013-14, o Real Madrid, com o acréscimo de Bale e com Cristiano Ronaldo jogando cada vez melhor, mostrou que estaria pronto para reassumir o topo do futebol, algo que, talvez, não ocorra desde 2001-02. Por envolver os dois melhores times do planeta e valer vaga na final da Liga dos Campeões, a partida de hoje já tinha atmosfera especial, mas, além disso, a vitória madridista, por placar mínimo, na ida, deixava as duas equipes com boas chances de avançar.

Com Bale e Ronaldo 100%, Ancelotti voltou a escalar o time com ambos. Porém, ao invés de apostar no 4-3-3, que deu certo na maior parte da temporada, o italiano armou um 4-4-2, com Bale à direita e Di María à esquerda, ajudando os meias-centrais, Xabi Alonso e Modric, na marcação e, claro, Ronaldo e Benzema jogaram na frente, mas também recompondo, quando necessário. Guardiola colocou o Bayern em uma espécie de 4-2-3-1, em que Kroos e Schweinsteiger foram os volantes, e Robben à direita, Müller no centro e Ribéry à esquerda alinharam atrás do centroavante Mandzukic - exceção de Robben, todos muito abaixo daquilo que podem oferecer. Além disso, os laterais Lahm e Alaba avançaram muito, o que deixou, muitas vezes, Dante e Boateng completamente expostos aos contra-ataques do Real Madrid.

Mas os merengues ofereceram muito mais do que os mortais contra-golpes. A defesa funcionou muito bem, destaque para a dupla de zaga, Sergio Ramos e Pepe. E, quando teve oportunidade, o Real propôs o jogo, com uma verticalidade impressionante. O Bayern controlou a posse de bola (acabou com 64% dela), mas chutou pouco, no primeiro tempo, não conseguiu exigir nenhuma defesa de Casillas e, enquanto a marcação blanca funcionava a perfeição, os bávaros não foram bem lá atrás. Em duas bolas paradas, o mesmo erro: Boateng e Dante foram marcar Ronaldo e, com isso, Ramos apareceu, com alguma liberdade, para marcar.

Com os dois gols do zagueiro, o Bayern se perdeu. Os jogadores passaram a querer ganhar algumas jogadas no grito e também avançaram muito ao ataque, dando ainda mais espaço ao Real, que não costuma desperdiçar os contra-golpes. Em um deles, Benzema achou Bale, que deixou a defesa para trás, e rolou para o lado esquerdo, onde Ronaldo apareceu para fazer o gol. Foi o 15° gol do camisa sete na competição, o que o torna o maior artilheiro de uma edição de Liga dos Campeões, deixando para trás José Altafini, do Milan, e Lionel Messi, do Barcelona, que marcaram 14 gols, em 1962-63 e 2011-12 respectivamente.

Depois dos primeiros 45 minutos perfeitos do rival, o Bayern não tinha muito o que fazer, precisava de um improvável 5 a 3 para avançar. Guardiola até mexeu, colocou Javi Martínez para dar segurança à defesa e o basco proporcionou isso, porém, o estrago já estava feito. Os bávaros seguiram dominando a posse de bola e o território de jogo (213 passes trocados no terço final do campo, contra 27 do Real), mas, precisando de cinco gols e enfrentando a ótima defesa madridista, conseguiram apenas quatro finalizações na baliza de Casillas, que não deixou nenhuma delas se transformar em gol.

A vantagem era enorme, por isso, o Real não buscou estar muito presente no ataque. Em alguns contra-ataques, assustou. Mas a intensidade no segundo tempo foi outra. Porém, Ronaldo ainda tinha um truque para apresentar à Allianz Arena. Depois de cobrar uma falta na barreira, o português teve mais uma oportunidade, desta vez, bem próximo da área. O camisa sete surpreendeu a todos e bateu rasteiro por baixo dos adversários, matando Neuer e fechando o placar em 4 a 0 – 16° gol na LC 2013-14, ampliando o recorde recém-conquistado.

A goleada categórica impede que o Bayern repita o feito do ano passado (já tem a Bundesliga e ainda poderá vencer a Copa da Alemanha) e recoloca o Real Madrid em uma final de LC, após 12 anos ausentes. O técnico Carlo Ancelotti, que tem muita responsabilidade neste feito, ressaltou o recital madridista: “estão todos de parabéns, os nossos jogadores estiveram muito bem. Quando todos trabalham em conjunto, podemos juntar a qualidade e as coisas podem resultar na perfeição”.

Falta um jogo para o clube alcançar a tão sonhada décima conquista da Liga dos Campeões, que é perseguida desde 2001-02, quando venceu a nona taça. Para isso, além de enfrentar um grande adversário, seja o Chelsea, seja o Atlético de Madrid, o Real terá de suprir a ausência do indispensável Xabi Alonso, que está suspenso para a final. Mas isso é assunto para a prévia da decisão, que ocorrerá no Estádio da Luz, em Lisboa, no dia 24 de maio.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Podcast 4

Calma, calma, ele está de volta. Ronaldo é a principal arma madridista para o confronto com o Bayern e, com mais um gol, ele se torna, de forma isolada, o maior artilheiro de uma edição de Liga dos Campeões (AP Photo)

Chegou uma das semanas mais esperadas do ano, pois teremos os jogos de volta das semifinais de Liga dos Campeões e Liga Europa, envolvendo oito grandes times europeus. Portanto, quatro partidas que prometem ser de alto nível. Por isso, eu, Pierre Andrade e Tauan Ambrosio, do Goal Brasil,  gravamos o quarto podcast do Blog. Já me justifiquei na gravação, mas não custa repetir, por culpa de um erro meu, perdi o início do programa e, na hora da regravação, apenas o Tauan esteve comigo - alguns outros problemas técnicos poderão ser observados no programa, mas nada que prejudique o entendimento.

Na ordem, os assuntos:

Ronaldo e Bale serão preponderantes? E os técnicos repetirão os esquemas da última partida? (Bayern de Munique x Real Madrid);

José Mourinho colocará o Chelsea mais para frente, precisando vencer a partida? O Atlético optará apenas pelo contra-ataque ou tentará propor mais o jogo? (Chelsea x Atlético de Madrid);

O sonho de decidir a Liga Europa em casa parece próximo para Juventus, que deve ter Vidal. O Benfica deixou a marca de quase no ano passado, mas ainda pode perder três títulos na temporada e ficar apenas com uma taça de quatro possíveis (Juventus x Benfica);

O confronto que parece mais definido, pois o 2 a 0 em casa deu boa vantagem ao Sevilla, que tem os ótimos Bacca e Rakitic (Valencia x Sevilla).

Confiram o papo  de quase uma hora neste player abaixo:


terça-feira, 22 de abril de 2014

Sentimentos diferentes

Arda Turan entrou no segundo tempo para inflamar o Atlético, que, apesar do discurso dos técnicos, agora parece ter uma ligeira vantagem no confronto (Getty Images)

Antes dos confrontos entre Atlético de Madrid e Chelsea, no podcast do Blog, falamos que a disputa envolveria dois times bem semelhantes. Nesta tarde, no Vicente Calderón, isto foi visto em campo. Porém, por jogarem em casa, os rojiblancos de Diego Simeone tiveram uma postura mais ofensiva, enquanto os blues de José Mourinho mostraram completa satisfação com o empate sem gols. 

A escalação do Chelsea deixou clara a ambição em não sofrer gols. O Special One armou um 4-1-4-1, com Mikel mais recuado, Ramires pela direita, Lampard e David Luiz pelo centro, e Willian na esquerda. Os cinco meias pouco atacaram e correram muito atrás dos adversários. Por isso, isolado no ataque, Fernando Torres brigou muito, mas conseguiu pouco sucesso nos lançamentos longos que o procuraram. Sem Arda Turan desde o início, o Atlético veio com 4-2-3-1, no qual os dois volantes foram Mario Suárez e Gabi, e, na linha de meias, alinharam com Raúl García à direita, Diego Ribas no centros e Koke na ponta-esquerda – o trio se movimentou muito atrás de Diego Costa. 

Desde o início o Atlético mandou na partida, mas não assustou muito. O ótimo cobrador de bolas paradas Koke não acertou em nenhuma das oportunidades que teve e, quando a bola subia na área, Cahill e Terry afastavam. Aos 18 minutos, a lesão de Cech (deslocou o ombro), que também não jogará a volta em Londres, mudou um pouco a postura dos rojiblancos. Com Schwarzer no gol, o Atléti passou a arriscar de fora da área, afinal, entrar na zona final do campo parecia impossível. 

Trocando passes, não vencendo a linha defensiva blue e ainda sofrendo com alguns contra-ataques, o Atlético reagiu rapidamente. Na volta para o segundo tempo, Simeone colocou Raúl Garcia mais próximo de Diego Costa e abriu Diego Ribas na esquerda e manteve Koke à direita. Além disso, o Chelsea se mostrou ainda mais preocupado com a marcação e sem saída para o contra-ataque. 

A troca de Diego Ribas por um ativo Arda Turan, normalmente partindo da direita, mas presente em todas as partes do campo, fez com que o Atlético amassasse o Chelsea. Porém, apesar de ter finalizado 25 vezes, apenas quatro chegaram ao gol inglês e, de fato, não assustaram a defesa dos blues. Os comandados de Mourinho também não ameaçaram, das cinco finalizações, apenas duas exigiram a intervenção de Cortouis. 

Sem conseguir o gol, apesar de tentar de todas as formas, Diego Simeone reconheceu o bom trabalho defensivo do adversário: “as duas equipas fizeram o jogo que acharam ser melhor para si. O Chelsea defendeu muito bem. Nós tentámos pelas alas, pelo meio, mas eles não deram espaços”. José Mourinho atingiu o objetivo, porém teria sido melhor se tivesse conseguido encaixar um gol em um dos raros contra-ataques. 

Portanto, a vantagem não é grande e, além disso, a equipe não contará com dois pilares defensivos, Cech e Terry, que saíram machucados hoje e não se recuperarão para a partida de volta, e o meias Lampard e Obi Mikel estarão suspensos. A grande dúvida é se Hazard terá condições de jogo. A expectativa é que o belga possa jogar, mas, por enquanto, ainda não voltou a treinar com os companheiros. O Atlético tem apenas um desfalque confirmado, o capitão e importante meia-central, Gabi está suspenso. Não há dúvida que, até aqui, as ausências serão mais cruéis com o Chelsea. 

A vantagem de decidir em Stamford Bridge, onde é muito forte com o português, é mínima e, um gol do Atlético, obrigará o Chelsea, dono do pior ataque entre os semifinalistas, a fazer dois gols na melhor defesa da LC 2013-14, com apenas cinco gols sofridos. Por isso, ao contrário do que ocorreu em Madri, os blues que tomarão a iniciativa do jogo e os rojiblancos jogarão do jeito que mais gostam: bem compactados e prontos para marcar no contra-ataque. Por isso, apesar de Mourinho parecer ter atingido o objetivo traçado, a pequena vantagem no confronto é espanhola. 

Antes do jogo de volta, neste final de semana, as duas equipes, que estão brigando pelos títulos nacionais, jogam partidas duras fora de casa pelos campeonatos. O Atlético vai domingo ao Mestalla, enfrentar o forte Valencia, semifinalista da Liga Europa. Para os rojiblancos faltam quatro jogos para o título e precisa de mais três vitórias para ganhar La Liga, após 18 anos. Também no domingo, o Chelsea viaja ao Anfield e, se for derrotado pelo Liverpool, dará adeus às chances de título na Premier League. Vitórias no final de semana poderão influenciar na mentalidade das equipes para a decisão da próxima quarta-feira.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Podcast Simplificando Futebol 3

 Na europa, está chegando a hora de levantar taça (Harold Cunningham/Mirror)

Mais um podcast do Simplificando futebol, desta vez, os comentaristas convidados são Pierre Andrade e Tauan Ambrosio, do site Goal.com.br. O papo foi longo, pois falamos muito da reta final do futebol europeu, focando nos campeonatos que estão mais equilibrados.

Pela ordem, os assuntos foram:

- Reta final da Premier League, com destaque para o bom trabalho de Brendan Rodgers no Liverpool;

- Últimas rodadas da Liga Espanhola, falando também um pouco da final da Copa do Rey, que ocorrerá nesta quarta-feira;

- Confrontos de semifinal da Liga dos Campeões


sábado, 5 de abril de 2014

Volta e futuro incertos

Apesar das dúvidas ao seu redor, Gündogan segue valorizado e tende a voltar bem aos gramados. No meio ano, ele poderá decidir onde seguirá a trajetória futebolística (Action Images) 


Ilkay Gündogan é um dos melhores jogadores da atualidade, pois consegue ser relevante no ataque e na defesa, como o futebol moderno exige. Porém uma complicada lesão nas costas (compressão espinal), o afasta dos gramados desde 14 de agosto de 2013. Na data, marcou um dos três gols da seleção alemã e foi substituído aos 27 minutos, no empate em 3 a 3 contra o Paraguai – ainda não há previsão de volta, mas recentemente, Klopp declarou que ele não jogará mais na temporada.

Desde que se lesionou, o talentoso meia-central de 23 anos vem brigando com a séria lesão, que muitas vezes não mostrou evolução. Em janeiro, voltou a treinar, mas, com uma infecção, novamente foi afastado das atividades. Na época ainda havia a possibilidade de que Gündogan voltasse a jogar nesta temporada, porém, no dia 10 de abril, em coletiva, o técnico do Borussia Dortmund, Jürgen Klopp declarou: “Ele não se recuperará a tempo. Isso é muito duro para nós, sobretudo para ele. Porém, está evoluindo e ficará bem. É preciso tempo. Temos que esperar”.

Sem uma das figuras centrais por toda a temporada e várias outras baixas por menos tempo, os aurinegros vêm sofrendo e não repete os bons desempenhos de anos anteriores. Mas, longe dos gramados há praticamente oito meses, Gündogan é o que mais sofre. Ao jornal Bild, o meia-central explicou a difícil situação: “É um período duro, o mais duro da minha carreira. Para mim, é muito importante, pois vejo a luz no fim do túnel”.

É natural que o selecionável alemão esteja sofrendo com o tempo fora de campo. Antes da lesão, o meia-central aurinegro era um dos jogadores mais procurados do mercado. Barcelona, Manchester United e Real Madrid estavam dispostos a investir muitos milhões de euros para contar com o futebol de Gündogan. Além disso, com um contrato encerrando no final da temporada 2014-15, já podendo assinar um pré-contrato em dezembro deste ano, o Borussia Dortmund também disporia de uma boa quantia para tentar ampliar o vínculo com camisa oito. E, claro, seria nome certo de Joachim Löw para a Copa de 2014.

Na teoria, esta grande demanda por Gündogan teria diminuído, porém, na prática, acontece com ele o mesmo que ocorreu com Paulo Henrique Ganso, depois da primeira lesão no joelho. A partir daquele momento, o ex-santista foi muito valorizado e chegou a ser considerado insubstituível na função de meia-atacante pelo centro na seleção brasileira. Assim como o brasileiro naquele período, hoje, o alemão é um jogador de imaginação e que não se prova no campo há quase oito meses.

Não há dúvida de que antes de se machucar, o camisa oito era um meia-central dinâmico, capaz de dar ritmo ao time, correto nas roubadas de bola, dono de ótima visão de jogo, excelente passador e bom chutador de longa distância. Ainda hoje, Barcelona, Manchester United, Real Madrid e, agora, o Bayern de Munique falam na contratação do selecionável alemão. Os quatro gigantes europeus acreditam que, após a recuperação, Gündogan será o mesmo jogador que era antes e, por ser jovem, ainda conta com bom espaço de evolução.

Gündogan já assumiu que o longo período fora das quatro linhas mexeu com o psicológico dele. Mas o meia-central também garantiu, na mesma entrevista supracitada, que voltará e, à época, mostrou que pensava em Copa do Mundo: “Eu tenho certeza que, em breve, eu estarei jogando futebol em alto nível. E depois vem o Mundial. Minha carreira está acabada? Obviamente não”. Ao contrário do que ocorreu com PH Ganso, vejo em Gündogan uma possibilidade de voltar a jogar em alto nível. Pois terá tempo de fazer uma boa pré-temporada e voltar apenas em 2014-15. O brasileiro, que sofreu outras lesões sérias depois, até hoje, não voltou a ser visto como o jogador que surgiu no Santos junto com Neymar.

Quem está mais próximo do selecionável alemão, também acredita na pronta e completa recuperação do jogador. Por isso, no último dia de março deste ano, o diretor de operações do Borussia Dortmund, Hans-Joachim Watzke informou que ofereceu uma extensão de contrato para Gündogan e espera um retorno dele. Anteriormente em 2014, o camisa oito declarou que, em meio às diversas propostas, daria prioridade ao ouvir o que os aurinegros ofereceriam para ele.

Portanto, mesmo parado há oito meses, Gündogan segue em alta e terá uma escolha a fazer depois da Copa do Mundo, que não jogará. Como o Borussia Dortmund não parece disposto a repetir com o meia-central o que ocorreu com Lewandowski (sairá de graça para o Bayern, ao final do contrato), o camisa oito terá que decidir se renova com os aurinegros ou se parte para um desafio em um gigante europeu. Apesar da séria lesão, Ilkay Gündogan parece capaz de ser ainda mais importante no futebol mundial.

*Post atualizado no dia 11/04/2014