sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os melhores do mundo de 2013

Assim como no ano passado, peguei carona com o prêmio FIFA Ballon d'Or e escolhi os melhores jogadores do ano. O vencedor do troféu dado pela entidade máxima do futebol será anunciado no FIFA Gala, no dia 13 de janeiro. A disputa está entre Cristiano Ronaldo (vencedor em 2008), Franck Ribéry e Lionel Messi (Atual tetracampeão do prêmio). A festa será apresentada pela brasileira Fernanda Lima e pelo holandês Ballon d’OR em 1987, Ruud Gullit.

Em 2014, desejo montar a lista ao final da temporada europeia 2013-14, portanto, ao final da Copa do Mundo do Brasil, em julho. Desta forma, a disputa fica mais clara e acompanha o calendário do melhor futebol do mundo. Por enquanto, vamos aos 15 melhores jogadores do planeta em 2013:

 Chamado de comandante pelo presidente da FIFA, Sepp Blatter, Cristiano Ronaldo cumpriu a missão e é novamente o melhor do planeta (El País)

1°- Cristiano Ronaldo (Real Madrid-ESP – Portugal): 

 Mais fazedor de gols do que nunca, Ronaldo tem números incríveis em 2013 (69 gols), apesar de só ter conquistado a Supercopa da Espanha. Ora ponta-esquerda, ora segundo atacante, o português decidiu para Portugal e Real Madrid. Pelos merengues, o camisa sete vem de uma temporada que foi vice-artilheiro de La Liga com 34 gols e liderou a Liga dos Campeões no quesito, com 12. No segundo semestre, o desempenho de Cristiano Ronaldo é ainda melhor: artilheiro da LC com nove gols e o segundo da Liga com 18. Além disso, em 2013, pela seleção das quinas, o camisa sete tem seus melhores números, foram dez gols em nove jogos – ao todo, 47 gols, que, agora, o colocam como maior artilheiro da história dos lusos. Nas duas partidas mais importantes do ano, os jogos contra a Suécia, que valiam vaga para a Copa de 2014, foi CR7 quem decidiu. Ele marcou um gol no jogo de ida e outros três na volta, todos os quatro dos portugueses, que venceram no placar agregado por 4 a 2 e se garantiram no Mundial de 2014. 

Ribéry e o troféu de melhor jogador da temporada europeia, em 2012-13 (Getty Images)

2°- Franck Ribéry (Bayern de Munique-ALE – França): 

Ponta-esquerda e estrela no 4-2-3-1 de Jupp Heynckes e no 4-1-4-1 de Pep Guardiola, Ribéry foi decisivo para os cinco títulos dos bávaros em 2013 e para ótima largada neste segundo semestre. Habilidoso, com ótima visão de jogo e finalização precisa, o francês tem um jogo muito vertical e, com seus dribles e passes, sempre busca o gol. Mas não foram os gols que chamaram a atenção em seu jogo, o camisa sete se destacou mesmo nos passes decisivos. Na temporada que terminou no meio do ano, Ribéry liderou a Bundesliga com 15 assistências e ainda cedeu outras cinco na Liga dos Campeões. No segundo semestre, apesar de uma lesão, o melhor jogador da Europa em 2012-13 segue sendo o principal e mais decisivo jogador do elenco bávaro. 

3°- Lionel Messi (Barcelona-ESP – Argentina):

Messi esteve longe do nível de anos anteriores, porém, isto não significa que não mereça estar próximo do topo de qualquer lista de melhores futebolistas do mundo. O que o argentino fez foi nos acostumar mal: jogando todos os jogos, fazendo um gol atrás do outro e sendo decisivo sempre. Em 2013, não foi assim, mas “La Pulga” marcou 45 vezes e cedeu 15 assistências, ótimos números para quem jogou apenas 47 partidas. As lesões atrapalharam, porém, mesmo assim, o argentino foi fundamental para o Barcelona vencer a Liga Espanhola com grande facilidade e, quando ele esteve fora, o time caiu muito de rendimento. O final precoce do ano tirou o camisa dez blaugrana da disputa em 2013, mas deve ajudá-lo a voltar no nível mais alto do futebol em 2014, ano em que terá a chance de, finalmente, ser importante para a albiceleste em uma Copa do Mundo.

4°- Zlatan Ibrahimovic (Paris Saint-Germain-FRA – Suécia):

Todos sabem que o grandalhão é extremamente egocêntrico, mas o que chama a atenção mesmo é o futebol, que alia força física, muita técnica e uma capacidade de finalizar as jogadas de qualquer maneira. Em 2012-13, Ibrahimovic chegou ao PSG e, com ele, o time venceu a Ligue 1 e a Supercopa, voltando a ser soberano na França. No título do campeonato local veio o artilharia com 30 gols e, além disso, o sueco foi o principal responsável pelo sucesso dos parisienses na Liga dos Campeões (pararam nas quartas), onde liderou em assistências, com sete passes. Neste segundo semestre, o desempenho também impressiona. A artilharia do Campeonato Francês é dele, com 15 gols e o PSG é o líder da disputa. Em âmbito europeu, Ibra é o vice-artilheiro da LC, com oito gols. Porém, o brilho não ficou apenas no clube, na seleção o nível do jogo também impressiona, são nove gols, em onze partidas. Porém, também teve uma grande frustação em 2013 com a Suécia: mesmo marcando duas vezes, o camisa dez foi superado por Cristiano Ronaldo e o seu país eliminado na repescagem para vir ao Brasil em 2014. 

Schweinsteiger tem o controle total do meio-campo, bola no pé e olhos no jogo (Getty Images)

5°- Bastian Schweinsteiger (Bayern de Munique-ALE - Alemanha): 

Se havia um jogador fundamental ao Bayern de Munique, de Jupp Heynckes, este era Schweinsteiger. O camisa 31 fazia a saída de bola da equipe, era o volante que chegava mais forte ao ataque e ainda participava ativamente da marcação pressão na saída de bola rival. A característica de grande passador ficou clara nas quatro assistências na Liga dos Campeões, mas Schwein não era capaz apenas do último passe, ele tinha a facilidade para simplificar o trabalho dos companheiros, sempre os deixando em melhores condições para jogar. Infelizmente, o craque alemão se lesionou no início do trabalho de Pep Guardiola e perdeu, praticamente, todo o segundo semestre do ano. A combinação do catalão com Schweinsteiger parece ser capaz de colocar o jogador, que já um dos melhores do mundo, alguns níveis acima no ranking futebolístico no planeta. 

6°- Philipp Lahm (Bayern de Munique-ALE – Alemanha): 

Capitão do Bayern, que ganhou tudo na temporada 2012-13, Lahm se concretizou como melhor lateral do mundo. Em 2013, o alemão mostrou, mais uma vez, muita segurança na defesa. Porém, o camisa 21 está nesta lista não apenas pela boa participação na linha defensiva dos bávaros e da Alemanha, e, sim, porque conseguiu ser perigoso quando era exigido no ataque. No título da Bundesliga, cedeu onze assistências – segundo melhor da liga. Neste início de 2013-14, Lahm passou a ser volante e o homem mais defensivo do meio-campo bávaro. No esquema de Pep Guardiola, o ex-lateral agora é o responsável pela saída de bola da equipe. Na nova função, o capitão segue mostrando ótimo nível de futebol e, dificilmente, falha no passe em zonas perigosas, dando segurança para os companheiros tocarem nele sempre que for necessário.
 
O sorriso de Yaya Toure é o resultado de mais um ano com bons desempenhos (Getty Images)

7°- Yaya Touré (Manchester City-ING – Costa do Marfim): 

Dono do meio-campo do Manchester City, Yaya Touré, se habitou a jogar ou como volante ou como meia-atacante pelo centro. Porém, com a chegada de Manuel Pellegrini e o uso prioritário do 4-4-2, o marfinense tem formado ótima dupla na volância com Fernandinho. Entre os dois, é o camisa 42 que colabora mais com a armação seja com velocidade, força ou técnica. Defensivamente, também é importante, pois, dificilmente, perde disputas um contra um. Em 2013, o capitão dos citzens agregou ótimas cobranças de falta ao próprio jogo – um diferencial a mais. No dia nove de janeiro, Yaya Toure deve se tornar o primeiro jogador a ser tricampeão do prêmio de melhor jogador africano do ano, desde que a premiação passou a ser oferecida pela Confederação Africana de Futebol, em 1992. Ou seja, este marfinense é um craque.

  Van Persie comemora contra o ex-time, a vitória contra o Arsenal, com gol do holandês, foi um dos raros bons momentos no segundo semestre dos red devils (Tom Purslow/Getty Images)

8°- Robin van Persie (Manchester United-ING – Holanda): 

Van Persie deixou o Arsenal para conquistar títulos no Manchester United. A missão foi cumprida, hoje, o camisa 20 é campeão da Premier League e da Community Shield, portanto, ele não seria campeão, se não tivesse ido para Manchester. Porém, na verdade, a ordem da sentença é outra: sem o holandês, os red devils não teriam vencido o Campeonato Inglês. Ao todo, em 2012-13, Van Persie marcou 26 gols e cedeu nove assistências e foi o mais decisivo entre todos os comandados da última temporada de Sir Alex Ferguson. O técnico escocês utilizou o centroavante de duas formas no 4-4-1-1 tradicional na equipe, ora era o jogador mais avançado, ora atuava atrás do outro homem frente. Em ambas situações, o holandês foi o diferencial para a conquista. Neste segundo semestre, Van Persie largou muito bem e manteve o nível da temporada anterior, tanto no clube como na seleção. Mas, depois de iniciar bem, algumas lesões atrapalharam a sequência de jogos e o camisa 20 red devil caiu alguns patamares nesta disputa.

9°- Gareth Bale (Tottenham-ING / Real Madrid-ESP – País de Gales): 

O galês foi responsável por manter o Tottenham na briga pela quarta vaga inglesa na Liga dos Campeões até a última rodada. Os spurs não se classificaram à LC, mas a culpa com certeza não foi de Bale, que ficou em terceiro na artilharia da Premier League, com 21 gols e ainda cedeu quatro assistências. Veloz como poucos e dono de canhota especial, o camisa onze teve ótimos desempenhos tanto na ponta-esquerda, como jogando pelo centro no 4-2-3-1 do Tottenham. Jogar mais pelo meio foi uma alternativa pensada para deixa-lo mais perto do gol, afinal, os companheiros de clube não tiveram tanta facilidade para marcar quanto ele. Além de balançar as redes com bola rolando, o galês também conseguiu vários gols de falta. Mas o ano ainda teve a transferência por valor recorde de mais de 100 M € para o Real Madrid. Nos merengues, jogando mais à direita, Bale já se encontrou e é um perigo aos adversários, principalmente, nos passes decisivos, pois os gols são de Cristiano Ronaldo, em Madri.

 Quatro: este foi o número de gols que Lewandowski marcou contra o Real Madrid, em um jogo de semifinal de Liga dos Campeões (AP Photo)

10°- Robert Lewandowski (Borussia Dortmund-ALE – Polônia):

Na ótima temporada do Borussia Dortmund, em 2012-13, ninguém fez tantos gols quanto Lewandowski, liderou o clube e foi vice-artilheiro da Liga dos Campeões e da Bundesliga, somando 34 gols nestas competições – inclusive, aqueles quatro gols contra o Real Madrid, na semifinal da LC, que garantiram o Dortmund na decisão. Porém, o camisa nove, é mais um homem de área que também consegue contribuir fora dela. É fundamental ao esquema de jogo do técnico Jurgen Klopp, pois é o jogador da primeira pressão na saída de bola adversária e se movimenta muito, dando espaço para o trio de meias. Neste segundo semestre, Lewandowski segue fundamental aos aurinegros, e, até aqui, tem 11 gols na Bundesliga, liderando a artilharia da competição. Além disso, tem quatro gols na Liga dos Campeões, que ajudaram o Dortmund a alcançar a segunda fase da disputa europeia. 

Neymar recebeu a camisa dez da seleção brasileira e, com ela, correspondeu na Copa das Confederações (EFE)

11°- Neymar Júnior (Santos-BRA / Barcelona-ESP – Brasil): 

Neymar levou o Santos até a final do Campeonato Paulista e, após a saída do craque, o alvinegro praiano passou por um redimensionamento de objetivos, mostrando a importância do jogador. Com Felipão na seleção, Ney seguiu sendo o principal jogador brasileiro, em 2013, dez gols e oito assistências com a amarelinha. Já vendido ao Barcelona, o camisa dez não decepcionou na Copa das Confederações e foi decisivo: quatro gols, quatro assistências e o prêmio de melhor jogador na disputa, que acabou com título dos canarinhos. Depois de ser decisivo na grande competição entre seleções do ano, Neymar chegou e logo se tornou titular na Catalunha. Um gol do camisa onze blaugrana decidiu a Supercopa da Espanha para o Barcelona e, desde então, são as assistências de Ney que o mantém entre os melhores de 2013. Para fechar o ano em grande estilo, o brasileiro anotou o primeiro gol na Liga dos Campeões, na última partida do ano. No 6 a 1 frente ao Celtic, Neymar não fez um só, foram logo três e ainda um passe decisivo. Está em casa no Barça.

12°- Luis Suárez (Liverpool-ING – Uruguai):

Vestindo o vermelho do Liverpool ninguém joga tanto quanto Luis Suárez nos últimos dois anos. O uruguaio é capaz de resolver partidas sozinho, mesmo quando o restante da equipe não vai bem, algo comum na história recente do clube. Em 2012-13, veio a vice-artilharia da Premier League com 23 gols e, neste ano, é o atual artilheiro da competição com 19 gols. Ao todo, em 2013, Luisito já anotou três hat-tricks – em um deles, marcou quatro vezes. Um jogador que decide jogos e marca tantos gols merecia um posto mais avançado neste ranking, porém, além do bom desempenho, Suárez cria problemas em campo. O camisa sete dos reds tem comportamento explosivo e, constantemente, é expulso. Recentemente, ficou suspenso por dez jogos e não pôde ajudar o Liverpool e melhorar seus números, o que o colocaria à frente nesta lista.

13°- Andrés Iniesta (Barcelona-ESP – Espanha): 

O Camisa oito blaugrana é, mais um, que não teve a melhor temporada da carreira, porém teve bons desempenhos e segue entre os melhores do mundo. Com o declínio físico do principal parceiro no clube e na seleção, Xavi, Iniesta teve de assumir o protagonismo na construção de jogadas. Desta forma, o camisa seis da roja liderou a equipe ao vice-campeonato da Copa das Confederações 2013. Ainda em 2012-13, o meia contribuiu decisivamente para o único título do Barcelona na temporada, foram 16 assistências na conquista de La Liga. Porém, no segundo semestre, Iniesta não conseguiu engrenar, muitas vezes fica fora do time e, quando entra em campo, não tem tido o mesmo destaque de anos anteriores.

 Agüero vem deixando a marca dele na temporada 2013-14 (Getty Images)

14°- Sergio Agüero (Manchester City-ING – Argentina):

Podemos dizer que, nos últimos anos, Agüero foi o único titular absoluto do ataque do Manchester City. Mesmo, muitas vezes, jogando mais atrás, o argentino esteve sempre entre os onze iniciais. E, neste ano, o camisa 16 vem ainda melhor. Apesar dos citzens não terem terminado bem 2012-13 e largarem de forma claudicante 2013-14, Kun é uma das exceções. Rápido, habilidoso e goleador, o ex-genro de Maradona é, atualmente, o mais decisivo do elenco sky blue. O segundo semestre é impressionante, com a definição do 4-4-2 e jogando ao lado de centroavante (ora Dzeko, ora Negredo), Agüero cresceu e tem seis gols e duas assistências na Liga dos Campeões e lidera a artilharia do City na Premier League, com 13 gols.  

15°- Radamel Falcao García (Atlético de Madrid-ESP / Monaco-FRA – Colômbia):

O colombiano não teve o melhor ano da carreira, talvez, este tenha sido 2012, mas a atual temporada é boa. Falcao García é mais um jogador que mudou de clube durante a temporada. O primeiro semestre foi disputado pelo Atlético de Madrid, onde, com os seus gols de cabeça e com as duas pernas, contribuiu para o time retornar à Liga dos Campeões, depois de quatro anos ausentes. Porém, uma proposta milionária do novo rico Monaco, fez com que “El Tigre” topasse encarar um novo desafio. Na França, o centroavante é o principal jogador dos vermelhos e brancos, que desafiam o PSG pelo título da Ligue 1. Falcao García é o quarto artilheiro da Ligue 1, com 9 gols. Além de bons desempenhos por clubes, em 2013, o camisa nove ajudou a Colômbia retornar à Copa, após dois mundiais fora. O principal astro do país vestiu a camisa dos cafeteros em dez partidas e marcou cinco vezes – quatro destes gols foram nas Eliminatórias.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Enfermedades Futboleras 14

Esta é a última coluna do ano e ficarei de férias por um tempo em janeiro. O blog seguirá, pois tenho um texto agendado para o final do ano. A ideia deste resumo do futebol internacional, baseada em coisas que já existem na Europa, foi muito boa para mim. Me esforcei a acompanhar mais futebol, mais jogos e, por isso, falo sem medo: hoje, sei mais de futebol do que sabia antes. Os resultados de acessos não foram maravilhosos, porém, não posso reclamar. Portanto, seguiremos ano que vem.

O óbvio grito de “é campeão”

Com gols de Dante e Thiago o Bayern cumpriu a missão cinco e fecha o ano com cinco taças (FcBayern.de)

Contra o Raja Casablanca, contra o Atlético Mineiro, contra o Monterrey, contra quem quer que seja, hoje o Bayern é favorito. Neste sábado, Pep Guardiola optou por começar com Götze no banco e com Thomas Müller como falso nove. Apesar das mudanças e de um estádio que apoiava o adversário, os bávaros não tiveram problemas para alcançarem a vitória por 2 a 0. Sem forçar, com a marcação pressão, a movimentação dos meias e com 76 % de posse de bola, o time alemão deu poucas chances aos marroquinos. 

O Raja até assustou, em momentos que o Bayern pareceu se desligar do jogo, mas o gol não saiu. Independente do zero no seu lado do placar, o que os green boys fizeram na competição é histórico, pois nunca um time do país-sede havia chegado tão longe e, sem dúvida, superaram adversários mais fortes nesta caminhada. Além do resultado em campo, os marroquinos conseguiram emocionar a todos e uniram a torcida ao redor da equipe, que apoiou muito a equipe durante toda a competição. O corredor de honra armado pelos bávaros aos green boys foi emocionante e uma justa homenagem para fechar a participação histórica no Mundial. 

Portanto, sem dificuldades, os bávaros conquistaram o quinto título deste elenco na temporada: Bundesliga, Copa da Alemanha, Liga dos Campeões, Supercopa da Uefa e, agora, o Mundial de Clubes – faltou a Supercopa local para igualar o Barcelona de Guardiola, em 2008-09. Além de voltar campeão à Alemanha, o Bayern chegará com uma distância para o segundo colocado, Bayer Leverkusen, igual à que deixou quando viajou ao Marrocos, confortáveis sete pontos, com um jogo a menos.

Um 1 a 0 enorme

O cruzamento rasteiro de Guarín, a antecipação sobre Zapata e a finalização de letra de Palacio (Inter/it)

Inter e Milan não são mais os times que foram recentemente, o futebol italiano em si não é a potência que foi capaz de colocar três semifinalistas (os rivais de Milão estavam lá) e dois finalistas na Liga dos Campeões, em 2002-03. Mas um dérbi de Milão nunca será um jogo sem importância. Ambos em momentos ruins e tendo a partida como a última antes da parada de inverno, uma vitória seria fundamental, por isso, o jogo foi tão brigado. Mazzarri manteve a Inter no 3-5-1-1, com Guarín atuando atrás do móvel centroavante Palacio. O ameaçado Allegri armou o Milan com Kaká apoiando Balotelli no ataque.

Os dois homens mais avançados de ambos os times fizeram boas partidas e se esforçaram muito para criarem na frente. Afinal, na maior parte das vezes, o sistema defensivo adversário teve superioridade numérica nas disputas. Por conta das boas participações dos jogadores mais ofensivos, rossoneri e nerazzurri tiveram inúmeras chances, mas, quando chegaram, Abiatti e Handanovic fizeram boas defesas. O interista vacilou em algumas bolas cruzadas, porém, isto não prejudicou o desempenho dele. A diferença da Inter foram as mexidas que deram certo. Kuzmanovic entrou no lugar do cansado Zanetti, Kovacic na vaga de Taider e Icardi substituiu Cambiasso. A partir daí, os nerazzurri tiveram um 3-4-1-2, com Kovacic atrás da dupla de argentinos e com Guarín na linha de quatro meias. Com um parceiro no ataque e mais gente para chegar pelo meio – Kova e Guarín –, Palacio funcionou melhor.

O gol decisivo saiu em uma jogada que mostrou claramente a importância das mudanças: Guarín invadiu a área e cruzou rasteiro para o meio, onde o camisa oito nerazzurro apareceu para marcar de letra. “Foi o gol mais importante da minha carreira. Foi uma vitória que nos dá confiança, vamos de férias feliz", a definição do goleador da noite é muito válida, pois a Inter voltará da parada de inverno com um novo ânimo, enquanto o Milan entra em férias recheado de dúvidas, a principal delas: será que Allegri iniciará 2014 empregado?

O melhor atacante do mundo

Suárez sabe o caminho do gol, na Premier League, a artilharia é dele com 19 gols (Premier League)

Talvez Ibrahimovic seja tão importante para o próprio time, como Suárez é para o Liverpool. Porém, hoje, o camisa sete está um patamar acima. Especulado para sair durante a janela de transferências e suspenso no início da boa jornada dos reds na Premier League, atualmente nada lembra este início de temporada turbulento. Desde que voltou, o uruguaio atuou em 12 partidas da competição e marcou 19 vezes – mais do que os artilheiros de 1997-98 e 1998-99 –, e, agora, está de contrato renovado, para ganhara 200 mil libras por semana. Portanto, vive o mundo ideal. Neste final de semana, Luisito ajudou a recolocar o Liverpool na liderança da Liga – a primeira vez, desde 2008, que o time chega ao natal na ponta da tabela. 

Contra o Cardiff, o 4-3-3 do Liverpool teve o estilo de Brendan Rodgers: muita posse de bola (69%) e muitos passes trocados, foram 557, enquanto os rivais passaram entre si apenas 185 vezes. No 3 a 1, Suárez fez dois e, ainda mostrou companheirismo, ao sair na frente do goleiro e preferir a assistência para Steriling empurrar a bola para o gol vazio. Os três gols dos reds saíram na primeira etapa. Além do uruguaio, destaque para o autor do outro gol, que abusou da velocidade na ponta-esquerda, e os meias Henderson e Lucas Leiva. O brasileiro foi o homem do primeiro passe, 91 passes, com 93% de acertos, e, o inglês, participou dos três gols, com duas assistências e o passe que iniciou a jogada finalizada por Sterling.

Após o intervalo, o time se descuidou um pouco da defesa, fazendo muitas faltas e dando chances ao Cardiff cruzar bolas na área. Em um desses lances, veio o gol dos bluebirds, que poderiam até ter incomodado mais a vitória do Liverpool. Mas, o que chamou a atenção pelo lado galês, foram os protestos em Anfield. Os torcedores pedem a saída do proprietário, Vincent Tan, que além de investir no time, mudou as cores tradicionais e o escudo. A relação entre o dono e a arquibancada parece ter alcançado o limite, porém, nas várias vezes que foi focalizado, o asiático, que parece muito o PSY, não se mostrou incomodado com os diversos cartazes e cânticos dos galeses.

Sem problemas 

O atual tricampeão e vice-líder da Liga de Sagres, Porto recebeu o penúltimo colocado Olhanense, no Estádio do Dragão. Um gigante vindo de três títulos e um pequeno na zona de rebaixamento, o resultado foi um domínio total portista. No 4-3-3 do técnico Paulo Fonseca, destaque para o alto índice de posse de bola, inversão dos pontas e bom aproveitamento em bolas paradas. Apesar do 4 a 0 contrário, o goleiro rubro-negro Belec, que está emprestado pela Internazionale, fez boas defesas. Mas, o ponto alto foi a atuação do desconhecido brasileiro Carlos Eduardo, meia com mais liberdade para se juntar aos atacantes no sistema tático. Foi a segunda partida como titular do camisa e o desempenho foi impressionante: duas assistências (em cobranças de escanteio) e um golaço. A goleada mantém o Porto na perseguição do líder Sporting.

Com a cara de Mourinho

 Com pragmatismo, Mourinho está podendo sorrir no Chelsea. Hoje, alcançou o décimo jogo invicto contra Wenger (AFP)

Nesta segunda, Arsenal e Chelsea se enfrentaram no Emirates Stadium e não saíram do zero – ao todo, os times acertaram o gol rival apenas seis vezes. Wenger e Mourinho repetiram o tradicional 4-2-3-1, a novidade foi pelo lado dos blues: Mikel e Lampard na volância, Willian à esquerda, Ramires no centro e Hazard à direita, que, no segundo tempo, voltou para a ponta canhota. Porém, apesar da escalação, foi o Chelsea que conseguiu as melhores oportunidades durante todo o jogo, o camisa 17 foi destaque na criação das jogadas. Nos primeiros momentos, estranhamente, não foi o Arsenal que conseguiu exercer pressão na saída de bola adversária e, sim, os comandados do Special One

No segundo tempo, o panorama mudou, os gunners aproveitaram que o Chelsea abdicou da marcação avançada e optou pelos contra-ataques, que chegaram a assustar. Mesmo melhor, o Arsenal não alcançou o gol, em duas ocasiões, Giroud falhou na finalização e, também, faltou mais de Özil, que, muitas vezes, apareceu longe da área, onde seus passes não puderam ser decisivos. Além disso, Wenger não utilizou o bom banco, que, nesta segunda, teve Podolski e Cazorla, por exemplo. Mas a vitória foi a consagração da opção de Mourinho, que, desde o princípio, destacou o sistema defensivo em detrimento do ataque. Assim foi no empate em 0 a 0, contra o United, Old Trafford, e, no 2 a 1, contra o City, em Stamford Bridge, quando a vitória só veio após falha emblemática da defensiva dos citzens. Desta forma, jogando estrategicamente, os blues estão na quarta colocação a dois pontos dos líderes.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O final frustrou

Ronaldinho e Jô tiveram partida apagada na semifinal do Mundial de clubes (AFP)

O Atlético Mineiro parou na semifinal do Mundial de Clubes 2013 e não enfrentará o Bayern na tão sonhada decisão, um fim frustrante para o ótimo ano. Porém, o título mais importante e mais difícil já havia sido conquistado, a inédita Libertadores, com aquele roteiro que nunca será esquecido. Isto tem que ser ressaltado, pois este elenco alvinegro é sim vencedor e está na história do clube. 

No jogo em Marrakech e com grande torcida favorável ao rival, o Atlético não foi bem – jogar longe do Independência sempre foi difícil para o clube, em 2013. O Raja Casablanca atuou no mesmo 4-2-3-1 atleticano, mas foi melhor durante, praticamente, todo o jogo. Os brasileiros iniciaram de forma nervosa, sendo controlados pelos rivais do dia, mas conseguiram uma certa estabilização e incomodaram os águias verdes. Os pontas Fernadinho e Diego Tardelli se mexeram muito e criaram os espaços para os melhores lances do Galo, porém faltava mais de Ronaldinho e de Jô, que além de não aparecer fazendo o tradicional papel de pivô, falhou em duas finalizações cruciais. 

Bem postado e controlando a partida, no segundo tempo, o Raja aproveitou melhor os espaços que o sistema defensivo do Galo proporcionou – os dois laterais estiveram muito mal. Os dois melhores jogadores dos águias verdes, o ponta-direita bastante técnico Moutouali e o centroavante de muita movimentação Iajour decidiram a partida. Primeiro veio o gol do atacante, que apareceu em um clarão no lado esquerdo da defesa alvinegra. O Atlético conseguiu o empate, em cobrança de falta milimétrica do apagado Ronaldinho. Porém, como bem descrito pelo ex-atacante Guilherme, no Bate-Bola, da ESPN Brasil, “em nenhum momento, mesmo no empate, o Galo deu sinais de que ganharia a partida”. 

A descrição do ex-jogador de Atlético, Corinthians, Vasco e outros vários clubes é perfeita sobre o que foi a partida. Tanto é um retrato dos 90 minutos em Marrakech, que, após o empate, o alvinegro seguiu sofrendo com o sistema defensivo. Em contra-ataque, o autor do primeiro gol, Iajour cavou um pênalti (absurdamente assinalado pelo árbitro) e Moutouali marcou na cobrança, onde Victor fez movimento bastante semelhante ao da histórica defesa contra o Tijuana. Porém, desta vez, a alegria não foi alvinegra. O 2 a 1 no placar fez com que o Atlético jogasse mais à frente, porém, sem assustar o adversário. Os águias verdes ainda marcaram mais um, em outro contra-ataque. O craque Moutouali recebeu na frente e, de cavadinha, encobriu Victor, a bola tocou no travessão e Mabide, no rebote, completou o placar, 3 a 1. 

Após o apito final, o lance mais bonito da partida e, até aqui, do Mundial de Clubes. Decepcionado, Ronaldinho cumprimentava o árbitro e, em pouco tempo, se viu cercado por jogadores do Raja, que àquela hora não viam o rival e, sim, o ídolo. Guehi conseguiu a camisa, já Madibe, o que havia falado que o camisa dez não é o mesmo do Barcelona – o que convenhamos, é uma verdade –, ficou abraçado por um bom período com o craque e conseguiu o pé direito da chuteira – a canhota ficou com o ganhador da camisa. Ainda sobrou tempo para Ronaldinho receber um beijo do goleiro Asskri e outros cumprimentos dos africanos até entrar no vestiário.

O frustrante 3 a 1 não pode apagar o ótimo ano alvinegro, o bom trabalho de Cuca, as atuações de Ronaldinho e o nível de jogo que Tardelli tem apresentado. A derrota para o guerreiro Raja Casablanca está longe de ser o golpe mais duro para o time no ano que vem, a saída do técnico para o milionário futebol chinês é que será a perda mais difícil de corrigir. Se conseguir convencer Tite a retomar a carreira já no início de 2014, o Galo terá o melhor substituto possível para comandar o bom elenco, que, com algumas aquisições pontuais, deve seguir entre os planteis mais fortes do Brasil. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Balanço da segunda Era Felipão

Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção brasileira em 2013 e mudou o patamar da equipe para a Copa de 2014 (Marcio Iannacca/Globoesporte.com)

Luiz Felipe Scolari começou a segunda passagem pelo comando da seleção brasileira, no dia 23 de janeiro de 2013, quando convocou 21 jogadores (Hernanes foi cortado, ficando com 20 atletas) para o amistoso frente à Inglaterra, no dia seis de fevereiro, no Estádio Wembley. Desde então, os samba boys foram mudando em relação à proposta de jogo que o ex-técnico Mano Menezes propunha. 

Felipão deixou claro que, ao contrário do antecessor, não abriria mão de um volante mais marcador à frente da zaga e também gostaria de um centroavante comandando o ataque. Essas duas funções tinham sido, ao poucos, deixadas de lado por Mano Menezes, que, na reta final do trabalho – a melhor fase dele –, apostava em um 4-2-3-1, com Ramires e Paulinho compondo a volância e Neymar atuando como “1”. 

Mas Luiz Felipe Scolari também repetiu algumas coisas que eram comuns no trabalho do antecessor. O pentacampeão aproveitou muitos jogadores que estrearam com a camisa verde e amarela sob o comando de Mano Menezes e o esquema tático foi mantido, com alterações periódicas. Porém, o atual trabalho é uma ruptura com o anterior, outra alteração é o sensível aumento na média de idade da equipe. O ex-técnico teve, em média, 24,4916 anos, enquanto, Felipão aposta em mais experiência: 26,0885 anos.

Início claudicante 

Apesar de receber um time que começava a se acertar, Felipão não teve facilidade no início com a seleção. O já citado amistoso frente à Inglaterra, acabou com derrota brasileira, por 2 a 1. Mas o jogo serviu para algumas coisas. Arouca, que entrou no intervalo, foi muito mal e cometeu um erro infantil, sepultando qualquer chance com Luiz Felipe Scolari – voltou a ser chamado, mas apenas em jogos que só os jogadores que atuam na América do Sul eram elegíveis. E o centroavante titular, Luís Fabiano (nunca mais foi convocado), participou mal da partida e viu Fred jogar muito melhor, o que deixou o são-paulino para trás na disputa pela camisa nove. 

Este foi o time que jogou contra a Rússia, logo no início do trabalho de Felipão. A configuração da equipe é muito semelhante ao que se vê atualmente em campo (Glyn Kirk/AFP)

O Brasil jogava contra times interessantes e os dois jogos seguintes foram frente à boas seleções europeias, Itália e Rússia. A partir destas partidas, Felipão escalou o 1° volante clássico no time e, assim, Fernando ganhou a vaga de Ramires ao lado de Hernanes. O empate frente aos tetracampeões mundiais teve um ótimo primeiro tempo brasileiro, jogando no 4-4-1-1, com Neymar flutuando atrás de Fred. Porém, na segunda etapa, a Itália conseguiu dois gols e empatou a partida.

Contra a Rússia, o Brasil produziu pouco e merecia a derrota que não veio. O gol russo saiu em lance representativo, Fayzulin marcou após bombardeiro dentro da área verde e amarela. Mas Fred conseguiu o empate aos 44 do segundo tempo. Era mais um gol do centroavante do Fluminense, que já nesta fase, ia se garantindo como nove dos samba boys. Por outro lado, nas duas partidas, Kaká teve oportunidade por cerca de 90 minutos, inclusive sendo titular frente ao time do leste europeu. Porém, o ex-melhor do mundo não foi bem e nunca mais recebeu o chamado de Felipão.

Em jogo sem grande importância, contra a Bolívia, em La Paz, com o ele o composto apenas por jogadores que atuam no Brasil, veio a primeira vitória. O 4 a 0 frente La Verde foi uma partida que teve boa atuação de Ronaldinho e, principalmente, de Jádson, que aí, praticamente, garantiu a vaga na Copa das Confederações. O jogo também serviu para Neymar marcar seus primeiros gols sob o comando de Felipão – com Mano foi artilheiro (17) e líder de assistências (11) da seleção.

 O Brasil ainda fez mais uma partida daquelas que não devem ser realizadas. O jogo contra o Chile, em Belo Horizonte, também contou apenas com jogadores que atuam na América do Sul. Isto provoca a existência da cobrança de seleção brasileira para um time que veste a camisa verde e amarela, mas está longe de ser composto pelos melhores nascidos no país. Esta observação se tornou real em campo, pois o Brasil chegou a ser vaiado e foi mal no empate em 2 a 2. Mas alguém sofreu ainda mais. Na cidade que reencontrou o bom futebol, Ronaldinho fez a última partida com Felipão, quando vestiu a camisa dez, foi titular, capitão e jogo por todos os 90 minutos. Porém, o jogador do Atlético Mineiro foi mal e, para completar, teria se atrasado na apresentação. As duas coisas somadas, até aqui, sacramentam a saída do ex-melhor mundo da seleção.

Virando a chave

Durante a Copa das Confederações, a seleção brasileira mostrou muita união (Getty Images)

A seleção começou a engrenar no pré-Copa das Confederações, quando enfrentou seleções grandes e que virão ao Mundial de 2014, Inglaterra e França. O volante Luiz Gustavo chegou e assumiu o posto de principal marcador do meio-campo, que, no início, se desenhava para ter quatro homens com Neymar à frente dando suporte ao centroavante Fred. Porém, logo o 4-2-3-1 entrou e a formação teve Oscar centralizado, Hulk à direita e Ney à esquerda. O Brasil foi melhor, mas ficou no empate com os ingleses em 2 a 2.

No segundo amistoso, novamente, os canarinhos foram melhores que os rivais europeus. Desta vez, o 4-2-3-1 foi utilizado desde o início e teve muita movimentação dos três meias ofensivos, que, além disso, contribuíram bastante com a marcação – características que se tornaram comuns aos samba boys a partir daí. O 3 a 0 construído na segunda etapa também mostrou a importância de uma outra formação, o 4-3-3, com um volante mais preso e dois meias, que na origem são volantes. Esta alternativa descoberta nestas duas partidas passaria a fazer parte – com importância – do repertório verde e amarelo.

O futebol já era melhor e, com isso, a confiança aumentou. Para melhorar, o Brasil largou bem na Copa das Confederações. Os canarinhos aplicaram 3 a 0 no Japão, em uma partida de altos e baixos, mas que não sofreu muitos sustos e teve Neymar dando um aperitivo daquilo que iria mostrar na disputa. A torcida também ajudou, pois a seleção criou uma relação especial com a arquibancada, criada em meios às “jornadas de junho”, que levaram milhões jovens às ruas do Brasil por melhorias no país. A partir do jogo frente ao México no Castelão, em Fortaleza, um ritual emergiu antes da bola rolar: jogadores abraçados e cantando mesmo após o tempo estipulado pela Fifa para a execução do hino, isto com o apoio de todo o estádio. Por isso, a seleção entrava pilhada a cada jogo, o que deu resultado em campo.

Mesmo sem apresentar o melhor futebol, o Brasil também venceu a Itália, por 4 a 2. A partida representou os primeiros gols de Fred na Copa das Confederações. O centroavante brasileiro recebia justas críticas por não participar muito da partida sem a bola, sendo apenas um homem de área. Os dois gols serviram para acordar o nove brasileiro, que passou a ser mais importante aos canarinhos, pois, a partir daí, se tornou mais participativo, ajudou a pressionar a saída de bola adversária e tocou mais na bola fora da área.

A primeira fase valeu para ganhar Fred, ter Paulinho bem, ver Neymar sendo o craque do torneio, conseguir um sistema defensivo que foi vazado apenas duas vezes em três jogos e ainda encontrar uma alternativa tática viável ao funcional 4-2-3-1. Porém, a semifinal colocava o Uruguai do outro lado e, apesar de não viver o melhor momento, a celeste olímpica utilizou a competição para mudar a mentalidade e buscar a classificação à Copa do Mundo de 2014, que acabou vindo após a Copa das Confederações, quando os charrúas foram muito bem.

O Uruguai apesar de ter Suárez, Cavani e Forlán em campo, foi uma equipe defensiva armada no 4-1-4-1, reduzindo muito os espaços. O Brasil teve muitas dificuldades para enfrenta-los. Mas os canarinhos tiveram os melhores jogadores resolvendo a partida. Primeiro Paulinho encontrou Neymar nas costas da zaga, o dez verde e amarelo chutou cruzado e Fred aproveitou o rebote para marcar. O melhor charrúa do torneio, Cavani assustou ao empatar logo no início da segunda etapa. Os brasileiros sofreram, porém, no final, Ney cruzou bola no segundo pau e Paulinho decidiu de cabeça.

A grande exibição 

O auge da campanha ocorreu no momento necessário, uma final frente à atual bicampeã europeia e campeã mundial, Espanha. É desnecessário postar acrescentar o meu texto no dia neste post, mas ele está aqui.

Brasil tem um craque

O cara da Copa das Confederações é o cara da seleção verde e amarela  (Laurence Griffiths/Getty Images)

Assim como foi com Mano Menezes, o Brasil segue tendo um craque: Neymar. Com o ex-técnico da seleção, o melhor brasileiro começou na ponta-esquerda, terminou como falso centroavante, mas sempre jogou bem. Já com Felipão, Ney atuou, prioritariamente, aberto pela esquerda e foi assim que ele recebeu a bola de ouro da Copa das Confederações. Na competição, o camisa dez teve números bem expressivos: quatro gols, duas assistências, quatro desarmes e cinco bolas recuperadas. Neymar decidiu na frente e também participou bastante do jogo defensivo, portanto, foi o craque que todos esperavam que fosse.

No Barcelona, o dez do Brasil também atua aberto pela esquerda e não decepciona, mostrando que já se vira melhor frente à times que oferecem menos espaço para o seu jogo. Neymar chegou à Catalunha e, logo no início, ganhou espaço na equipe: no 4-3-3 de Gerardo Martino é o ponta-esquerda. No clube que tem Messi no centro do ataque, o brasileiro joga mais na posição e flutua menos, por isso, tem feito menos gols, mas compensa cedendo assistências para que os companheiros marquem. Virou o principal assistente blaugrana, porém, no grande jogo contra o Real Madrid, além do passe decisivo para Alexis Sánchez, foi dele o primeiro gol da partida. Ao mesmo tempo, Neymar também já consegue colaborar mais na defesa e isto é visto em campo também quando veste o verde e amarelo.

Mesmo com os bons rendimentos jogando na ponta-esquerda, na reta final do trabalho de Felipão, nos amistosos contra Honduras e Chile, Neymar passou a jogar no centro da linha três meias. No novo posicionamento, o rendimento não caiu. O camisa dez segue fazendo àquilo que se espera dele: passa, dribla, faz assistências e, principalmente, marca gols. Por isso, é com ele que os samba boys contam para decidir os jogos. A manutenção do alto nível, leva Ney a ser o grande líder da era Luiz Felipe Scolari também em números: são dez gols e dez assistências, liderando os dois quesitos no período, assim como foi com Mano Menezes.

A definição dos 23 da Copa do Mundo de 2014

Pelos resultados e pela repetição seguida dos convocados, há a clara a impressão de que Luiz Felipe Scolari já tem, praticamente, os 23 nomes definidos para a Copa de 2014. Recentemente, o próprio técnico da seleção brasileira deu base àquilo que era especulado: “não estão mais sobrando vagas. Se eu fosse pensar em mexer e riscar eu tenho 25 para levar. Tenho gente a mais. Tenho gente hoje já a mais do que eu imaginava. Está mais fácil para mim do que eu imaginava". Ou seja, jogadores que não foram convocados ainda parecem ter apenas chances remotas de jogar a Copa no Brasil. Então, vamos tentar prever o que ainda é dúvida para Felipão.

A defesa é o setor que tem mais definições. Os goleiros Júlio César e Jefferson são nomes certos, falta o terceiro da lista. Diego Cavalieri e Victor disputam a posição. Fábio, do Cruzeiro, mereceria participar da corrida e seria o meu escolhido, porém, o goleiro do Atlético Mineiro parece estar mais próximo da convocação. Na lateral-direita, a dupla da última Copa do Mundo tem tudo para ser repetida. Daniel Alves parece um pouco à frente, mas, com o inimaginável retorno de Maicon à seleção, o barcelonista passa a ter um grande concorrente pela titularidade. No lado esquerdo, Marcelo é o grande nome e havia a indefinição do reserva, mas, com as últimas boas atuações de Maxwell, caso não haja uma lesão, ambos estarão no Mundial.

Completando a defesa, três dos quatro zagueiros da Copa estão definidos: os titulares Thiago Silva e David Luiz e o reserva Dante. Mais uma vez, o meu escolhido para a vaga restante, não faz parte dos planos da seleção, Miranda. Felipão deve escolher um entre Réver, Dedé, Henrique e Marquinhos. Antes a disputa parecia que seria definida por um clássico mineiro, porém hoje, aposto que o mais jovem dos quatro, Marquinhos será o escolhido. Pois, em 2002, o técnico também levou um jogador bem novo para o Mundial e, desta vez, o zagueiro do PSG pode ser este nome. Ele iria ao Mundial e pegaria experiência, pois está claro que o jovem será jogador dos canarinhos por muito tempo.

Bastante definido também está o setor de marcação do meio-campo. Os volantes mais recuados serão o até aqui titular, Luiz Gustavo e Lucas Leiva, que demorou a ser convocado por Felipão, mas se firmou. Os volantes mais ofensivo serão Paulinho, que joga melhor a cada dia com a camisa verde e amarela, e Ramires, outro que ficou um tempo longe dos samba boys, mas, assim que foi convocado, agarrou a vaga. Além deles, Hernanes também é volante e entrará na conta da convocação como se fosse meia. É importante destacar que a volância é uma posição que hoje sobra talento no Brasil, entre os jogadores que não fazem parte dos planos do gaúcho temos: Ralf (Corinthians), Fernando (Shakhtar), Sandro (Tottenham), Fernandinho (Manchester City) e Fernando Reges (Porto). São bons nomes que tranquilamente poderiam vestir a camisa verde e amarela.

Nos últimos amistosos, Felipão testou uma nova organização da linha de três meias e deu certo (Clique na imagem para ampliar)

No trio de meias também restam apenas duas dúvidas, pois Oscar, Neymar e Hulk se concretizaram com boas atuações e com um ótimo entrosamento devem ser os titulares. Até a Copa das Confederações não teria dúvida de que Hernanes e Lucas estariam na lista de Felipão, porém hoje, não há mais esta certeza. O jogador do PSG perdeu espaço para Bernard, que, quando teve chances, foi bem, por isso, o camisa dez do Shakhtar será um dos reservas no Mundial, podendo até conseguir o lugar de Hulk entre os onze iniciais.

Mas existem indefinições. Hernanes já esteve mais certo na Copa, porque, com o crescimento de Ramires, que, assim como o laziale, joga como volante e meia, o camisa oito da seleção foi ultrapassado na preferência do técnico dos canarinhos. Aposto que apenas um dos dois estará no Mundial. Por isso, a reserva na linha de três ainda teria duas vagas, que depois da última série de dois amistosos, parecem bem encaminhadas. Willian e Robinho entraram bem no time e assumiram a liderança na briga pelos espaços restantes no elenco verde e amarelo. Como Felipão deu a entender que não dará oportunidades para muitos jogadores que ainda não foram convocados, um grande passo foi dado pela dupla. A grande ameaça aos dois é Kaká, que de volta ao Milan, vem jogando melhor e tem o direito de sonhar.

Para terminar, o ataque, setor onde as dúvidas parecem não existir para Luiz Felipe Scolari, pois não são tantas opções existentes para a posição. Fred será o titular e terá um jogador de características semelhantes no banco, o também centroavante Jô. Além disso, com Robinho no grupo, os samba boys ganham a alternativa do falso nove sem mexer em Neymar, que seria outra opção para exercer a função. Porém, apesar dos homens de área já estarem definidos, existe uma grande dúvida: a condição física de Fred. O nove verde e amarelo está lesionado desde setembro e deve voltar a jogar apenas em 2014. Se o jogador do Fluminense não tiver boas condições de jogo no ano que vem, o Brasil terá um grande problema, pois, com dito acima, o país não tem centroavantes de grande nível para substituir a dupla da seleção.

Os incontáveis adversários

Um esquema com variação, um craque à vontade entre os samba boys, um elenco de apoio bem encaixado, um grupo muito próximo de estar definido e, principalmente, um time que parece estar jogando cada dia melhor. O que falta para a Copa, então? Não falta muito, o Brasil tem as ferramentas necessárias para vencer o Mundial em casa, porém, está longe de ser a única seleção que chegará em boas condições em 2014.

As antes incontestáveis Alemanha e Espanha, hoje, não vivem o melhor momento, mas, sem dúvida, são fortes concorrentes e terão elencos fortes e bem treinados no Brasil. Além disso, a Argentina, apesar de peças fracas na defesa, conseguiu com Alejandro Sabella, uma boa forma de jogar e, com Messi, será um perigo. Portugal vive situação semelhante aos albicelestes, pois não tem o melhor time da história, mas tem jogadores como João Moutinho e o hoje melhor do mundo, Cristiano Ronaldo. A reformulada Itália pós-Copa de 2010 virou um time e conta com um ataque imponente com Giuseppe Rossi e Balotelli, não há dúvida que incomodará.

Além destas seleções mais tradicionais, existem boas equipes, com menos tradição, que devem dar trabalho durante o Mundial. A Holanda, talvez, seja a mais brilhante delas, pois virá ao país com os vice-campeões de 2010 um pouco envelhecidos, mas com jogadores do nível de Robben e Van Persie. As sul-americanas Colômbia e Chile têm bons nomes (Alexis Sánchez, Vidal, James Rodríguez, Falcao García e etc) e são bem treinadas por Pekerman e Sampaoli respectivamente. Da Europa ainda vêm a talentosa Béligca e as bem treinadas Bósnia e Rússia. Ainda vêm boas forças da África, onde Costa do Marfim e Gana têm gerações com diversos jogadores atuando em bom nível no futebol europeu, e, por isso, mantêm grupos semelhantes há muito tempo, o que faz com que os elencos sejam bem integrados e com bom entrosamento, que é refletido em campo. E, claro, Estados Unidos, Japão e México, que têm ido bem nos últimos mundiais.


A Copa está aí e o Brasil estreará no dia 12 de junho, na Arena Corinthians frente à seleção croata, um adversário interessante para começar referendando este trabalho, que, em 2013 foi muito bom. Além da Croácia, os canarinhos enfrentarão Camarões e México pelo grupo A do Mundial. Se a fase inicial não causa grande preocupação, a partida de oitavas de final tem grande chance de ser contra um dos finalistas da última Copa, Espanha ou Holanda. E o caminho pode ser ainda pior, colocando Itália, Alemanha e Argentina pela frente. Porém, nesta hora, vale o clichê, quem quer ser campeão do mundo, não pode escolher adversário.

Abaixo confira a campanha dos canarinhos sob o comando de Felipão em 2013, os artilheiros, os líderes em assistências e todos os convocados. Números da seleção com Felipão nesta segunda passagem dele: 

Campanha: 19J 13V 4E 2D 49GP 15GC 34SG 

Artilharia com Felipão: 

Neymar – 10; 
Fred – 9; 
Jô – 5;
Oscar – 4;
Paulinho– 3;
Dante e Hulk – 2;
Alexandre Pato, Bernard, Dedé, Hernanes, Leandro, Leandro Damião, Lucas, Luiz Gustavo, Maicon, Ramires, Réver, Robinho, Thiago Silva e Willian – 1.

Líder em Assistências com Felipão: 

Neymar – 10; 
Oscar – 3;
Fred, Hulk, Marcelo, Maxwell e Paulinho – 2;
Alexandre Pato, Bernard, Daniel Alves, Jádson, Jean, Lucas, Lucas Leiva, Maicon, Ramires, Robinho e Ronaldinho – 1.

Todos os convocados desta segunda era Luiz Felipe Scolari(47):  

Goleiros (5): Diego Cavalieri (Fluminense-BRA), Jefferson (Botafogo-BRA), Júlio César (Queens Park Rangers-ING), Matheus Vidotto (Corinthians-BRA) e Victor (Atlético Mineiro- BRA); 

Laterais-direitos (5): Daniel Alves (Barcelona-ESP), Douglas Santos (Náutico-BRA), Jean (Fluminense-BRA), Maicon (Roma-ITA), Marcos Rocha (Atlético Mineiro-BRA); 

Zagueiros (8): Dante (Bayern de Munique-ALE), David Luiz (Chelsea-ING), Dedé (Vasco-BRA/Cruzeiro-BRA), Dória (Botafogo-BRA), Henrique (Palmeiras-BRA), Marquinhos (Paris Saint-Germain-FRA), Réver (Atlético Mineiro-BRA), Rodrigo Moledo (Internacional-BRA) e Thiago Silva (Paris Saint-Germain-FRA); 

Laterais-esquerdos (4): André Santos (Grêmio-BRA), Filipe Luís (Atlético de Madrid-ESP), Marcelo (Real Madrid-ESP) e Maxwell (Paris Saint-Germain-FRA); 

Volantes (7): Arouca (Santos-BRA), Fernando (Grêmio-BRA/Shakhtar-UCR), Lucas Leiva (Liverpool-ING), Luiz Gustavo (Bayern de Munique-ALE/Wolfsburg-ALE), Paulinho (Corinthians-BRA/Tottenham-ING), Ralf (Corinthians-BRA) e Ramires (Chelsea-ING); 

Meias (8): Bernard (Atlético Mineiro-BRA/Shakhtar-UCR), Hernanes (Lazio-ITA), Jádson (São Paulo-BRA), Kaká (Real Madrid-ESP), Lucas (Paris Saint-Germain-FRA), Oscar (Chelsea-ING), Ronaldinho (Atlético Mineiro-BRA) e Willian (Chelsea-ING);  

Atacantes (10): Alexandre Pato (Corinthians-BRA), Diego Costa (Atlético de Madrid-ESP), Fred (Fluminense-BRA), Hulk (Zenit-RUS), Jô (Atlético Mineiro-BRA), Leandro (Palmeiras-BRA), Leandro Damião (Internacional-BRA), Neymar (Santos-BRA/Barcelona-ESP), Osvaldo (São Paulo-BRA) e Robinho (Milan-ITA).

domingo, 8 de dezembro de 2013

Enfermedades Futboleras 13

Finalmente a coluna se tornou de futebol internacional. Pela primeira vez, passo pela Europa, mas também falo do futebol aqui nas Américas. Na verdade, o jogo escolhido para estreia foi nos Estados Unidos, a final da MLS.

Rodada quase perfeita 

 Özil marcou, mas a rodada foi perfeita para o Arsenal por apenas quatro minutos (ArsenalPics.com)

O vice-líder Chelsea perdeu, o terceiro Manchester City empatou com o Southampton e o atual campeão Manchester United foi derrotado pelo Newcastle. A exceção entre os principais adversário foi o Liverpool, que ganhou e reassumiu o segundo posto. Portanto, uma vitória do Arsenal colocaria a equipe a sete pontos do primeiro perseguidor. O triunfo não veio, mas o empate contra o fortíssimo Everton, foi um bom resultado, pois agora, mais uma rodada se passou e a diferença ainda aumentou um pontinho. 

O 1 a 1 entre times de conceitos bem semelhantes foi um dos grandes jogos da temporada. Arsene Wenger e Roberto Martínez espelharam o 4-2-3-1 e suas equipes revezaram no comando da partida. Mesmo no Emirates, foram os toffees que começaram controlando o jogo (mais de 65% de posse), toque de bola, movimentação dos jogadores e marcação na saída adversária. Porém, o Arsenal resistiu à pressão com boa participação da dupla de zaga, Koscielny e Mertesacker. Ao final do primeiro tempo e após o intervalo, os gunners passaram a dominar o jogo, contando muito com a movimentação dos meio-campistas. Neste período, surgiram as melhores oportunidades do 0 a 0, que era um grande jogo. 

Mais equilibrado no segundo tempo, no melhor momento do Everton, os donos da casa abriram o placar. A jogada contou com bela inversão de Rosicky, toque de Walcott, furada de Giroud na pequena área e toque decisivo de Özil com a perna ruim, a direita. O 1 a 0 durou pouco tempo no placar, Deulofeu, que havia acabado de entrar bem, fez boa jogada dentro da área e achou um chute inimaginável, que surpreendeu Szczesny. O goleiro polonês que fazia boa partida, desta vez, falhou e viu o Everton empatar. O final ainda reservou um lance de extrema emoção, Giroud dominou um pouco atrás da entrada da área e girou batendo para acertar a junção entre a trave o travessão. O golaço poderia ter feito a rodada perfeita para o Arsenal, mas, pelo o que apresentaram as equipes, o empate fez justiça ao jogaço no Emirates Stadium.

Leverkusen mostra força

 Leverkusen, do esforço coletivo, ganha decisão pelo segundo lugar fora de casa (Reuters)

O Bayer Leverkusen foi ao hostil Signal Iduna Park na condição de principal adversário do Bayern pelo título da Bundesliga. Mas, com o histórico de fracassos da equipe, a partida contra o Dortmund era considerada o limite da permanência das aspirinas na segunda posição. Os aurinegros, jogando em casa, imaginavam retomar o posto de vice-líder da competição. Porém, em campo, o time local fez muito pouco ofensivamente e sofreu com o desfalque de toda a defesa titular: Piszczek começou no banco, pois ainda não está 100%; Subotic não deverá jogar mais na temporada; Hummels voltará apenas em 2014 e Schmelzer estava suspenso. Além disso, o principal volante da equipe, Gündogan também está machucado. 

O Bayer Leverkusen também não fez partida primorosa, porém jogo de forma correta. No 4-3-2-1 tradicional, o time contou com muita transpiração dos homens do meio-campo. O bom trabalho defensivo das aspirinas aliado ao jogo pouco inspirado do Dortmund, resultou em poucas participações decisiva do ótimo goleiro Leno. O gol decisivo veio em um erro de saída de bola dos aurinegros. Friedrich, que estava parado e só foi contratado por conta da série de lesões da equipe, falhou, Can tocou de primeira para Castro, que rolou para o bom sul-coreano Son marcar na saída de Weidenfeller. O camisa sete das aspirinas ainda teve outra boa oportunidade, mas, desta vez, o goleiro aurinegro fez a boa defesa no um contra um. 

Assim, o Leverkusen se mantém vice-líder, mas a quatro pontos do quase perfeito Bayern de Munique. Já o Dortmund fica em terceiro a dez pontos dos bávaros e empatado com o Borussia Mönchengladbach, que venceu o Schalke 04 na rodada. Para piorar as coisas, além das lesões supracitada, na partida contra o Leverkusen, Sahin e Bender saíram lesionados e Sokratis foi expulso. Portanto, Schmelzer voltará, mas o Dortmund terá outras três baixas.

Mais do mesmo no Bayern

O Bayern nem se importou com o confronto pela vice-liderança, pois, mais cedo, aplicou 7 a 0 fora de casa no Werder Bremen. Os destaques foram Ribéry, com dois gols e uma assistência, e Thomas Müller, com duas assistência e um gol. Sem os lesionados, Schweinsteiger, Lahm e Robben, os bávaros atropelaram no habitual 4-1-4-1, que teve Thiago de 1° volante, Müller ponta-direita, Ribéry à esquerda, a dupla Kroos e Götze no centro e, no ataque, Mandzukic. A exceção de Lahm, as demais ausências se repetirão no Mundial de Clubes, por isso, o time que proporcionou a maior derrota da história do Werder Bremen em casa, deve ser bem semelhante ao que veremos no Marrocos.

Não engrena

 Com David Moyes, o Manchester United não consegue engrenar, o clique após o gol do Newcastle mostra o quanto é frustrante a temporada red devil até aqui (PremierLeague)

Nos 90 minutos de futebol em Old Trafford, o United teve domínio completo por apenas 15 minutos, logo após o intervalo. Com o habitual 4-4-1-1 e a volta de Van Persie, a esperança era de um jogo melhor dos comandados de Moyes, o que não aconteceu. Ao contrário do que normalmente ocorre, o holandês não foi o jogador mais avançado e jogou atrás de Javier Hernández. Alternativa utilizada para tentar sanar a falta de criatividade no meio-campo red devil. Mas não funcionou, pois tirar o camisa 20 de locais onde pode finalizar, nunca será uma boa opção. 

Se Moyes errou, Pardew executou a estratégia correta. Armou o time no 4-3-2-1, com um dos meias, Cabaye, com bastante liberdade para encostar no ataque – o lateral-direito Debuchy também avançou bastante. Na marcação, ora esperavam, ora sufocavam o United no próprio campo. E foi em um momento de pressão na saída de bola red devil, que Evra errou, Sissoko foi ao fundo e rolou para trás, onde Cabaye chegou batendo rasteiro no canto, sem chances para De Gea, 1 a 0. O United que era melhor àquela altura não se recuperou do gol sofrido. O resultado é que o time de Manchester se afasta cada vez mais da briga pelo título e, para piorar, a distância pela vaga da Liga dos Campeões é de sete pontos. O Newcastle, que não vencia no Old Trafford há 41 anos pelo Campeonato Inglês, venceu e, ao contrário do ano passado, em que brigou contra o rebaixamento, desta vez, pode até sonhar com uma vaga na Liga Europa.

 O soccer tem um novo campeão

 O goleiro Nielsen foi o heroi improvável no segundo título do Sporting Kansas City na MLS Cup (MLSsoccer.com)

Temperatura abaixo de zero desde o primeiro minuto, e, nas arquibancadas, o soccer teve tudo que tem direito: estádio cheio e torcida apaixonada. Vantagem para o Sporting Kansas City, que teve a maior parte dos torcedores ao seu favor, pois o jogo único da decisão foi disputado no Sporting Park. Jogando em casa e com o esquema mais ofensivo, o 4-3-3, os wizards começaram em cima do Real Salt Lake, que marcava no 4-3-1-2 e apostava em contra-ataques puxados por Findley. Mas, a postura dos donos da casa deu mais resultado e, a defesa comanda pelo goleiro Rimando, foi a que mais teve que trabalhar. 

Após o intervalo, o RSL conseguiu assumir o controle da partida, por conta da melhor presença de Beckerman. O primeiro volante passou a ditar o ritmo do jogo e colaborar mais com o ataque. Foi em um passe genial do capitão que Saborío saiu livre para marcar o 1 a 0. O gol fez muito mal aos wizards, mas, após um momento de baixa, conseguiram voltar ao jogo. Em cobrança de escanteio do bom ponta-esquerda Zusi, o zagueiro Collin, que vinha muito mal na partida – já poderia ter sido expulso –, subiu mais alto que a defesa do Salt Lake e empatou o jogo. 

A igualdade no placar deu mais ânimo ao Sporting Kansas City, que retomou o controle do jogo e só não virou a partida, porque a defesa do RSL conseguiu suportar bem a pressão. Na prorrogação, a tendência do jogo seguiu: os wizards em cima e os royals tentando um contra-ataque, que não apareceu. A consistência defensiva dos visitantes impediu que os 120 minutos bastassem para decidir o título, portanto, a taça só soube seu destino nas cobranças de pênalti. 

Nem sempre justa, desta vez, as penalidades deram o título para o time que foi melhor durante toda a partida, mas o momento decisivo teve um herói improvável. O goleiro do Sporting Kansas City, Nielsen, que foi completamente inseguro durante os 120 minutos, brilhou. Nos pênaltis, o dinamarquês não largou alguns papeis e, a cada nova cobrança, recorria à eles para estudar o próximo batedor. O estudo deu certo e o capitão dos wizards fez duas defesas e ainda contou com dois erros dos rivais. Portanto, 13 anos depois do primeiro título, o time Kansas levantou pela segunda vez a MLS Cup.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um novo velho Nasri

Nasri renasceu no City com Manuel Pellegrini (PremierLeague.com)

O Manchester City mudou com Manuel Pellegrini, se tornou mais ofensivo, o 4-4-2 passou a ser a formação mais usada e Nasri recuperou o futebol de um jogador que um dia foi comprado por 27,5 M € pelos citzens do Arsenal em 2011-12. Meia-atacante, com bom passe, ótima visão de jogo e, ainda por cima, franco-argelino nascido em Marseille, a sina de “novo Zidane” acompanha a trajetória do marselhês.

O mais próximo disso que Nasri viveu foi no terceiro ano de Arsenal, em 2010-11. O franco-argelino havia se tornado o melhor meio-campista da equipe, quando assumiu a armação central no 4-2-3-1 de Wenger, pois o dono da posição, Fàbregas, teve uma temporada com muitas lesões e, ainda, diversas vezes jogou mais atrás e não como meia-atacante. A temporada é aquela em que foi mais artilheiro, com 15 gols e, ainda, seis assistências – quatro na Liga dos Campeões. Porém, a falta de títulos que tirou tantos jogadores do Emirates Stadium nos últimos anos, fez com que o franco-argelino optasse por jogar no milionário Manchester City.

Na chegada aos citzens, o franco-argelino não foi o mesmo, jogando sob a batuta de Roberto Mancini. Apesar das nove assistências na Premier League 2011-12 e 31 partidas disputadas – 27 como titular –, Nasri não estava no mesmo nível que havia demonstrado no último ano nos gunners. Mas, o objetivo da mudança foi alcançado, o marselhês venceu o segundo título da trajetória futebolística – o primeiro foi a extinta Copa Intertoto no Olympique de Marseille, em 2005.

O ano mediano no título tornou Nasri mais um jogador do elenco sky blue e não um dos principais membros da equipe. Com menos presença em campo, os números pioraram (cinco gols e nove assistência, em 41 partidas) e as convocações para seleção francesa também diminuíram. Seria o franco-argelino um foguete molhado – jogadores que prometem e não explodem? A resposta parece estar vindo em 2013-14. Com Manuel Pellegrini, Nasri começou no banco de Jesús Navas, mas logo ganhou espaço no time. O técnico chileno tem o 4-4-2 como principal esquema, mas eventualmente utiliza o 4-2-3-1. Jogando assim, o City tem campanha impecável dentro de casa, porém ainda deve fora de casa na Premier League, por isso, está a seis pontos do líder Arsenal e a dois do vice-líder Chelsea.

Porém, para o franco-argelino, não importa onde é o jogo e nem a formação tática, pois, neste ano, Nasri vai bem à direita, pelo centro e à esquerda. Desta forma, o camisa oito sky blue renasceu (cinco gols e seis assistências) e se destaca ao lado de Yaya Toure e Sergio Agüero na campanha dos citzens. Hoje, é mais importante que David Silva na equipe, algo impensado há uma temporada. “Eu penso que também sentimos um pouco a falta do espanhol, mas Nasri é inacreditável, um jogador incrível”, estas são as palavras do capitão Yaya Toure ao site ESPN FC.

O elogio vindo do marfinense mostra a força da temporada do franco-argelino e, na mesma entrevista já citada, Yaya Toure encontra uma explicação para os bons desempenhos: “Pellegrini permite que jogadores como ele possam atacar e aproveitar a liberdade, o que é fantástico para ele e para o clube”. Ter Nasri, em alto nível como nunca teve, ao lado do elenco que já mostra força nesta temporada, poderá ser o caminho para mais um título desta fase milionária do Manchester City. Com a liberdade que o camisa oito sky blue tem no esquema do técnico chileno, a parte dele nesta equação deverá ser cumprida.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Enfermedades Futboleras 12

Sem forçar

 Robben aproveitou a fragilidade do Braunschweig para marcar duas vezes garantir mais uma vitória dos bávaros (FcBayern.com)

O Bayern é líder absoluto da Bundesliga 2013-14, com quatro pontos de vantagem sobre o Leverkusen e sem perder após 14 rodadas. Apesar dos desfalques – atualmente, tem jogado sem Ribéry, Lahm e Schweinsteiger –, os bávaros seguem mostrando tranquilidade absoluta nas partidas e dão a impressão de que vencerão assim que quiserem. Neste final de semana, o adversário foi o último colocado da competição, Eintracht Braunschweig, que não teve chances. Guardiola manteve o time titular armado no 4-1-4-1: sem Lahm, Thiago foi o facilitador da saída de bola; Thomas Müller assumiu a função de Ribéry pela ponta-esquerda e abriu o espaço para Javi Martínez ser um dos meias-centrais. Com a evolução de Götze, o técnico catalão pode utilizar a opção do falso nove mais constantemente. A alternativa deixa a movimentação da equipe mais livre, pois os homens ofensivos não guardam posição. 

O 2 a 0 com dois gols de Robben não refletiu o que foi o jogo, mas, outros números dão a clara visão do que foi a partida: um massacre de um time que poderia ter desejado mais gols. A marcação alta bávara é refletida nos onze desarmes no campo ofensivo e o controle do jogo é visto nos 77% de posse bola somado aos 800 passes trocados com índice de 90% de acerto, sendo que 223 deles foram no último terço do campo. A ampla imposição do Bayern resultou que o Braunschweig ficou a maior parte do tempo armado com uma linha de quatro defensores, outra composta por cinco meais e apenas Kumbela mais à frente, mas até o centroavante atuou na marcação atrás da linha média. Porém, a retranca não funcionou, pois a impressão foi de que os bávaros não golearam porque não quiseram. Com esta tranquilidade, o Bayern parece não ter adversário capaz de impedir o bicampeonato.

Igualdade em White Hart Lane

Após o 6 a 0 sofrido para o City, o técnico André Villas-Boas chegou a ter a demissão especulada. Mas o Tottenham conseguiu vencer na Liga Europa e, neste final de semana, ao menos empatou com o Manchester United. Ameaçado, AVB fez mudanças na escalação, acostumado a jogar no 4-1-4-1, tem jogado mais no 4-2-3-1 e, contra os red devils, posicionou Paulinho como meia-atacante. Mais à frente, o brasileiro até começou bem, porém teve atuação apenas regular. O centroavante Soldado, mais uma vez, não justificou os 30 M € investidos nele: tocou 12 vezes na bola e só fez uma finalização, que foi para fora. O United manteve o 4-4-1-1, com Welbeck na ponta-esquerda e Kagawa atrás do centroavante Rooney, mas, durante a partida, os três trocaram bastante de posição. 

Nenhum dos times fez exibição espetacular e, ao todo, acertaram apenas sete vezes a baliza adversária. Com isso, os gols não vieram de jogadas bem construídas. O Tottenham abriu o placar com Walker de falta, Rooney aproveitou falha da defesa para marcar, Sandro colocou os londrinos na frente em bela jogada individual e, logo depois, o camisa dez igualou novamente em cobrança de pênalti, que não deveria ter sido marcado. Pelo o que foi a partida, com dificuldade para criação dos dois lados, ninguém pode reclamar do placar final, porém, é justo que os spurs saiam mais decepcionados por terem sofrido um gol proveniente de uma penalidade inexistente.

No ritmo de Bale

 Bale começa a viver um caso de amor pelo Real Madrid (Ag. Reuters)

Quando o Real Madrid contratou Bale e abriu mão de Özil ficou a dúvida de como Ancelotti escalaria a equipe. O técnico italiano testou várias formações e os blancos sempre alternaram boas e más atuações. Porém, nos últimos jogos, os merengues encontraram a forma de jogar: o 4-3-3, com Bale na ponta-direita e Cristiano Ronaldo na ponta-esquerda. Desta forma o time reage em La Liga e sobra na Liga dos Campeões, mas e o galês como está no Real? A resposta vem sendo dada a cada semana, pois o camisa onze se mostra cada vez mais à vontade. Neste final de semana, contra o Valladolid, mais um massacre madridista, mesmo sem o lesionado Cristiano Ronaldo. No 4 a 0, Bale anotou um triplete e fez a assistência para o gol de Benzema. A crescente participação do galês (sete gols e seis assistências nos últimos sete jogos) na equipe e a estabilização do esquema tático, mantêm o Real Madrid na terceira colocação da Liga, apesar do importante desfalque do camisa sete português.

Domínio total

Feyenoord e PSV fizeram o clássico da 15ª rodada da disputada Eredivisie. Mas, ao contrário do que tem sido a competição, o De Kuip lotado assistiu ao domínio completo dos donos da casa e viu as duas equipes armadas à holandesa: no 4-3-3. Os vermelhos e brancos abriram o placar em uma das raras boas jogadas que a equipe executou na primeira etapa, mas o time de Rotterdam conseguiu o empate em momento fundamental, o final dos primeiros 45 minutos. Porém, foi no segundo tempo que o Feyenoord conseguiu traduzir o controle do jogo para o placar. Para isso, De club aan de Maas contou com o ótimo trabalho do centroavante Pellè. O italiano incomodou a defesa adversária o tempo todo, fez bom trabalho de pivô e decidiu o jogo com gols. Primeiro converteu um pênalti que ele mesmo sofreu, depois desperdiçou uma penalidade, mas se redimiu ao completar para as redes jogada vinda da esquerda. O camisa nove hoje é o vice-artilheiro da Eredivisie 2013-14, com 12 gols.

A liderança segue com o Vitesse (1°, 30), que é seguido de perto por Ajax (2°, 28) e Twente (3°, 27). O Feyenoord (4°, 24) está no grupo das equipes que estão a seis pontos do líder, ao lado de Groningen (5°, 24) e AZ Alkmaar (6°, 24). Para terminar gostaria de destacar a diferença entre dois jogadores dos líderes. Emprestado pelo Chelsea ao Vitesse, Lucas Piazon é um dos destaques da equipe, com sete gols e quatro assistências, liderando os vitas nos dois quesitos. Já Bojan, emprestado ao Ajax pelo Barcelona, não está bem e, só neste fim de semana, fez o primeiro gol pelos godenzonen. Além disso, o espanhol não se destaca nos passes decisivos.

No fim, foi tranquilo

 A alegria de Ibrahimovic: hoje, ele está entre os cinco melhores jogadores do mundo (PSG.fr)

No estádio Parque dos Príncipes, o técnico Rémi Garde armou o Lyon de forma defensiva, no 3-1-4-2, sendo que o parceiro de Lacazette no ataque foi Gourcuff, que nem atacante é e, por isso, não guardou a posição, circulando bastante. O time da casa manteve o 4-3-3, veio com Ibrahimovic, Cavani e Lucas no ataque e ainda teve Pastore no meio-campo, portanto, uma formação bastante ofensiva. A estratégia inicial dos gones deu resultado, pois, conseguiram impedir um domínio total parisiense. Com poucas chances de gol, foi justamente depois da melhor oportunidade do Lyon – um chute na trave de Lacazette – que o PSG abriu o placar. Cavani fez após escanteio cobrado por Lucas e, minutos depois, Ibra cobrou pênalti com cavadinha para decretar o 2 a 0 antes do intervalo, um prejuízo muito grande pelo jogo que os gones tinham realizado até ali.

Depois do intervalo e, com a frustração de ter sofrido dois gols, o Lyon não conseguiu repetir o que havia feito na primeira etapa. Por isso, o PSG não teve dificuldades para controlar o jogo. Sem forçar muito, os parisienses conseguiram o terceiro com Thiago Silva. Ibrahimovic fechou o placar com o segundo gol de pênalti e se isolou na artilharia do torneio, com onze – seguido pelo companheiro Cavani, que tem dez. Após onze vitórias e nenhuma derrota nas 15 rodadas já disputadas, o PSG tem cinco pontos de vantagem sobre o vice-líder Lille.