quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Copa do Mundo obsessão

 Imitar o gesto de Casillas é o sonho de todos os jogadores do mundo, que costumam fazer de tudo para estar em um Munidal (Getty Images)

Jogar uma Copa do Mundo enriquece o currículo de qualquer jogador e não é um sonho ao alcance de todos. Por isso, quem enxerga esta possibilidade, faz de tudo para não desperdiça-la. O mercado de transferências europeu, fechado na segunda-feira teve algumas transferências de jogadores, em que a busca de mais tempo em campo para estar no Mundial de 2014, foi um dos fatores.

Neste contexto, os brasileiros se movimentaram bastante, impulsionados por declarações do treinador da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, que deixou esta questão muito clara, em coletiva antes do amistoso com a Suíça, em agosto: “quem não jogar vai ter mais dificuldades”.

Luiz Gustavo trocou a reserva no multicampeão Bayern pela titularidade do Wolfsburg, que não vem brigando por títulos. O volante titular na Copa das Confederações logo percebeu que o novo técnico bávaro, Guardiola não era tão simpático a presença em campo de jogadores de mais marcação e, por isso, quis sair.

Enquanto o marcador vinha jogando com Felipão, o outro caso de transferido, Kaká, nem vinha sendo convocado. O camisa dez brasileiro na última Copa jamais convenceu, nas quatro temporadas que esteve no Real Madrid. Mesmo com a chegada do velho conhecido, Carlo Ancelloti, o camisa oito viu que não teria tantas oportunidade e declarou querer sair, algo que já poderia ter feito antes.

Agora, “Il Bambino D’Oro” irá voltar ao local em que mais foi amado, o Milan. No último final de semana já se preparando para receber a nova estrela, o técnico Massimiliano Allegri armou um 4-3-1-2. O esquema deve dar liberdade à Kaká, que será o “1”, jogando atrás de Balotelli e Matri (ou El Shaarawy), sem responsabilidade para marcar. O brasileiro, que não tem as mesmas condições físicas da melhor fase da carreira, terá o ambiente ideal para retomar o futebol e, se conseguir jogar bem, deverá ser convocado para o quarto Mundial da trajetória futebolística – feito que o colocaria no seleto grupo de 45 jogadores, com quatro ou mais copas disputadas.

Europeus também se mexeram
  
 Entre as 50 maiores transferências da última janela europeia, a Copa do Mundo pesou para algumas delas (Arsenal.com)


A chegada de Guardiola não resultou apenas na saída de Luiz Gustavo, o centroavante reserva, Mario Gómez também trocou de clube. Como o técnico catalão não é o maior fã de jogadores de área e o alemão já via Mandzukic à sua frente, a transferência para a Fiorentina foi o escolha ideal para se manter no elenco da Alemanha para o Mundial.

Outro camisa nove que se mudou para a Itália foi Higuaín, O argentino é o titular da albiceleste, porém, no Real Madrid, revezava o lugar entre os 11 iniciais com Benzema. No Napoli, “El Pipita” será o centroavante da equipe, o que deve facilitar a presença no time de Sabella para a Copa de 2014.

Se para Luiz Gustavo e Mario Gómez, Guardiola foi um obstáculo para a continuidade no Bayern, Thiago Alcantara foi ao encontro do técnico, que promoveu a estreia dele no time principal do Barcelona. Na Catalunha, o filho de Mazinho não teria espaço para jogar, vendo Xavi e Fàbregas à frente dele na preferência de Gerardo Martino. Nos bávaros a briga no centro do meio-campo também é dura, porém, a confiança do treinador fez com que Thiago tivesse bastante espaço (principalmente, na pré-temporada), até se lesionar. O ítalo-hispano-brasileiro parece uma certeza para o Mundial de 2018, mas, se conseguir jogar no Bayern, pode surpreender e fazer parte do concorrido grupo da roja para a Copa no Brasil.

Quem mudou de clube, olhando um pouco para o Bayern foi Özil, a contratação mais cara da história do Arsenal (50 M €). O meia-atacante é titular na seleção alemã e também fazia parte dos 11 inicias de Ancelotti no Real, porém, com a chegada de Isco, muitas vezes, o dez merengue era descolado para a o lado do campo, onde o seu rendimento é um pouco pior.

O problema dificilmente o tiraria da Copa, mas poderia tirá-lo da equipe titular de Joachim Löw, onde a concorrência pela faixa central do meio é bastante dura e tem muitos jogadores do Bayern na concorrência: Kroos, Müller e Götze, além do borussiano, Reus. Por isso, a mudança para um clube, onde jogará na “sua” poderá garantir a titularidade com a camisa da Nationalmannschaft para o próximo Mundial.

Por fim, Sakho optou por deixar o PSG, pois queria ganhar mais, porém, a possibilidade de estar com a França no Brasil também deve ter pesado na escolha. O zagueiro chegou a ser titular no time da capital francesa, mas, com a chegada dos brasileiros, Thiago Silva, Alex e, agora, Marquinhos, o francês perdeu espaço. No Liverpool, Sakho não chega com status de integrante dos 11 iniciais de Brendan Rodgers, porém, a disputa com Touré, Agger e Skrtel promete ser mais simples do que àquela que tinha nos parisienses.

A visibilidade também vale


Willian não perdeu a chance e, finalmente, deixou o futebol do Leste Europeu (Chelseafc.com)

 A busca pela visibilidade fez com que Willian, desde 2007 no futebol do Leste Europeu, pedisse uma transferência assim que o Anzhi anunciou a diminuição dos investimentos. O Chelsea, interessado há muito tempo no futebol do ex-corintiano, venceu a disputa e contratou o meia-atacante. Com a camisa 22 dos blues, ele terá a visibilidade, que nunca teve no Shakhtar e no time russo. O volante Fernandinho, ex-companheiro de Willian no atual tetracampeão ucraniano, também mudou para um mercado maior e, agora, é jogador do Manchester City.

Jogar o principal campeonato nacional do mundo, a Premier League, e também o maior torneio europeu, a Liga dos Campeões poderá dar mais oportunidades para os dois jogadores com a camisa verde e amarela. Ambos já apareceram na seleção, quando jogavam pelo Shakhtar e Mano Menezes comandava oBrasil. Mas, mesmo com o espaço entre os canarinhos aumentando para jogadores do Leste Europeu, estar na EPL e brigar por título na LC pode fazer a diferença para a dupla.

O grande derrotado
 
Júlio César segue no QPR, mas isto pode afastá-lo da Copa do Mundo (Ag. Reuters/Eddie Keogh)

A frase proferida por Felipão e já destacada no post, tinha dois alvos: Luiz Gustavo e Júlio César, ambos integrantes do time brasileiro campeão da Copa das Confederações 2013, mas que deveriam ter problemas para jogar, em seus clubes, nesta temporada. O volante se transferiu, porém, o goleiro não conseguiu mudar de clube e, hoje, amarga a reserva de Green e de Brian Murphy, no Queens Park Rangers, na segunda divisão inglesa – o brasileiro não ficou nem no banco, em nenhum dos três jogos da temporada.

A impressão é que Júlio César imaginava que teria mercado na Europa, teve o nome especulado em Arsenal, Benfica, Napoli e outros, e, por isso, não apostou em um retorno ao futebol do Brasil. Porém, segundo declaração do técnico, Harry Redknapp, o time não recebeu nenhuma proposta oficial pelo goleiro e, por isso, ele segue no QPR, onde terá que brigar pela posição, que, em princípio, tem dois jogadores à sua frente.

A volta ao Brasil seria a opção mais segura para JC, porém, a esperança de seguir na Europa acabou impedindo a transferência para um time, onde pudesse jogar mais. Se, de fato, não conseguir a titularidade nos próximos seis meses, Júlio César deve aproveitar a janela de transferência do final do ano para deixar o QPR e voltar ao Brasil, mesmo que precise rescindir o contrato com o atual clube. Caso contrário, poderá arriscar a presença naquilo que definiu como grande sonho, a Copa do Mundo no país natal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário