Thiago Silva levanta a taça da Copa das Confederações 2013: o Brasil teve a sua melhor atuação na decisão frente à Espanha (Daniel Ramalho/Terra)
No Maracanã, o Brasil aos gritos de “O campeão voltou” jogou
como há muito tempo não atuava e massacrou a Espanha, atual campeã mundial e
bicampeã europeia. A torcida fez a atmosfera do estádio valer, empurrou os “canarinhos”
do começo ao fim e vaiou enquanto foi necessário o toque de bola da furia.
Desde o princípio a seleção brasileira mostrou como iria
combater a forma espanhola de jogar: pressão na saída de bola roja. A ausência do facilitador do
início da construção das jogadas espanholas, Xabi Alonso ajudou no sucesso da
estratégia de Luiz Felipe Scolari. A Espanha acostumada a exercer a marcação nos
adversários não soube lidar com o jogo aplicado pelo Brasil. O primeiro gol
verde e amarelo saiu antes dos dois minutos de jogo. David Luiz, um monstro na
final, fez lançamento do campo de defesa para ponta-direita. Hulk cruzou para a
área e, depois de muita confusão, a redonda sobrou para Fred, que, mesmo
deitado, conseguiu marcar o 1 a 0.
Fred aponta para a torcida, mas poderia estar apontando o caminho do gol, pois esta trajetória ele conhece muito bem (Ag. Reuters)
O gol parece ter mostrado para os brasileiros que o antídoto
para vencer a fúria estava ali. Por
isso, no início da partida, a estratégia seguiu funcionando e, logo depois do 1
a 0, os “canarinhos” quase marcaram o segundo em finalização de Oscar dentro da
área. O volume de jogo verde e amarelo manteve a Espanha com muitas dificuldades
nos primeiros 20 minutos. La Roja só
conseguiu chutar com Iniesta, em jogada individual. O domínio brasileiro impressionava
e Fred ainda teve chance valiosa frente à Casillas, que realizou defesa importantíssima.
Neymar foi eleito o Bola de Ouro da Copa das Confederações 2013 e foi muito merecido, o dez brasileiro jogou muito (Laurence Griffiths/Getty Images)
Paulinho e, principalmente, Luiz Gustavo - partida perfeita hoje - não permitiam o
jogo de Xavi e Iniesta. Mata flutuando entre a ponta-esquerda e o centro também
não jogava. Thiago Silva e David Luiz faziam partida esplendorosa e colaboraram
para que o ataque espanhol não funcionasse. O camisa quatro chegou a salvar uma
bola em cima da linha, que confirmou a sensação de que o jogo terminaria com
vitória brasileira. O excelente primeiro tempo ainda reservou um gol para o bola
de ouro do torneio, Neymar fez com passe de Oscar. O camisa 11, até então
apagado, foi mais um que contribuiu bastante com a vitória brasileira.
Na volta do intervalo, Del Bosque tentou resolver o problema
da lateral-direita, tirando o Arbeloa, em péssima partida, e colocando
Azpilicueta. Porém, a troca não adiantou, mostrando que além da falta de um centroavante
do nível do restante do elenco, a Espanha não tem um lateral-direito para fazer
parte dos 11 iniciais. Tanto não resolveu que, com um minuto do segundo tempo,
mais um gol no lado esquerdo do ataque verde e amarelo. Fred recebeu de Hulk e marcou
o quinto dele na Copa das Confederações.
David Luiz: um dos símbolos da seleção brasileira, nunca escondeu o prazer de vestir a camisa verde e amarela (Getty Images)
No placar, 3 a 0 e, como a Espanha na Eurocopa de 2012, a
melhor partida da equipe campeã ficou para o final. Os espanhóis sofreram com
isso, mas tiveram chances boas no segundo tempo. Júlio César fez uma defesa
importante em chute de Villa e viu Sergio Ramos desperdiçar um pênalti (porque
ele como cobrador?). O goleiro sai da disputa com mais força do que entrou. Mesmo com as oportunidades da roja, a intensidade do jogo brasileiro foi reduzida apenas por
poucos minutos. Por isso, Neymar conseguiu a expulsão de um futuro companheiro,
Pique e o Brasil ainda criou boas chances.
O jogo ficou no 3 a 0, mas a sensação de dever cumprido era
clara nos jogadores brasileiros. O abatimento espanhol também foi visível. A
festa foi maravilhosa e a torcida do Maracanã deu aula de como deve ser o
comportamento na Copa do Mundo. O apoio que veio das cadeiras fez a diferença
e, sem dúvidas, ajudou no bom desempenho dentro das quatro linhas. Tanto que,
nos dois primeiro gols, os jogadores fizeram questão de ir para o meio da
torcida.
Luiz Gustavo chegou devagar na seleção e tomou conta da volância (Rafael Ribeiro/CBF)
A Copa das Confederações deixou claro que a seleção brasileira
ainda está em formação, tem um craque e viveu altos e baixos na disputa, mas
provou ser capaz de muita coisa. O grande momento na final não apaga a necessidade
de ajustes e de melhorias em alguns pontos. A evolução ao longo da competição
apresentou uma coisa bastante importante na decisão frente à Espanha, pois os
laterais souberam dosar os avanços e não deixaram os espaços nos corredores
para os jogadores de lado de campo da furia
– Hulk colaborou muito com Daniel Alves na marcação. Além disso, a falada
marcação pressão, que os “canarinhos” tentaram exercer durante toda a Copa das
Confederações, teve o auge contra a roja.
A lateral-direita talvez seja o ponto de maior preocupação para
os próximos anos. O titular verde e amarelo, Daniel Alves não vive o melhor
momento e, no banco, estava um volante de origem, Jean. Por isso, abrir os
olhos para outras opções deve ser feito. Os dois nomes que se destacam entre as
demais alternativas são Mário Fernandes, do CSKA, e Rafael, do Manchester
United. Testá-los pode fazer a diferença na formação de elenco da Copa de 2014,
que deve ser 80% formado por esses jogadores que venceram os cinco jogos
disputados na Copa das Confederações 2013. Os primeiros passos para um título
mundial em casa foram dados, mas é necessário continuar evoluindo. Eu acredito
que o caminho seguirá sendo seguido com sucesso.
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