quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O que acontece com Carlos Eduardo?

Na Alemanha, Carlos Eduardo fez com que todos se apaixonassem pelo seu futebol, mas hoje, esta fase no Hoffenheim fica como uma lembrança irrecuperável (Ronald Wittek/EFE)

Quem me segue no Twitter sabe que sou um dos poucos defensores do meia-atacante rubro-negro, Carlos Eduardo. Obviamente que o motivo não é pelo o que ele entrega em campo ao Flamengo e, sim, pelo potencial que já vi no futebol dele. Porém, este não é o mesmo jogador que me fez decorar o Grêmio vice-campeão da Libertadores de 2007, que tinha: Saja; Patricío, William, Teco, Lúcio; Gavilán, Sandro Goiano (com Lucas Leiva, no segundo jogo); Tcheco, Diego Souza, Carlos Eduardo; Tuta. 

Eu não sou gremista e também não era um doente por futebol como sou hoje, mas, este time do tricolor imortal está na minha cabeça muito por conta do meia-atacante canhoto, habilidoso e veloz, que era Carlos Eduardo. Desde então, passei a acompanhar a carreira daquele jogador, pois, para mim, se tratava de um prospecto de seleção brasileira. O desempenho em 2007 chamou a atenção do Hoffenheim, que, mesmo estando na Bundesliga 2, tinha um projeto de crescimento. O clube construiu estádio, melhorou a estrutura, investiu em contratações e o brasileiro foi o grande nome do mercado de transferências. Por 7 M € (até hoje maior transferência paga pela equipe), foi jogar na Alemanha. 

Com maior investimento que os demais clubes, o Hoffenheim subiu e Carlos Eduardo foi importante. Apesar de jovem (20 anos), se adaptou bem, marcou cinco gols e cedeu quatro assistências, nos 1626 minutos que ficou em campo. Na primeira divisão, ostentando a camisa dez, Cadu também teve destaque e o clube teve momentos em que pôde desafiar o gigante Bayern de Munique. Jogando como meia-atacante pelo centro, o brasileiro foi destaque ao marcar oito gols e ceder seis assistências, ajudando o Hoffenheim a terminar a Bundesliga 2008-09 em sétimo lugar. 

Não era apenas uma fase do camisa dez brasileiro, no ano seguinte, o clube não manteve o nível, mas Cadu seguiu em alta, pois marcou cinco vezes e cedeu nove assistências. Por isso, Carlos Eduardo chegou a ser chamado por Dunga para a seleção e foi cotado para defender o país na Copa de 2010. Inclusive o jogador do Hoffenheim fez da lista de suplentes da lista final do técnico brasileiro, portanto, caso houvesse uma lesão, ele poderia ter feito parte do elenco verde e amarelo no Mundial africano. 

 O Flamengo venceu concorrência com outros clubes brasileiros para ter Carlos Eduardo por empréstimo, mas, até agora, o esforço não deu resultado (VIPCOMM)

O bom futebol apresentado e os investimentos menos agressivos de Dietmar Hopp fizeram com que uma proposta do Rubin Kazan de 20 M € fosse irrecusável para o Hoffenheim. Na Rússia, Carlos Eduardo estreou marcando dois gols, Mano Menezes chegou a convoca-lo e lhe dar a camisa dez da seleção brasileira, mas Cadu não teve continuidade nem vestindo verde e amarelo nem com os tártaros. Por isso, neste começo de ano, o clube russo optou por empresta-lo ao futebol brasileiro até a Copa de 2014. 

Porque então, um jogador que surgiu como estrela, foi bem em um dos melhores campeonatos do futebol mundial, fez algumas boas partidas vestindo o verde e amarelo e voltou ao Brasil falando em seleção brasileira, não consegue ser importante para o Flamengo? Vamos aos três principais motivos:

Lesões  

Depois de largar bem no Rubin Kazan, Carlos Eduardo teve uma série de três lesões, que somadas, o afastaram dos gramados, praticamente, por dois anos. Quem faz algum tipo de esporte, sabe que a volta de qualquer lesão séria é muito complicada, imagine três e no nível profissional. O resultado disso é que, pelos tártaros em quase três anos, foram apenas 13 partidas, os dois gols da estreia e 850 minutos em campo. Na apresentação no Flamengo, Cadu destacou que as lesões refletiriam no pouco tempo em campo: “o treinador do Rubin Kazan tinha medo de me botar pra jogar, pois eu ainda sentia muitas dores. Em 2012, entrei em vários jogos. Mas muita gente não entendia o investimento feito pelo time russo e quase não atuava”. O reflexo do grande período parado é visto ainda hoje, pois, neste ano, Carlos Eduardo não participou da pré-temporada rubro-negra e, ainda hoje, parece esgotado no segundo tempo de todos os jogos, sendo o jogador flamenguista que menos contribui com a marcação. 

Desmotivação 

Além de parecer limitado fisicamente, o meia-atacante também parece não ter o interesse de brigar em campo como os demais colegas de elenco no Flamengo. Isto vai contra àquilo que declarou quando foi apresentado na Gávea. “Sou um cara que gosta de desafios, o ser humano convive com isso. Desafio na carreira de jogador é muito importante e quem tem personalidade cresce com ele”, garantiu. Vaiado jogo após jogo, Cadu não parece conseguir reagir. Apesar das vaias e da perseguição da torcida não diminuir o nível de suas atuações (afinal, já está muito baixo), o camisa 20 rubro-negro também não faz nada diferente para deixar de ser o alvo dos torcedores. Somado a isso, o fato de não ter atingido os próprios objetivos, limita a chance de reação. Quando apresentado, Carlos Eduardo afirmou: “meu objetivo é voltar à Seleção Brasileira”. Longe de voltar a vestir verde e amarelo, o meia-atacante pode ter parado de acreditar na reação do próprio futebol.  

Extra-campo 

Não foi uma vez que, neste ano, surgiu a notícia que o Flamengo tentaria devolver o meia-atacante ao Rubin Kazan, pois o alto investimento não estava trazendo resultados. O empresário sempre rechaçou estas hipóteses. Além disso, em outras ocasiões, o camisa 20 – como todos do elenco – teve problemas para o recebimento dos direitos de imagens. O agente Jorge Machado tentou blindar o jogador a cada novo problema fora das quatro linhas, sobre os assuntos supracitados, quem falava era o empresário. Mas é claro que Cadu ficava sabendo das polêmicas e isto interfere no que apresenta em campo. 


Seguir apostando em Carlos Eduardo parece não ser a melhor opção para os rubro-negros, pois já teve quase 900 minutos em campo, marcou apenas um gol, atuou nas mais diversas posições e pôde ter uma sequência de jogos apesar das apresentações ruins. Portanto, Cadu teve várias chances para dar certo no Flamengo e não. Porém, já que bancará o jogador até o final ano, que ele fique até o final do empréstimo, porque esta nova aposta poderá valer a pena. Tendo em vista que, no próximo ano, o camisa 20 terá condições de participar da pré-temporada normalmente e isto poderá fazer diferença dentro das quatro linhas. 

Números da matéria coletados nos sites: Footstats e Transfermarkt

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