segunda-feira, 12 de julho de 2010

Copa do Mundo – Dia 25 – Final

Amarela não, é La Roja

Primeira final de Copa do Mundo e já saindo com o título. Por outro lado a Holanda chega ao seu terceiro vice, nas outras vezes perdeu para as donas da casa. A Alemanha em 1974 e a Argentina em 1978. O jogo teve muitos ingredientes, que contribuiram muito para termos uma final digna de ficar na história.

Mesmo sem dar a show, a Espanha venceu e controlou quase toda a partida. Jogo esse no Soccer City que reuniu 84.490 torcedores, o sétimo maior público de finais de Copa e o maior desde 1994.

Um jogo até certo ponto violento, muitas entradas fortes e um jogo realmente “pegado”. Isso se refletiu no número de cartões da partida, foram 14 amarelos e um vermelho, resultando no recorde dessa Copa. Mas poderia ter tido mais, Van Bommel e De Jong mereciam ir pro chuveiro mais cedo. Além disso, Iniesta também merecia um cartão amarelo.
De Jong dá um golpe em Xabi Alonso, para Howard Webb, cartão amarelo - Getty Images

O início da partida foi o momento de maior tensão. Em 30 minutos cinco amarelos e jogadas rispídas de Van Bommel e De Jong, que até recebeu a punição, mas de cor errada. Quem apareceu melhor na primeira etapa foram os dois goleiros. Stekelenburg defendeu um chute de Sergio Ramos e mais uma cabeçada perigosa do lateral-direito.

O nervossismo e o medo de perder deixou o jogo na primeira etapa, bastante fechado. La Roja teve as duas oportunidades, mas ficou mais com a bola, 56% contra 44% dos adversários. Mas a grande chance no primeiro tempo foi da oranje. Robben fez a sua jogada tradicional, cortou para a perna esquerda e bateu rasteiro, porém foi a vez de Casillas brilhar.

Um empate em zero a zero era justo, o que não era correto era o número de atletas em campo seguir sendo de 22.

Segunda etapa, a Holanda cresceu e teve duas ótimas oportunidades para definir o jogo. Nas duas ocasiões, Robben recebeu exelentes passes de Sneijder no contra-ataque. A primeira é a mais incrível, o dez holandês fez a enfiada e o jogador do Bayern teve ela dominada e livre de frente para Casillas. O arqueiro espanhol esperou até o último momento a definição de adversário, na hora do arremate ele caiu para a esquerda, mas deixou o pé e executou a defesa.

Com esses lances, algo começava a dizer para o mundo de que a Espanha seria a campeão. Mas isso não aconteceu no tempo normal. A prorrogação veio, sexta Copa com final passando pelo tempo-extra. Consequentemente a emoção aumentou. A carga de tensão também apenas cresceu, cinco amarelos e um vermelho foram aplicados nos 30 minutos derradeiros.

As duas seleções mais uma vez se preoucupavam muito em não dar espaços aos adversários, pois qualquer erro poderia ser fatal. Os dois treinadores fizeram alteração pontuais. Bert van Marwijk, trocou o cansado Van Brockhorst por Braafheid, tirou um volante mais de marcação, De Jong e colocou Van der Vaart e já tinha tirado o esgotado Kuyt para trazer Elia a campo. Porém mesmo com as três mexidas no final da batalha, a oranje apresentou esgotamento fisíco.

Vicente del Bosque se utilizou muito bem de suas ótimas opções de banco. Trocou Pedro por Jesús Navas, que entrou muito bem. Também fez como o adversário, sacou um volante mais recuado, Xabi Alonso e colocou um meia, ele fez isso antes que a Holanda. No intervalo da prorrogação mesmo sem as melhores condições colocou o decisivo Fernado Torres no lugar do apagado Villa.

O jogo na prorrogação até por conta de todo esse nervossismo, a partida apresentava poucas ocasiões de gol. Mas Iniesta já dava sinais que seria ele o homem a decidir a decisão, pois o jogador blaugrana cresceu muito de produção no tempo-extra. E foi em uma jogada do camisa seis da fúria que Heitinga fez a falta que resultou em sua expulsão.

A perda de um zagueiro somada a impossibilidade de mais uma substituição desmontou a oranje. Pois Braafheid teve que se deslocar para a zaga e Van der Vaart tentava fazer a cobertura da ala-esquerda.

Porém os holandeses tiveram mais duas boas chances. A primeira com Sneijder em uma cobrança de falta. A redonda desviou em Fàbregas e seria escanteio, mas Howard Webb não marcou. A Holanda conseguiu recuperar a jogada e a alternativa foi procurar o jogo com o camisa 17 na direita.
Iniesta marca o gol mais importante da história da seleção espanhola - Ag. Reuters

Elia foi obstruído por Sergio Ramos e Fàbregas, mas Howard Webb ignorou a infração. A bola sobrou com Puyol. O número cinco de La Roja saiu jogando com Jesús Navas pela direita, que logo cortou Van der Vaart. Braafheid conseguiu desarmá-lo, mas a bola ficou com Iniesta, que de primeira passou a redonda de calacanhar para Fàbregas. O dez da fúria empurrou a bola para Jesús Navas, que abriu o jogo com Fernando Torres na esquerda. El Niño fez passe buscando Iniesta, mas Van der Vaart cortou. Porém Fàbregas está na bola, o dez deu passe de primeira para o camisa seis espanhol. Agora, livre, Iniesta dominou e bateu forte cruzado, marcando o gol do título de La Roja.

Na comemoração do gol, Iniesta tirou a camisa e embaixo dela tinha outra, que estava escrito: “Dani Jarque sempre conosco”. Jarque era jogador do Espanyol de Barcelona, rival do clube de Iniesta, mas a amizade de ambos prevaleceu e valeu a homenagem. Coisas do futebol europeu. Outro jogador que foi lembrado na comemoração foi Antonio Puerta, que também morreu e tudo isso dentro de campo.

O ex-jogador do Sevilla e antigo companheiro de Puerta, Sergio Ramos usou uma camisa em homenagem a ele e Jesús Navas fez o mesmo.

Os holandeses reclamaram muito do lance com o árbitro inglês, mas nada feito. Também as chances de gol sumiram e o resultado ficou como estava após o gol de Iniesta. Portanto com o apito final de Howard Webb era hora de Alemanha, Argentina, Brasil, França, Inglaterra, Itália e Uruguai dizerem: Seja bem-vinda ao seleto grupo de campeões mundiais.

Um lado a alegria dos 23 atletas que deixaram o nome da fúria, do outro estavam os guerreiros da oranje, mais um vice para a história do país no futebol. Porém mais uma vez o mundo volta a parabenizar a Holanda, não por um futebol revolucionário como outrora, mas agora as palmas se direcionam ao novo estilo holandês. Forma que Bert van Marwijk implantou e mostrou aos antigos amantes do futebol total que o futebol resultado, hoje em dia, é quase obrigatório. Entendido isso essa Holanda deve levantar a cabeça, pois a base seguirá para a Eurocopa 2012 da Polónia e Ucrânia com grandes possibilidades de título.
Puyol consola Wesley Sneijder após o jogo - Reinaldo Marques/Terra

Foi triste ver o choro de Sneijder, como foi também observar Robben estirado no chão. Mas os espanhois comemoraram e mostraram o quanto queriam a conquista. Os choros de Casillas e de Iniesta foram de extrema alegria. Puyol consolando o dez da oranje, o abraço entre Van Bronckhorst (se despedindo do futebol) e Van der Vaart para amenizarem a dor, foi algo emocionante e o beijo de Casillas e sua namorada a bela repórter Sara Carbonero durante a entrevista também ficarão marcardos.

Porém nada disso consegue superar a cena que mostrou mais Fair Play durante toda a Copa. Foi a atitude do elenco e comissão técnica holandesa após o jogo, eles esperaram os campeões mudiais dsecerem das tribunas com a taça para parabenizá-los. Para mim o futebol é isso, agradeço a essa por ter me proporcionado um momento como esse.
Todas as lentes apontavam para apenas um lugar, Iniesta e a taça - Ag. Reuters

Palmas para a Espanha, mas sem desprezar a Holanda. Infelizmente vou ter que ser óbvio, mas a Copa do Mundo é assim, só um ganha. E era a vez da fúria, que coroou o trabalho que vem desde 2006.

Abraço a todos e viva a Copa do Mundo de 2010

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