Sneijder deixou a Inter e, em 2009-10, foi um dos gandres destaques da conquista da taça das grandes orelhas (AFP)
Depois
de meses de negociação, Sneijder finalmente acertou a saída da Inter e, a
partir de agora, jogará no Galatasaray. Os turcos desembolsaram 7,5 milhões de
euros e vão arcar com o salário de 3,5 milhões de euros anuais, com bônus de 25
mil euros por partida disputada, 500 mil euros por uma eventual conquista da
Liga Turca e, outros 500 mil, caso o clube alcance à semifinal da Liga dos
Campeões. O contrato do novo camisa 14 do Galatasaray seguirá até 2017 e, ao
assiná-lo, Sneijder recebeu outros seis milhões.
Com
os seis milhões de euros que recebia anualmente da Inter, Sneijder tinha o
maior salário do futebol italiano ao lado de Buffon e De Rossi. Por conta dos
altos custos mensais com o holandês, a Inter tentava negociar uma nova extensão
contratual (o atual vínculo seguiria até junho de 2015) para reduzir os
vencimentos anuais em dois milhões de
euros. Sneijder não aceitou e, por isso, deixa o Belpaese. Pelos nerazzurri
foram quatro anos, 115 partidas, 12 gols, 26 assistências, seis títulos e
participação decisiva na campanha do triplete
em 2009-10. Os passes precisos, a visão de jogo apurada, os gols de fora da
área e a qualidade na bola parada que marcaram a trajetória futebolística do
holandês também foram vistas na Internazionale.
Sneijder
chegou à Inter em 2009-10 vindo do Real Madrid em uma negociação que envolveu
15 milhões de euros. Os nerazzurri
careciam de um camisa dez e, logo na estreia contra o Milan, Wes mostrou que poderia este homem que o
elenco precisava. O técnico José Mourinho soube aproveitar o talento do
holandês. No 4-2-3-1, Sneijder jogava centralizado e, nesta função, foi motor
do triplete nerazzurro. Enquanto
Milito decidia com gols e a defesa era sólida, o número dez dava as
assistências. Na temporada foram 12 passes decisivos, seis deles na LC, o que o
colocou na liderança do quesito na competição.
A
partir das oitavas de final da Liga dos Campeões, Sneijder jogou ainda melhor e
foi decisivo, com melhor rendimento em gols e assistências. A temporada de
estreia foi perfeita: todos os títulos possíveis e sendo um dos protagonistas.
O camisa dez interista dá muito crédito ao treinador José Mourinho e durante a
cerimônia da FIFA que o elegeu para a seleção do ano, Sneijder falou: “Foi um
prazer trabalhar com José Mourinho [que já estava no Real Madrid] que, para
mim, é o melhor treinador do mundo”. Após, o bom futebol apresentado, o jogador
interista foi especulado em vários clubes do mundo e os valores alcançavam
quase 30 milhões de euros. Porém não foi desta vez que a Itália deixou de ser a
casa de Wes.
Mas
Sneijder, que já tinha uma carreira marcada por lesões, voltou a sofrer com
elas na Inter, onde parecia que os problemas haviam ficado para trás. No
Mundial de Clubes de 2010, o holandês apenas entrou em campo e logo saiu
machucado – nesta época, Coutinho teve as maiores oportunidades na Itália. O
camisa dez voltou a jogar, porém, com a inconstância do restante do time, só conseguiu conquistar a Coppa Italia. Na
temporada 2010-11, o protagonismo na Beneamata ficou com Eto’o.
Nos
anos seguintes, os títulos desapareceram e as lesões se tornaram comuns.
Enquanto nas duas primeiras temporadas com a Inter Sneijder esteve em campo por
78 vezes, neste último um ano e meio, foram apenas 37 participações com a
camisa nerazzurra. Portanto, as
lesões se acumulavam, o jogador não podia fazer a diferença dentro de campo e,
por isso, os seis milhões de euros começavam a pesar.
Ao
passo que o holandês ficava fora de campo, a Inter, buscando renovação e corte
de gastos, aprendeu a jogar sem seu “10”. Com o jovem treinador Andrea
Stramaccioni, os nerazzurri começaram
a se acertar em esquemas com três zagueiros e que, dificilmente, contavam com
espaço para um trequartista, função
normalmente exercida em campo por Sneijder.
Ou
Seja, Wes havia se tornado um jogador
dispensável. Porém na reta final de 2012, Stramaccioni sinalizou com mudanças
táticas, onde Sneijder teria mais facilidade de se encaixar. Foram testados o
3-4-1-2 e o 4-3-1-2 variando para 4-4-1-1. Esse último sistema acabou sendo
efetivado e o camisa caberia muito bem para atuar atrás dos dois atacantes ou
do único homem de frente, caso a variação fosse adotada.
Porém,
o desgaste de meses parecia impedir uma reaproximação de Sneijder com os onze
iniciais dos nerazzurri. Para
completar, o Galatasaray passou a investir no jogador com mais força e, cada
vez mais, o negócio parecia inevitável. Na semana que antecedeu a assinatura, Wes recebeu os pais em Milão e, em família,
decidiu que ir para o Aslan (um dos
apelidos do clube, que significa leão) seria um bom negócio.
A saída de Sneijder da Inter deixa o clube com apenas cinco dos onze jogadores, que foram titulares na final da Liga dos Campeões em 2009-10. Falei sobre isso no Quattro Tratti, acessem o texto aqui.
Vida nova na Turquia
Em sua coletiva de apresentação, Sneijder sorri e parece olhar para o futuro (Fanatik.com.tr)
Logo
após o fechamento do negócio, a Inter colocou em seu site uma entrevista do Presidente
Massimo Moratti. O dono do clube agradeceu o holandês pelos serviços prestados
aos nerazzurri: “Não é puramente sentimento,
mas também o reconhecimento e ele
sempre será uma das figuras-chave
na história da Inter. Nós ficamos orgulhosos de tê-lo aqui e o Galatasaray também ficará muito orgulhoso de
Sneijder”.
Agora na Turquia, Sneijder encontrará um clube que é
líder da Super Lig Turca, com vantagem de dois pontos e que também está nas
oitavas de final da Liga dos Campeões. Neste ano, o Galatasaray investiu forte
para conseguir alcançar o bicampeonato nacional, que não vem desde 2000, quando
o clube fechou o tetracampeonato iniciado em 1996-97. O holandês terá
companheiros famosos como Muslera, Ujfalusi, Hamit Altintop, Felipe Melo, Albert
Riera, Elmander, Milan Baros e Burak Ilmaz (artilheiro da LC 2012-13). Os três
últimos devem estar muito ansisos para receberem as assistências do novo camisa
14.
No domingo, às 15 horas no horário de Brasília, um jogo
ideal para a estreia, um clássico, contra o Besiktas – como foi a primeira partida
pela Inter, em que enfrentou o Milan e deu show. E, nesta provável estreia de
Sneijder, a liderança do novo clube estará em jogo, pois o rival é vice-líder
com 31 pontos, enquanto o Galatasary tem 33. Para completar a ESPN+ transmitirá
o confronto, que merece ser assistido.
Homenagem
Para homenagear o ex-camisa dez interista eu resgato um
texto para a coluna “O jogo do mês”, da primeira edição da extinta Revista DPF,
onde Sneijder foi protagonista de virada incrível. Esta, talvez, tenha sido a
melhor atuação de Sneijder em nerazzurro.
Jogo
do Mês: Inter 4 a 3 Siena
A Internazionale, líder absoluta da Serie A, enfrentaria
o lanterna Siena. A distância na tabela entre as equipes era enorme e a equipe nerazzurra ainda jogaria em casa, onde
não perdeu neste edição do Italiano. A partida reunia todos os ingredientes
para uma vitória tranquila do milionário elenco interista. Mas apostando em
contra-ataques e com um artilheiro iluminado, o Siena complicou para os
ponteiros da tabela.
Os nerazzurri foram
a campo com três atacantes: Quaresma na esquerda, Pandev na direita e Milito no
centro. O Siena começou focado na defesa e Maccarone era o único avante, mas
ora Reginaldo pela direita o apoiava, ora Jajalo pela esquerda encostava.
No primeiro contragolpe com perigo, os bianconeri marcaram com Maccarone, que
bate de longe e acertou o ângulo de Júlio César. Porém o time de Mourinho
seguia melhor e, com um lançamento de 50 metros, Sneijder descobriu Milito que
cortou o marcador e chutou cruzado: 1-1. A virada veio quando Stankovi sofreu
falta na entrada da área e Sneijder colocou a bola no lado direito da baliza adversária. Ainda na primeira etapa
houve tempo para que Reginaldo achasse Ekdal por trás da zaga, igualando o jogo
em 2-2.
Mesmo a entrada de Arnautovic não resultou em grande mudança de futebol. Quem
desempatou a partida foi o Siena: Maccarone recebeu passe de Reginaldo na
entrada da área e mandou de primeira para o gol. A Inter partiu para cima após
sofrer o gol, mas sem chances claras de marcar. José Mourinho gesticulava o tempo
todo para o time avançar. E o holandês Sneijder teve de aparecer mais uma vez
para resolver o imbróglio. Desta vez a falta era de mais longe, mas a precisão
foi a mesma: 3-3, aos 88 minutos. Mas havia tempo para mais emoção. Nos
acréscimos, Milito achou Samuel, curtindo uma de atacante dentro da área, e o
zagueiro marcou o gol da virada interista.
A virada
mostrou como a Internazionale é forte em terras italianas, devendo protagonizar
a disputa pelo título com o maior rival, o Milan (errei, o rival do Scudetto foi a Roma). No jogo do mês,
Sneijder mostrou que está adaptado a Inter. Se antes a equipe dependia de Ibrahimovic,
agora, depende do meia holandês.
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