domingo, 13 de julho de 2014

Copa do Mundo – Dia 31

O título da equipe completa

 Levantar a taça, o momento foi esperado por 24 anos pelos alemães e muito comemorado, com muita justiça (Ricardo Matsukawa/Terra)

As escolhas foram para campo e, apesar da tensão comum à uma final, a partida foi muito boa e de alto nível técnico. O Maracanã com 74.738 espectadores foi o grande palco perfeito. A Alemanha repetiu o jogo de posse, com verticalidade, que é a sua marca já a um bom tempo. Os argentinos vieram focados nos contra-ataques, pois, pelo o que haviam visto anteriormente, sabiam que dar espaço ao meio-campo da Nationalelf seria fatal. 

A alternativa tática de Sabella foi o 4-4-1-1, com Messi atrás de Higuaín. Ao conquistar a posse de bola, a Albiceleste tinha os avanços de Enzo Pérez pela esquerda e, principalmente, Lavezzi na direita. Na Alemanha, Löw repetiu o 4-3-3 (4-1-4-1), com Schweinsteiger ficando um pouco mais preso na marcação. Com a lesão de Khedira no aquecimento, Kramer foi escalado no meio com Kroos. 

 Com esta configuração inicial, a Albiceleste teve maior êxito na execução da proposta de jogo. A Alemanha tinha o domínio da bola (terminou com 60%), mas não conseguia penetrar na retaguarda adversária. A dupla Biglia e Mascherano tinha grande responsabilidade nisso, pois, novamente, transpiravam muito e tentavam cobrir todos os espaços do meio. Pelos lados, a contribuição de Enzo Pérez e Lavezzi também era importante. 

Se a lesão de Khedira no aquecimento piorou o time, quando Kramer teve que sair, a Mannschaft melhorou. Löw ousou e colocou Schürrle em campo e passou a ser mais ofensivo. Quase um 4-2-3-1, com o recém-entrado pela esquerda, Özil pelo centro e Müller à direita, com Kroos e Schweinsteiger sendo os volantes. Assim, a Alemanha cresceu e chegou a exigir participações de Romero, que, mesmo com desconfianças, foi muito bem em toda a Copa do Mundo.

Porém, no primeiro tempo, as grandes chances foram albicelestes. Na mais clara oportunidade, o melhor alemão na Copa, Kroos errou e Higuaín ficou frente à frente com Neuer. El Pipita desperdiçou o que poderia ser a bola do jogo, ao chutar para fora. A lateral-esquerda, grande ponto fraco da Alemanha, foi explorada a exaustão. Lavezzi jogava por ali e Messi, muitas vezes, deixava o centro e trabalhava pelo setor de Höwedes. Só não foi pior, porque Boateng fez partida soberba e, mais uma vez, Hummels teve bom desempenho. 

Mesmo com a estratégia dando certo, Sabella abriu mão do esquema e buscou atacar mais os europeus. Apesar de péssimo Mundial, Agüero veio no lugar de Lavezzi e a Argentina passou a jogar no 4-3-1-2, com Pérez, Mascherano e Biglia dando suporte ao enganche Messi. No início da segunda etapa, a Albiceleste teve domínio maior do jogo, assustou muito a defesa alemã e Neuer chegou a ser bem exigido. Após sofrer sustos com o bom reinício dos argentinos, a Mannschaft equilibrou. 

A Alemanha criou boas chances, com subidas de Lahm pela direita e a movimentação de Özil, Thomas Müller e Schürrle. Mas a marca da melhora alemã era a transpiração de Schweinsteiger, o clássico volante fazia partida enorme defensivamente e, com os passes, iniciava as jogadas ofensivas da Nationalelf. Porém, apesar das duas equipes buscarem o gol, os bons goleiros Neuer e Romero não tinham muito trabalho. A Argentina não chutou nenhuma bola no alvo e a Alemanha conseguiu apenas cinco arremates, em 120 minutos. 

Por isso, mesmo com a maior abertura das equipes, o jogo foi para a prorrogação, quando o cansaço poderia pesar. A Alemanha teve um dia a mais de descanso e passeou na semifinal, enquanto os argentinos protagonizaram uma batalha contra a Oranje, decidida apenas nos pênaltis. Ademais de Schweinsteiger, que se sacrificava para seguir em campo, a Nationalelf traduziu esta vantagem nos 30 minutos derradeiros. A Argentina não conseguiu assustar e a impressão era de que, se tivesse um vencedor até os 120 minutos, seria a equipe europeia. 

 Como a imagem denota, Schweinsteiger foi épico. Corte sob o olho, uniforme completamente sujo e o rosto externando cansaço (AP Photo)

Schweinsteiger foi o símbolo desta vitória. Na prorrogação, apanhou bastante, chegou a ganhar um corte sob o olho e quase foi substituído. Ele lutou e conseguiu seguir em campo. Mas a jogada do gol do título veio com Schürrle, reserva importantíssimo durante toda a campanha. O camisa nove disparou pela ponta esquerda e cruzou na área. Götze recebeu nas costas de Demichelis, matou no peito e, de canhota, marcou o 1 a 0, depois de ter ouvido de Joachim Löw: “mostre para o mundo que você é melhor que o Messi e que você pode decidir o Mundial”. De reserva para reserva e o único gol foi o do título, o mais importante da Nationalelf em 24 anos. A Argentina ainda tentou, porém não conseguiu buscar o empate. Tetracampeonato conquistado (1954, 1974, 1990 e 2014). 

Ganhou o melhor trabalho, a seleção mais coesa e o time mais carismático. Um projeto a longo prazo que revelou muitos talentos e deve seguir dando frutos para a Alemanha. Foram 18 gols marcados e quatro gols sofridos em sete jogos. A Mannschaft foi a equipe do toque de bola, com 5084 tentados e 4157 completados (82%). Além disso, teve bons números defensivos: 91 desarmes completados e Neuer executou 24 defesas. 

A equipe completa sem um craque absoluto, mas absoluta no Mundial. Desde o princípio a Alemanha era a principal favorita e, ao longo das sete partidas, confirmou isso, com louvor, jogando muito e crescendo durante a Copa de 2014. O título está em ótimas mãos, nas mãos dos alemães.

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