domingo, 20 de setembro de 2015

“Eu não consigo jogar”

Cena cotidiana: Jack Wilshere caído após lesão (Getty Images)

A frase é resultado de uma viagem de ficção deste que vos escreve, mas não surpreenderia se fosse atribuída a Jack Wilshere. O meia-central do Arsenal e da Inglaterra acumula a 12ª lesão na carreira, sendo que as seis últimas – incluindo a atual – roubaram/roubarão 379 dias de futebol das temporadas de 2013-14, 2014-15 e 2015-16 do jogador. 

A mais recente lesão não é nova, é a mesma na fíbula da perna esquerda, que apareceu em agosto de 2015. Porém, na época, a primeira opção do jogador e do departamento médico gunner foi tentar a recuperação sem uma intervenção cirúrgica. Agora, depois de seis semanas, com a não evolução do quadro, a decisão foi partir para a operação, que o deixará fora até o final de 2015. 

Com lesões seguidas, aquele que, por muito tempo, foi considerado pela imprensa inglesa “o jogador mais talentoso surgido na Inglaterra desde Wayne Rooney” não consegue atingir este nível imaginado para ele. Mas não há como negar que Wilshere alcançou um patamar importante no futebol mundial. Afinal, quando tem condições, é titular em um dos gigantes ingleses e no English Team

Se as lesões o impedem de dar um passo à frente, por outro lado, um dos grandes especialistas em Arsenal, John Croos, do Daily Mirror, enxerga algo positivo nisso. O jornalista, que está muito próximo do dia a dia gunner, vê Wilshere mais forte a cada recuperação. Ele, inclusive, acha que, se não tivesse passado por tantos momentos ruins, o camisa dez do Arsenal não estaria no nível que está hoje. 

Talvez, outro jogador utilizasse a frase título deste post como justificativa para uma queda de patamar futebolístico ou até para uma desistência do esporte. Mas Wilshere não. Apesar de seu corpo parecer incapaz de suportar a exigência do futebol de alto nível, o camisa dez gunner mostra uma força mental, praticamente, inatingível. É com isso e com muito apoio da comunidade futebolística que ele conta para se recuperar. 

O capitão do Arsenal, Mikel Arteta, é um daqueles que confia em Wilshere e tem certeza que o meia-central terá “uma carreira maravilhosa pela frente”. Ao que tudo indica, a mente do dez gunner está apta para superar cada obstáculo, que o corpo insiste em colocar pelo caminho.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Douglas Costa: moderno e antigo

No início na Alemanha, Douglas tem ignorado os marcadores e recebido diversos elogios (AFP)

Ironizado por muitos e desconhecido por tantos outros no Brasil, Douglas Costa chegou ao Bayern de Munique nesta temporada e já chama atenção. O brasileiro não sente o peso da responsabilidade dos 30 milhões de euros investidos em seu futebol e joga o quanto precisa para afastar as desconfianças. 

Douglas Costa é canhoto, extremamente veloz, habilidoso e não tem medo de confrontos um contra um. O brasileiro foi contratado como alternativa ao famoso dueto bávaro, Robery (Robben e Ribéry), principalmente para substituir o francês, que vem sofrendo com constantes lesões. Neste início de 2015-16, o gaúcho já apareceu na ponta direita e na ponta esquerda, mas se destacou mesmo por atuar como um ponta antigo pelo lado canhoto do ataque bávaro. 

Ponta à moda antiga? Sim, pois, ao contrário das atuais referências na posição – Robben, Hazard, Neymar –, Douglas Costa não atua com pé invertido. O canhoto tem chamado mais a atenção jogando pela esquerda e indo ao fundo para cruzar. Uma característica pouco comum ao futebol moderno, mas que dá muito certo no atualizadíssimo Bayern de Munique de Pep Guardiola. Os números refletem esse sucesso: nos primeiros três jogos da Bundesliga, o camisa 11 soma quatro assistência e um gol – lidera a Liga Alemã no primeiro quesito. 

Com cinco participações em gols do Bayern, o gaúcho é responsável direto por 50% dos tentos anotados pela equipe de Munique, nas três partidas iniciais do campeonato. Apenas Thomas Müller, com os cinco gols anotados – três deles marcados após passe de Douglas Costa –, tem importância igual a do brasileiro no ataque bávaro. 

O bom desempenho inicial tem dois motivos óbvios: a qualidade do jogador e a confiança de Pep Guardiola no futebol dele. Dentro das diversas variações do catalão, neste começo de temporada, Douglas Costa como titular é uma das certezas. Isso somado aos ótimos números e ao bom nível de futebol apresentado, garantiram o prêmio de melhor jogador da Bundesliga no mês de agosto. 

Logo após a estreia do brasileiro, Pep Guardiola declarou estar muito feliz com desempenhos do novo camisa 11 dos bávaros. “O Bayern fez uma ótima aquisição com o jovem Douglas Costa. Ele pode jogar tanto pela ponta direita, quanto pela esquerda. Ele tem a visão necessária para ter sucesso jogando centralizado também. Nos próximos dias, ele vai receber um monte de elogios pelo seu desempenho, mas é o nosso trabalho ajudá-lo a permanecer com os pés no chão”. 

A largada em grande estilo na Alemanha mostra ao Brasil que Douglas Costa é excelente opção aos canarinhos. Além disso, com os constantes problemas físicos de Ribéry e Robben (ambos estão fora das próximas partidas), a possibilidade é muito grande de que o bom início se concretize em uma temporada sendo muito relevante no elenco bávaro. A seleção brasileira e Pep Guardiola apostam nisso.