Imitar o gesto de Casillas é o sonho de todos os jogadores do mundo, que costumam fazer de tudo para estar em um Munidal (Getty Images)
Jogar uma Copa do Mundo enriquece o currículo de qualquer
jogador e não é um sonho ao alcance de todos. Por isso, quem enxerga esta
possibilidade, faz de tudo para não desperdiça-la. O mercado de transferências
europeu, fechado na segunda-feira teve algumas transferências de jogadores, em
que a busca de mais tempo em campo para estar no Mundial de 2014, foi um dos
fatores.
Neste contexto, os brasileiros se movimentaram bastante,
impulsionados por declarações do treinador da seleção brasileira, Luiz Felipe
Scolari, que deixou esta questão muito clara, em coletiva antes do amistoso com
a Suíça, em agosto: “quem não jogar vai ter mais dificuldades”.
Luiz Gustavo trocou a reserva no multicampeão Bayern pela
titularidade do Wolfsburg, que não vem brigando por títulos. O volante titular
na Copa das Confederações logo percebeu que o novo técnico bávaro, Guardiola
não era tão simpático a presença em campo de jogadores de mais marcação e, por
isso, quis sair.
Enquanto o marcador vinha jogando com Felipão, o outro caso
de transferido, Kaká, nem vinha sendo convocado. O camisa dez brasileiro na
última Copa jamais convenceu, nas quatro temporadas que esteve no Real Madrid.
Mesmo com a chegada do velho conhecido, Carlo Ancelloti, o camisa oito viu que
não teria tantas oportunidade e declarou querer sair, algo que já poderia ter
feito antes.
Agora, “Il Bambino
D’Oro” irá voltar ao local em que mais foi amado, o Milan. No último final
de semana já se preparando para receber a nova estrela, o técnico Massimiliano Allegri
armou um 4-3-1-2. O esquema deve dar liberdade à Kaká, que será o “1”, jogando
atrás de Balotelli e Matri (ou El Shaarawy), sem responsabilidade para marcar.
O brasileiro, que não tem as mesmas condições físicas da melhor fase da
carreira, terá o ambiente ideal para retomar o futebol e, se conseguir jogar
bem, deverá ser convocado para o quarto Mundial da trajetória futebolística –
feito que o colocaria no seleto grupo de 45 jogadores, com quatro ou mais copas
disputadas.
Europeus também se
mexeram
Entre as 50 maiores
transferências da última janela europeia, a Copa do Mundo pesou para algumas
delas (Arsenal.com)
A chegada de Guardiola não resultou apenas na saída de Luiz
Gustavo, o centroavante reserva, Mario Gómez também trocou de clube. Como o
técnico catalão não é o maior fã de jogadores de área e o alemão já via
Mandzukic à sua frente, a transferência para a Fiorentina foi o escolha ideal
para se manter no elenco da Alemanha para o Mundial.
Outro camisa nove que se mudou para a Itália foi Higuaín, O
argentino é o titular da albiceleste,
porém, no Real Madrid, revezava o lugar entre os 11 iniciais com Benzema. No
Napoli, “El Pipita” será o
centroavante da equipe, o que deve facilitar a presença no time de Sabella para
a Copa de 2014.
Se para Luiz Gustavo e Mario Gómez, Guardiola foi um
obstáculo para a continuidade no Bayern, Thiago Alcantara foi ao encontro do
técnico, que promoveu a estreia dele no time principal do Barcelona. Na
Catalunha, o filho de Mazinho não teria espaço para jogar, vendo Xavi e
Fàbregas à frente dele na preferência de Gerardo Martino. Nos bávaros a briga
no centro do meio-campo também é dura, porém, a confiança do treinador fez com
que Thiago tivesse bastante espaço (principalmente, na pré-temporada), até se
lesionar. O ítalo-hispano-brasileiro parece uma certeza para o Mundial de 2018,
mas, se conseguir jogar no Bayern, pode surpreender e fazer parte do concorrido
grupo da roja para a Copa no Brasil.
Quem mudou de clube, olhando um pouco para o Bayern foi
Özil, a contratação mais cara da história do Arsenal (50 M €). O meia-atacante
é titular na seleção alemã e também fazia parte dos 11 inicias de Ancelotti no
Real, porém, com a chegada de Isco, muitas vezes, o dez merengue era descolado para a o lado do campo, onde o seu
rendimento é um pouco pior.
O problema dificilmente o tiraria da Copa, mas poderia
tirá-lo da equipe titular de Joachim Löw, onde a concorrência pela faixa
central do meio é bastante dura e tem muitos jogadores do Bayern na
concorrência: Kroos, Müller e Götze, além do borussiano, Reus. Por isso, a
mudança para um clube, onde jogará na “sua” poderá garantir a titularidade com
a camisa da Nationalmannschaft para
o próximo Mundial.
Por fim, Sakho
optou por deixar o PSG, pois queria ganhar mais, porém, a possibilidade de
estar com a França no Brasil também deve ter pesado na escolha. O zagueiro
chegou a ser titular no time da capital francesa, mas, com a chegada dos
brasileiros, Thiago Silva, Alex e, agora, Marquinhos, o francês perdeu espaço.
No Liverpool, Sakho não chega com status de integrante dos 11 iniciais de Brendan
Rodgers, porém, a disputa com Touré, Agger e Skrtel promete ser mais simples do
que àquela que tinha nos parisienses.
A visibilidade também
vale
Willian não perdeu a chance e, finalmente, deixou o futebol do Leste Europeu (Chelseafc.com)
A busca pela visibilidade fez com que Willian, desde 2007 no
futebol do Leste Europeu, pedisse uma transferência assim que o Anzhi anunciou
a diminuição dos investimentos. O Chelsea, interessado há muito tempo no
futebol do ex-corintiano, venceu a disputa e contratou o meia-atacante. Com a
camisa 22 dos blues, ele terá a visibilidade,
que nunca teve no Shakhtar e no time russo. O volante Fernandinho,
ex-companheiro de Willian no atual tetracampeão ucraniano, também mudou para um
mercado maior e, agora, é jogador do Manchester City.
Jogar o principal campeonato nacional do mundo, a Premier
League, e também o maior torneio europeu, a Liga dos Campeões poderá dar mais
oportunidades para os dois jogadores com a camisa verde e amarela. Ambos já
apareceram na seleção, quando jogavam pelo Shakhtar e Mano Menezes comandava oBrasil.
Mas, mesmo com o espaço entre os canarinhos aumentando para jogadores do Leste
Europeu, estar na EPL e brigar por título na LC pode fazer a diferença para a
dupla.
O grande derrotado
Júlio César segue no QPR, mas isto pode afastá-lo da Copa do Mundo (Ag. Reuters/Eddie Keogh)
A frase proferida por Felipão e já destacada no post, tinha
dois alvos: Luiz Gustavo e Júlio César, ambos integrantes do time brasileiro
campeão da Copa das Confederações 2013, mas que deveriam ter problemas para
jogar, em seus clubes, nesta temporada. O volante se transferiu, porém, o
goleiro não conseguiu mudar de clube e, hoje, amarga a reserva de Green e de
Brian Murphy, no Queens Park Rangers, na segunda divisão inglesa – o brasileiro
não ficou nem no banco, em nenhum dos três jogos da temporada.
A impressão é que Júlio César imaginava que teria mercado na
Europa, teve o nome especulado em Arsenal, Benfica, Napoli e outros, e, por
isso, não apostou em um retorno ao futebol do Brasil. Porém, segundo declaração
do técnico, Harry Redknapp, o time não recebeu nenhuma proposta oficial pelo
goleiro e, por isso, ele segue no QPR, onde terá que brigar pela posição, que,
em princípio, tem dois jogadores à sua frente.
A volta ao Brasil seria a opção mais segura para JC, porém,
a esperança de seguir na Europa acabou impedindo a transferência para um time,
onde pudesse jogar mais. Se, de fato, não conseguir a titularidade nos próximos
seis meses, Júlio César deve aproveitar a janela de transferência do final do
ano para deixar o QPR e voltar ao Brasil, mesmo que precise rescindir o
contrato com o atual clube. Caso contrário, poderá arriscar a presença naquilo
que definiu como grande sonho, a Copa do Mundo no país natal.
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