Seferovic entrou e marcou e Rodríguez assistiu os dois gols suíços (David Gray/Reuters)
A qualidade da Suíça era inegável, não por acaso chegou como cabeça de chave ao Brasil. No grupo E, os suíços eram os favoritos à vaga, ao lado dos franceses. Mas o primeiro jogo, contra o Equador, mostrou que a briga será dura. Antes da partida, o Estádio Nacional de Brasília teve problemas, as filas – organizadas pela FIFA – para a entrada dos torcedores eram quilométricas e, por isso, pessoas, que pagaram caro pelo ingresso, não conseguiram acompanhar todos os minutos do jogo.
Os europeus entraram dispostos a confirmar o favoritismo. Ottmar Hitzfeld escalou o tradicional 4-2-3-1 e o quarteto ofensivo contava com o apoio dos ótimos laterais, Lichsteiner e Rodríguez. Em vários momentos, a Suíça pressionava a saída de bola adversária. Por isso, o Equador tinha dificuldade para construir o jogo. Um dos volantes do 4-4-1-1 equatoriano, Noboa sempre recuava para tentar ajudar na criação de jogadas. Bem fechada, La Tricolor conseguiu evitar que os europeus chegassem muito ao gol defendido por Domínguez.
Enner Valencia, que jogava atrás de Caicedo, se movimentava muito e sempre dava opção para quem chegava de trás no Equador. Um dos criadores mais ativos era o meia-esquerda, Montero, que se aproveitava das subidas de Lichsteiner para fazer as jogadas. O gol veio do lado canhoto mesmo. Ayoví cobrou falta lateral e Enner apareceu livre no meio da defesa, para abrir o placar. A retaguarda suíça, que já foi tão elogiada, falhou.
Ter Ottmar Hitzfeld no banco fez a diferença. Primeiro, ele sacou Stocker e colocou Mehmedi, deixando Shaqiri no centro da linha de três meias e colocar Xhaka à direita. Com o 1 a 0 a favor, o Equador se fechou mais ainda com as duas linhas de marcação, evitando as chegadas europeias. A mudança de Hitzfeld deu resultado. Rodríguez bateu escanteio cirúrgico no meio da área, Mehmedi, que havia acabado de entrar, apareceu livre e empatou o jogo. Desta vez, foi a defesa do Equador que falhou.
Com o empate, os equatorianos renasceram na partida e passaram a buscar o segundo. Por isso, o jogo ficou mais interessante, mais aberto, inclusive, com os sul-americanos tendo as melhores chances. A grande oportunidade veio com Arroyo, após jogada bem construída pela direita, o meia recebeu dentro da área e demorou a finalizar. Behrami aproveitou a demora, travou de carrinho e saiu para o contra-ataque. O volante chegou a sofrer uma falta, mas se levantou, seguiu a jogada e abriu o lance na direita com Xhaka. Depois a redonda foi para a esquerda, Rodríguez foi ao fundo e cruzou. Novamente, após passe do lateral-esquerdo, a defesa equatoriana falhou e Seferovic, outro que entrou no segundo tempo, marcou a virada.
A comemoração após o 2 a 1 mostrou a importância da vitória conquistada nos acréscimos. Para os suíços, faltou uma boa exibição do craque Shaqiri, que tentou alguns lances, mas não foi tão preponderante, como é esperado que seja. De qualquer forma, a boa largada está garantida. Para o Equador, fica a impressão de que é possível incomodar no grupo e, apesar da dificuldade, não dá para descarta-los totalmente das oitavas de final.
Tecnologia em campo
Tecnologia em campo
Benzema marcou dois gols e participou do outro, na estreia tranquila francesa, que contou com uma ajudinha da tecnologia (FIFA)
Tida como seleção mais fraca do grupo E, Honduras não confirmou esta marca durante a estreia. A França venceu bem, mas teve muita dificuldade para derrotar o azarão. Jogando no 4-4-2, os hondurenhos focaram na marcação e na saída em contra-ataques. Portanto, a posse de bola e o maior controle territorial francês não rendiam chances claras. O esforço defensivo – e algumas pancadas – dos Catrachos evitou que o domínio do jogo resultasse em muitas oportunidades para Les Bleus.
As jogadas francesas começaram a surgir com as decidas dos laterais e a boa movimentação de Valbuena, pelos dois flancos. O meia do Olympique foi decisivo, no lance que mudou a partida: foi dele o passe para Pogba sofrer pênalti de Palacios, que foi expulso. Benzema bateu e abriu o placar. Com um a mais e 1 a 0 no placar, Les Bleus tiveram mais espaço para jogar e souberam aproveitar muito bem isso. Ao todo, foram 20 finalizações, contra quatro dos hondurenhos.
O trio ofensivo francês, Valbuena, Benzema e Griezmann foi capaz de potencializar estes espaços deixados pela defesa hondurenha. Claro, os meias Cabaye, Matuidi e Pogba também apareceram bastante para o jogo. O camisa dez francês também participou decisivamente do segundo de Les Bleus. Foi dele o chute que bateu na trave e, depois, Valladares mandou para dentro contra. Além de ser o 2 a 0, o gol ficou marcado por ter sido confirmado através da tecnologia, pois, afinal, a bola passou pouquíssimo da linha. Portanto, pela primeira vez, no maior palco futebolístico mundial, não houve dúvida em um lance tão polêmico.
O 2 a 0 deixou Honduras ainda mais entregue ao jogo francês. Sem forçar a França chegou ao terceiro, novamente com Benzema, desta vez, em um chutaço, para não deixar dúvidas de que a bola cruzou a linha da baliza. Apesar do início complicado, o 3 a 0 representou bem o que foi a partida e já mostrou a força da França, que conseguiu vencer a marcação e as faltas da seleção hondurenha. Para, Los Catrachos, pensar em algo além do último lugar do grupo será muito difícil.
Venceu e aprendeu
Venceu e aprendeu
Apesar de não ter feito uma exibição espetacular, Messi foi o melhor da Argentina, que se sentiu em casa no Maracanã (FIFA)
A defesa foi a pauta principal da preparação argentina para o Mundial de 2014. Todos falavam: “o ataque é muito bom, mas a retaguarda não traz nenhuma confiança”. Sabella tinha isso cabeça e, apesar de ter trabalhado a maior parte do tempo no 4-3-3 (4-3-1-2), optou por rechear o setor mais fraco da equipe. No Maracanã, a Albiceleste iniciou a trajetória no 3-1-4-2, com Mascherano postado à frente do trio de zagueiros e Messi e Agüero no ataque. Sem a bola, em alguns momentos, os alas recuavam e formavam a última linha com cinco jogadores.
Mas não foi apenas a Albiceleste que abriu mão do esquema habitual. Para marcar o poderoso ataque rival, Safet Susic armou a Bósnia no 4-4-1-1, com Misimovic dando suporte ao centroavante Dzeko. Se na Argentina a mudança não deu certo, para os europeus, funcionou bem. Com as duas linhas de quatro, pararam os argentinos. Porém, antes de qualquer tática entrar em ação, Messi bateu falta, Rojo desviou e Kolasinac marcou contra.
Apesar do 1 a 0, a forma de jogada imaginada por Susic não foi desmontada, o foco na marcação evitou mais participação de Messi e de Di María, pontos centrais do funcionamento ofensivo argentino. Marcando mais e evitando o jogo rival, a Bósnia teve chances, principalmente, quando Pjanic apareceu para armar. Por isso, o questionado Romero fez algumas boas defesas. No intervalo, Sabella reconheceu o erro e voltou ao 4-3-1-2, sacando um zagueiro e colocando Higuaín e tendo Gago no lugar de Maxi Rodríguez.
A equipe europeia seguiu com a postura defensiva, mas, com La Pulga jogando entre as linhas de marcação, o sucesso da postura adota não seguiu no segundo tempo. Mais recuado, Di María apareceu melhor e Gago foi mais importante para o sistema do que Maxi era no primeiro tempo – deu equilíbrio. Na posição em que é mais especial, Messi apareceu com um belo gol. Aos 20 minutos da segunda etapa, o camisa dez albiceleste partiu da direita para o centro driblando a defesa e finalizou no cantinho do gol de Begovic. Com o 2 a 0, a torcida argentina, que lotava o Maracanã, explodiu ainda mais e fez festa linda.
Perdendo por dois, Susic voltou ao esquema ofensivo, que deu certo durante as eliminatórias. Ibisevic entrou e a Bósnia voltou a jogar com dois atacantes. Assim, a seleção estreante voltou a equilibrar o jogo e ter boas chances de marcar. Claro, pela exposição, os bósnios sofreram com os contra-ataques argentinos. O gol dos Dragões veio muito tarde, apenas aos 40 minutos, quando Ibisevic bateu entre as pernas de Romero. Não foi uma falha enorme do goleiro argentino, mas dava para ter segurado. Menos mal para o camisa um, que o jogo terminou mesmo no 2 a 1 para a Albiceleste.
Mais do que estrear vencendo, o gol de Messi e ser líder do grupo, a primeira partida valeu para a Argentina saber o que não deu certo. Ao final do jogo, ainda no gramado, Sabella afirmou: “estou de acordo com o resultado, porém, com o rendimento, às vezes sim e outras não. Às vezes, por erros meus”. Ele sabe que abdicar do 4-3-1-2 não foi uma boa escolha e não deverá repetir este erro. Para a Bósnia, também serviu para Susic observar que a dupla de ataque impulsiona a produção ofensiva do time, que está acostumado a criar para Ibisevic e Dzeko na frente. Nos próximos jogos, que devem valer a classificação para os Dragões, os dois devem estar presentes.
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