Mano Menezes: o treinador da Copa de 2014 no Brasil se foi em seu melhor momento (Vipcomm)
Não
era o momento. Esta foi a frase mais ouvida quando foi anunciada a saída de
Mano Menezes do comando da seleção brasileira no dia 23 de novembro, pouco
tempo após o título do nada importante “Superclássico das Américas”. Por conta
disso, farei uma análise do período, aproveitando os meus arquivos onde
armazeno todas as convocações do Brasil de Mano e a descrição dos 66 gols
marcados com o gaúcho de Passo do Sobrado no comando verde e amarelo.
Os
problemas, os acertos, o esquema tático, os autores de todos os gols, os
assistentes, o craque, o futuro e algumas curiosidades estatísticas da seleção
serão descritas abaixo.
Convocações
A alegria foi das caras novas. Mano Menezes promoveu várias estreias na "amarelinha" (CBF)
Mano
teve que começar um trabalho, praticamente, do zero. Pois na Copa do Mundo de
2010, o Brasil esteve entre as médias de idade mais altas e, por isso, poucos
atletas puderam ser reaproveitados pelo treinador. Foram apenas 13 jogadores
chamados nas 22 convocações de Mano Menezes que estiveram na Copa do Mundo com
Dunga, são eles: Júlio
César, Gomes Maicon, Daniel Alves, Thiago Silva, Luisão, Lúcio, Ramires,
Elano, Kaká, Robinho, Nilmar e Luís Fabiano. Em negrito estão àqueles atletas
que tiveram importância em algum momento da “Era Mano Menezes”.
Portanto,
com pouco legado, o treinador gaúcho teve que promover 60 estreias – os
Superclássicos da América também impulsionaram este número. Vejam quem estreou
com Mano Menezes (60): Jefferson, Renan, Neto, Rafael, Gabriel,
Renan Ribeiro, Rafael, Mariano, Danilo, Marcos Rocha, Lucas Marques, David
Luiz, Réver, Breno, Henrique, Dedé, Rhodolfo, Emerson, Juan, Bruno Uvini, Leandro
Castán, Durval, Leonardo Silva, Cortês, Fábio Santos, Jucilei, Fernandinho, Elias,
Wesley, Ralf, Luiz Gustavo, Casemiro, Paulinho, Rômulo, Arouca, Fernando, Ederson,
Paulo Henrique Ganso, Douglas Costa, Philippe Coutinho, Giuliano, Douglas,
Jádson, Renato Augusto, Lucas, Cícero, Oscar, Renato Abreu, Elkeson, Dudu,
Bruno César, William, Bernard, Fellype Gabriel, André, Neymar, Jonas, Leandro
Damião, Kléber e Wellington Nem.
Muitos desses jogadores que começaram a carreira na seleção com Mano
Menezes vão ser aproveitados pelo sucessor, Luiz Felipe Scolari. Portanto, o
trabalho do gaúcho de Passo do Sobrado, de certa forma, refletirá na Copa de
2014. Além disso, há pouco o que se
destacar nas convocações. A insistência em alguns nomes como André Santos
(ainda por cima, como titular) e Elias, que jogaram com Mano no Corinthians,
incomodou, mas as listas divulgadas pelo ex-treinador da seleção não chegaram a
ser consideradas absurdas.
Durante a “Era Mano Menezes”, escrevi um post sobre jogadores que nunca
foram chamados pelo treinador de Passo do Sobrado, entre eles, citei o volante
Fernando Reges (Porto-POR), o também volante Felipe Melo (Galatasaray-TUR), o
meia-atacante Diego (Wolfsburg-ALE) e o outro meia-atacante Nenê (Paris
Saint-Germain-FRA). Além deles, dois meias que chegaram a ser chamados por Mano
Menezes, mas não receberam a quantidade de chances que mereciam, poderiam ter
mais chances daqui pra fente: Hernanes, da Lazio-ITA e Willian, do Shakhtar
Donetsk-UCR
Os números absolutos
32
jogos, 21 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. 66 gols marcados, 23 gols sofridos
e 43 gols de saldo.
Os Jogos Grandes
Os
números são muito bons, não dá pra negar, mas o problema é o desempenho contra os
grandes do futebol mundial. Aqui vale uma explicação: para mim, os grandes são
os oito campeões da Copa do Mundo mais a Holanda. Dentro deste grupo, o Brasil
não enfrentou metade dos adversários possíveis, Espanha, Inglaterra, Itália e
Uruguai. Aí que fica um das grandes críticas ao time de Mano Menezes. Foram
nove partidas (cinco contra a Argentina, sendo quatro Superclássicos das
Américas), duas vitórias (ambas no Superclássico), cinco derrotas (a outra
derrota de Mano foi um 2 a 0, contra o México) e dois empates. Desempenho muito
ruim.
Mas,
há de se destacar que os embates contra os grandes foram realizados em momentos
piores da seleção brasileira e, alguns deles, como o 1 a 0 da Argentina, o 1 a
0 da França e o 3 a 2 da Alemanha aconteceram bem no começo do trabalho do
treinador. Período em que o Brasil não vivia bom momento, que ressalto que era
vivido neste final de 2012. Ou seja, mais uma vez, destaco que a saída de Mano
foi errada.
Jogos:
Brasil 0x1 Argentina, França 1x0 Brasil, Alemanha 3x2 Brasil, Brasil 0x0 Holanda,
Argentina 0x0 Brasil (Superclássico), Brasil 2x0 Argentina (Superclássico),
Brasil 3x4 Argentina (três gols de Messi), Brasil 2x1 Argentina (Superclássico)
e Argentina
2x1 Brasil (Superclássico).
O 4-2-3-1
Kaká: demorou a voltar a ser convocado, mas, na reta final do trabalho de Mano, o camisa dez da última Copa do Mundo foi importante aos verdes e amarelos (Rafael Ribeiro/CBF)
Samba
de uma nota só. Taticamente foi isso. O 4-2-3-1 foi anunciado como esquema
preferido de Mano para a seleção logo na primeira coletiva e, dificilmente, o
técnico abriu mão da formação tática. Porém, a execução verde e amarela do
esquema da moda ficou longe da perfeição, faltou muita coisa para funcionar. Mas
não dá pra negar, que com Neymar como “falso nove”, o Brasil vinha crescendo
dentro da proposta do gaúcho.
Mano
chegou a colocar o time para jogar em outros esquemas, o 4-3-3, o 4-1-4-1 e até
o famoso sistema preferido dos brasileiros, o 4-2-2-2. Mas, em resumo, o
treinador gaúcho de Passo do Sobrado não abriu mão do esquema da moda. No
início, a má participação dos volantes, atrapalhava muito na dinâmica do time,
pois a volância é setor fundamental para o bom funcionamento do 4-2-3-1. Porém,
nas últimas partidas, o problema parecia solucionado: Paulinho e Ramires
combinavam bem e apareciam bem ofensivamente, porém, ainda não haviam sido
testados defensivamente.
Outra
solução encontrada para o 4-2-3-1 funcionar, foi o deslocamento de Neymar da
ponta-esquerda para o centro de ataque. O camisa 11 verde e amarelo passou a
exercer a função de “falso nove” e participar mais do jogo. Além disso, com o
posicionamento de Ney no centro do
ataque, a falta de um centroavante foi suprida.
Para
fechar o sistema ofensivo, que chegou a ter problemas durante a “Era Mano
Menezes”, os três meias que jogavam atrás de Neymar pareciam ter finalmente se
encaixado bem. O técnico gaúcho não inventou. Colocou Hulk na ponta-direita,
onde sempre funcionou bem no Porto; em alta no Internacional, Oscar virou o
camisa dez pelo centro e, o último a ser “descoberto”, foi Kaká pela esquerda.
O camisa 11 do Santos e da seleção foi fundamental para este bom funcionamento
da engrenagem brasileira, muitas vezes criando espaço para a chegada dos três
meias que atuavam em seu apoio.
A
defesa não comprometeu e foi um dos pontos altos do trabalho de Mano Menezes.
Com o treinador gaúcho não havia muita dúvida de que a linha defensiva da Copa
de 2014, provavelmente seria composta por Daniel Alves, Thiago Silva, David
Luiz (Dedé) e Marcelo. Os quatro foram escalados apenas duas vezes juntos e
sofreram só dois gols. Porém, a participação cresce bastante quando observamos
partidas em que três dos quatro prováveis titulares foram titulares juntos.
Este contexto ocorreu em 13 jogos. Ou seja, a zaga de Mano estava,
praticamente, pronta e ia bem.
A
grande dúvida da retaguarda ficava – e fica – por conta do goleiro, pois 13 jogadores foram
convocados para a posição e sete deles foram utilizados: Júlio César (11 –
todos da Copa América), Diego Alves (7), Jefferson (5), Victor (5), Rafael
Cabral (3), Diego Cavalieri (1) e Gabriel (1). O camisa um nas últimas
participações da seleção principal do Brasil foi Diego Alves e, mais uma vez, a
decisão do treinador gaúcho parecia ser acertada.
Neymar
Dentro
do 4-2-3-1 de Mano Menezes, um jogador esteve muito acima dos demais: Neymar.
Em primeiro lugar, o camisa 11 santista atuou em todas as funções ofensivas, as
três do meio-campo de ataque e também como homem de frente, opção que foi mais
utilizada na reta final do trabalho do treinador gaúcho. Mas, o mais forte em
favor de Ney são os números. Foram 26
partidas como titular com a camisa verde e amarela, 17 gols e 11 assistências,
liderando a seleção nos dois quesitos. Portanto, em 26 partidas, Neymar
participou de incríveis 28 gols.
Porém,
como a seleção no geral, o maior craque da equipe também não atuou bem nos
jogos principais. Neymar só não jogou na derrota por 1 a 0 para a França,
quando Mano Menezes não convocou jogadores que atuavam no Brasil, pois esses
estavam envolvidos no início da Taça Libertadores. Nos oito jogos grandes em
que esteve presente, Neymar deu três assistências e fez três gols. Mais uma
vez, o maior craque da “Era Mano Menzes” reflete o desempenho da seleção em
geral. Sim, o Superclássico foi o palco preferido de Ney entre os jogos grandes: dois gols e uma assistência saíram
neste confronto.
Como
dito acima, Neymar estava começando a se adaptar na função de “falso nove”, onde
parecia ser seu futuro na seleção com Mano Menezes. É necessário observar agora
como Felipão pretende utilizar o camisa 11 nesta nova fase da seleção, porém,
não há dúvida, Ney tem tudo para
chegar em 2014 como principal jogar dos anfitriões da Copa do Mundo.
O sucessor
Uma
grife chamada Felipão, com o respaldo de Carlos Alberto Parreira , os dois
últimos campeões mundiais pelo Brasil. O comandante do título em 2002 será o treinador
e tetracampeão ocupará o cargo de coordenador técnico. Além disso, são nomes
simpáticos à dupla José Maria Marin (Presidente da CBF) e Marco Polo Del Nero (Vice-presidente
da CBF, Presidente da Federação Paulista de Futebol e responsável pela
articulação que fez Marin ser o comandante do futebol brasileiro), ao contrário
de Mano Menezes que era bem próximo ao ex-diretor de seleções da CBF, Andrés
Sanchez, que também sonha em um dia presidir a entidade máxima do futebol
brasileiro. Portanto, a política substituiu uma escolha técnica.
A
grande expectativa é que Felipão traga jogadores mais experientes, algo que
Mano Menezes, de certa forma, não fez. Em termos táticos, Scolari utilizou por
várias vezes no Palmeiras (seu último trabalho) o 4-2-3-1, que pode ser o
sistema da seleção e que é a forma de jogar que muitos jogadores já estão
acostumados a atuar. Porém, qualquer avaliação pode ir por terra logo nas
primeiras convocações de Scolari.
No
Brasil, entre os grandes clubes, há um treinador que é incontestável: Tite, do
Corinthians. Campeão Brasileiro em 2011, da Libertadores e do Mundial em 2012.
O técnico fez – e faz – o alvinegro ser competitivo em todas as partidas.
Marcação avançada, velocidade, jogadas ensaiadas e todos participando do
trabalho defensivo são as principais características do Timão.
Mas
é necessário reparar que Tite foi o sucessor de Mano no Corinthians, ou seja,
está lá desde o meio de 2010. O trabalho é extenso e, talvez por isso, tenha
tanto sucesso. Além disso, as qualidades do time foram exaustivamente treinadas
para darem certo, como dão desde a campanha campeã brasileira em 2011.
Portanto, a aposta no técnico corintiano seria arriscada. Pois, na seleção, o
trabalho não é diário e impor esta filosofia vencedora do time paulistano não
seria fácil. Um segundo ponto é que a CBF precisa de resultado rápido, já que
estamos próximos da Copa das Confederações da Copa do Mundo. Tite seria uma
alternativa interessante para 2014, principalmente, se conseguir seguir com
este nível de trabalho que realiza atualmente.
Muitos
falaram de Muricy, mas o técnico vive fase muito ruim e o Santos depende
absurdamente de Neymar. O melhor momento do técnico tetracampeão brasileiro
ficou para trás e, quando estava bem, teve problemas com a liberação no
Fluminense, o que impediu de assumir o comando dos “canarinhos”.
Um
nome muito interessante seria Pep Guardiola, um dos melhores do mundo e que
vive ano sabático, depois de ganhar tudo com o Barcelona. Em algumas ocasiões o
catalão já afirmou que acha que seleção devem ser treinadas por técnicos
nascidos no país. Além disso, o ex-campeão de tudo com o Barça não parece
disposto a abandonar o ano de férias. Guardiola se encaixa na questão que
levantei para falar de Tite: precisaria de tempo para impor a filosofia de jogo
dele. Ou seja, outra alternativa válida para depois de 2014, quando não há
muita dúvida de que Felipão será o comandante do Brasil na disputa pelo hexa.
Confira todos os 102 convocados por
Mano Menezes:
Goleiros
(13): Cássio,
Diego Alves, Diego Cavalieri, Fábio, Gabriel, Gomes, Jefferson, Júlio César,
Neto, Rafael, Renan, Renan Ribeiro e Victor;
Laterais-direitos
(9): Daniel Alves, Danilo, Fábio, Maicon, Lucas Marques, Marcos Rocha, Mariano,
Mário Fernandes e Rafael;
Zagueiros
(16): Alex, Breno, Bruno Uvini, Dedé, Durval, Émerson, Henrique, Juan, Leandro
Castán, Leonardo Silva, Luisão, Réver e Rhodolfo;
Laterais-esquerdos
(8): André Santos, Adriano, Alex Sandro, Carlinhos, Cortês, Fábio Santos,
Kléber e Marcelo;
Volantes
(18): Anderson, Arouca, Casemiro, Elias, Fernandinho, Fernando, Henrique,
Hernanes, Jean, Jucilei, Lucas Leiva, Luiz Gustavo, Paulinho, Ralf, Ramires,
Rômulo, Sandro e Wesley;
Meias (24): Bernard, Bruno César, Carlos Eduardo,
Cícero, Diego Souza, Douglas, Douglas Costa, Dudu, Éderson, Elano, Elkeson,
Fellype Gabriel, Giuliano, Jadson, Kaká, Lucas, Oscar, Paulo Henrique Ganso,
Renato Abreu, Renato Augusto, Ronaldinho, Thiago Neves e Willian;
Atacantes (14): André, Alexandre Pato, Borges,
Diego Tardelli, Fred, Hulk, Jonas, Kléber, Leandro Damião, Luís Fabiano,
Neymar, Nilmar, Robinho e Wellington Nem.
Artilharia:
1°- Neymar – 17
2°- Alexandre Pato
– 8
3°- Hulk – 7
4°- Oscar – 4
5°- Fred, Lucas e
Marcelo – 3
8°- Daniel Alves,
Jonas, Kaká e Leandro Damião, Kaká e Paulinho – 2
14°- Hernanes,
Jádson, Nilmar, Ramires, Robinho, Rômulo, Ronaldinho, Sandro e Thiago Silva – 1.
Assistências:
1°- Neymar – 11
2°- Oscar – 5
3°- André Santos,
Marcelo e Paulo Henrique Ganso – 4
6°- Daniel Alves –
3
7°- Hulk – 2
8°- Carlos Eduardo,
Danilo, Diego Souza, Elias, Fernandinho, Jean, Leandro Damião, Lucas, Maicon,
Paulinho, Ramires e Robinho – 1
*Números e análises não contemplam os Jogos Olímpicos, pois, neste caso, o técnico foi Mano Menezes, mas não era a seleção principal.
*Números e análises não contemplam os Jogos Olímpicos, pois, neste caso, o técnico foi Mano Menezes, mas não era a seleção principal.
Pedro e demais amigos do blog!
ResponderExcluirPassei aqui para desejar a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo! Que a saúde e a paz estejam presentes em todos os dias de 2013. Boas Festas!
Fé e acreditar sempre é o lema, por isso: "Não desistam dos seus sonhos... lutem sempre". Fiquem com Deus!!!
Cordialmente,
Marcelo Santos
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