quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O final frustrou

Ronaldinho e Jô tiveram partida apagada na semifinal do Mundial de clubes (AFP)

O Atlético Mineiro parou na semifinal do Mundial de Clubes 2013 e não enfrentará o Bayern na tão sonhada decisão, um fim frustrante para o ótimo ano. Porém, o título mais importante e mais difícil já havia sido conquistado, a inédita Libertadores, com aquele roteiro que nunca será esquecido. Isto tem que ser ressaltado, pois este elenco alvinegro é sim vencedor e está na história do clube. 

No jogo em Marrakech e com grande torcida favorável ao rival, o Atlético não foi bem – jogar longe do Independência sempre foi difícil para o clube, em 2013. O Raja Casablanca atuou no mesmo 4-2-3-1 atleticano, mas foi melhor durante, praticamente, todo o jogo. Os brasileiros iniciaram de forma nervosa, sendo controlados pelos rivais do dia, mas conseguiram uma certa estabilização e incomodaram os águias verdes. Os pontas Fernadinho e Diego Tardelli se mexeram muito e criaram os espaços para os melhores lances do Galo, porém faltava mais de Ronaldinho e de Jô, que além de não aparecer fazendo o tradicional papel de pivô, falhou em duas finalizações cruciais. 

Bem postado e controlando a partida, no segundo tempo, o Raja aproveitou melhor os espaços que o sistema defensivo do Galo proporcionou – os dois laterais estiveram muito mal. Os dois melhores jogadores dos águias verdes, o ponta-direita bastante técnico Moutouali e o centroavante de muita movimentação Iajour decidiram a partida. Primeiro veio o gol do atacante, que apareceu em um clarão no lado esquerdo da defesa alvinegra. O Atlético conseguiu o empate, em cobrança de falta milimétrica do apagado Ronaldinho. Porém, como bem descrito pelo ex-atacante Guilherme, no Bate-Bola, da ESPN Brasil, “em nenhum momento, mesmo no empate, o Galo deu sinais de que ganharia a partida”. 

A descrição do ex-jogador de Atlético, Corinthians, Vasco e outros vários clubes é perfeita sobre o que foi a partida. Tanto é um retrato dos 90 minutos em Marrakech, que, após o empate, o alvinegro seguiu sofrendo com o sistema defensivo. Em contra-ataque, o autor do primeiro gol, Iajour cavou um pênalti (absurdamente assinalado pelo árbitro) e Moutouali marcou na cobrança, onde Victor fez movimento bastante semelhante ao da histórica defesa contra o Tijuana. Porém, desta vez, a alegria não foi alvinegra. O 2 a 1 no placar fez com que o Atlético jogasse mais à frente, porém, sem assustar o adversário. Os águias verdes ainda marcaram mais um, em outro contra-ataque. O craque Moutouali recebeu na frente e, de cavadinha, encobriu Victor, a bola tocou no travessão e Mabide, no rebote, completou o placar, 3 a 1. 

Após o apito final, o lance mais bonito da partida e, até aqui, do Mundial de Clubes. Decepcionado, Ronaldinho cumprimentava o árbitro e, em pouco tempo, se viu cercado por jogadores do Raja, que àquela hora não viam o rival e, sim, o ídolo. Guehi conseguiu a camisa, já Madibe, o que havia falado que o camisa dez não é o mesmo do Barcelona – o que convenhamos, é uma verdade –, ficou abraçado por um bom período com o craque e conseguiu o pé direito da chuteira – a canhota ficou com o ganhador da camisa. Ainda sobrou tempo para Ronaldinho receber um beijo do goleiro Asskri e outros cumprimentos dos africanos até entrar no vestiário.

O frustrante 3 a 1 não pode apagar o ótimo ano alvinegro, o bom trabalho de Cuca, as atuações de Ronaldinho e o nível de jogo que Tardelli tem apresentado. A derrota para o guerreiro Raja Casablanca está longe de ser o golpe mais duro para o time no ano que vem, a saída do técnico para o milionário futebol chinês é que será a perda mais difícil de corrigir. Se conseguir convencer Tite a retomar a carreira já no início de 2014, o Galo terá o melhor substituto possível para comandar o bom elenco, que, com algumas aquisições pontuais, deve seguir entre os planteis mais fortes do Brasil. 

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