Mais do que o merecido
Com Falcao García apenas observando, o grupo colombiano foi o destaque e alcançou a vitória (Alex Grimm/FIFA/Getty Images)
O Mundial tem se caracterizado pelas torcidas sul-americanas dominando as arquibancadas. Em Belo Horizonte, a Colômbia teve apoio enorme, o Mineirão ficou amarelo e, claro, cantou o hino à capela. Com este ambiente, os comandados de Pérkeman iniciaram pressionando os gregos, que se fechavam em um 4-1-4-1. O 4-2-3-1 cafetero tinha Teo Gutiérrez como centroavante e Cuadrado, James Rodríguez e Ibarbo atuando atrás do centroavante. Os quatro homens mais ofensivos, muitas vezes, apoiados por volantes e laterais não deixavam a saída de bola ocorrer.
Enquanto a pressão alta esteve presente, a Colômbia foi melhor e conseguiu sair na frente, com boa jogada de Cuadrado pela direita, que Armero finalizou. Porém, o sufoco na saída grega não durou muito tempo. Por isso, a Grécia conseguiu entrar na partida, mantendo a posse de bola e tendo Kone bem ativo, na troca de passes e na chegada ao ataque. Ospina chegou a ser exigido algumas vezes e mostrou o bom nível, que já apresenta no futebol francês.
A falta de intensidade colombiana pareceu ser cansaço e, assim, a Grécia seguiu controlando a redonda. Mas faltava algo aos europeus, que não conseguiam chances tão claras. Em seu pior momento na partida, a Colômbia alcançou a segundo gol, após cruzamento de James da direita, que Aguilar desviou, e Teo só empurrou para as redes. A oportunidade claríssima que faltava aos gregos, veio logo depois do 2 a 0. Torosidis ganhou no segundo poste e cruzou para trás, Gekas se atirou na bola e, mesmo com o gol livre, acertou o travessão. Mitroglu substituiu o centroavante e a Grécia seguiu mais em cima e teve algumas chances, que ou passaram ao lado ou foram salvas por Ospina.
No final, a Colômbia, mais uma vez, aproveitou a velocidade no lado direito. Cobrança rápida de falta, combinação boa entre Cuadrado e Zuniga e assistência para James, que, dentro da área, não desperdiçou. O 3 a 0 foi mais do que os cafeteros mereceram pela atuação, mas serviu para mostrar a força do lado direito da equipe e como é importante esta pressão na saída de bola rival para o jogo colombiano funcionar, mas a intensidade tem que ser mantida por mais tempo. Os gregos mostraram fragilidades defensivas e ofensivas, por isso, não devem ter muitas chances de passar à segunda fase da Copa.
Campbell, o gigante
Campbell fez a melhor exibição individual da Copa e liderou a vitória costariquenha sobre o Uruguai (GettyImages)
A disputa no grupo D seria restrita aos três campeões mundiais, Uruguai, Itália e Inglaterra. Mas, na primeira rodada, havia uma Costa Rica no meio do caminho da Celeste Olímpica. Jorge Luis Pinto optou por um 3-4-2-1, mostrando que a prioridade seria segurar o Uruguai, que vinha no 4-4-1-1, com Forlán e Cavani revezando no comando do ataque. Apesar de estar abaixo do nível que já esteve, o camisa dez uruguaio estava em campo para utilizar o ótimo passe e a qualidade nas bolas paradas.
Sem fazer grande partida, a presença de Forlán fez a diferença. Em falta cobrada por ele, Lugano sofreu pênalti inocente e Cavani não desperdiçou. Mesmo antes do 1 a 0, o personagem da partida já aparecia. Acostumado a jogar pelo lado, Campbell atuava centralizado e incomodava a defesa charrúa. O jogador do Olympiacos driblava, passava e finaliza. Quando a bola chegava nele, era um risco para o Uruguai. O empate veio com o camisa nove dos Ticos, que aproveitou boa jogada pela direita e falha da defesa celeste, para fuzilar de canhota.
A virada veio com a mesma alternativa uruguaia: a bola parada. Um dos meias-atacantes no esquema costariquenho, Bolaños, que foi muito bem na partida, cobrou e Duarte apareceu por trás de todos e, de peixinho, virou o jogo. A Celeste Olímpica estava entregue ao jogo dos Ticos, mas, com algumas mudanças, ensaiou uma pressão, jogando quase com três atacantes. Aí a estrela costariquenha apareceu. Se Campbell decidia na frente, o ótimo goleiro Keylor Navas segurou o momento de pressão uruguaia.
A melhor exibição individual desta Copa ainda reservava mais uma grande jogada. Aos 84 minutos, Campbell apareceu na dele, na ponta-direita, e fez ótimo passe para Ureña entrar na área e fazer o terceiro, na saída do goleiro Muslera. Nos minutos finais, o camisa nove costariquenho ainda cavou a expulsão de Maxi Pereira e concluiu a sua grande exibição. O 3 a 1 foi um resultado justíssimo e bagunça o início do grupo D.
Apesar da vitória, imaginar os Ticos passando de fase é difícil. Mas ficou pior para os uruguaios iniciam a Copa com um grande problema, recuperar esta largada ruim. O consolo é a provável volta do melhor jogador do país, Suárez na segunda rodada. Além disso, em 2010, na estreia contra a França, o Uruguai teve Lodeiro expulso, o que forçou Tabárez a mudar o time taticamente. Depois das mudanças, todos sabem, a Celeste Olímpica foi semifinalista do Mundial. Repetir esta história é o objetivo no Brasil.
Expectativa atendida
Pirlo e a Itália merecem aplausos pela ótima exibição em Manaus (Ricardo Matsukawa/Terra)
O calor até atrapalhou, mas, em Manaus, Itália e Inglaterra fizeram um jogaço, até aqui, o melhor da Copa. Pressionados pela vitória da Costa Rica, as duas campeãs mundiais entraram em busca da vitória, para abrir vantagem em relação ao Uruguai. Os italianos apostaram no 4-1-4-1 e a Inglaterra teve um 4-2-3-1, com Welbeck, Sterling e Rooney circulando atrás do centroavante Sturridge, que se mexia muito.
A Squadra Azzurra preferia a bola e a troca de passes, inclusive com os laterais participando da movimentação à frente do meio-campo. Já os Three Lions optavam pela pressão alta e intensidade para buscar opções de finalização. Assim, a Inglaterra assustou com um belo chute de longe de Sterling, muito à vontade jogando pelo centro do campo. O lado direito italiano ia muito bem, com Darmian e Candreva combinando demais por ali. O gol saiu em cobrança de escanteio do camisa seis: Verratti recebeu o passe curto, rolou para trás, Pirlo fez o corta-luz e, livre na entrada da área, Marchisio teve tempo para dominar e chutar.
O empate veio rápido e teve a característica pensada pelo English Team. Na linha média, Sterling fez ótima enfiada para Rooney na ponta esquerda e o camisa dez fez o cruzamento no segundo pau, onde Sturridge apareceu para igualar o jogo.
O empate não fez mal à Itália, que seguiu mantendo o estilo: muitas trocas de passes (602 passes trocados, maior número da Copa) e paciência para chegar. Em um erro de Hart, Balotelli quase fez um golaço de cobertura. Se SuperMario não conseguiu recolocar a Itália na frente com um golaço, no segundo tempo, ele apareceu para decidir. O lado direito azzurro funcionou com Candreva, que limpou a defesa e cruzou no segundo poste. Balotelli apareceu atrás da defesa e colocou a bola no gol. O carismático e polêmico camisa nove da Nazionale vibrou muito. A derrota parcial forçou a Inglaterra a buscar o jogo e, sabendo disso, Prandelli sacou o bom passador Verratti e colocou Thiago Motta, jogador de mais marcação.
Com as mudanças de ambos os lados, a Itália passou a ter mais um 4-5-1, formando uma barreira frente à própria área. A Inglaterra ficou em cima, trocando passes, mas sempre buscando Sterling (agora, mais à direita) para tentar a jogada diferente e o último passe. A chance de marcar não surgiu e, na reta final do jogo, o cansaço começou a pegar forte o English Team, diminuindo a intensidade daquela pressão.
A vitória no jogaço dá muita moral aos italianos, na disputa que promete ser muito dura pelas vagas no grupo D. Para a Inglaterra, apesar da derrota, fica a exibição a boa exibição e noção de que alguns erros foram cometidos, principalmente, na defesa. Para a decisão frente ao Uruguai ter mais de Rooney também será fundamental.
Drogba resolve
Drogba no lugar de um volante: a entrada do centroavante mudou o jogo para Costa do Marfim (AFP)
O camisa 11 estava no banco, pois Lamouchi optou por iniciar com Bony à frente dos três meias, Gervinho, Yaya Toure e Kalou. Desta forma, quem começou a partida melhor foi o Japão, também armado em um 4-2-3-1, com Honda e Kagawa revezando entra a ponta-esquerda e o centro da linha de três meais. Além da movimentação da dupla, os Samurais Azuis tinham as subidas dos laterais, Uchida e Nagatomo. Os velozes japoneses evitavam que a bola chegasse à Yaya Toure e, com isso, a criação costa marfinense ficava com Kalou e Gervinho, portanto, tinha menos qualidade.
O Japão aproveitou o início ruim dos Elefantes e saiu na frente. A jogada veio com a combinação entre três de seus jogadores especiais: Kagawa tocou para Nagatomo assistir Honda, que tirou Yaya e fuzilou de canhota. Golaço. Mas Costa do Marfim tinha um time talentoso e muito forte e não se entregaria após sofrer um gol. Yaya Toure começou a aparecer mais e fez algumas boas jogadas.
Porém o jogo foi resolvido do banco de reservas. Lamouchi mexeu muito bem, pois tinha o grande trunfo no banco, Didier Drogba. O técnico sacou um volante para colocar o centroavante e, desta forma, abriu mão do 4-2-3-1 e jogou no 4-4-2. Yaya se tornou volante ao lado de Tiote, Kalou e Gervinho foram os meias pelos lados e Drogba duplou no ataque com Bony. Modificada, a Costa do Marfim passou a ter mais chegada e conseguiu virar o jogo em duas jogadas semelhantes. Primeiro, armando de trás, Yaya Toure abriu o jogo com Aurier, que cruzou na área, onde Bony ganhou da zaga para cabecear. Depois, novamente o lateral-direito jogou na área e foi Gervinho que desviou de cabeça para o gol.
O 2 a 1 tranquilizou a seleção africana e agitou os japoneses. Porém o nível do jogo não voltou a ser o mesmo do início dos 90 minutos. Kagawa já não combinava tanto com Honda e Uchida sumiu do campo de ataque. Por isso, as melhores oportunidades vieram quando o autor do primeiro gol tentou jogadas individuais. Mas quem chegou mais perto de marcar foi a Costa do Marfim, com jogadas de Drogba, o homem que mudou o jogo. Assim, os Elefantes largam ao lado de Colômbia na briga pelas vagas do grupo C, chave que também promete equilíbrio.
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