Para Negredo, o caminho da Copa está passando pelos ótimos desempenhos em Manchester (Alex Livesey/Getty Images)
O último post do blog foi sobre camisas nove e este também será, falarei especificamente da lacuna na seleção espanhola. Na verdade, uma fraqueza que é recente, mas que não deverá durar até o Mundial. Pois, ao contrário dos últimos tempos, hoje, a roja tem opções para comandar o ataque na Copa de 2014 e Vicente del Bosque não terá tanta facilidade para escolher os homens de frente espanhóis, que virão ao Brasil neste ano.
Esqueça Villa e Fernando Torres, que formaram o ataque campeão da Euro 2008, quando, com Luis Aragonés (falecido nesta semana, uma dica: a homenagem do Xavi ao técnico, no El País, está sensacional), a Espanha apostava em um 4-4-2 – o primeiro foi o artilheiro e o segundo decisivo na final. A dupla também esteve no Mundial de 2010, mas, desta vez, só Villa foi titular o tempo todo (acabou artilheiro novamente), pois o camisa nove chegou com alguns problemas físicos, por conta de uma cirurgia no joelho às vésperas da Copa. Ainda por cima, Vicente del Bosque apostava em um 4-2-3-1. Porém, atualmente, ambos estão longe do nível que estiveram até 2010 e podem tranquilamente serem descartados.
A formação tática atual é o 4-3-3, portanto, o espaço para o centroavante segue ali, mas o nome está indefinido por enquanto. Além dos dois principais nomes do ataque no último Mundial, Soldado, Negredo e Llorente se revezaram como reservas na Copa de 2010, na Euro 2012 e na Copa das Confederações de 2013. Porém, os três jogadores, que mudaram de clube e de país na última janela de transferência, vivem momentos bem diferentes. O mais caro deles, Soldado não se firmou e perdeu espaço no Tottenham. Negredo, que também custo bastante para o City, está jogando muito bem na Inglaterra e, ao lado de Agüero, é titular do ataque dos citzens. Llorente não começou absoluto na Juventus, mas agora se firmou e cresceu de produção.
Diego Costa teve ótimo ano em 2013 e surge como forte candidato a uma das vagas no ataque da Espanha (AP Photo/Paul White)
Na seleção a história é semelhante, Soldado, que chegou a ser titular na Copa das Confederações, perdeu a posição durante a competição e ficou sem espaço na Espanha. Portanto, Llorente e, principalmente, Negredo se colocam como principais opções de centroavantes já conhecidos de Vicente del Bosque e estariam bem próximos da convocação à Copa. Mas, neste ano, uma alternativa surgiu com muita força, Diego Costa, que recentemente rechaçou o interesse de Felipão e optou por jogar pela roja.
O jogador do Atlético de Madrid é a nova opção que não dá tranquilidade aos velhos conhecidos de Vicente del Bosque. O hispano-brasileiro é, dentre as opções espanholas, o que tem mais gols na temporada (veja a tabela no final do post) e tem sim boas chances de deixar Llorente ou Negredo de fora da Copa. Acredito que o técnico espanhol escolherá apenas dois centroavantes para o Mundial, pois recentemente, a roja alinhou várias vezes sem um nove clássico.
Além disso, a Espanha ganhou notoriedade no futebol mundial pelos meias que produz. Por isso, quanto mais meias puderem ser convocados, mais fácil será para Del Bosque fazer a difícil escolha. Deixando de lado os volantes, como Javi Martínez, Sergio Busquets e Xabi Alonso, ainda são muitas opções que estiveram nas grandes competições vencidas pela roja nos últimos anos: Xavi, Iniesta, David Silva, Santi Cazorla, Jesús Navas, Juan Mata e Pedro Rodríguez. Também não podemos esquecer de Koke e Thiago Alcántara, que estão muito bem em Atlético de Madrid e Bayern de Munique, respectivamente. E, se tiver mais espaço no Real, Isco poderá pleitear uma vaga. Portanto, mesmo que haja muitas vagas no meio-campo, Del Bosque não terá vida fácil.
Alternativa do falso nove
Mas está enganado quem pensa que ter só dois noves clássico na convocação limitará o técnico à dois nomes no centro do ataque. Fàbregas é o jogador para ser o falso nove da roja. Cesc já se posicionou no meio do ataque algumas vezes (na Euro 2012, por exemplo) e costuma fazer este papel no Barcelona, quando Messi não está em campo. Dos 22 jogos que entrou em campo nesta temporada, o camisa quatro blaugrana foi falso nove por dez vezes, marcando três gols e cedendo duas assistências. Apesar de não decepcionar no ataque, quando joga na dele (meia-central), Fàbregas rende mais. Por dar opções para Del Bosque, Cesc deve ser mais um dos meias da equipe e, ao mesmo tempo, o terceiro atacante do grupo.
Acredito que de início, a Espanha alinhará no 4-3-3, com um centroavante clássico no meio da defesa adversária, para dar opções diferentes ao “tiki-taka” espanhol, como jogadas de bolas aéreas. Mas, em algumas partidas do Mundial, o falso nove com Fàbregas será uma alternativa bem interessante.
Jogador
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Gols
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Assists
|
Jogos
|
Finalizações p/ jogo
|
Porcentagem de Passes completos
|
Álvaro Negredo (Manchester City)
|
14
|
4
|
28
|
2,5
|
75,6%
|
David
Villa (Atlético de Madrid)
|
11
|
3
|
25
|
2,1
|
71,7%
|
Diego Costa (Atlético de Madrid)
|
24
|
4
|
25
|
3,5
|
75,5%
|
Francesc Fàbregas (Barcelona)
|
8
|
11
|
26
|
1,5
|
85,5%
|
Fernando Llorente (Juventus)
|
11
|
3
|
24
|
2,2
|
73%
|
Fernando Torres (Chelsea)
|
6
|
2
|
20
|
1,7
|
59,9%
|
Roberto Soldado (Tottenham)
|
8
|
4
|
22
|
2,4
|
74,7%
|
*números disponíveis no site WhoScored.com e que só englobam
competições europeias (Liga dos Campeões e Liga Europa) e ligas nacionais.