domingo, 21 de agosto de 2011

Campeão mas e aí?

 Seleção verde e amarela é campeã Mundial sub-20, em 2011, mas e aí? (AP Photo)

O comentarista da Rádio Globo SP, Marcelo Bechler postou em seu twitter logo após o título brasileiro: “Ganhar título é bom e dá esperança. Mas o que o Sub-20 d Brasil deixa para o time principal?” e lembrou 2009, quando o time foi vice-campeão, “Só Ganso vingou. Trabalho parece ser focado em formar time para campeonato e não jogador pro futuro”, completa o jornalista.

E é baseado nessa pergunta que faço este post, como o amigo lembrou a seleção ganesa deve ser o exemplo: campeã em 2009 e com cinco campeões no sub-20, na equipe que foi à África do Sul para disputar a Copa do Mundo de 2010. O goleiro Adjei, o lateral-direito Inkoom, o zagueiro Jonathan Mensah, o meia-atacante André Ayew e o atacante Adiyiah, artilheiro e Bola de Ouro da conquista, contrato pelo Milan, que não se firmou em Milão e vive sendo emprestado desde então.

O Brasil levantou a taça mudando de esquema tático durante a competição, o 4-2-3-1, esquema da principal de Mano Menezes durou apenas uma partida – o empate na estréia por 1 a 1, com o Egito. E Ney Franco optou pelo 4-3-1-2. A dupla ofensiva foi formada por Willian José, destaque no Sul-Americano que não esteve tão bem no Mundial e seu companheiro de São Paulo, Henrique, que fez o caminho inverso e se destacou na Copa do Mundo, levando além do título, a Bola de Ouro e a Chuteira de Ouro, assim como o ganês Adiyiah dois anos antes. O desafio do artilheiro verde e amarelo é seguir caminho inverso do sucessor na conquista dos prêmios.

Craque é quem decide, Oscar provou isso e se destacou mais na reta final da Copa do Mundo sub-20 2011 (AP Photo)

Mas não é o Bola de Ouro oficial do Mundial de 2011 que é a principal esperança e sim, Oscar. O meia-atacante do Internacional começou o torneio devagar, cresceu ao longo da competição e coorou sua participação com um hat-trick decisivo, no  3 a 2, contra Portugal. A expectativa ao redor do jogador aumenta a cada dia, pois sua evolução após o Sul-Americano no começo do ano é clara. Na disputa continental, Oscar foi ofuscado por Neymar e Lucas. Sem eles na briga pelo mundo, foi o colorado quem assumiu o protagonismo, deixando para trás Philippe Coutinho.

O jogador da Internazionale chegou com status de craque ao Mundial, vestiu a camisa dez e largou bem, mas falhou na reta final – inaceitável pra quem deveria ser o craque verde e amarelo. O futuro de Coutinho ainda deve ser promissor, mas a sua apatia na fase decisiva da competição assusta um pouco. Os nerazzurri já sinalizaram com um empréstimo de Cout para que ele ganhe mais experiência, pois em Milão parece que mais uma vez não terá espaço para evoluir, o que ele realmente teve apenas com Rafa Benítez.

Além da dupla de meias-atacantes, essa seleção teve alguns outros bons prospectos. O volante Fernando do Grêmio, que ainda não conquistou seu espaço no clube gaúcho e o bom desempenho com a sub-20 poderá ajudá-lo com isso. Dudu, do Cruzeiro, pode ser chamado de décimo segundo jogador da conquista, algo que ele poderá assumir na raposa assim que voltar ao Brasil. O lateral/volante santista Danilo, vendido ao Porto recentemente, por sua versatilidade foi recentemente convocado por Mano Menezes à seleção principal e outro que parece ter um futuro bastante interessante. O segundo volante Casemiro não foi brilhante durante a campanha campeão, mas é um dos principais nomes da geração e já se destaca há tempos no São Paulo e também fez isso no Sul-Americano sub-20 no início do ano.

De todos esses nomes citados. Destaco Danilo, Casemiro, Oscar e Coutinho como aqueles que têm o futuro mais brilhante dentre os 23 nomes que participaram da campanha campeã. Mas, julgo bastante improvável que todos eles estejam vestindo juntos a camisa verde e amarela durante a Copa do Mundo de 2014. Portanto o questionamento é muito válido, pois mesmo tendo três para amadurecer esta geração, é muito difícil que tenhamos participações de campeões mundiais sub-20 com a quantidade que Gana teve, um ano após levantar a taça.

3 comentários:

  1. Discordo um pouco de você, amigo. Acho que a sub-20 deixa uma herança boa.

    Reformular as seleções de base é algo que leva tempo. Este trabalho do Ney merece todos os elogios. Primeiro por querer revelar jogadores e ter descartado Neymar e Lucas, que já estão prontos para a seleção principal.

    Segundo por ele ter iniciado um processo de profissionalização nas categorias de base. Na maioria das vezes, a molecada chegava no campeonato sem grande estrutura e o time não tinha a menor organização tática. Claro que é bom ter um estilo próprio, mas isso só vai ser adquirido com o tempo.

    O trabalho do Ney Franco foi ótimo e deixou uma herança muito boa para a seleção principal e clubes brasileiros. O atacante Dudu ganhou experiência e deve voltar como titular no Cruzeiro. Oscar, preterido por Falcão, mostrou o quanto é bom e retorna ao Inter com status de estrela do time.

    Mundial Sub-20 tem de dois em dois anos. É utopia querer aproveitar todos os jogadores. Se der pra aproveitar quatro, já será excelente. A turma de 2009 poderia ter rendido mais se tivesse um trabalho de base melhor, com profissionais de qualidade na área, e se alguns jogadores escolhessem melhor os clubes. Douglas Costa, Giuliano e Alex Teixeira poderiam ter um futuro bem melhor se não tivessem ido para o leste europeu. Mesmo com este trabalho desorganizado, a seleção principal aproveitou o Ganso e também o Sandro (Tottenham), que jogou o Sul-Americano e foi cortado do Mundial Sub-20 a pedido do Internacional.

    Faltava um pontapé inicial para a profissionalização das seleções de base e o Ney Franco mostrou o caminho. Ainda é pouco, mas é um começo e merece ser valorizado.

    Abs!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Rabelo,

    É por aí mesmo, não abordei no texto, mas tô contigo nesse ponto do Ney Franco estar fazendo um trabalho muito necessário e que já proporciona resultados, alcançando a profissionalização da base. Algo que é necessário nos dias de hoje. Vide Uruguai, Espanha e Alemanha. Essas seleções, talvez sejam os maiores exemplos para o Brasil e, assim como aconteceu com a nossa seleção, no último Mundial poucos jogadores se estabilizaram na seleção principal de seus países.

    Sobre o último Mundial, concordo com os nomes que você falou, acho que aos poucos ganharão seu espaço. Giuliano já tem até uma assistência na seleção principal com Mano, mas, fica claro que escolheu o time errrado, pois o seu Dnipro não consegue grandes resultados europeus, limitando o nível de observação de seu futebol.

    E confesso que acredito nos cinco jogadores citados no texto, acho que todos poderão ter uma extensa carreira com a amarelinha. Algo que já seria muito bom.

    Grande abraço

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