domingo, 1 de julho de 2012

Afinal, a melhor Roja



Espanha bicampeã da Eurocopa 2012, com 19 remanescentes do título mundial de 2010 (Getty Images)

A final reuniu a Espanha, favorita desde o início, e a Itália, uma das maiores surpresas do torneio. Deu a furia, que honrou o apelido e atropelou a Squadra Azzurra na final, com um 4 a 0 convincente. Foi a melhor roja de todo o torneio, “gastando” a bola, mas tendo profundidade e verticalidade, mesmo adotando – mais uma vez – a alternativa do “falso nove” Fàbregas.

A Itália não repetiu a estratégia do jogo de estreia na competição, contra a mesma Espanha e, desta vez, veio no 4-3-1-2 – formação que mais utilizou na competição. Porém, desde o início, a roja, que muitas vezes tinha sido pragmática e até chata no torneio, mostrou que na decisão seria diferente. Os espanhóis guardaram o melhor para a final. Foram 15 minutos empurrando a Itália para o próprio campo. A pressão deu resultado e, em uma enfiada genial de Iniesta, Fàbregas recebeu nas costas de Chiellini e curzou para trás, onde Silva apareceu para marcar.

Depois do gol, a Nazionale cresceu e passou a dominar as ações, com Cassano bem. Porém, a Itália não chegou a assustar o goleiro Casillas, completamente seguro nas bolas, que foram no gol que defendia. O nome da semifinal, Mario Balotelli estava apagado e o craque italiano na competição, Andrea Pirlo também não vivia grande jornada. Com isso, no final do primeiro, a Espanha deu mais um golpe na Squadra Azzurra: Jordi Alba começou a jogada atrás do meio-campo, tocou para Xavi e disparou para a área. O resultado foi um passe perfeito de xavinho nas costas de Barzagli e o 2 a 0 no placar.

Com a situação bastante adversa, os italianos voltaram de forma diferente: postura mais ofensiva e com Di Natale na vaga do esgotado Cassano, que fez bela Euro 2012. O atacante da Udinese teve duas boas chances para marcar, mas não conseguiu. Ou seja, a situação seguia a mesma. Quando tinha a bola, a Espanha criava também e chegou a assustar Buffon. Fàbregas, Silva, Xabi Alonso, Busquets e, principalmente, a dupla Xavi e Iniesta davam o tom no meio-campo. Prandelli tentou a sua última cartada cedo e sacou o apagado Montolivo e colocou Thiago Motta, tinha Giovinco e Diamanti no banco se quisesse arriscar mais.

O treinador italiano que faz ótimo trabalho frente à Nazionale desde o meio de 2010 teve azar. O seu escolhido se contundiu três minutos depois de entrar em campo e a Itália ficou com dez em campo, decretando o final da partida. A Espanha teve ainda mais espaço e, com isso, além do toque de bola insistente, os contra-ataques passaram a ser cada vez mais comuns e eficientes. Torres entrou e logo marcou, após mais uma bela assistência de Xavi, que até esta partida, fazia uma Eurcopa bastante discreta e executou um recital na final.

Mata e Fernando Torres, campeões europeus pelo Chelsea e pela Espanha (Getty Images)

Com o 3 a 0 e o terceiro gol de Torres na Euro 2012, mesmo sem jogar todas as partidas, ele se tornava um dos artilheiros do torneio. Mas faltava um outro gol ou uma assistência (critério de desempate) para ser o dono da chuteira de ouro da competição e o passe decisivo veio para um companheiro também campeão europeu pelo Chelsea. Mata, que havia acabado de entrar, recebeu de “El Niño” e, em seu primeiro toque na bola na Eurocopa, empurrou para as redes: 4 a 0, em Kiev.

A goleada sobre a boa Itália na decisão mostra, que mesmo sem querer, a Espanha executou sua melhor partida na final. Veio sem Puyol e se virou, sofrendo apenas um gol na campanha campeã; não teve o maior artilheiro da sua história, Villa e também conseguiu produzir ofensivamente; não viu Xavi fazer grande campeonato, mas a ausência do grande futebol do número oito da roja, não fez falta e, com isso, a Espanha mostra a força de um grupo e, principalmente, do futebol no país. Pela primeira vez na história, uma seleção consegue ganhar a copa continental duas vezes seguidas, tendo vencido a Copa do Mundo entre os títulos. Os espanhóis hoje têm o melhor futebol do mundo e, além disso, têm uma base muito forte, por conta disso, no futuro, devemos ver a furia brilhando ainda mais.

A derrota italiana não pode fazer com que o bom trabalho de Prandelli seja esquecido. A Itália volta ao protagonismo com ele. O caminho até 2014 será duro, mas a Squadra Azzurra deve chegar forte ao Brasil e terá um grande personagem, Mario Balotelli, um dos que mais sentiu o golpe da derrota.

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