terça-feira, 21 de setembro de 2010

A camisa nove

Existe toda uma mistíca em torno do homem que veste a Nove. Ele deve ser o “cara”, tem que sempre ir às redes e não pode falhar. Quando falamos dos grandes europeus, a pressão tende a ser maior. Porque na maior parte das vezes, o novo Nove vem para substituir um ídolo e, claro, tem que corresponder imediatamente com os gols. Além disso, o Nove tem que justificar os grandes salários que normalmente ganham.
Berbatov foi um pedido de Ferguson e apresentado pelo chefe - Getty Images

Berbatov e Eto’o passaram por isso recentemente. Em 2008/09 o búlgaro buscou novos ares, saiu do Tottenham rumo ao Manchester United. Chegou com moral à Old Trafford, Sir Alex Ferguson pediu a contratação do atacante e os red devils desembolsaram mais de 30 milhões de libras por ele.

O inicío de sua caminhada não foi perfeita e sim tortuosa. Nove gols apenas na primeira temporada, abaixo de Rooney (12 gols) e Cristiano Ronaldo (18 gols). Em 2009/10, mais uma decepção, 12 gols. O pior, viu Tévez, que saiu do clube para dar mais espaço à ele, anotar 23 tentos pelo rival Manchester City. A dúzia de gols do camisa nove do United torna-se ainda "menor" se comparada ao número que Rooney fez, 26.

O United não teria feito bem ao atacante? Ou o jogador que havia se destacado e mostrado seu valor no CSKA Sofia, Bayer Leverkusen e Tottenham, teria ficado para trás? Sir Alex Ferguson teve calma, soube esperar e está snedo recompensado no atual temporada.

Nesse início das movimentações no futebol europeu, berba está recompensando o homem que tanto acreditou nele. Na pré-temporada foi um dos líderes no quesito gols marcados, marcou duas vezes. Entre Community Shield e Premier League são outros sete, gols que o tornam artilheiro da atual edição do Inglês. Entre seus gols, o hat-trick que decidiu o grande clássico da terra da rainha no final de semana. Um deles, um golaço de bicicleta. Está provado, Berbatov não é um craque, mas pode ser muito mais útil do que foi desde a sua chegada ao United.

Appiano Gentile ficou lotado para ver a apresentação do "Leão indomável" - AFP

Eto’o dá sinais de que finalmente será aquele artilheiro, que todos os nerazzurri esperavam. Na primeira temporada alternou bons e maus momentos, também variou de posição, jogou muito recuado como externo-direito. A pressão nas costas do camaronês era muito grande, pois ele chegava à Milão com objetivo de suprir a saída de Ibrahimovic. Até ali, o sueco era o grande destaque da Internazionale nas conquistas de campeonatos italianos.

Apresentado com pompa em Appiano Gentile, o astro do futebol africano largou bem na Serie A. Porém não engrenou, ficando com apenas 12 gols no Italiano. Seu grande dia, foi o 24 de março de 2010, data já tratada pelo Simplificando o Futebol aqui. Além da bela exibição contra o Livorno, Eto’o apareceu bem contra o Chelsea nas oitavas de final da última Uefa Champions League. Quando fez o gol que calou Stamford Bridge e carimbou de vez a classificação dos nerazzurri às quartas de final da competição continental.

Na UCL, competição que o camaronês tem grande afinidade e sempre se destacou (marcou gol em duas das três finais que participou), ele marcou apenas dois gols com a camisa nerazzurra. Milito, decidiu o título para a Internazionale deixando Eto’o longe do grande destaque.

Na Supercopa da Itália, Eto'o jogando mais próximo do gol decidiu em favor da Internazionale - Ag. Reuters

Para a nova temporada, um novo treinador e um pedido de Eto’o: “Quero jogar mais próximo do gol”. Rafael Benítez atendeu ao pedido, mesmo ainda atuando pelos lados do campo, mas agora mais liberdade para entrar na área e sem ter tanta responsabilidade para marcar como fazia na época de Mourinho.

O resultado foi o melhor possível para a Internazionale. Enquanto o homem de 30 gols na última temporada, Diego Milito ainda está longe da boa forma e também dos tentos, Eto’o vai definindo. Na Supercopa da Itália, Eto’o marcou dois contra a Roma e na Serie A já são três gols, marca que o coloca entre os artilheiros da competição. Além disso, já deixou sua marca no primeiro jogo da UCL, contra o Twente, na Holanda.

Não falo que tenha sido uma ressureição dos dois, mas com o tempo que tiveram, conseguiram se adaptar e agora vem mostrando tudo aquilo que era esperado de ambos. Agora o tempo irá dizer se é uma boa fase, ou se os atacantes voltaram aos velhos e bons tempos. Acredito que seja a segunda opção.

Abraço a todos

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