quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os melhores jogadores do mundo 2013-14

Nos últimos dois anos, o Blog, assim como a FIFA, elegeu os melhores do mundo entre dezembro e janeiro. Porém, desta vez, farei da forma que acho mais correta, portanto, a lista será divulgada nesta postagem, levando em conta os desempenhos dos atletas, na temporada 2013-14. Afinal, os melhores do mundo estão na Europa, portanto, o óbvio na hora de premiar é seguir o calendário do melhor futebol do planeta. As estatísticas que serão apresentadas ao longo do texto são do ótimo site inglês Transfermarkt

Ao contrário de 2012, quando selecionei dez jogadores, agora em 2014, repetirei os 15 escolhidos do ano passado. O número um pouco maior é para tentar evitar polêmicas e não deixar de premiar nenhum jogador que teve destaque em 2013-14. Mas, mesmo assim, nem todos os jogadores que gostaria, alcançaram o top 15. As ausências mais sentidas por mim – e, provavelmente, por vocês – foram Thomas Müller, Andrés Iniesta e Neymar Júnior. 

Portanto, vamos aos escolhidos:

1°- Cristiano Ronaldo (Real Madrid-ESP – Portugal): 

Ninguém conseguiu segurar Cristiano Ronaldo, em 2013-14 (Getty Images)

A FIFA reconheceu Cristiano Ronaldo como melhor do mundo, depois de anos de domínio de Lionel Messi. Mais goleador do que nunca, o camisa sete foi o um dos principais responsáveis pela décima conquista continental do Real Madrid. Na Liga dos Campeões, o Gajo balançou as redes 17 vezes em onze jogos, e quebrou o recorde de gols em uma única edição. Aliando força, velocidade e técnica, o craque português também foi artilheiro do Espanhol, com 31 gols, e, no título da Copa del Rey, marcou três vezes. Vestindo blanco, Ronaldo jogou 47 vezes, marcou 51 tentos e cedeu 19 assistências. O camisa sete também foi o responsável pela classificação de Portugal ao Mundial do Brasil, pois, na repescagem, marcou os quatro gols portugueses contra a Suécia, que garantiram a vitória por 4 a 2, no placar agregado. Na Copa do Mundo, o Gajo chegou incomodado, por conta de uma lesão, que acompanhou o final de temporada dele, por isso, apenas um gol e a eliminação da Seleção das Quinas na primeira fase. 

2°- Ángel di María (Real Madrid-ESP – Argentina): 

A comemoração de Di María foi repetida muitas vezes, nesta temporada, quando se concretizou entre os melhores do mundo (AFP)

Com a chegada de Gareth Bale por valores astronômicos, o Real Madrid cogitou vender Di María, mas o camisa 22 merengue optou por lutar pela vaga entre os onze e não deixou o clube espanhol. Com lesões e problemas para encaixar o time, "El Fideo" começou a aparecer como titular e trouxe equilíbrio aos blancos. Nos planos de Ancelotti, o argentino se tornou um meia no 4-3-3, que apoiava o ataque e também ajudava na marcação. Assim, foi o grande assistente madridista com 26 assistências, muitas delas, decisivas para vitórias da equipe. A velocidade, a visão de jogo e a precisão dos passes foram as principais características das atuações, por isso, os oito gols marcados ficaram em segundo plano. Na Copa do Mundo, Di María seguiu os bons desempenhos e marcou um gol decisivo, nas oitavas de final, contra a Suíça, no final da prorrogação. Por muitos momentos, foi melhor que Messi. Talvez se o camisa sete albiceleste não tivesse se machucado, nas quartas de final, a Argentina poderia ter chegado ao título. 

3°- Zlatan Ibrahimovic (Paris Saint-Germain – Suécia): 

Ibrahimovic chuta a bandeira de escanteio, após marcar um gol: matador e marrento como nenhum outro jogador do mundo (Benoit Tessier/Reuters)

Durante todo o ano, havia uma dúvida no mundo: quem é o melhor camisa nove do planeta, Ibrahimovic ou Luis Suárez? Ao final da temporada, o sueco pode ostentar este título – ao menos, para este blog. Apesar do crescimento do Monaco, o PSG conseguiu o título da Ligue 1, com alguma tranquilidade, pois tinha um comandante de ataque especial. Ibra começou a temporada como falso nove e, por isso, alcançou bons números nos gols e também nos passes: em 46 jogos, foi às redes 41 vezes e deu 18 assistências – artilharia do Francês e a vice na Liga dos Campeões. Na competição européia, os dez gols do sueco foram fundamentais para a chegada às quartas de final, porém, sem o camisa dez na partida em Stamford Bridge, o PSG parou por aí. Na seleção, Ibrahimovic bem que tentou, mas, no duelo contra Cristiano Ronaldo, acabou superado pelo craque português e ficou fora da Copa. 

4°- Lionel Messi (Barcelona – Argentina): 

Em 2013-14, Lionel Messi não esteve tão iluminado como em anos anteriores, mas, mesmo assim, atingiu altos índices em gols e assistências (David Ramos/Getty Images)

Em 2013-14, Messi não repetiu o nível futebolístico dos últimos anos, muito por conta de problemas físicos, que o acompanharam em toda a temporada e, principalmente, nos momentos decisivos. Porém, mesmo em uma fase de baixa, o camisa dez blaugrana apresentou números impressionantes: em 46 partidas, 41 gols e 15 assistências. Portanto, apesar de não ter jogado como antes, “La Pulga” conseguiu participar de mais de um gol por jogo. Menos intenso, os brilhos esporádicos apareceram, como no 3 a 4 sobre o Real Madrid, onde o craque argentino marcou três vezes e ainda assistiu o outro gol barcelonista. Na Copa do Mundo, Messi foi um dos melhores argentinos e, sem ele, a albiceleste teria muitos problemas para ultrapassar a primeira fase. Assim como no clube, na seleção, o camisa dez não teve atuações lineares, mas apareceu com quatro gols decisivos (todos na fase de grupos) e a assistência igualmente importante contra a Suíça, nas oitavas de final. Por isso, foi eleito o Bola de Ouro do Mundial, escolha que o blog não concorda. 

5°- Luis Suárez (Liverpool-ING – Uruguai): 

Luis Suárez comemorou muitos gols e foi decisivo para o Liverpool, em 2013-14, mas ficou devendo - mais uma vez - na questão disciplinar (Andrew Powell/Liverpool FC via Getty Images)

Se não fosse a questão disciplinar, Luis Suárez seria um dos melhores jogadores do mundo. Em 2013-14, apesar de ter que cumprir seis jogos de suspensão, no início da English Premier League, o uruguaio conseguiu se concretizar como um dos principais futebolistas da atualidade. Na EPL, foram incríveis 31 gols e 21 assistências, em 33 partidas, o que resultou na eleição dele como melhor jogador da liga, pelos jogadores, público e jornalistas. Por conta dos ótimos desempenhos do camisa sete dos reds, a equipe ficou muito próxima do título, que não vem desde 1989-90. Quando o Liverpool precisava, Suárez era capaz de decidir os jogos sozinho, com dribles, poder de finalização e raça incrível. O salteño seria a principal esperança dos charrúas para a Copa do Mundo, porém, às vésperas do início da competição, se lesionou e foi operando, largando a disputa no banco. O camisa nove celeste reapareceu contra a Inglaterra e marcou os dois gols que garantiram a vitória uruguaia, mostrando o poder decisão. Porém, na última rodada da fase de grupos, a mordida em Chiellini e a suspensão de nove partidas internacionais e quatro meses de banimento do futebol. Novamente, a parte disciplinar atrapalhou Luis Suárez. 

6°- Yaya Touré (Manchester City – Costa do Marfim): 

Yaya Toure liderou o Manchester City ao título da Premier League, em temporada que marcou mais gols do que habitualmente (Alex Livesey/Getty Images)

Não há duvidas que, em 2013-14, o mundo viu o melhor de Yaya Touré. Forte na defesa, incrivelmente relevante no ataque e capaz de decidir jogos constantemente, o costa-marfinense foi o grande fator que levou o Manchester City ao título inglês, com arrancada incrível na reta final. O meia-central foi o terceiro artilheiro da Premier League, com 20 gols (muitos de falta) e nove assistências, decidindo várias partidas. Ao todo, na temporada, balançou as redes 24 vezes e cedeu 12 passes decisivos. Sem ele, os citzens não teriam vencido a Liga e a Copa da Liga. No Mundial de 2014, o camisa 19 dos elefantes, assim como toda a equipe costa-marfinense, decepcionou e, sem ser relevante, caiu na primeira fase. Porém, o desempenho no City rendeu a Yaya Touré, pela terceira vez consecutiva, o título de melhor jogador africano do ano, um feito que nenhum futebolista havia alcançado. 

7°- Marco Reus (Borussia Dortmund-ALE – Alemanha): 

Marco Reus foi impressionante e parece capaz de liderar um novo Dortmund, sem Götze e Lewandowski (Getty Images)

O Borussia Dortmund teve uma temporada dominada por lesões, figuras centrais ficaram fora dos onze iniciais e ainda perderam Mario Götze. Mas, apesar disso, a equipe conseguiu alguns bons resultados. Um dos principais responsáveis por isso foi Marco Reus. Na Supercopa da Alemanha, o jogador marcou dois gols e deu uma assistência, no 4 a 2 dos aurinegros sobre o Bayern. Com muita velocidade, habilidade e técnica, o camisa onze se destacou marcando e assistindo os companheiros. O ponta-esquerda marcou 16 vezes e cedeu 14 assistências, liderando a Bundesliga no segundo quesito. Somando as demais competições, sete gols e nove passes decisivos. Portanto, não há dúvida, o vice-campeonato do Alemão, da Copa da Alemanha e a chegada às quartas de final da Liga dos Campeões tiveram muita relação com os desempenhos de Reus. Na seleção, o jogador aurinegro ganhou espaço nesta temporada e disputou cinco jogos, porém, por conta de uma lesão, não veio ao Brasil, ficando de fora da campanha campeãa mundial.

8°- Arjen Robben (Bayern de Munique – Holanda): 

Robben mostrou nível espetacular pelo Bayern, em 2013-14, mas foi pela Holanda que assustou mais os adversários (Reuters)

O Bayern de Munique foi o time da posse de bola e troca de passes, mas a verticalidade e o desequilíbrio não desapareceram. Robben foi o principal responsável pela quebra das defesas adversárias, com os dribles, normalmente buscando a canhota com extrema velocidade e categoria. Com onze gols e seis assistências, o camisa dez bávaro foi muito importante para a conquista da Bundesliga, com recorde de antecedência. No outro título da temporada, a Copa da Alemanha,  marcou quatro vezes e assistiu cinco. Ao todo, em 2013-14, o holandês conseguiu 21 gols e 17 assistências, em 45 aparições. Os números não refletem exatamente a enorme importância de Robben, que talvez, tenha ficado mais clara apenas na Copa do Mundo. No Brasil, o camisa onze da Holanda foi o principal propulsor da equipe ao terceiro lugar, pois o elenco de Van Gaal não era dos mais qualificados e era muito jovem. Com gols, dribles e passes, para muitos – inclusive, este blog –, o carequinha foi o melhor jogador do Mundial 

9°- Arturo Vidal (Juventus – Chile): 

Apesar de ter vencido apenas um título, Vidal pode comemorar uma temporada muito boa, em que foi a estrela bianconera (Getty Images)

Este é mais um típico de caso de jogador, que, em 2013-14, atingiu o melhor nível de futebol. Vidal é importante para a Juventus desde que chegou, porém, neste ano, se tornou mais dono do time do que Pirlo. No 3-1-4-2 de Antonio Conte, o chileno é um dos meias-centrais, que atuam à frente do camisa 21, e, por isso, se divide em ações defensivas e ofensivas. Mesmo executando função dupla, o camisa oito bianconero é incansável e traz intensidade durante todo o tempo que está em campo. O “Rei Arturo” foi fundamental para o terceiro scudetto consecutivo da Velha Senhora e, na campanha, colaborou com onze gols e seis assistências – ao todo, marcou 18 vezes. No final da temporada, uma lesão tirou o jogador de partidas decisivas e quase complicou a participação dele no Mundial. Porém, Vidal chegou ao Brasil e, em três jogos, conseguiu ajudar o Chile a chegar às oitavas de final da disputa. A impressão é que o meia-central ficou devendo um pouco na Copa, onde a questão física pesou em seu desempenho. 

10°- James Rodríguez (Monaco – Colômbia): 

Pela Colômbia, James Rodríguez foi uma das grandes estrelas do Mundial 2014, competição em que foi artilheiro, com seis gols (Reuters)

Não foram poucos que descobriram o camisa dez colombiano durante a Copa, porém, para os que acompanham o futebol internacional com mais profundidade, não existiu nenhuma surpresa. Ótima visão de jogo, bons passes, habilidade extrema e chutes precisos são características antigas do jogo de James, mas, nesta temporada, tudo foi realizado no mais alto nível. O colombiano demorou a ser firmar no Monaco, porém, ao longo do ano, passou a se sentir mais à vontade no principado e liderou o time ao vice-campeonato da Ligue 1, com 13 assistências – um dos líderes no quesito na França. Além disso, a jovem estrela ainda marcou nove vezes. Mas foi o desempenho no Mundial que colocou James Rodríguez em destaque na lista. Artilheiro da Copa com seis gols (dois deles golaços) em cinco jogos, o dez cafetero também cedeu dois passes decisivos. Sem Falcao García lesionado, a Colômbia teve o chuteira de ouro como grande propulsor da ótima campanha no Brasil. 

11°- Diego Costa (Atlético de Madrid – Espanha): 

Diego Costa mostrou muito com a camisa rojiblanca e foi um dos grandes responsáveis pela conquista da Liga pela equipe (Alexander Klein/AFP/Getty Images)

O sergipano de Lagarto não é dos jogadores mais técnicos do mundo, mas deixa isso de lado com força, raça e velocidade. Diego Costa foi o símbolo do futebol do Atlético de Madrid de Diego Simeone, que incomodou – e muito – os gigantes da Espanha e da Europa. Em La Liga 2013-14, o camisa nove rojiblanco marcou 27 vezes e assistiu cinco, em 35 partidas. Assim, o hispano-brasileiro foi o principal destaque do Atléti, que conseguiu quebrar a hegemonia de Barcelona e Real Madrid, que vinha há dez anos, e ganhou o primeiro título espanhol em 18 anos. Na principal competição do planeta, a Liga dos Campeões, Diego Costa marcou um gol a cada 72 minutos em campo (ao todo, oito) e ainda cedeu duas assistências. Novamente com o camisa nove como destaque, o Atlético chegou à final da disputa, contra o Real Madrid. Na decisão em Lisboa, mesmo machucado, o camisa nove foi titular, mas a lesão voltou a incomodá-lo e obrigou que ele fosse substituído. Desta forma, o centroavante teve a sua ida à Copa do Mundo em dúvida, porém, Vicente Del Bosque não abriu mão do jogador e o trouxe ao Brasil. Mas, no Mundial de 2014, o desempenho de Diego Costa – e toda a Espanha – foi muito ruim e, assim, terminou a ótima temporada de forma melancólica. 

12°- Manuel Neuer (Bayern de Munique – Alemanha): 

Ninguém voou tão alto quanto Neuer, que foi o melhor goleiro da temporada e um dos melhores na Copa do Mundo (Adrian Dennis/AFP/Getty Images)

Nas duas últimas temporadas, o camisa um do Bayern de Munique se concretizou como o melhor goleiro do mundo. Com 1,93m, Neuer se destaca pelo bom posicionamento, a segurança, mas também pelos reflexos muito apurados e a força na saída do gol, seja por cima ou por baixo. Ele foi o líder da linha defensiva bávara, que, em 34 rodadas da Bundesliga 2013-14, sofreu apenas 23 gols. Ser vazado poucas vezes colaborou com o título alemão e foi importante para a conquista da Copa da Alemanha. Apesar das duas taças (três, contado a Supercopa da UEFA), o Bayern não teve uma temporada tão marcante como 2012-13, porém, 2014 reservava o Mundial e, no Brasil, Neuer deixou desempenhos marcantes. A conquista da Alemanha teve o camisa um entre os grandes destaques. Contra a França, nas quartas de final, foram diversas defesas e, nos minutos decisivos, com uma só mão, parou um arremate de Benzema, que levaria o jogo à prorrogação. Na semi e na final, o jogador do Bayern não teve tanto trabalho, porém, quando exigido, apareceu bem e garantiu a Luva de Ouro da Copa do Mundo de 2014. 

13°- Gareth Bale (Real Madrid – País de Gales): 

Talvez o principal mérito de Bale tenha sido combinar muito bem com o principal craque madridista, Cristiano Ronaldo (Getty Images)

Contratado por um valor não revelado, mas que deve chegar aos 100 milhões de euros, Gareth Bale mostrou o que já havia apresentado no Tottenham: convívio perfeito entre exuberância física e qualidade técnica. Mostrando tudo isso, o galês chegou ao Real Madrid e, mesmo jogando fora de posição (nos Spurs, atuava pela esquerda e pelo centro), logo se adaptou à ponta-direita e se tornou peça chave no elenco madridista. Ao longo de toda a temporada, camisa onze marcou 22 gols e deu 19 assistências e, na Liga dos Campeões, foi ainda mais importante, pois anotou seis vezes e cedeu quatro passes decisivos. Bale soube ser o coadjuvante de luxo de Cristiano Ronaldo e, quando o português não esteve em campo, não teve problemas para assumir o protagonismo. 

14°- Philipp Lahm (Bayern de Munique – Alemanha): 

Capitão da Alemanha, Philipp Lahm teve a honra de levantar a Copa do Mundo, competição em que foi muito bem (DPA)

Melhor lateral do mundo e um dos melhores da história, com a chegada de Pep Guardiola ao Bayern de Munique, Lahm passou a ser colocado como 1° volante no 4-1-4-1 (4-3-3) do técnico catalão. A idéia era ter uma saída de bola mais limpa, aproveitando do bom passe do camisa 21, que também seria útil para ditar o ritmo das partidas. Apesar de ótimas exibições na nova função, o capitão bávaro perdeu um pouco da relevância ofensiva, em 48 jogos pelo clube, fez apenas um gol e cedeu nove assistências – números mais baixos do que ele produziria na posição de origem. Na seleção alemã, Löw iniciou a Copa com Lahm na volância, com as mesmas idéias de Guardiola e, desta forma, o jogador do Bayern se concretizou como melhor passador da competição: acertou 562 passes dos 651 que tentou (índice de 86%). Porém, na reta final, o capitão voltou a ser lateral-direito e cresceu seu rendimento ofensivo, fechando o Mundial com duas assistências. A queda dos números de ataque do camisa 16 da Alemanha deve fazer o técnico do clube repensar no posicionamento, para, na próxima temporada, Lahm alcançar uma posição mais alta neste ranking. 

15°- Luka Modric (Real Madrid – Croácia): 

Com a chegada de Bale, ex-companheiro de Tottenham, Modric esteve mais à vontade nesta temporada e foi relevante nas conquistas madridistas (Manu Fernandez/AP)

Na primeira temporada em blanco, Modric não foi o jogador que já havia sido na carreira, porém, no segundo ano em Madri, a relevância aumentou muito. Seja no 4-3-3 ou no 4-4-2 de Carlo Ancelotti, o croata teve muita importância como meia-central, ajudando na defesa e no ataque. A elevada qualidade técnica do ex-jogador do Tottenham foi fundamental para a saída de bola e para boa conexão entre o meio e ataque madridista. Na temporada que culminou com os títulos da Copa Del Rey e da Liga dos Campeões, Modric fez dois gols e cedeu oito assistências, nas 49 partidas, em que disputou 3.875 minutos. Na seleção, ostentando a camisa dez, foi importante para a classificação ao Mundial. Mas, na Copa do Mundo, a Croácia não esteve bem e, por isso, o craque do meio-campo acabou não se destacando muito, ficando mais para trás na nossa lista.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pensar no futuro

 
Sete da comissão técnica se uniram para falar após o massacre por 7 a 1, mas não admitiram os erros do trabalho brasileiro (Ricardo Stuckert/CBF)

O Brasil perdeu, mas, principalmente, este modelo de futebol atrasado foi goleado. Ao demitir Mano Menezes, quando parecia que ele estava se acertando, a Confederação Brasileira de Futebol optou pela contratação de dois escudos, o técnico Luiz Felipe Scolari e o coordenador Carlos Alberto Parreira. A dupla havia comandado os dois últimos títulos mundiais da seleção brasileira, portanto, a CBF estaria fazendo tudo que é possível para vencer a Copa no Brasil. 

Antes da Copa das Confederações, apesar de muitas ressalvas, fiz um texto afirmando que aquele time poderia dar certo. Mesmo com o título e a grande atuação frente à Espanha, não foi uma trajetória linear e sem problemas. Os Canarinhos viveram altos e baixos e, muitas vezes, foram dependentes de chutões, jogadas individuais e da marcação pressão, que viveu o auge na final, mas não foi presente em toda a trajetória. Sem participação do meio-campo na criação das jogadas e, com momentos de problemas nas demais estratégias, o Brasil mostrou claramente seus problemas. 

A maior parte das falhas de um ano atrás foram repetidas durante o Mundial 2014 e foram potencializadas pela ótima exibição da Alemanha. Os doze meses não conseguiram solucionar os problemas. Mesmo sem se reunir muito, quando esteve junta, como na Copa do Mundo, o Brasil foi acusado de ter treinado e trabalhado pouco. A comissão técnica defendia a necessidade de descanso entre as partidas, algo que deve ser pensado mesmo. Porém, ao compararmos com outras seleções, vemos que isto não foi comum. A Holanda, após a batalha contra Costa Rica, em que só conseguiram vencer Keylor Navas, nos pênaltis, retornou ao Rio de Janeiro, não treinou de manhã, mas à tarde os jogadores foram para o campo. 

A ilusão de que estava tudo certo, não acabou com o 7 a 1, em que a Alemanha dominou amplamente o Brasil. Um dia após a derrota, Parreira e Felipão deram uma entrevista coletiva, na Granja Comary. Constrangimento resume o atendimento à imprensa, que teve momentos excepcionais do Coordenador Técnico da seleção, apoiado pelo comandante do time. “Não houve um erro. Tudo foi perfeito. Só não funcionou o resultado contra a Alemanha”. E, claro, amenizar a responsabilidade do pratão também ocorreu, o campeão Mundial de 1994 destacou que “a CBF não forma jogadores”. A Federação alemã de Futebol (DFP) forma. 

O exemplo alemão 


Alemanha campeã europeia sub-21 2009 cedeu seis jogadores para o título de 2014, todos eles titulares: Neuer, Boateng, Hummels, Höwedes, Khedira e Özil (Getty Images)

A matéria do Jornal inglês The Guardian, em maio de 2013, mostra o que acontece na Alemanha, pois este trabalho não chama atenção apenas no Brasil. O programa de desenvolvimento de talentos da DFB nasceu em 2003, com o objetivo de identificar futuros jogadores e, desde cedo, trabalhar as habilidades e o conhecimento tático neles. O resultado é visto na prática, pois, nos últimos anos, a Alemanha voltou a figurar entre as principais potencias do futebol mundial. 

 Sobre este trabalho de base, fiz um texto depois da Copa de 2010, tentando prever a Nationalelf para 2014. Mais da metade dos 23 convocados para o Brasil foram citados no texto. O bom índice de acerto não é mérito do blogueiro, tem muita relação com a continuidade do trabalho de Joachim Löw e o bom aproveitamento dos talentos da base. Seis campeões europeus sub-21, em 2009, vieram ao Brasil, na verdade, oito, pois Dejagah e Fabian Johnson também estiveram no Mundial, mas defendendo Irã e Estados Unidos, respectivamente. 

O diretor esportivo da Federação, Robin Dutt, que está no cargo desde agosto de 2012, explica que ajudar os clubes na formação de jogadores é ponto central desta evolução e é uma relação positiva para os dois lados. “Se nós ajudamos os clubes, eles nos ajudam, pois os atletas das nossas seleções – de base ou da equipe de Joachim Löw – vêm dos times”. Um exemplo da parceria é a obrigação dos clubes de 1ª e 2ª divisão, que têm que ter academias para formar jovens, com disputa a partir dos 12 anos. Para atingir o objetivo da norma, a DFB auxiliou financeiramente na montagem desta estrutura de base. 

Mas investir apenas na base não é a única contribuição da DFB ao futebol. Como apresentado no Linha de Passe, da ESPN Brasil, do dia 10 de julho, a Alemanha trabalhou para fortalecer a liga local. Ajudar o desenvolvimento dos jovens é um passo para isso. Por isso, hoje, a Bundesliga é uma das principais do planeta e isto contribuiu para o crescimento da Nationalelf. Portanto, há a necessidade de um trabalho mais complexo, não apenas investimento em um setor. 

Brasil quer se mexer? 

Jornalistas esportivos e, depois, o Bom Senso Futebol Clube por duas vezes foram recebidos pela presidência da república. Porém, até aqui, nada foi feito na prática (Roberto Stuckert Filho)

Ao contrário do que é realizado na Alemanha e, em outros países, onde o sucesso ainda não veio, o futebol brasileiro não parece querer evoluir. A CBF está deitada em berço esplêndido e recusa iniciativas para trabalhar o esporte no país. Parece que modernizar o que é feito aqui não é do interesse da entidade. Com o sucesso em campo, conquistado através do talento dos jogadores, que seguem surgindo aqui, nada ou muito pouco foi realizado para repensar o futebol, afinal, não era necessário, pois vencíamos.

O comando da CBF é o mesmo desde 1989, quando Ricardo Teixeira assumiu a presidência, durante o governo de José Sarney (PMDB). O domínio do ex-genro do ex-presidente da FIFA, João Havelange, portanto, resistiu aos presidentes Fernando Collor (PRN), Itamar Franco (PRN), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não citei Dilma Rousseff, pois foi no atual governo que Ricardo Teixeira se foi. Após muita pressão de mídia, população e do setor político, Ricardo Teixeira saiu, mas não mudou muita coisa. 

O sucessor foi o antigo apoiador da ditadura e vice-presidente mais velho da CBF, José Maria Marin, filiado ao PTB e com extensa carreira na política. Portanto, o perfil do comandante que pouco se importa com o futuro do futebol seguiu. O próximo presidente da entidade já está definido e será Marco Polo Del Nero, atual vice-presidente. Mesmo cuidando de algo de interesse público, a entidade é privada, por isso, em teoria, o governo não poderia intervir nela. Mas, como revelou Juca Kfouri, o STF já tem decisão que mostra o contrário

Portanto, interferir no comando da CBF é possível e, pelas recentes declarações de Dilma e do ministro do Esporte Aldo Rebelo (PC do B), este é o interesse do atual governo. Antes da Copa, a presidente recebeu uma série de jornalistas esportivos e disse que o grande legado do Mundial 2014 seria a melhoria do futebol praticado no Brasil. Na ocasião, ficou prometida uma reunião entre o Palácio do Planalto e o movimento Bom Senso Futebol Clube. Desde então, já foram duas conversas com o grupo de jogadores, que também tem especialistas em diversas áreas (administração, direito e etc), e a impressão de que uma participação do estado no comando do futebol brasileiro está próxima de acontecer. 

Por falar nisso, o BSFC é uma grande iniciativa de craques brasileiros que visam a melhoria do futebol como um todo, não só na elite. Porém, a blindagem da CBF impede que as ideias do grupo sejam trabalhadas para serem postas em prática. Um calendário mais justo, emprego por mais tempo para os jogadores fora das principais divisões, horários melhores para prática do futebol e a exigência do fair play financeiro para os clubes (como ocorre na Alemanha). Com estas medidas, com certeza, teríamos uma melhora sensível no futebol brasileiro: mais organização que refletiria em melhores desempenhos em campo e públicos maiores nos campeonatos locais, algo raro hoje. 

Esta sinalização governamental de intervenção na administradora do futebol brasileiro e, ao mesmo tempo, a conversa com o Bom Senso mostra consciência da necessidade de mudanças. Se elas forem as indicadas pelos jogadores, que não são ouvidos pela CBF, pode ser um caminho interessante para a modernização do atrasado futebol brasileiro. Porém falta deixar de ser vontade e se tornar uma prática. 

Voltando para dentro de campo 

Os Canarinhos, com Mano Menezes, pareciam ter um técnico que dialogava melhor com o que era realizado no futebol europeu, porém os resultados não vieram. Não custa lembrar que, na Copa América 2011, o Brasil caiu nas quartas de final e, em nenhum momento, conseguiu convencer. Na reta final do trabalho, como já dito, os Samba Boys melhoraram, mas novamente, a CBF influenciou negativamente o que é realizado dentro de campo, buscando uma dupla ultrapassada – e com nome – para comandar a equipe. 

Além das boas ideias, que, na reta final, estavam dando resultado. No período de Mano Menezes, algo muito interessante aconteceu na seleção e, se as mudanças aparecerem, pode virar uma marca dos Samba Boys. Como o repórter e colunista do site Terra, Dassler Marques escreveu, no antigo Olho Tático, de André Rocha, no Globoesporte.com, a seleção chegou a ter um esquema tático unificado do sub-17 ao time principal

A Bélgica, depois de duas copas fora, veio ao Brasil e chegou com bastante badalação, tendo a unificação do esquema tático como um dos pilares desta renovação, mas principalmente, a linearidade da forma de pensar futebol. Como Dassler escreveu no post sobre o Brasil, jogar no mesmo sistema não é o ponto centrale, sim, ter a mesma mentalidade. Pois assim, não limitamos o jogador da base a cumprir apenas uma função, mas, desde o princípio, fica claro o estilo de futebol que o jovem irá encontrar quando passar a atuar entre os adultos. Afinal, o objetivo de times e seleções de base é preparar os atletas para os times principais. 

A falácia da fraca geração brasileira 

O brasileiro do Hoffenheim, Roberto Firmino teve ótimos números na Europa e nem foi testado. Nenhum jogador verde e amarelo fez, em 37 jogos, 22 gols e 16 assistências.  (Alex Grimm)

Uma das justificativas utilizadas por mídia e comissão técnica, para o insucesso dos Canarinhos, é que a atual geração de jogadores verde e amarela é fraca. Para mim, uma grande mentira. Thiago Silva, Marcelo e Neymar são futebolistas da elite do futebol mundial. Além deles, Júlio César, Maicon e Daniel Alves já fizeram parte do grupo de maiores craques do planeta. Portanto, apenas seis jogadores que podem – ou já puderam – ser considerados especiais Mas, a maior parte dos outros convocados, estão ou estiveram em grandes clubes e jogaram em alto nível, no futebol europeu. Um ou outro jogador, talvez Jô e Henrique ainda não tiveram – e nem deverão ter – um momento de futebolista top mundial. 

Além do elenco de 23 escolhidos para representar o Brasil em casa, vários jogadores de bom nível ficaram de fora, por exemplo, Diego Alves, Rafinha, Miranda, Alex, Filipe Luís, Lucas Leiva, Felipe Melo, Fernando Reges, Diego Ribas, Philippe Coutinho, Lucas Moura, Roberto Firmino e Jonas. E é bom lembrar, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho, Nilmar, Luís Fabiano e Adriano são integrantes da geração 2014, poderiam tranquilamente estarem presentes no Mundial disputado em casa, mas, por escolhas erradas e queda de nível, o sexteto não chegou à disputa. 

Entre os convocados para a Copa e os outros citados, muitos poderão estar em 2018 e serão mesclados com outros jogadores jovens que já começaram a se destacar. Três bons goleiros estão na Serie A da Itália, Gabriel (Milan), Rafael Cabral (Napoli) e Neto (Fiorentina). Na defesa, Danilo (Porto), Rafael (Manchester United), Juan Jesus (Internazionale), Dória (Botafogo), Marquinhos (PSG), Alex Telles (Galatasaray), Wendell (Bayer Leverkusen) Alex Sandro (Porto). No meio, Fernando (Shakhtar Donetsk), Casemiro (Real Madrid), Rômulo (Spartak Moscou), Lucas Silva (Cruzeiro), Fred (Shakhtar Donetsk), Rafinha (Barcelona), Paulo Henrique Ganso (São Paulo) e Douglas Costa (Shakhtar Donetsk). No ataque, Lucas Piazon (Chelsea), Wellington Nem (Shakhtar Donetsk) e Gabriel Barbosa (Santos). Tantos outros podiam ter citados, mas, para mim, vendo de hoje, esses são os destaques para o futuro mais próximo dos Samba Boys

Pode ser que nem todos os citados consigam chegar a – ou retomar – um nível altíssimo de futebol, mas está claro que há talento e muitos deles já tiveram passagens pela seleção. Esses atletas mais jovens, se forem bem trabalhados e mesclados com alguns dos atuais jogadores, poderão trazer bons frutos para o Brasil. Alguns, inclusive, têm idade para disputar os Jogos Olímpicos de 2016, em casa. E, com a saída de membros do grupo de 2014, muitos deles devem ter espaço durante toda a preparação. 

Portanto, dizer que o Brasil não produz mais tantos craques, pode até ser verdade (muito por culpa de fatores organizacionais), mas afirmar que o talento por aqui acabou é uma grande mentira. O caminho para voltar a brigar pela hegemonia do futebol é longo e, para isso, escolher um bom comandante é um dos primeiros passos a ser dado. 

Quem poderá liderar? 

Nos últimos anos, ninguém se destacou tanto como Tite. O ex-técnico do Corinthians mostra conhecimento tático e entendimento do que se faz no mundo, como conceito de futebol. Depois de encerrar a trajetória vitoriosa na equipe paulistana, o gaúcho foi presença constante em jogos de Liga dos Campeões e campeonatos europeus. Apesar de ótimo trabalho, Tite não se acomodou e foi atrás de mais informações para melhorar. Por isso, seria a minha escolha como figura central deste novo ciclo. 

Porém, com a atual cúpula da CBF, parece improvável a escolha de uma pessoa atualizada e que possa tomar as rédeas de todo o trabalho da seleção brasileira. Como o comentarista da ESPN Brasil, Mauro Cezar Pereira falou: “se for para eles ficarem (dirigentes da CBF), que seja como uma rainha da Inglaterra, que tem gente abaixo com o controle das ações a serem tomadas”. É bom deixar claro, nem eu, nem o MCP queremos que essa turma siga no comando. 

Mas, por mais que não façam nada pela melhora dos Canarinhos e, muito menos, pelo futebol verde e amarelo em geral, os dirigentes não mostram interesse em abrir mão do protagonismo do comando dos Samba Boys. Portanto, há claramente um nome para o novo ciclo. Porém, com o contexto atual, pode vir qualquer grande treinador do futebol mundial que não dará certo. Por isso, a intervenção na Confederação Brasileira de Futebol e a implementação das ideias do Bom Senso Futebol Clube é o caminho e se mostra urgente. 

Palpite dos 23 

Para finalizar, aquele chute clássico, que muitos jornais e sites ousam fazer: quem serão os 23 convocados da Copa do Mundo da Rússia? Goleiros: Diego Alves, Neto e Rafael Cabral. Laterais-direitos: Danilo e Rafael. Zagueiros: David Luiz, Thiago Silva, Marquinhos e Juan Jesus. Laterais-esquerdos: Marcelo e Alex Sandro. Volantes: Fernando Reges, Casemiro e Paulinho. Meias e Meias-atacantes: Lucas Moura, Oscar, Neymar, Roberto Firmino, Philippe Coutinho, Rafinha e Paulo Henrique Ganso. Atacantes: Lucas Piazon e Gabiel Barbosa.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Seleção da Copa do Mundo 2014

Com o final do Mundial é hora de escolher os onze melhores, o craque e o grande comandante. A maior parte dos 12 escolhidos vieram dos quatro semifinalistas e, entre eles, está o principal desempenho. Apesar do esquema com três zagueiros ter brilhado durante a Copa, escolhi o 4-3-3, pois foi a melhor alternativa para receber os onze escolhidos. Vale destacar que as estatísticas citadas no texto estão disponíveis no site da FIFA. 

Goleiro: Keylor Navas (Costa Rica) 

 Keylor Navas pegou pênalti, mas fez muito mais (Jeff Gross/Getty Images)

Keylor Navas chegou ao Mundial 2014 como melhor goleiro do Campeonato Espanhol 2013-14. O camisa um dos Ticos foi um dos grandes responsáveis pela classificação improvável da Costa Rica, no grupo D, que tinha Itália, Inglaterra e Uruguai. Na segunda fase, ademais de salvar com bola rolando, pegou um pênalti e classificou a equipe, contra a Grécia. Depois, nas quartas de final, o goleiro do Levante evitou que a Holanda se classificasse antes dos pênaltis, onde, desta vez, Navas não brilhou. Mesmo parando na terceira etapa da Copa, o camisa um costa-riquenho fez 21 defesas e muitas delas impostíssimas para o bom desempenho dos Ticos, no Brasil. 

Lateral-direito: Philipp Lahm (Alemanha) 

O melhor lateral do mundo e um dos melhores de todos os tempos se tornou volante, nesta temporada. Na Copa do Mundo, foi no meio-campo que começou a trajetória, por isso, se concretizou como melhor passador da competição: acertou 562 passes dos 651 que tentou (índice de 86%). Lahm foi colocado ali para dar uma saída de bola mais limpa à Alemanha e conseguiu. Porém, a Nationalelf sentiu falta de laterais puros, e Löw acabou recolocando o jogador do Bayern de Munique na posição de origem. O lateral deu ofensividade pela direita, acertou seis cruzamentos e foi uma importante saída para a Alemanha, que antes da realocação do capitão, não contava com os avanços pelos lados. Ir bem à frente não significou deixar espaço nas costas, pois correu uma média de 11,5 km por partida, o quarto maior número no Mundial.

Zagueiro: Mats Hummels (Alemanha) 

 Hummels mereceu palmas pelo desempenho, sendo decisivo na defesa e no ataque (Martin Rose/Getty Images)

O melhor zagueiro alemão chegou ao Mundial cercado por dúvidas, afinal, a temporada teve lesões e desempenho abaixo do habitual. Na Copa do Mundo, Hummels deixou isso de lado e mereceu estar na seleção. O camisa cinco foi o principal nome da linha defensiva alemã, com 47 bolas recuperadas, cinco bloqueios e cinco desarmes completos. Em alguns momentos, parecia impossível passar pelo zagueiro do Borussia Dortmund, que mostrou força, velocidade e muita técnica na defesa. Mas ofensivamente, Hummels também deixou um bom desempenho, ao marcar dois gols de cabeça, um deles garantiu a vitória da Alemanha, nas quartas de final, frente à França. 

Zagueiro: Ezequiel Garay (Argentina) 

O grande ponto de interrogação da Argentina era a defesa e foi justamente o setor que se destacou mais durante o Mundial. Um dos principais responsáveis por isso foi o zagueiro que está se transferindo do Benfica para o Zenit. Ao lado de Zabaleta, Garay foi o único titular da linha defensiva em todas jogos. Pelo alto, foi difícil vencê-lo e, pelo chão, foram 52 bolas recuperadas, segundo maior número entre os jogadores da Copa do Mundo. Portanto, o camisa dois, que não é um dos zagueiros mais técnicos do planeta, conseguiu marcar um desempenho muito bom, que foi reflexo da sua raça, evidente nos quase 11 km percorridos por partida. 

Lateral-esquerdo: Daley Blind (Holanda) 

Ao longo da Copa do Mundo, Blind foi ala-esquerdo, zagueiro e, até, volante. Apesar de não ficar restrito à função em que está sendo escalado, conseguiu ir bem em qualquer um dos setores. A Holanda jogou com uma linha de três zagueiros, por isso, os alas tiveram bastante espaço para atacar e o jogador do Ajax aproveitou bastante isto. Foram duas assistências, um gol e bom desempenho nos passes: arriscou 428 e acertou 351 (82%). Além disso, realizou seis desarmes, participando bem do sistema defensivo. 

Volante: Javier Mascherano (Argentina)  

 Mascherano foi o líder argentino em campo e, com este bloqueio, foi decisivo para colocar a equipe na final (Julian Finney/Getty Images)

El Jefecito abriu mão da braçadeira de capitão e entregou ela ao craque Messi, porém, dentro de campo, todos sabem quem manda. Mascherano foi a voz de Sabella nas quatro linhas e o principal protetor da tão criticada defesa albiceleste, que foi muito bem. Na parte defensiva, um monstro com destaque para os dez desarmes, as incríveis 49 bolas recuperadas e seis bloqueios, um deles que garantiu a disputa de pênalti contra a Holanda e, consequentemente, a classificação à final. Mas também teve participação na construção do jogo. Mascherano foi ótimo nos passes e terminou como terceiro melhor passador do campeonato: 626 tentados e 536 completados (86% de acertos). Ele era o responsável pela saída de bola argentina, recuando entre os zagueiros para dar o primeiro passe, seja curto ou longo, sempre teve qualidade. 

Meia-central: Toni Kroos (Alemanha) 

 No meio dos craques alemães, Kroos foi o que mais brilhou, ditando o ritmo dos jogos (Jamie McDonald-Getty Images)

Ao longo da Copa, Toni Kroos foi o craque mais destacado, no meio do elenco estrelado da Alemanha. Com Schweinsteiger crescendo aos poucos, o camisa 18 foi o responsável por ditar o ritmo do toque de bola da Nationalelf. Por isso, o jogador do Bayern de Munique foi o segundo melhor passador do Mundial, com 633 passes tentados e 537 completados (bom índice de 85%). Além de ser o meio-campista líder, nesta Copa, Kroos marcou duas vezes, ambas na goleada sobre o Brasil, quando executou um recital, no Mineirão. Por ser figura central da proposição de jogo alemã, o camisa 18 terminou o Mundial 2014 como um dos líderes em assistências, ao dar quatro passes decisivos. 

Meia-central: Bastian Schweinsteiger (Alemanha) 

A evolução de um jogador. Schweinsteiger não começou a Copa do Mundo como titular, estava se recuperando de lesão, mas, aos poucos, foi aparecendo e crescendo. O pico do camisa sete foi visto na final, quando deixou em campo uma atuação enorme, com ares épicos. Mesmo tendo atuado apenas 505 minutos, o jogador do Bayern de Munique foi o quarto a completar mais passes, com 467 tentados e 412 completados, índice de 88% de acertos, o melhor no top 8 da estatística. Schweinsteiger, assim como Kroos, é um símbolo de volante moderno e polivalente, aquele que marca e constrói desde o campo defensivo, tipo de jogador provou sua importância nesta Copa. 

Ponta-direita e craque: Arjen Robben (Holanda) 

 Robben foi o melhor jogador da Copa do Mundo e impulsionou a Holanda ao terceiro lugar (Paul Gilham/Getty Images)

O esquema com três defensores da Oranje visava liberdade para Sneijder, Van Persie e Robben. O camisa onze foi o que melhor aproveitou esta tranquilidade para desequilibrar em favor da equipe. O jogador do Bayern de Munique marcou três vezes (todas na primeira fase) e cedeu uma assistência. Mas a importância dele para o esquema de Van Gaal não é refletida pelos números. Durante todo o Mundial, quando a bola chegava no carequinha, a Holanda sabia que boas coisas poderiam ocorrer, com velocidade, dribles imprevisíveis, visão de jogo privilegiada e os chutes com a canhota especial. Apesar de bons desempenhos de outros companheiros, ficou claro, se Robben não fosse bem, a Holanda não teria chegado tão próxima da final. 

Ponta-esquerda: James Rodríguez (Colômbia) 

 James quer saber: "alguém jogou mais que eu no Mundial?" (Warren Little/Getty Images)

Sem Falcao García, muitos acharam que a Colômbia havia ficado sem craque, mas, desde o princípio, o camisa dez mostrou o engano. Com apenas 22 anos, o jogador do Monaco apresentou um repertório incrivelmente profundo. O artilheiro da Copa do Mundo balançou as redes seis vezes: quatro com o pé esquerdo, uma com a destra e outra de cabeça – dois deles foram golaços. Porém não foram apenas gols, fez também duas assistências, portanto, participou diretamente de oito dos 12 gols cafeteros. Além disso, James Rodríguez mostrou ser um meia-atacante completo, bom passador, veloz, bastante habilidoso e com visão de jogo apurada. Faltou pouco para o dez colombiano ser o melhor da Copa, talvez uma campanha um pouco mais longa da seleção dele. 

Atacante: Thomas Müller (Alemanha) 

Mais uma Copa com sete jogos e cinco gols. Aos 24 anos, o camisa 13 já está empatado entre os oito maiores artilheiros da história dos mundiais. Thomas Müller alia técnica, velocidade e raça como poucos. Seja como falso centroavante ou meia-atacante, o jogador do Bayern de Munique deixou no Brasil ótimas atuações e participações decisivas pela sua seleção. Vice-artilheiro com cinco gols, também cedeu três assistências e ainda foi quem mais correu na Copa do Mundo, com média de 12 km por partida. Sem se omitir em nenhum momento e participando de vários setores do jogo, Müller foi uma das marcas da conquista da Alemanha. 

Técnico: Louis van Gaal (Holanda)  

 Van Gaal fez de tudo para que suas principais estrelas jogassem bem e deu certo (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

Habituada a jogar no 4-3-3, às vesperas do início da Copa do Mundo 2014, por conta da lesão de Strootman, a Holanda mudou taticamente por iniciativa do técnico. O 3-4-1-2 entrou em ação para dar liberdade para os jogadores mais especiais, Sneijder, Robben e Van Persie. Se o camisa onze foi a estrela que brilhou mais fortemente e mais constantemente, os outros dois também tiveram momentos que tiraram bom proveito desta tranquilidade dada pelo técnico. A mudança deu resultado, pois, com uma geração mais fraca que as anteriores, a Oranje conseguiu o terceiro posto, com boas vitórias sobre Espanha (5 a 1) e Brasil (3 a 0) e faltou muito pouco para ser finalista. Além de mudar e conseguir ir longe, Van Gaal também não ficou preso ao esquema com três zagueiros e, quando foi necessário, mudou taticamente e chegou a voltar ao 4-3-3. 


Vários jogadores que tiveram bons desempenhos ficaram de fora, mas alguns deles ficaram perto de estarem entre os meus onze. A lista por ordem de posição: Neuer (Alemanha), Romero (Argentina), Howard (Estados Unidos), Fabian Johnson (Estados Unidos), Vlaar (Holanda), Giancarlo González (Costa Rica), Thiago Silva (Brasil), Marcos Rojo (Argentina), Cuadrado (Colômbia), Ángel Di María (Argentina) e Messi (Argentina). E o técnico Jorge Luis Pinto (Costa Rica).

domingo, 13 de julho de 2014

Copa do Mundo – Dia 31

O título da equipe completa

 Levantar a taça, o momento foi esperado por 24 anos pelos alemães e muito comemorado, com muita justiça (Ricardo Matsukawa/Terra)

As escolhas foram para campo e, apesar da tensão comum à uma final, a partida foi muito boa e de alto nível técnico. O Maracanã com 74.738 espectadores foi o grande palco perfeito. A Alemanha repetiu o jogo de posse, com verticalidade, que é a sua marca já a um bom tempo. Os argentinos vieram focados nos contra-ataques, pois, pelo o que haviam visto anteriormente, sabiam que dar espaço ao meio-campo da Nationalelf seria fatal. 

A alternativa tática de Sabella foi o 4-4-1-1, com Messi atrás de Higuaín. Ao conquistar a posse de bola, a Albiceleste tinha os avanços de Enzo Pérez pela esquerda e, principalmente, Lavezzi na direita. Na Alemanha, Löw repetiu o 4-3-3 (4-1-4-1), com Schweinsteiger ficando um pouco mais preso na marcação. Com a lesão de Khedira no aquecimento, Kramer foi escalado no meio com Kroos. 

 Com esta configuração inicial, a Albiceleste teve maior êxito na execução da proposta de jogo. A Alemanha tinha o domínio da bola (terminou com 60%), mas não conseguia penetrar na retaguarda adversária. A dupla Biglia e Mascherano tinha grande responsabilidade nisso, pois, novamente, transpiravam muito e tentavam cobrir todos os espaços do meio. Pelos lados, a contribuição de Enzo Pérez e Lavezzi também era importante. 

Se a lesão de Khedira no aquecimento piorou o time, quando Kramer teve que sair, a Mannschaft melhorou. Löw ousou e colocou Schürrle em campo e passou a ser mais ofensivo. Quase um 4-2-3-1, com o recém-entrado pela esquerda, Özil pelo centro e Müller à direita, com Kroos e Schweinsteiger sendo os volantes. Assim, a Alemanha cresceu e chegou a exigir participações de Romero, que, mesmo com desconfianças, foi muito bem em toda a Copa do Mundo.

Porém, no primeiro tempo, as grandes chances foram albicelestes. Na mais clara oportunidade, o melhor alemão na Copa, Kroos errou e Higuaín ficou frente à frente com Neuer. El Pipita desperdiçou o que poderia ser a bola do jogo, ao chutar para fora. A lateral-esquerda, grande ponto fraco da Alemanha, foi explorada a exaustão. Lavezzi jogava por ali e Messi, muitas vezes, deixava o centro e trabalhava pelo setor de Höwedes. Só não foi pior, porque Boateng fez partida soberba e, mais uma vez, Hummels teve bom desempenho. 

Mesmo com a estratégia dando certo, Sabella abriu mão do esquema e buscou atacar mais os europeus. Apesar de péssimo Mundial, Agüero veio no lugar de Lavezzi e a Argentina passou a jogar no 4-3-1-2, com Pérez, Mascherano e Biglia dando suporte ao enganche Messi. No início da segunda etapa, a Albiceleste teve domínio maior do jogo, assustou muito a defesa alemã e Neuer chegou a ser bem exigido. Após sofrer sustos com o bom reinício dos argentinos, a Mannschaft equilibrou. 

A Alemanha criou boas chances, com subidas de Lahm pela direita e a movimentação de Özil, Thomas Müller e Schürrle. Mas a marca da melhora alemã era a transpiração de Schweinsteiger, o clássico volante fazia partida enorme defensivamente e, com os passes, iniciava as jogadas ofensivas da Nationalelf. Porém, apesar das duas equipes buscarem o gol, os bons goleiros Neuer e Romero não tinham muito trabalho. A Argentina não chutou nenhuma bola no alvo e a Alemanha conseguiu apenas cinco arremates, em 120 minutos. 

Por isso, mesmo com a maior abertura das equipes, o jogo foi para a prorrogação, quando o cansaço poderia pesar. A Alemanha teve um dia a mais de descanso e passeou na semifinal, enquanto os argentinos protagonizaram uma batalha contra a Oranje, decidida apenas nos pênaltis. Ademais de Schweinsteiger, que se sacrificava para seguir em campo, a Nationalelf traduziu esta vantagem nos 30 minutos derradeiros. A Argentina não conseguiu assustar e a impressão era de que, se tivesse um vencedor até os 120 minutos, seria a equipe europeia. 

 Como a imagem denota, Schweinsteiger foi épico. Corte sob o olho, uniforme completamente sujo e o rosto externando cansaço (AP Photo)

Schweinsteiger foi o símbolo desta vitória. Na prorrogação, apanhou bastante, chegou a ganhar um corte sob o olho e quase foi substituído. Ele lutou e conseguiu seguir em campo. Mas a jogada do gol do título veio com Schürrle, reserva importantíssimo durante toda a campanha. O camisa nove disparou pela ponta esquerda e cruzou na área. Götze recebeu nas costas de Demichelis, matou no peito e, de canhota, marcou o 1 a 0, depois de ter ouvido de Joachim Löw: “mostre para o mundo que você é melhor que o Messi e que você pode decidir o Mundial”. De reserva para reserva e o único gol foi o do título, o mais importante da Nationalelf em 24 anos. A Argentina ainda tentou, porém não conseguiu buscar o empate. Tetracampeonato conquistado (1954, 1974, 1990 e 2014). 

Ganhou o melhor trabalho, a seleção mais coesa e o time mais carismático. Um projeto a longo prazo que revelou muitos talentos e deve seguir dando frutos para a Alemanha. Foram 18 gols marcados e quatro gols sofridos em sete jogos. A Mannschaft foi a equipe do toque de bola, com 5084 tentados e 4157 completados (82%). Além disso, teve bons números defensivos: 91 desarmes completados e Neuer executou 24 defesas. 

A equipe completa sem um craque absoluto, mas absoluta no Mundial. Desde o princípio a Alemanha era a principal favorita e, ao longo das sete partidas, confirmou isso, com louvor, jogando muito e crescendo durante a Copa de 2014. O título está em ótimas mãos, nas mãos dos alemães.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Copa do Mundo – Dia 28

Massacre alemão e humilhação verde e amarela

 Kroos foi a estrela do jogo, mas foi a atuação coletiva que liderou a Alemanha ao 7 a 1 (Jamie McDonald/Getty Images)

Alemanha e Brasil seria um jogo equilibrado, provavelmente, com um ligeiro favoritismo dos europeus. Sem os dois principais jogadores verde e amarelos, Thiago Silva e Neymar, a força alemã se destacava mais. Porém, dentro das quatro linhas, o ligeiro se tornou imenso e, ao final, foi constrangedor para os Samba Boys. Para substituir o craque, Luiz Felipe Scolari surpreendeu e colocou Bernard entre os onze iniciais, como ponta-direita no 4-2-3-1. Do outro lado, de certa forma, Joachim Löw surpreendeu e colocou em campo o 4-3-3, pois colocou Klose como centroavante. O esquema da Mannschaft também pode ser visto por um 4-1-4-1, pois Schweinsteiger fica mais preso, com Kroos e Khedira tendo liberdade para apoiar à frente. 

Assim, no Mineirão, a Alemanha protagonizou um recital, um massacre mesmo. O meio-campo foi a área do massacre, os cinco europeus controlaram totalmente o quinteto verde e amarelo, que, muitas vezes, tinha apenas três jogadores, pois Hulk e Bernard não conseguiram colaborar com a marcação. Mas, o primeiro gol da Nationalelf, não veio com vitória no meio-campo. Um escanteio, conseguido após um contra-ataque foi bem batido por Kroos. Depois da falha grosseira da zaga, Thomas Müller apareceu livre e marcou. Dos 22 aos 28 minutos, um massacre completo. 

Com pressão alta, superioridade numérica em todas as disputas de bola e um jogo muito vertical (chegou a ter menos posse de bola que o Brasil), a Alemanha marcou quatro vezes, no período. Khedira era uma das chaves deste jogo, marcava muito à frente e parecia pronto para fazer a composição defensiva, caso fosse necessário. O resultado é que os Canarinhos só utilizavam a alternativa do chutão e, assim, a redonda logo voltava aos alemães, que conseguiam construir o jogo, com um jogo bem direto, diferente daquilo que havia apresentado nas partidas anteriores. 

Klose quebrou o recorde de Ronaldo, o craque de jogo e um dos melhores alemães na Copa, Kroos fez dois e Khedira marcou o quinto. O Brasil estava no chão, não havia reação, a técnica alemã venceu. A Mannschaft caminharia para a final e os Samba Boys estavam próximo da pior derrota em copas. Luiz Felipe Scolari tentou igualar o jogo: sacou Fernandinho e Hulk, ambos em dia péssimo, e colocou Ramires e Paulinho. Por outro lado, claramente os alemães desaceleraram. 

Por isso, o Brasil chegou a viver bons momentos. Mas aí, uma qualidade da Nationalelf, que ainda não havia sido necessária, apareceu. Um dos ótimos goleiros deste Mundial Neuer fez algumas boas defesas e evitou que os verde e amarelos marcassem dois gols, logo no reinício da partida. Se o ritmo dos titulares já não era o mesmo, Schürrle entrou no lugar de Klose, que deixou o campo com o recorde e sob aplausos, e veio para cravar os últimos golpes na seleção de Luiz Felipe Scolari. 

As defesas de Neuer deixaram o Brasil mais entregue. A posse passou a ser controlada pela Alemanha, que, além de ter o controle territorial, buscava mais gols. Ao final da partida, Schweinsteiger afirmou: “Mas eu gostaria de me desculpar com o Brasil. Não esperávamos um placar desses. Tentamos ser respeitosos jogando futebol e fazendo gols. Para nós essa Copa é um sonho. Estamos gostando muito do povo brasileiro, e queria dizer que a seleção brasileira fez grande papel no torneio”. O que foi falado por um dos líderes do grupo, Schürrle mostrou na prática e marcou outras duas vezes. 7 a 0. 

Oscar fez aquilo que chamamos de gol de honra, mas não trouxe nenhuma horna. 7 a 1 e nada mais a declarar. Uma grande atuação alemã frente à uma apática seleção brasileira, que precisa se reinventar, neste sentido, prometo um texto bem completo em breve. Provavelmente, após a Copa. Para a Alemanha, que não vinha massacrando, a vitória categórica na semifinal apresenta a força da equipe para ganhar o tetra, depois de 24 anos. Do outro lado, seja Holanda ou Argentina, o favoritismo será da Nationalelf, porém, mais uma vez, o jogo se apresentará como um grande desafio, que pode se tornar algo fácil, como aconteceu contra o Brasil, graças à qualidade do grupo de Löw.

sábado, 5 de julho de 2014

Copa do Mundo – Dia 24

A Redenção do Artilheiro 

 Higuaín bateu no peito e chamou a responsabilidade, em mais uma partida difícil para a Argentina (Matthias Hangst/Getty Images)

A Argentina segue passando de fase, mesmo sem convencer. Mas, contra a Bélgica, a Albiceleste conseguiu uma exibição correta, uma das melhores no Mundial. Para conseguir jogar bem, Sabella mexeu e armou um 4-2-3-1, com a entrada de Biglia na composição com Mascherano na volância. Wilmots manteve o 4-1-4-1, mas optou por ter Mirallas entre os onze iniciais. 

Frente aos Diabos Vermelhos, os argentinos conseguiram recuperar Higuaín, que fazia Mundial abaixo daquilo que poderia entregar. O camisa nove até colaborava na movimentação sem bola e abria espaços para os companheiros. Mas centroavante vive de gols e o argentino ainda não havia balançado as redes. Na verdade, El Pipita não conseguia finalizações, ao todo, nas quatro partidas anteriores, apenas sete chutes, em 330 minutos em campo. Desta vez, uma no gol, outra ao lado e mais uma bloqueada. Para melhorar, a que foi no alvo, balançou as redes. No início da partida, uma bola espirou na zaga e se ofereceu na meia-lua, em chute de rara felicidade, Higuaín marcou o 1 a 0. 

Abrir o placar cedo, tranquilizou o jogo albiceleste e obrigou a Bélgica a buscar mais o ataque. Porém, mesmo terminando os 90 minutos com posse de bola maior (54.3%), não conseguia assustar o goleiro. Durante a partida, os Diabos Vermelhos finalizaram dez vezes: apenas uma no alvo, três interceptadas e seis para fora. Com esta pontaria, não daria para vencer a Argentina, que não pressionavam o rival, mas, quando a bola chegava em Messi, era sempre um risco para os belgas. 

Wilmots mexeu, colocou Mertens e Lukaku. Sem resultado, ousou e errou ao tirar o craque Hazard para colocar o ineficiente Chadli. Para confirmar a falta de ideias do técnico belga, no final, a seleção teve Van Buyten como centroavante, por, ao menos, uns 15/20 minutos. Faltou repertório no final, os Diabos Vermelhos apenas ficaram cruzando bolas na área (ao todo, foram 23 cruzamentos) e, como mostramos os números acima, a estratégia não resultou em perigo para Romero. 

Com o apito final, teve choro dos dois lados. Os belgas, que atingiram a fase imaginada, se frustraram, pois, provavelmente, esperavam melhor desempenho. A ótima geração do país não encantou na Copa, mas, depois de dois mundiais ausente, voltar e já chegar às quartas de final é uma boa marca. No lado argentino, o decisivo Higuaín, que teve a melhor atuação dele na competição, chorou muito. Na entrevista pós-jogo, El Pipita destacou: “O jejum não me incomodava, o que importa é ir avançando, agora, devemos seguir pensando partida a partida”. As lágrimas também poderiam ser de Sabella, que, por lesão, perdeu Di María, um dos seus jogadores mais importantes, para o restante da Copa do Mundo.

Herói improvável

Hoje, Robben deixou o protagonismo para Krul, que entrou para pegar pênaltis e pegou dois (Michael Steele/Getty Images)

Em Salvador, Holanda e Costa Rica também seria o confronto dos melhores técnicos da Copa do Mundo, Louis van Gaal e Jorge Luis Pinto. Para enfrentar a melhor defesa do Mundial 2014, o técnico holandês não teve dúvidas e, mais uma vez, mudou a forma de jogar. Veio o 3-4-2-1, com Kuyt, Wijnaldum, Sneijder e Blind formando a segunda linha, portanto, nenhum marcador clássico no centro do campo. À frente, Robben e Depay davam suporte à Van Persie. O comandante dos Ticos não mexeu na estrutura e manteve o 3-4-2-1 (muitas vezes, formando uma linha de cinco atrás), mas focou ainda mais na marcação.  

O planejado pelos treinadores se refletiu em campo. A Oranje dominou completamente a partida, durante todos os 120 minutos, sempre mais de 60% de posse de bola. Com um dos melhores da Copa, Robben fazendo boa partida, o controle do jogo se tornou chances e muitas oportunidades de gol. O problema foi a fraca exibição de Van Persie, pois, sem o jogador terminal bem, as finalizações normalmente vinham de fora da área. Além do camisa 11, Sneijder também tinha boa atuação e sempre conseguia descolar um passe interessante para algum companheiro. De 85 toques tentados, o número dez acertou 70, sendo que 17 deles foram no último terço.  

Não por acaso, a defesa da Costa Rica é a menos vazada da Copa, com apenas dois gols sofridos. O goleiro Keylor Navas mostrou porque é o melhor do Mundial e fez oito defesas, além de contar com a trave em dois momentos, em arremates de Sneijder, que fez sua melhor partida na competição. Eventualmente, os Ticos chegavam em contra-ataques. O homem mais avançado, Joel Campbell recebeu apenas cinco passes no último terço do campo, nenhum deles dentro da área.

Apesar de tentar de todos as formas, a bola não entrou. E, na reta final do jogo, durante a prorrogação, o massacre holandês foi ainda maior. Porém, mesmo assim, o jogo terminou 0 a 0. Antes do apito final, mais uma vez, Louis van Gaal participou da partida de forma decisiva. O técnico tinha um trunfo no banco: o goleiro Krul, de 1,93m, que, durante toda a preparação para a Copa, sabia que, se houvesse decisão por pênaltis, entraria. O desempenho do goleiro do Newcastle não é fascinante em penais, pois, dos últimos 20 batidos contra ele, havia parado apenas dois. Porém, colocá-lo em campo foi uma estratégia do técnico holandês e do treinador de goleiros, Frans Hoek para criar um fato novo, tendo um jogador preparado quase como o especialista para a situação.  

A estratégia deu muito certo. Nas cinco cobranças dos Ticos, Krul acertou o canto de todas e igualou o desempenho que teve nas 20 cobranças anteriores. Com as duas defesas, o “especialista” garantiu a vitória holandesa, pois seus compatriotas acertaram todas as batidas, sem dar chances para o ótimo Keylor Navas. A troca de goleiros, que deu resultado, também causou polêmica. O titular Cilessen reclamou de sair, mas, segundo os especialistas em futebol holandês, depois da partida, pediu desculpas e reconheceu que errou ao chiar.  

O 4 a 3 fez justiça ao que foi o jogo, pois a Oranje não merecia perder, massacrou a Costa Rica. Porém, como disse Keylor Navas, ao final da partida, os Ticos devem voltar para casa “com muito orgulho”. No mesmo sentido foi a fala do técnico Jorge Luis Pinto, que foi muito bem no Mundial, levando a equipe às quartas de final, eliminando Itália e Inglaterra. No lado vencedor, fica a clara noção de que Van Gaal conhece muito bem seus 23 convocados (no Brasil, 21 já entraram em campo) e sabe as opções que eles oferecem ao time. Para encarar a Argentina, não acredito que o técnico repetirá a escalação, pois tentará dar mais poder de marcação ao centro de campo da Holanda.