A
seleção que elegi para a Copa das Confederações tem jogadores apenas dos
semifinalistas. O Brasil coloca seis jogadores entre os 11 e, talvez, até
merecesse ter o técnico do selecionado. Porém, o comandante vem da Itália. Além
do homem no banco, os italianos encaixaram mais dois na seleção. Da vice-campeã
Espanha vem dois jogadores e o Uruguai cede um atleta para o time dos sonhos. O
esquema tático é o 4-2-3-1, que, para variar, foi bastante utilizado na Copa
das Confederações. Vamos aos 11:
Goleiro: Júlio César
(Brasil)
Desacreditado pós-Copa de 2010, Júlio César é o goleiro de confiança de Luiz Felipe Scolari (Ricardo Matsukawa/Terra)
O camisa 12 verde e amarelo foi um dos grandes vencedores da
Copa das Confederações. Depois de sair taxado como um dos principais vilões da
eliminação brasileira no Mundial de 2010, Júlio César retomou a confiança e
parece ter reconquistado o torcedor brasileiro. O pênalti defendido contra o
Uruguai, algumas defesas frente aos charrúas
e a Espanha foram fundamentais para ele ser eleito pela FIFA o melhor
goleiro do torneio. Durante a Copa das Confederações, o camisa 12 brasileiro
foi o terceiro a realizar mais defesas e, por ter sido importante, ao campeão
da disputa merecer estar na seleção da competição.
Lateral-direito:
Christian Maggio (Itália)
O jogador acostumado a atuar com três zagueiros no Napoli
não foi titular absoluto da Itália na disputa, pelas trocas de jogadores
constantes promovidas pelo técnico Cesare Prandelli. Porém, quando a competição
pegou de verdade, Maggio se destacou. Contra a Espanha, o esquema com três
zagueiros teve o camisa dois na ala-direita fazendo dupla interessante com
Candreva, o que impediu avanços de Jordi Alba, válvula de escape importante da furia até ali. O desempenho contra o
Uruguai também foi positivo. O destaque é que Maggio teve como ponto alto da
sua participação na Copa das Confederações a atuação defensiva, que não é
tradicionalmente a característica mais forte do seu jogo. Por isso, o ala do
Napoli deve ganhar espaço na Squadra
Azzurra principalmente no esquema com três zagueiros, mas mostrou que pode
ser alternativa em sistemas com quatro defensores.
Zagueiro: Sergio
Ramos (Espanha)
O melhor defensor espanhol no torneio foi o madrilenho, que atuou em todas as
partidas da Roja na Copa das
Confederações. Em números, Sergio Ramos foi o segundo jogador com mais bolas
recuperadas no torneio, foram 35 recuperações da posse da redonda. Contra a
Itália, na semifinal, o zagueiro apareceu bastante na área adversária e quase
marcou um gol. Esta característica de aparecer no ataque, principalmente, em
cruzamentos não rendeu tentos nesta competição, mas sempre assustou os adversários.
Além disso, o camisa 15 foi importante na saída de bola do time, com 289 passes
completados, que não foram composto apenas por toques de lado.
Zagueiro: David Luiz
(Brasil)
David Luiz e o grande lance da competição, o gol que impediu na final contra a Espanha (Getty Images)
David Luiz teve um grande erro na Copa das Confederações: o
pênalti absurdo que cometeu em Diego Lugano, na semifinal frente ao Uruguai. No
mais, o cabeludo assustou quando queria ir de qualquer forma ao ataque, mas, no
geral, a competição foi muito boa. A raça do jogador do Chelsea é conhecida por
todos – chegou a jogar com o nariz quebrado – e a técnica também. As duas características
apareceram bastante durante o torneio. Por isso, com vontade incrível,
dificilmente perdeu disputas um contra um e foi importante nas saídas de bola
brasileiras, inclusive com lançamentos longos. Defensivamente foi o segundo
brasileiro que mais desarmou na Copa das Confederações 2013, atrás apenas de
Luiz Gustavo, e também foi um dos quatro que mais recuperou bolas pelos
“canarinhos” na disputa. David Luiz ainda teve ao seu favor a bela exibição na
final para ganhar a vaga nos meus 11 do torneio.
Lateral-esquerdo:
Marcelo (Brasil)
A temporada não foi tão boa, sofreu com lesões e, quando
voltou, ficou no banco de Fábio Coentão. Na seleção havia dúvida se Marcelo
seria o titular para a Copa das Confederações 2013. Porém, assim que assumiu o
posto entre os 11 ainda nos amistosos preparatórios, não deixou a posição na
lateral-esquerda. O resultado foi um ótimo campeonato, principalmente, na fase
ofensiva do jogo. Marcelo cedeu uma assistência no torneio e teve boa parceria
pelo lado esquerdo com Neymar: recebeu 33 passes do camisa dez e passou 77
vezes para ele durante a campanha. Defensivamente cometeu alguns erros, mas a
participação no ataque e o bom desempenho na reta final do campeonato pesaram
favoravelmente para o brasileiro estar na seleção do torneio e Alba não. O
espanhol foi muito mal nos jogos decisivos.
Volante: Andrea Pirlo
(Itália)
Não foi a melhor competição do meia-central azzurro, porém, a classe esteve presente
enquanto uma lesão não atrapalhou a participação na Copa das Confederações
2013. Pirlo ocupou a função de regista:
bastante recuado e dando qualidade à saída de bola italiana. O resultado disso
foram 210 passes tentados, 169 completados, ou
seja, 80% de índice de acertos. O rendimento ofensivo ainda contou com
um golaço de falta na primeira partida dos azzurri
na Copa das Confederações. Mas, pelo posicionamento defensivo, o camisa 21
também conseguiu recuperar 12 bolas durante a competição. Portanto, mesmo sem
ter mostrado o melhor que pode, Pirlo, por ter participado bem defensiva e
ofensivamente, mereceu a vaga na seleção do torneio.
Volante: Paulinho
(Brasil)
Paulinho como de costume apareceu muito bem no ataque (AFP/Nelson Almeida)
Um volante quase meia, este foi Paulinho na disputa da Copa
das Confederações 2013. Mas, como a primeira obrigação do jogador desta posição
é a marcação, começo destacando o desempenho defensivo do brasileiro. Foram 14
bolas recuperadas e quatro desarmes nas quatro partidas que disputou. Outro
fator importante do jogo de um volante é a saída de bola, mais um quesito em
que o camisa 18 verde e amarelo teve boa participação, com 174 passes tentados,
140 completados e um índice de acerto de 80% - muitos deles direcionados ao
ataque. Na difícil semifinal frente ao Uruguai, foi um lançamento de Paulinho
que abriu espaço para o primeiro gol e foi dele o tento que classificou os
“canarinhos” à final do torneio. O jogador completo, que foi vendido
recentemente ao Tottenham, ainda marcou mais uma vez na Copa das Confederações
2013. O bom desempenho na competição foi coroado com uma ótima atuação na
final, quando atuou mais defensivamente.
Meia-externo direito:
Edinson Cavani (Uruguai)
Cavani não fez uma competição linear, mas cresceu junto com
os companheiros na fase decisiva do torneio. No jogo que valeu a classificação,
contra a Nigéria, o camisa 21 celeste perdeu chances improváveis, mas diminui a
dívida com a torcida ao participar do contra-ataque que rendeu o gol da vitória
uruguaia. Neste lance, o centroavante cedeu sua única assistência na Copa das
Confederações 2013. O crescimento na fase final ficou claro através dos
números: nos jogos frente à Brasil e Itália foram três gols, um de falta e, com
a bola rolando, um de canhota e um de perna direita. Porém não foi o trabalho
ofensivo que chamou a atenção, na fase defensiva do jogo, foram cinco desarmes,
dez bolas recuperadas e muita disposição para a marcação.
Meia-atacante: Andrés
Iniesta (Espanha)
Cabeça erguida e, de olho no ataque, este foi Iniesta, o homem que pensava o jogo na Espanha (Julio César Guimarães/UOL)
Iniesta não apareceu tanto nas estatísticas ofensivas, não é
um goleador e, nesta Copa das Confederações, cedeu apenas uma assistência.
Porém a importância dele para o jogo da Espanha é notada facilmente na
observação de cada partida. A característica de passador de Iniesta ficou clara
nesta disputa, ao todo, foram 390 passes tentados, 337 completados e um índice
de 86% de acerto. Para quem atua no setor ofensivo e, normalmente arrisca
toques mais difíceis, os números são muito bons. Além disso, os dribles e
chutes de fora da área colaboraram bastante para jogos em que a Roja enfrentou defesas mais fechadas.
Defensivamente, o camisa seis da furia colaborou
com um desarme e 13 bolas recuperadas.
Meia-externo
esquerdo: Neymar (Brasil)
O bola de ouro que participou da maior parte dos gols da
seleção campeã do torneio. Neymar amadureceu na disputa com a camisa verde e
amarela, vestindo a dez e atuando, principalmente, na ponta-esquerda. Em
números, foram quatro gols, duas assistências, quatro desarmes e cinco bolas
recuperadas. A preponderância de Ney no desempenho do Brasil ficou clara nos
primeiros jogos, quando ainda não havia uma percepção cristalina de jogo de equipe
na seleção. Naquele momento, com o talento natural, o agora jogador do
Barcelona carregou o time. Com o crescimento de todo o grupo, Neymar se
comportou ainda melhor. Mesmo sem conseguir uma grande exibição na semifinal
contra o Uruguai, o camisa dez verde e amarelo participou, de forma decisiva,
dos dois gols brasileiros. Na decisão, mais uma grande atuação e um golaço com
a perna ruim, a canhota. Portanto, o craque brasileiro foi bem enquanto o time
se arrumava, foi bem com o crescimento do grupo, foi bem na semifinal e também
na final. Portanto, o craque de toda a competição.
Centroavante: Fred
(Brasil)
Os homens mais ofensivos do Brasil, Fred e Neymar se entenderam muito bem ao longo da competição (Ricardo Matsukawa/Terra)
O camisa nove brasileiro é mais um que faz parte da minha
seleção e que não começou bem na Copa das Confederações. Nos primeiros dois
jogos nenhum gol e pouca participação nas partidas – cedeu apenas uma
assistência. Porém, a postura do centroavante mudou após o início ruim, contra
a Itália, Fred marcou duas vezes e começou a busca pela artilharia. Fazendo
gols típicos de centroavante, empurrando bolas dentro da área e se posicionando
muito bem para marcar, faltou pouco para que o camisa nove conseguisse vencer a
chuteira de ouro do torneio. Na semifinal frente ao Uruguai, mais uma vez
balançou a rede por não desistir do lance antes dele ser finalizado. Contra
Espanha, na decisão, dois dos três gols brasileiros foram marcados por Fred,
que, pela primeira vez na carreira, marcou deitado. Ficou claro que gol é com
ele e que, se tiver chance, vai balançar as redes sempre.
Técnico: Cesare
Prandelli (Itália)
Este foi o nome que mais demorei a definir, pois Del Bosque
e, principalmente, Felipão mereciam ser o técnico do torneio. Mas o que pesou
em favor de Prandelli foi a adaptabilidade que mostrou durante os cinco jogos
que a Itália disputou. No balanço da Copa das Confederações 2013 coloquei no
texto que a Squadra Azzurra foi um
carrossel tático e isso ocorreu mesmo por culpa do homem no banco de reservas.
Sob o comando do ex-treinador da Fiorentina, os italianos não repetiram a
escalação nenhuma vez no torneio e mudaram bastante de esquema para enfrentar
os diferentes adversários. Esta adequação de atletas e forma de jogar às
dificuldades, que a outra seleção poderia oferecer, foi um diferencial dos azzurri na competição. Por isso, após
perderem por 4 a 0 para a Espanha em 2012 na final da Eurocopa, desta vez,
fizeram jogo duro e foram melhores que os espanhóis. A consciência das
limitações e qualidades do elenco que Prandelli possui parece ser a grande
esperança da Itália para ter sucesso nos próximos anos no futebol.
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