domingo, 13 de outubro de 2013

Olho nelas: Bélgica

Estes últimos dias foram de definições nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Agora, temos 14 seleções classificadas e faltam 18 seleções para a composição do grupo de 32 que virão ao Brasil. Mas, entre as prováveis oitos cabeças (escolhidos através do Raking da Fifa de outubro), duas chamam muito a atenção por não serem das escolas de futebol mais tradicionais do mundo: Bélgica e Colômbia. Primeiro, falarei dos europeus, os sul-americanos serão assunto do blog nos próximos dias também. 

Bélgica 

Wilmots é festejado pelos comandados após a confirmação da classificação ao Mundial no Brasil (Ag. Reuters)

Os belgas se garantiram, com uma rodada de antecedência, no grupo A, que contava com Croácia, Sérvia, País de Gales, Escócia e Macedônia. Portanto, o primeiro teste dos diabos vermelhos, após a decepção da não classificação à Euro 2012, envolveu adversários interessantes. A formação da já famosa “ótima geração belga” chama muito a atenção e a volta ao Mundial, 12 anos após a última participação em 2002, começou em 2001, um ano antes da eliminação para o Brasil nas oitavas de final, depois de ter um gol de Marc Wilmots mal anulado. O ex-atacante é o treinador da equipe desde 2012, mas está na comissão técnica desde 2009. 

A ideia veio por conta da eliminação na primeira fase da Euro 2000, realizada na Bélgica e na Holanda, onde a equipe venceu apenas uma vez e só marcou dois gols. Por isso, a reestruturação foi iniciada já em 2001, com o objetivo de fortalecer as categorias de bases dos clubes do país, para que eles não desperdiçassem eventuais talentos. O plano foi idealizado pelo diretor técnico da Federação Belga, Michel Sablon que via a Jupiler League mal, o que prejudicava a formação das seleções de base. 

A reformulação envolveu os times, as seleções e os técnicos, Sablon conveceu que até os 18 anos, todos no país deveriam desenvolver as equipes no 4-3-3 e não havia a necessidade de pensar nos resultados, que era o objetivo de todos os treinadores da base. A conclusão do diretor técnico veio após ter acesso aos vídeos de 1500 partidas pelo país. A mudança de mentalidade também passou por aí, os garotos mais jovens passaram a jogar em campo reduzido, primeiro jogando cinco contra cinco, depois, sete contra sete, e, por fim, 11 contra 11, no campo oficial. Desta forma, o foco se tornou o desenvolvimento técnico e não as vitórias. 

 Provável escalação titular da Bélgica no 4-1-4-1 de Wilmots (Clique na imagem para ampliar)

O trabalho trouxe reflexo em campo, hoje, a Bélgica tem grande seleção e muitos jogadores que fazem parte do elenco principal jogam, com destaque, em importantes clubes europeus, principalmente, na Inglaterra. Wilmots não faz o time jogar no 4-3-3, mas sim no 4-1-4-1, uma configuração tática bem parecida. Os pontas De Bruyne (ou Mirallas ou Mertens) e Hazard são bem ofensivos, por isso, muitas vezes, se transformam em atacantes pelo lado, mas não esquecem da recomposição no meio. 

No ataque, tanto Lukaku quanto Benteke são jovens e vivem ótimo momento, ambos têm a capacidade de segurar bolas, em eventuais ligações diretas. “Mas quando nos apertam, sabemos defender e jogar diretamente ao ataque com Lukaku ou Benteke, que sabem segurar a bola”, destacou ao jornal El País, o goleiro Courtois. O jogador do Everton fez um gol desta forma na última partida frente à Croácia. Por isso, marcar gols não deverá ser o problema belga. 

Porém, mesmo muito badalada, a Bélgica tem alguns problemas. O meio-campo conta com dois jogadores de boa altura, imposição física e boa qualidade no passe, Fellaini e Witsel (o 1° volante), além deles, faz parte do setor Defour, outro jogador de toque de bola, mas com menos poder de marcação. Por isso, o grande problema da equipe é o trabalho defensivo. Mesmo contado com zagueiros pela lateral, Alderweireld e Vertonghen, que não vão juntos ao ataque, se insistir com Van Buyten na zaga, Wilmots poderá ter problemas. Kompany e Lombaerts parecem ser a melhor composição da defesa central. 

Salbon declarou ao DailyMail recentemente que: “Nós não somos os melhores, mas estamos trabalhando duro para estarmos entre os melhores”. As palavras do principal responsável por esta geração belga, mostram claramente a noção da limitação desta ainda jovem – e inexperiente – seleção. O talento é óbvio, mas, em um Mundial, a falta de experiência poderá pesar negativamente. Por outro lado, há a solidez do trabalho realizado e a qualidade da equipe, portanto, mesmo com alguns problemas, ver os Diabos Vermelhos em uma eventual quartas de final da Copa de 2014 não é improvável.

Um comentário:

  1. Courtois; Alderweireld, Kompany, Vermaelen, Vertonghen; Witsel; De Bruyne, Fellaini, Dembélé, Hazard; Lukaku.
    Com o banco tendo Mirallas, Mertens, Chadli, Benteke... Time bom demais...

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