sábado, 5 de julho de 2014

Copa do Mundo – Dia 23

Venceu bem

O craque do Mundial vai embora com as lágrimas, e, o melhor da partida, o consola e avança (Laurence Griffiths/Getty Images)

Desde o princípio, chamou a atenção a inatividade de Carlos Velasco Carballo, que parecia proibido de distribuir cartões. Brasileiros e colombianos aproveitaram esta espécie de autorização e fizeram um jogo bastante físico. Em muitos momentos, os jogadores chegaram a extrapolar, beirando à violência. Um exemplo claro foi Fernandinho, que chegou a fazer faltas duras seguidamente e não viu nem o amarelo.

Em campo, os Samba Boys vieram com algumas diferenças. O 4-2-3-1 se aproximou de um 4-1-4-1, tendo Fernandinho como 1° volante e, à frente, Oscar, Paulinho (por conta da suspensão de Luiz Gustavo, voltou ao time), Neymar e Hulk – os dois últimos jogando mais próximos do centroavante Fred. Além disso, Luiz Felipe Scolari surpreendeu positivamente, sacando Daniel Alves e colocando Maicon. José Pékerman manteve o 4-2-3-1, mas optou por Ibarbo como ponta-esquerda, tendo James pelo centro e Cuadrado pela direita. Na volância, Guarín entrou no lugar de Aguilar, portanto, os cafeteros deixaram de ter dois volantes de mais marcação, buscando ter mais posse de bola e mais domínio do meio-campo.

Com as mudanças e o crescimento do desempenho dos jogadores, os Samba Boys cresceram, passaram a ter melhor saída de bola, pois os laterais, a dupla de volantes e até os meias ajudaram mais neste trabalho. O Brasil também conseguiu pressionar a saída de bola, prejudicando o jogo colombiano. Além da marcação alta, outra característica da Copa das Confederações apareceu: o gol no início. Aos seis minutos, Thiago Silva completou escanteio de Neymar e, de coxa, abriu o placar.

A Colômbia tentou equilibrar o jogo, mas esbarrava na forte marcação no craque James Rodríguez e na fraca exibição de Cuadrado, por isso, Júlio César não era incomodado. A dupla de zaga também tinha responsabilidade nisso, pois impediam as chegadas na área e também bloqueavam os chutes, quando os cafeteros conseguiam finalizar. No outro lado do campo, Hulk, mais uma vez, muito ativo, assustava o goleiro Ospina, porém o segundo gol não vinha.

Vendo o adversário controlando o jogo, Pékerman mexeu: sacou Ibarbo e colocou Adrián Ramos, com mais liberdade para ser atacante. O argentino formou um 4-2-2-2, em que o novo jogador do Dortmund tinha espaço para flutuar atrás de Teó Gutiérrez. Com a mexida, os cafeteros passaram a dominar o jogo, a queda da atuação do meio-campo verde e amarelo também colaborou com a mudança no perfil da partida. Mas, como os números mostram, a pontaria não foi o forte da Colômbia na partida. De onze finalizações, apenas uma foi no alvo, desempenho fraco.

No pior momento da partida, o Brasil conseguiu o segundo gol. Em outra bola parada, David Luiz finalmente conseguiu o primeiro dele de falta com a camisa verde e amarela. Apesar do 2 a 0, o craque da Copa do Mundo, James Rodríguez seguiu tentando e, em um dos raros momentos de liberdade, conseguiu descobrir Bacca (ótimo nove, subutilizado no Mundial) livre dentro da área. Júlio César cometeu o pênalti e, na cobrança, o dez cafetero fez o sexto gol dele na competição (artilheiro). Teoricamente, haveria tempo para a virada, porém, o Brasil passou a dominar o jogo e esfriou o ímpeto colombiano.

O 2 a 1 proporcionou mais uma grande cena do Mundial 2014. Com o apito final, James Rodríguez desabou a chorar, mas não ficou desamparado. Em pouco tempo, os brasileiros Daniel Alves, Marcelo e, principalmente, David Luiz consolaram o dez rival. Na entrevista pós-jogo, o jogador do Monaco, aos prantos, afirmou: “chorei, pois sei que deixamos tudo em campo, mas não foi possível”. Nesta tarde e noite, seria difícil vencer o Brasil, que fez a melhor partida na Copa do Mundo.  

A grande ausência

Neymar deixa o campo chorando, ali já dava para imaginar a gravidade da lesão, que, ao final, afastou o craque da Copa do Mundo (Getty Images)

A alegria ao final do jogo se transformou em temor. Primeiro, durante a partida, o capitão Thiago Silva levou o segundo amarelo, em lance bobo, e está fora do jogo contra a Alemanha. Dentro do elenco brasileiro, Dante parece bem capacitado para substituir o camisa três, apesar de não ser fácil entrar no lugar do melhor zagueiro do mundo. Mas a diferença de nível entre o titular e o reserva não é tão grande como a do outro desfalque verde e amarelo.

Quase no final da partida, em lance no campo defensivo, Neymar tomou uma joelhada nas costas. Zuniga chegou muito duro, em jogada totalmente desnecessária. Após o golpe, o dez brasileiro caiu no chão e não se levantou mais. O árbitro não fez nada, nem cartão o lateral colombiano levou. Ney saiu de maca das quatro linhas e chorando muito. Aos poucos, as notícias foram chegando e a tensão atingindo níveis altos.

Do ambulatório do Arena Castelão, Neymar foi para uma clínica particular e, neste local, foi constada uma lesão séria, em uma vértebra da coluna. Desta forma, além de ficar fora da semifinal, como Felipão imaginou na coletiva pós-jogo, o camisa dez não jogará mais a Copa do Mundo 2014. O grande sonho do garoto de disputar e vencer o Mundial no próprio país, quando estava tão perto, acabou.

Até terça-feira, Luiz Felipe Scolari e toda a comissão técnica vão trabalhar muito para substituir a grande referência técnica verde e amarela. Se no talento Neymar é insubstituível no Brasil, vale destacar que, na fase final da Copa, o camisa dez não brilhou. Por isso, os canarinhos conseguiram não depender tanto do craque, que teve atuações mais apagadas, mostrando que a seleção não é apenas o principal jogador. Portanto, há vida sem Ney.

A adversária

 Palmas para Hummels, muito bem na defesa e o autor do gol decisivo (Martin Rose/Getty Images)

Como previsto, o Maracanã viu um jogo muito equilibrado, entre Alemanha e França. A Nationalmannschaft trouxe novidades para a partida: Lahm na lateral e Klose (abaixo dos demais fisicamente) como centroavante. Assim, Löw manteve o 4-3-3, mas teve o time mais próximo daquele que vinha sendo trabalhado durante todo o período entre copas do mundo, principalmente, quando observamos a forma de jogar. Por isso, a aposta forte é na manutenção da trinca de meias, com Khedira, Schweinsteiger e Kroos, tendo Özil e Müller abertos. A mudança que deve ocorrer é a provável escalação Schürrle, deixando Klose como opção para o segundo tempo.

Sobre o jogo, o Rio de Janeiro viu a vitória, por 1 a 0, com o gol do zagueiro Hummels, que, além de marcar de cabeça, conseguiu fazer um ótimo trabalho defensivo. Esta exigência ao jogador do Dortmund foi reflexo da produção dos franceses, que não foi tão grande como em outras partidas, porém capaz de assustar os alemães. Neuer foi exigido várias vezes e fez boas defesas, as que mais chamaram a atenção foram realizadas com uma mão só.

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