sábado, 6 de julho de 2013

A seleção da Copa das Confederações

A seleção que elegi para a Copa das Confederações tem jogadores apenas dos semifinalistas. O Brasil coloca seis jogadores entre os 11 e, talvez, até merecesse ter o técnico do selecionado. Porém, o comandante vem da Itália. Além do homem no banco, os italianos encaixaram mais dois na seleção. Da vice-campeã Espanha vem dois jogadores e o Uruguai cede um atleta para o time dos sonhos. O esquema tático é o 4-2-3-1, que, para variar, foi bastante utilizado na Copa das Confederações. Vamos aos 11:

Goleiro: Júlio César (Brasil)

 Desacreditado pós-Copa de 2010, Júlio César é o goleiro de confiança de Luiz Felipe Scolari (Ricardo Matsukawa/Terra)

O camisa 12 verde e amarelo foi um dos grandes vencedores da Copa das Confederações. Depois de sair taxado como um dos principais vilões da eliminação brasileira no Mundial de 2010, Júlio César retomou a confiança e parece ter reconquistado o torcedor brasileiro. O pênalti defendido contra o Uruguai, algumas defesas frente aos charrúas e a Espanha foram fundamentais para ele ser eleito pela FIFA o melhor goleiro do torneio. Durante a Copa das Confederações, o camisa 12 brasileiro foi o terceiro a realizar mais defesas e, por ter sido importante, ao campeão da disputa merecer estar na seleção da competição.

Lateral-direito: Christian Maggio (Itália)

O jogador acostumado a atuar com três zagueiros no Napoli não foi titular absoluto da Itália na disputa, pelas trocas de jogadores constantes promovidas pelo técnico Cesare Prandelli. Porém, quando a competição pegou de verdade, Maggio se destacou. Contra a Espanha, o esquema com três zagueiros teve o camisa dois na ala-direita fazendo dupla interessante com Candreva, o que impediu avanços de Jordi Alba, válvula de escape importante da furia até ali. O desempenho contra o Uruguai também foi positivo. O destaque é que Maggio teve como ponto alto da sua participação na Copa das Confederações a atuação defensiva, que não é tradicionalmente a característica mais forte do seu jogo. Por isso, o ala do Napoli deve ganhar espaço na Squadra Azzurra principalmente no esquema com três zagueiros, mas mostrou que pode ser alternativa em sistemas com quatro defensores.

Zagueiro: Sergio Ramos (Espanha)

O melhor defensor espanhol no torneio foi o madrilenho, que atuou em todas as partidas da Roja na Copa das Confederações. Em números, Sergio Ramos foi o segundo jogador com mais bolas recuperadas no torneio, foram 35 recuperações da posse da redonda. Contra a Itália, na semifinal, o zagueiro apareceu bastante na área adversária e quase marcou um gol. Esta característica de aparecer no ataque, principalmente, em cruzamentos não rendeu tentos nesta competição, mas sempre assustou os adversários. Além disso, o camisa 15 foi importante na saída de bola do time, com 289 passes completados, que não foram composto apenas por toques de lado.

Zagueiro: David Luiz (Brasil)

 David Luiz e o grande lance da competição, o gol que impediu na final contra a Espanha (Getty Images)

David Luiz teve um grande erro na Copa das Confederações: o pênalti absurdo que cometeu em Diego Lugano, na semifinal frente ao Uruguai. No mais, o cabeludo assustou quando queria ir de qualquer forma ao ataque, mas, no geral, a competição foi muito boa. A raça do jogador do Chelsea é conhecida por todos – chegou a jogar com o nariz quebrado – e a técnica também. As duas características apareceram bastante durante o torneio. Por isso, com vontade incrível, dificilmente perdeu disputas um contra um e foi importante nas saídas de bola brasileiras, inclusive com lançamentos longos. Defensivamente foi o segundo brasileiro que mais desarmou na Copa das Confederações 2013, atrás apenas de Luiz Gustavo, e também foi um dos quatro que mais recuperou bolas pelos “canarinhos” na disputa. David Luiz ainda teve ao seu favor a bela exibição na final para ganhar a vaga nos meus 11 do torneio.

Lateral-esquerdo: Marcelo (Brasil)

A temporada não foi tão boa, sofreu com lesões e, quando voltou, ficou no banco de Fábio Coentão. Na seleção havia dúvida se Marcelo seria o titular para a Copa das Confederações 2013. Porém, assim que assumiu o posto entre os 11 ainda nos amistosos preparatórios, não deixou a posição na lateral-esquerda. O resultado foi um ótimo campeonato, principalmente, na fase ofensiva do jogo. Marcelo cedeu uma assistência no torneio e teve boa parceria pelo lado esquerdo com Neymar: recebeu 33 passes do camisa dez e passou 77 vezes para ele durante a campanha. Defensivamente cometeu alguns erros, mas a participação no ataque e o bom desempenho na reta final do campeonato pesaram favoravelmente para o brasileiro estar na seleção do torneio e Alba não. O espanhol foi muito mal nos jogos decisivos.

Volante: Andrea Pirlo (Itália)

Não foi a melhor competição do meia-central azzurro, porém, a classe esteve presente enquanto uma lesão não atrapalhou a participação na Copa das Confederações 2013. Pirlo ocupou a função de regista: bastante recuado e dando qualidade à saída de bola italiana. O resultado disso foram 210 passes tentados, 169 completados, ou  seja, 80% de índice de acertos. O rendimento ofensivo ainda contou com um golaço de falta na primeira partida dos azzurri na Copa das Confederações. Mas, pelo posicionamento defensivo, o camisa 21 também conseguiu recuperar 12 bolas durante a competição. Portanto, mesmo sem ter mostrado o melhor que pode, Pirlo, por ter participado bem defensiva e ofensivamente, mereceu a vaga na seleção do torneio.

Volante: Paulinho (Brasil)

Paulinho como de costume apareceu muito bem no ataque (AFP/Nelson Almeida) 

Um volante quase meia, este foi Paulinho na disputa da Copa das Confederações 2013. Mas, como a primeira obrigação do jogador desta posição é a marcação, começo destacando o desempenho defensivo do brasileiro. Foram 14 bolas recuperadas e quatro desarmes nas quatro partidas que disputou. Outro fator importante do jogo de um volante é a saída de bola, mais um quesito em que o camisa 18 verde e amarelo teve boa participação, com 174 passes tentados, 140 completados e um índice de acerto de 80% - muitos deles direcionados ao ataque. Na difícil semifinal frente ao Uruguai, foi um lançamento de Paulinho que abriu espaço para o primeiro gol e foi dele o tento que classificou os “canarinhos” à final do torneio. O jogador completo, que foi vendido recentemente ao Tottenham, ainda marcou mais uma vez na Copa das Confederações 2013. O bom desempenho na competição foi coroado com uma ótima atuação na final, quando atuou mais defensivamente.

Meia-externo direito: Edinson Cavani (Uruguai)

Cavani não fez uma competição linear, mas cresceu junto com os companheiros na fase decisiva do torneio. No jogo que valeu a classificação, contra a Nigéria, o camisa 21 celeste perdeu chances improváveis, mas diminui a dívida com a torcida ao participar do contra-ataque que rendeu o gol da vitória uruguaia. Neste lance, o centroavante cedeu sua única assistência na Copa das Confederações 2013. O crescimento na fase final ficou claro através dos números: nos jogos frente à Brasil e Itália foram três gols, um de falta e, com a bola rolando, um de canhota e um de perna direita. Porém não foi o trabalho ofensivo que chamou a atenção, na fase defensiva do jogo, foram cinco desarmes, dez bolas recuperadas e muita disposição para a marcação.

Meia-atacante: Andrés Iniesta (Espanha)

Cabeça erguida e, de olho no ataque, este foi Iniesta, o homem que pensava o jogo na Espanha (Julio César Guimarães/UOL)

Iniesta não apareceu tanto nas estatísticas ofensivas, não é um goleador e, nesta Copa das Confederações, cedeu apenas uma assistência. Porém a importância dele para o jogo da Espanha é notada facilmente na observação de cada partida. A característica de passador de Iniesta ficou clara nesta disputa, ao todo, foram 390 passes tentados, 337 completados e um índice de 86% de acerto. Para quem atua no setor ofensivo e, normalmente arrisca toques mais difíceis, os números são muito bons. Além disso, os dribles e chutes de fora da área colaboraram bastante para jogos em que a Roja enfrentou defesas mais fechadas. Defensivamente, o camisa seis da furia colaborou com um desarme e 13 bolas recuperadas.

Meia-externo esquerdo: Neymar (Brasil)

O bola de ouro que participou da maior parte dos gols da seleção campeã do torneio. Neymar amadureceu na disputa com a camisa verde e amarela, vestindo a dez e atuando, principalmente, na ponta-esquerda. Em números, foram quatro gols, duas assistências, quatro desarmes e cinco bolas recuperadas. A preponderância de Ney no desempenho do Brasil ficou clara nos primeiros jogos, quando ainda não havia uma percepção cristalina de jogo de equipe na seleção. Naquele momento, com o talento natural, o agora jogador do Barcelona carregou o time. Com o crescimento de todo o grupo, Neymar se comportou ainda melhor. Mesmo sem conseguir uma grande exibição na semifinal contra o Uruguai, o camisa dez verde e amarelo participou, de forma decisiva, dos dois gols brasileiros. Na decisão, mais uma grande atuação e um golaço com a perna ruim, a canhota. Portanto, o craque brasileiro foi bem enquanto o time se arrumava, foi bem com o crescimento do grupo, foi bem na semifinal e também na final. Portanto, o craque de toda a competição.

Centroavante: Fred (Brasil)

 Os homens mais ofensivos do Brasil, Fred e Neymar se entenderam muito bem ao longo da competição (Ricardo Matsukawa/Terra)

O camisa nove brasileiro é mais um que faz parte da minha seleção e que não começou bem na Copa das Confederações. Nos primeiros dois jogos nenhum gol e pouca participação nas partidas – cedeu apenas uma assistência. Porém, a postura do centroavante mudou após o início ruim, contra a Itália, Fred marcou duas vezes e começou a busca pela artilharia. Fazendo gols típicos de centroavante, empurrando bolas dentro da área e se posicionando muito bem para marcar, faltou pouco para que o camisa nove conseguisse vencer a chuteira de ouro do torneio. Na semifinal frente ao Uruguai, mais uma vez balançou a rede por não desistir do lance antes dele ser finalizado. Contra Espanha, na decisão, dois dos três gols brasileiros foram marcados por Fred, que, pela primeira vez na carreira, marcou deitado. Ficou claro que gol é com ele e que, se tiver chance, vai balançar as redes sempre.

Técnico: Cesare Prandelli (Itália)

Este foi o nome que mais demorei a definir, pois Del Bosque e, principalmente, Felipão mereciam ser o técnico do torneio. Mas o que pesou em favor de Prandelli foi a adaptabilidade que mostrou durante os cinco jogos que a Itália disputou. No balanço da Copa das Confederações 2013 coloquei no texto que a Squadra Azzurra foi um carrossel tático e isso ocorreu mesmo por culpa do homem no banco de reservas. Sob o comando do ex-treinador da Fiorentina, os italianos não repetiram a escalação nenhuma vez no torneio e mudaram bastante de esquema para enfrentar os diferentes adversários. Esta adequação de atletas e forma de jogar às dificuldades, que a outra seleção poderia oferecer, foi um diferencial dos azzurri na competição. Por isso, após perderem por 4 a 0 para a Espanha em 2012 na final da Eurocopa, desta vez, fizeram jogo duro e foram melhores que os espanhóis. A consciência das limitações e qualidades do elenco que Prandelli possui parece ser a grande esperança da Itália para ter sucesso nos próximos anos no futebol.

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